EXPRESSO CURTO

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MARTIM SILVA DIRETOR-EXECUTIVO   Bruno aguenta e não se demite. E o Sporting, aguenta? 18 de Maio de 2018     Bom dia, Este é o seu Expresso Curto. Hoje, destaque para o que se passa no Sporting (tem pouco de futebol), para as escolhas de Fernando Santospara o Mundial. E para os preparativos do casamento real. O futebol, ou melhor, o lado negro do futebol, que mete violência e corrupção, tem dominado a agenda dos últimos dias. No olho do furacão, o Sporting. Esta quinta-feira foi marcada por demissões e mais demissões, menos a que era mais esperada. Por audições em tribunais, nuns casos por violência noutros por corrupção. E pelo “não nos demitimos” de Bruno de Carvalho ao final da noite. Não sei como é que isto vai acabar, mas seguramente que bem não é. Quase dá vontade de citar o tio-avô do presidente do Sporting, o almirante Pinheiro de Azevedo, e soltar um “bardamerda para isto”. Os acontecimentos de ontem aliam ainda os representantes de pólos opostos do futebol em Portugal. Bruno de Carvalho e Fernando Santos. De um lado, o mais odiado e que todos parecem querer ver pelas costas. Do outro, o herói, o homem que nos levou à glória e que queremos acreditar poder levar-nos ao Olimpo novamente. A luz contra as trevas. O bem contra o mal. A ilusão e a desilusão. De um lado, um presidente do Sporting que desbaratou o seu capital junto dos adeptos, jogadores, sócios e até dirigentes (ontem foi um dominó de saídas e demissões e afastamentos). Do outro, o seleccionador nacional que nos anunciou os 23 eleitos que vai levar ao Mundial da Rússia. Que surpreendeu ao mudar dez nomes da lista que foi ao Euro 2016. Que surpreendeu ao apostar em jovens como Ricardo Pereira e Rúben Dias. Os pólos opostos do futebol português. Omnipresente (quase) o futebol, nos seus lados mais belo e mais sombrio. Vamos ao filme dos acontecimentos. Começemos pelo último, que ajuda a explicar e enquadrar tudo o resto. Já eram 11 da noite quando Bruno de Carvalho desceu à sala de conferências de imprensa em Alvalade para anunciar que não se demitia. Ao seu lado, tinha o resto da direcção do clube que não se tinha demitido e que permite a manutenção do quórum de funcionamento. É o que se pode chamar um quórum minimozinho, depois de durante o dia os membros da mesa da Assembleia Geral e parte do Conselho Fiscal e da direcçãoterem batido com a porta. Marta Soares disse “basta” e parte da saída da crise parece estar com ele, pois sem demissão de Bruno e sem queda da direcção por falta de quórum, uma Assembleia Geral deve ser o caminho para tentar eleições e queda da direcção. Antes disso, o dia foi marcado por uma sucessão de demissões e declarações a pedir demissões. Foi um verdadeiro desfile de ex-apoiantes de Bruno de Carvalho a mudarem de lado. De Eduardo Barroso a Álvaro Sobrinho, entre outros. Entretanto, no Barreiro, continuam hoje a ser ouvidos em tribunal os 23 detidos pela invasão e agressões no centro de treinos do Sporting. Advogados dos suspeitos levantaram ontem dúvidas sobre a veracidade das imagens que todos os portugueses viram nos últimos dias. Seguramente não menos importante é a investigação judicial em curso em que dirigentes do Sporting são suspeitos de compra de jogos e corrupção no andebol e futebol. Caso que ajuda aliás a adensar o manto de suspeitas sobre a presidência de Bruno de Carvalho. Mais ou menos à mesma hora que Bruno se preparava para falar, percebemos que os quatro elementos ligados ao Sporting ficaram em liberdade, mas impedidos de exercer funções no clube ou de frequentar as suas instalações. Entre os suspeitos encontra-se o braço direito do presidente leonino para o futebol, André Geraldes. Neste caso, o Cashball, Paulo Silva é o nome a reter. Trata-se de um empresário que alegadamente era o autor material da corrupção e que aparece como ‘arrependido’ no processo. É o que se chama a cereja no topo do bolo de uma época de futebol fortemente marcada pelas suspeitas sobre o futebol e por investigações judiciais. Mas se até aqui parecia ser o Benfica o principal visado, agora é o rival da Segunda Circular sob suspeita. E como se não bastasse temos final da Taça de Portugal no Jamor dentro de dois dias, entre Sporting e Aves. Enquanto os avenses vão festejando o feito inédito, o plantel do Sporting cancelou o treino que iria fazer no relvado do Estádio Nacional, fazendo com que não treine desde o ataque de Alcochete. Se a presença dos leões no Jamor está garantida, a continuidade de jogadores e equipa técnica no clube parece tudo menos isso. Jorge Jesus, que tinha sido informalmente demitido no início da semana por Bruno de Carvalho, terá provas ou pelo menos indícios que responsabilizam o presidente pelo ataque em Alcochete. Quem já foi ao relvado foi Marcelo, para estudar a presença presidencial na final da Taça. Presença que também ainda não está garantida, ao contrário da de António Costa.   