Por esta altura é ainda incerto o desfecho das eleições intercalares nos Estados Unidos, à medida que ainda existem milhões de votos por contabilizar. No entanto, é já possível concluir que os republicanos não terão a esperada “onda gigante” vermelha, prometida por Donald Trump, enquanto os democratas têm contrariado as sondagens e mostrado resistência.

O controlo do Congresso norte-americano ainda está na balança, quando ainda restam milhões de votos por contabilizar. Os republicanos lideram neste momento a corrida pela conquista da Câmara dos Representantes, mas a esperança de uma “onda” vermelha caiu por terra durante a última noite, à medida que os democratas foram mostrando uma resistência surpreendente.
O controlo do Congresso norte-americano ainda está na balança, quando ainda restam milhões de votos por contabilizar. Os republicanos lideram neste momento a corrida pela conquista da Câmara dos Representantes, mas a esperança de uma “onda” vermelha caiu por terra durante a última noite, à medida que os democratas foram mostrando uma resistência surpreendente.© Cheney Orr - Reuters

"Não é uma onda republicana, isso é certo", admitiu o senador republicano Lindsey Graham à NBC.

Ainda assim, os números continuam a apontar para uma vitória republicana na Câmara dos Representantes, que é atualmente de maioria democrata. À medida que os votos continuam a ser contabilizados, os republicanos contam neste momento com 198 assentos e os democratas com 173, segundo os dados da BBC – o que significa que o Grand Old Party ainda precisa de 22 lugares para assegurar o controlo nesta Câmara.

Para além do controlo do Congresso (composto pela Câmara dos Representantes e o Senado), nestas eleições está também em jogo a escolha de governadores e presidentes de câmara. Todas as 435 cadeiras da Câmara dos Representantes irão a sufrágio nesta eleições, bem como 35 dos 100 lugares do Senado e ainda 36 lugares de governadores.

Já no Senado o cenário continua em aberto, uma vez que a batalha está muito equilibrada em Estados como Arizona, Geórgia, Nevada e Wisconsin. A contagem deses votos pode levar vários dias.

A notícia mais animadora da noite para o Partido Democrático foi a conquista, na Pensilvânia, de uma cadeira no Senado, até agora controlada pelos republicanos, que é a chave para manterem o controlo da câmara alta. O democrata John Fetterman superou as sondagens e venceu a corrida contra o republicano Oz Mehmet.

De acordo com os números da BBC, os democratas contam neste momento com 48 assentos e os republicanos 47.

O Senado está atualmente dividido em 50-50, mas os democratas têm vantagem, uma vez que a vice-presidente Kamala Harris detém o voto de desempate. Desta forma, o resultado das cadeiras restantes será determinante para o futuro desta Câmara, uma vez que os republicanos precisam apenas de conquistar uma cadeira para assumir o controlo do Senado.

Os democratas também tiveram sucesso nas disputas para governadores, vencendo em Wisconsin, Michigan e Pensilvânia – Estados que foram críticos para a vitória de Biden em 2020 contra o ex-presidente Donald Trump. Por outro lado, os republicanos mantiveram os lugares dos governadores na Flórida, Texas e Geórgia, outro Estado onde Biden venceu há dois anos. Relativamente às eleições para os cargos de governadores, os republicanos já asseguraram 16 lugares, enquanto os democratas têm 13 governadores, segundo a Associated Press.

As eleições intercalares (midterms em inglês) são realizadas dois anos após cada eleição presidencial, ou seja, a meio do mandato do presidente dos Estados Unidos em exercício.

Apesar de ainda serem incertos, os resultados têm sido animadores para o Executivo de Biden, que tem estado debaixo de críticas perante a alta inflação.

As midterms são decisivas para Biden e servem como um referendo, uma vez que o controlo republicano de qualquer uma das Câmaras será suficiente para bloquear a maior parte da agenda legislativa do presidente.

As intercalares servem também de tiro de partida para as presidenciais de 2024, com Donald Trump a aguardar uma vantagem dos republicanos de forma a servir como alavanca para o seu regresso à Casa Branca.

Joe Biden tem alertado que a democracia também está em jogo nestas eleições e está atualmente “sob ataque”, uma vez que mais de metade dos 569 candidatos republicanos que vão a votos nestas eleições são negacionistas, alguns apoiantes de Trump, e não reconhecem Biden como o legítimo presidente. Uma vitória destes republicanos na corrida para governadores, procuradores-gerais e secretários de Estado no Arizona, Wisconsin, Nevada e outros Estados importantes, pode semear a confusão nas próximas eleições presidenciais, à semelhança do que aconteceu em 2020.

c/ agências