quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

EXPRESSO CURTO - 10 DE FEVEREIRO DE 2016


Entretanto, à porta da Europa…

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com


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Expresso
Bom dia, já leu o Expresso CurtoBom dia, este é o seu Expresso Curto 
Cristina Peres
POR CRISTINA PERES
Jornalista de Internacional
 
10 de Fevereiro de 2016
 
Entretanto, à porta da Europa…
 
E a vitória é de… Bernie Sanders e Donald Trump! As primárias de New Hampshire revelaram o poder dos eleitores de abanar as elites que controlam a política norte-americana, escreve a CNN esta madrugada. Última chamada à realidade para Hillary Clinton enquanto se especula sobre as possibilidades futuras dos segundos e terceiros classificados dos democratas e republicanos. O eleitorado de New Hampshire é conhecido pelas decisões tomadas à última hora e é determinante para a corrida final à Casa Branca. O ex-presidente da câmara de Nova Iorque, Michael Bloomberg, admite agora entrar na corrida eleitoral de novembro. Declarou “ofensivo” o nível dos debates,escreve o Financial Times.

Entretanto, à porta da Europa… As Nações Unidas estão a pressionar a Turquia para que abra as fronteiras a dezenas de milhares de refugiados vindos da Síria. O ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) insiste que Ancara é obrigada pela lei internacional a deixar entrar os refugiados presos na fronteira em Bab al-Salameh, reporta a Al-Jazeera. As autoridades turcas têm distribuído alimentos, água e equipamento para construir tendas ao longo da fronteira e já declararam que deixarão entrar os refugiados “se necessário”, em caso de situação de emergência. A Turquia já acolheu dois milhões e meio de refugiados sírios e a questão de fundo, que está longe de ser resolvida, emerge a cada investida militar no terreno: a Turquia, o Líbano e a Jordânia têm a fatia grande do esforço dentro de fronteiras e tarda a redistribuição dos refugiados.

A província de Alepo sofreu na semana passada uma ofensiva das forças governamentais apoiada pelos bombardeamentos aéreos russos. A zona, que está há anos dividida entre forças leais ao Presidente Assad e as rebeldes, é agora alvo da Rússia, que defende ter um plano para acabar com a guerra na Síria. Não é só o secretário da Defesa norte-americano, John Kerry, a declarar que a intervenção russa está a dificultar e a baralhar a situação no terreno. O editor do Daily Beast defendia ontem à noite na CNN que as conversações de paz para a região são um embuste, não existem: a Rússia está a esforçar-se por despovoar a Síria, a usar os bombardeamentos para alterar a política ocidental, disse, e os refugiados à porta da Europa servem a sua estratégia. Entretanto, duas organizações independentes relataram que um milhão de sírios vivem sitiados. O cerco a Madaya persistevoltando a haver muitos casos de fome extrema, comoreporta The Guardian.

Angela Merkel declarou-se “horrorizada” pelos bombardeamentos pela Rússia na Síria e o Kremlin queixou-se. Merkel falou após conversações com o primeiro-ministro turco. Veja aqui como a Newsweek equaciona o desafio que a crise dos refugiados representa para o Governo alemão.

Números da Organização Internacional das Migrações revelam que chegaram à Grécia pelo Mediterrâneo 76 mil migrantes nestas primeiras seis semanas de 2016. A média de chegadas diárias à Europa é de duas mil pessoas, cerca de dez vezes a da mesma época em 2015. No mesmo período, já se registaram 409 mortes nas rotas do Mediterrâneo.

Os ministros da Defesa da NATO reúnem-se hoje em Bruxelas para discutir como muscular a defesa contra uma eventual agressão da Rússia, em particular no leste da Europa. Chamam-lhe traditional business, mas há urgência. O relatório anual das capacidades militares globais e economia de defesa do International Institute for Strategic Studies, IISS, lançado ontem alerta para a perda de superioridade das forças ocidentais. Segundo o relatório, a NATO mal tem capacidade para defender os seus parceiros do Leste da Europa. São principalmente os Estados asiáticos que estão a atualizar-se em grande velocidade. E a Rússia.

Todas as bolsas europeias estão em queda, tendo a bolsa de Londres atingido o valor mais baixo dos três últimos anos. O Jorge Nascimento Rodrigues explica aqui como é que o epicentro da volatilidade europeia persiste no sistema bancário da zona euro. Hoje de manhã, o Negócios explicavaa queda dos índices no Japão, que se encontram ao nível de 2014.

O chefe executivo do Deutsche Bank enviou uma carta a 100 mil empregados do banco com o objetivo de sossegá-los: o Deutsche Bank, conhecido por ser “sólido como uma pedra”, continua “sólido como uma pedra”, assegurou, apesar da queda de 5% das suas ações ontem em Frankfurt (40% de queda num ano). O El País titulava assim: “O Deutsche Bank defende-se das duvidas sobre a sua capacidade de pagamento”.
 
OUTRAS NOTÍCIAS
Erro humano
. Concluiu-se ontem ao final do dia que a colisão frontal de dois comboios que seguiam a cerca de 100 km/hora em Bad Aibling, na Baviera teve na sua origem falha humana, declararam as autoridades alemãs. Morreram dez pessoas no acidente, 18 encontram-se em estado grave e cerca de 90 sofreram ferimentos ligeirosLeia mais pormenores no Expresso.

