O primeiro-ministro atribuiu ao que designou de “momento de criatividade” de Marcelo o raspanete que o chefe de Estado deu à ministra da Coesão Territorial. A resposta tardou, mas chegou.

Costa apelidou Marcelo de criativo e o Presidente não se ficou
Costa apelidou Marcelo de criativo e o Presidente não se ficou© MIGUEL A. LOPES

No fim de uma visita ao Bazar Diplomático, no Centro de Congressos de Lisboa, o Presidente Marcelo falou com os jornalistas sobre várias questões, entre as quais os recados que deu publicamente à ministra Ana Abrunhosa e que António Costa descreveu como um “momento criativo” do chefe de Estado, mas também sobre se a saída de Miguel Alves fragiliza o Executivo.

Vamos então por parte. No que ao Governo diz respeito, o Presidente da República recusou dizer se o Executivo sai fragilizado após as sucessivas polémicas, optando por sublinhar que maioria absoluta é sinónimo de menos responsabilização.

"É uma ilusão pensar que a maioria absoluta significa paragem da democracia, suspensão da democracia", garante o chefe de Estado.

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Questionado sobre se está a atravessar uma “fase imprevisível”, Marcelo discordou mas assumiu-se como "um criativo". É a resposta do chefe de Estado ao primeiro-ministro, que tardou mas chegou. Em causa está o raspanete público que o Presidente deu à ministra da Coesão sobre a execução do PRR.

“Fica-me a mim mal qualificar-me, mas eu penso que sou criativo, de facto, e que só por ser criativo cheguei a Presidente e só por ser criativo fui reeleito e que é preciso muita criatividade para, no fundo, lidar com três governos diferentes", afirmou.

O chefe de Estado referiu que "o primeiro era um Governo socialista com apoio parlamentar, o segundo era um Governo socialista com menos apoio parlamentar, e o terceiro é um Governo de maioria absoluta socialista, portanto, são tudo situações diferentes".

"Se o Presidente não é criativo, como é que se molda a situações tão diferentes?", perguntou.

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E o tom com que se dirigiu à ministra da Coesão? "Mais nada a dizer".

No sábado passado, ao discursar durante uma cerimónia na Trofa, no distrito do Porto, o Presidente da República falou diretamente para a ministra Ana Abrunhosa, a quem disse que ninguém é obrigado a aceitar funções políticas e quando se aceita "é para o bem e para o mal", com "escrutínio constante" e com uma proporção de "dois dias felizes por dez dias infelizes".

"Este é um dia super feliz, mas há dias super infelizes. E verdadeiramente super infeliz para si será o dia em que eu descubra que a taxa de execução dos fundos europeus não é aquela que deve ser. Nesse caso eu não lhe perdoo. Não lhe perdoo. E há milhares de testemunhas daquilo que eu estou a dizer hoje. Eu espero que esse dia não chegue, mas estarei atento para o caso de chegar", acrescentou o chefe de Estado.

Quanto à polémica que estalou na noite desta quinta-feira, sobre as acusações de Carlos Costa ao primeiro-ministro, o Presidente da República diz apenas que não leu o livro com as declarações do ex-governador do Banco de Portugal.

Presidente da República não comenta sobre acusações do ex-governador Carlos Costa
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