OS 23 DE FERNANDO SANTOS O selecionador nacional revelou ontem ao final do dia as suas escolhas para o Mundial da Rússia. E confessou a dificuldade em fechar o leque, decidido mesmo em cima da hora. Nos 23 nota-se claramente um misto de juventude e veterania, com vários nomes bem acima dos 30 anos e outros com vinte ou vinte e poucos. As principais surpresas foram Ricardo Pereira, Manuel Fernandes e Rúben Dias. Sem dúvida que, afectivamente e não desportivamente, o nome que mais custa ver de fora é o de Eder, o improvável herói do Europeu de França. Na Tribunal lembramos precisamente isso, no texto “Desculpa, Eder”. Aqui pode conferir os 23 escolhidos de Fernando Santos. Que face aos eleitos de há apenas dois anos muda nada mais nada menos que dez nomes (entram Beto, Mário Rui, Ricardo, Rúben Dias, Bruno Fernandes, Gelson, Bernardo Silva, Manuel Fernandes, André Silva, Gonçalo Guedes. E saem Eduardo, Vieirinha, Ricardo Carvalho, Eliseu, Danilo, Renato, Nani, Eder, André Gomes, Rafa). Mudar quase cinquenta por cento é muito. Mas, ao mesmo tempo, da equipa tipo do Euro mantém-se nove dos titulares. E aqui pode ficar a saber quem são os escolhidos de Marrocos, um dos adversários de Portugal na Rússia. Que venha rapidamente o Mundial para esquecermos o lodaçal circundante. Portugal, Portugal, Portugal...   OUTRAS NOTÍCIAS Cá dentro, Há uma empresa americana que quer entrar em África e no Brasil. E quem é que decidiu contratar? Vale um doce… o primeiro nome começa por M, o último por R… vá lá, é ele. O ministro Pedro Siza Vieira anunciou que não ia intervir em decisões do Governo que dissessem respeito à OPA dos chineses à EDP, devido ao seu papel enquanto advogado antes de chegar ao Governo. Hoje o Público revela que no ano passado o Executivo fez uma alteração legislativa que facilitou a OPA que agora acontece, e que essa alteração foi impulsionada pelo ministro Adjunto de António Costa. Deve ou não o nosso Fisco poder aceder às contas acima de 50 mil euros, quebrando o segredo bancário? O tema é polémico mas o Parlamento decidiu aprovar a medida. Tal como outra medida, que permite a divulgação dos nomes dos maiores devedores aos bancos que tenham sido alvo de ajudas do Estado. No mesmo Parlamento, os trabalhos de uma comissão foram interrompidos devido a… baratas. Depois de anos e anos marcados pela discrição, Vítor Constâncio prepara-se para abandonar o cargo de vice-presidente do Banco Central Europeu. E até anunciou que vai criar um blogue. A escritora Lídia Jorge volta a lançar um romance, quatro anos depois. Chama-se “Estuário”. O antigo responsável pelo Museu da Presidência da República foi acusado de peculato, falsificação e branqueamento. Quem já está a fazer 31 anos de vida é o Pirilampo Mágico. “A internet transformo-se numa lixeira”, afirmou Francisco Pinto Balsemão, chairman da Impresa, num debate na Gulbenkian com Paulo Portas Lá fora, É já amanhã que se realiza um dos casamentos do ano, ou não juntasse um membro da família real britânica e uma norte-americana divorciada. Harry e Meghan. Os tempos mudaram, e ainda bem, pois da última vez que tal aconteceu deu-se uma crise constitucional. Aqui pode ler com mais detalhe a história da família de Meghan Markle, cujo pai, já se sabe, não estará na boda real. A Time considera que este casamento faz bem à imagem da familia real e explica porquê. Aqui pode ler a reportagem do New York Times em Inglaterra. Há 37 anos foi a vez do casamento entre Carlos e Diana. No Expresso fomos ao nosso baú desencantar a crónica que o José Júdice então escreveu sobre o casamento. O Papa Francisco diz que os CDS são pouco éticos. Falava dos Credit Default Swaps. Donald Trump deixou ontem avisos a Kim Jong Un O Senado norte-americano confirmou o nome de Gina Haspel como nova diretora da CIA. Nos EUA, faz precisamente um ano que Robert Mueller iniciou as investigações para saber a ligação entre Trump e os seus mais próximos e a Rússia. Aqui chegados, estamos ou não mais perto de saber a verdade? Foi encontrado o casal de luso-descendentes com dois filhos que estava desaparecido há mais de duas semanas em Frnça. A chegada do Ébola pela primeira vez a uma grande cidade do Congo está a preocupar a OMS. O QUE ANDO A LER Há umas semanas, num passeio pelo Chiado, entrei na Bertrand. E enquanto folheava aqui e ali e buscava algo que me agarrasse, comecei à conversa com um livreiro. Trocámos impressões sobre o “Pátria”, do Fernando Aramburu, de que já aqui falei há umas semanas. Nisto, o livreiro fez o seu papel (e eu esperava que ele o fizesse) e atirou ‘a seguir tem de ler este’. Este? Qual este?“Um Gentleman em Moscovo”, de Amor Towles. Não dei logo parte fraca, como quem responde ‘a mim não me impingem qualquer coisa’. Mas dois dias depois já o tinha à cabeceira e este fim de semana abri-o. É uma excelente surpresa. A obra do escritor americano é uma deliciosa mistura de um romance na Rússia czarista com a época bolchevique. Ou de como um conde de uma obra de Dostoievski de repente aterra na Moscovo dos primeiros anos comunistas. Fico por aqui. Boa sexta-feira, boas leituras. E um grande fim de semana, com o seu Expresso de sempre, que amanhã está nas bancas

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