O Senado francês votou ontem uma extensão do estado de emergência até maio.

Na Europa, a eutanásia só é legal na Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Na Suíça há suicídio assistido, em França admite-se sedar até à morte doentes em estado terminal. Em Itália, o assunto será discutido no Parlamento já em março. A provar que é o assunto provoca posições radicais, na Bósnia e na Sérvia a prática é punida como crime. Leia aqui o que o Expresso publicou sobre o assunto entre nós. Aos subscritores (Sampaio da Nóvoa, Francisco Louçã, Pacheco Pereira, Sérgio Godinho, etc.) juntou-se Francisco Pinto Balsemão. O jornal i diz hoje que bastonário quer referendo na classe médica e que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa deverá obrigar o assunto a referendo.

Portugal é um dos pontos da agenda da reunião do Eurogrupo de fevereiro. Amanhã, quinta-feira, o Eurogrupodiscute o plano orçamental português, como explica o Económico.

O governo português vai compensar o aumento dos combustíveis. Mal seja aprovado o Orçamento, as empresas vão poder fazer deduções e só os automobilistas vão pagar o aumento. Leia como no DN. O i de hoje tem em manchete: “PSP e GNR podem ficar sem dinheiro para combustíveis mais caros”.

FRASES
“Vencer em todas as categorias [homens, mulheres, velhos, novos] foi talvez a maior honra de todas”Donald Trump, candidato republicano às presidenciais norte-americanas, CNN

“Esta noite enviámos uma mensagem”Bernie Sanders, candidato democrata às presidenciais norte-americanas, CNN

“Quem tem 2000 euros de rendimento tem uma posição privilegiada”Mário Centeno, ministro das Finanças, DN

“Quando me perguntam o que fazer ao dinheiro, digo para investirem no imobiliário”Carlos Monjardino, Público

“Nos meus mais de 50 anos nos serviços de informação não me lembro de um espectro tão alargado de crises e desafios como aqueles que enfrentamos atualmente”James Clapper, diretor dos serviços de informação dos Estados Unidos

O QUE ANDO A LER
Voltei a mergulhar num tema recorrente para muitos - certamente para mim - sobre o qual pingarão novidades nos próximos séculos: II Guerra Mundial
. Mesmo que não sendo exatamente novidades, vão surgir pontos de vista originais como este que o historiador norte-americano de Yale Timothy Snyder desenvolve em “The Black Earth - The Holocaust as History and Warning” (“Terra Negra”, Bertrand). Ainda que um livro deste calibre - mais de 600 páginas - não se escreva de um dia para o outro, este é o tempo em que o subtítulo torna a reflexão e tese de Snyder ultra pertinente: o Holocausto enquanto História e Aviso. O historiador arranca com o descortinar da desumanização do “outro” levado a cabo pelo nacional-socialismo - neste caso dos judeus e dos eslavos… e dos outros -, para colocar a ideologia no centro e no ponto de partida da estratégia. Snyder explica a versão extrema do darwinismo que foi aplicada entre os seres humanos no centro da qual estava a raça. Esvazia-se a história e aplana-se a política para ver a raça como motor do impulso de autopreservação… dos alemães. A sobrevivência é o móbil que leva Hitler a considerar a exterminação dos judeus um ato ecológico uma vez que significava tratá-los como “uma ferida da natureza”. E, de caminho, os eslavos… e outros. Confesso que não conhecia este paradoxo apresentado por Snyder: Hitler era a favor da ciência com uma agenda de desenvolvimento tecnológico de armamento, saúde (reprodução) e higiene. Mantinha, porém, uma desconfiança bloqueante relativamente à inovação agrícola, tendo impedido qualquer estudo que adiantasse o que viria a ser a revolução verde. Produzir mais alimentos por via de manipulação científica comprometia os planos expansionistas que tinha para a Alemanha. O Führer queria alargar oLebensraum e colonizar a Europa, a região que tinha sobrado do “distribuição” feita na Conferência de Berlim de 1884-5 para a divisão do mundo entre as nações ocidentais. A Alemanha viu-se privada desses seus territórios coloniais em 1918. Snyder explica a “ligeireza” da convicção que permitiu aos nacional-socialistas, mais do que “alargar” as fronteiras, neutralizar a administração e ocupação legítima dos territórios “anexos” (Ucrânia), tomando-os… Alemanha. Uma escrita brilhante.

Depois de amanhã, a Companhia Nacional de Bailadorepete o programa de repertório que apresenta até dia 20. Já vi e recomendo as peças de Balanchine, Anne Teresa De Keersmaeker, Hans van Manen e (o impossível de perder) William Forsythe dançadas pelos bailarinos da CNB. Uma boa oportunidade para matar meia dúzia das centenas de saudades que temos do Ballet Gulbenkian e do Ballet de Frankfurt. É no Teatro Camões… há tão poucas oportunidades de ver coreografias destas!

E termino o curto para que mantenha o aroma. É para si que atualizamos o Expresso online ao longo do dia e preparamos oDiário que poderá ler a partir das 18h. Amanhã à mesma hora encontrará aqui as escolhas do Pedro Santos Guerreiro. Passe uma ótima quarta-feira!
 
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