Um minuto de silêncio uniu muitos países de todo o mundo, as bandeiras estão a meia haste, cantou-se “A Marselhesa” por Paris.
“França em guerra”,
diz a CNNadiantando que o Presidente François Hollande quer rever a Constituição para conceder mais poder às autoridades que poderão retirar a nacionalidade francesa a quem tenha duas, expulsar estrangeiros e colocar suspeitos em prisão domiciliária - o que já foi imposto a 104 pessoas detidas em 168 operações policiais desde sexta-feira à noite. Nestas operações confiscaram-se armas, incluindo Kalashnikovs e lança-roquetes e avançou-se nas pistas. Hollande quer também um controlo coordenado de todas as fronteiras.
“O nosso inimigo na Síria é o Estado Islâmico”, disse o chefe de Estado francês que, ontem, numa rara sessão conjunta do Parlamento,
prometeu erradicar o terrorismo, nunca à custa da perda de liberdade. Os valores europeus têm sido sempre evocados desde os primeiros comentários aos ataques de sexta-feira 13. Manter este
modus operandi é pano de fundo da caça que prossegue na Bélgica ao atacante que sobreviveu. O Parlamento francês deliberará hoje sobre a extensão do estado de emergência no país por três meses, há cerca de
cinco mil militares espalhados pela capital francesa. Cinco dos sete terroristas já foram identificados e foram feitas
23 detenções. Em 24 horas, foram abortados seis potenciais atentados em Paris.
O diário francês Libération era menos taxativo ontem ao perguntar:
Estamos em guerra?. Lança o debate, com a Torre Eiffel simbolicamente iluminada de novo ao fim de três dias com a bandeira tricolor. Hoje, faz manchete com os ataques aéreos franceses a Raqqa, bastião do autodenominado Estado Islâmico na Síria. O mesmo jornal tem na primeira página da sua versão digital um trabalho notável onde é explicado aos mais pequeninos o que se passou na passada sexta-feira em Paris. O terceiro
Le P’tit Libé é
uma edição integral dedicada à nova data do calendário terrorista, o 13 de novembro.
A Cimeira G20 terminou ontem em Antalya, depois de o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan ter sublinhado
o aviso que fizera duas vezes a
França da iminência de um ataque,
como escreve a Aljazeera. Na
declaração conjunta dos chefes de Estado no encerramento da reunião do G20 na Turquia, Angela Merkel nomeou o que se tornou evidente durante os trabalhos: “Acordámos que
o desafio não pode ser apenas enfrentado com meios militares, mas com uma série de medidas”. Combinaram-se os termos de um maior controlo das fronteiras e de uma mais estreita partilha de informação. Ainda a partir de Antalya, o Presidente norte-americano deixou bem claro que não tenciona alterar a estratégia norte-americana de luta contra o Daesh.
“Não haverá botas no terreno”, disse Barack Obama, ao mesmo tempo que caças franceses atingiam alvos do Daesh na Síria. O diretor da CIA, George Brennan,
avisouentretanto que
o Daesh poderá ter outros ataques preparados para muito breve.
Está ainda por esclarecer a responsabilidade e grau de envolvimento do homem que, ao que tudo indica, dirigiu os ataques de Paris,
leia aqui o
perfil de Abdelhamid Abaaoud traçado pelo diário Le Monde, um jiadista belga que se juntou ao autodenominado Estado Islâmico em 2013 e que se supõe estar presentemente na Síria, onde os atentados de Paris foram planeados. Para já, intensidade máxima na caça ao homem mais procurado do momento. Salah Abdeslam e cúmplices são procurados em Molenbeek, o bairro de Bruxelas onde 38% da população é muçulmana.
Ninguém terá ficado indiferente, ninguém está fora deste teatro do terror que se estendeu mais na geografia mundial no final da semana passada. Já viu certamente reproduzidos sob muitas formas
os ataques de Parisreivindicados pelo Estado Islâmico, mas pode rever aqui, no
vídeo do New York Times intitulado
Terror in Paris: minute by minute, como se desenrolou a sequência dos ataques.
A morte chegou enquanto eles dançavam, titula o
diário alemão Bild.
Em português, o trabalho da casa, pode
rever aqui o
Edição Especial - Atentados de Paris, o Expresso Curto no qual Pedro Santos Guerreiro resumiu as primeiras 24 horas do drama no sábado. Releia aqui a análise que o Ricardo Costa fez do
futuro a partir daqui e aproveite para atualizar dados sobre
as táticas dos atentados bem como ficar atualizado quanto ao que se sabe até aqui explicado pelo Rui Cardoso e pelo Rui Gustavo.
As teses sobre o
modus operandi do Estado Islâmico multiplicam-se e sofisticam-se. Pode ler aqui um exemplo publicado na
New Republic, ou
este escrito pelo extraordinário Michael Chulov no “The Guardian”, ou este outro publicado no Huffingtonpost que diz que não percebemos nada do Daesh se não soubermos a
história do wahhabismo na Arábia Saudita. E leia também o que alguns muçulmanos proeminentes escrevem sobre os ataques de Paris no
Muslimmatters.
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