Este foi o terceiro dia de protestos de bolsonaristas que contestam o resultado das presidenciais deste domingo. Várias estradas, em pelo menos 15 estados, voltaram a ser bloqueadas por camionistas.

"Intervenção federal já": brasileiros em protesto em 15 estados
"Intervenção federal já": brasileiros em protesto em 15 estados© Bruna Prado/AP

Os protestos liderados por camionistas apoiantes de Jair Bolsonaro que pedem um golpe militar contra a vitória eleitoral de Lula da Silva no Brasil continuam esta quarta-feira. Apesar de estarem a perder força, há estradas bloqueadas.

Os bloqueios de estradas, que somavam cerca de 500 em 24 dos 27 estados do país na segunda-feira, caíram para 167, com a polícia a negociar com os manifestantes para libertarem completamente o tráfego.

Nos atos, os manifestantes proclamam que autorizam o Presidente cessante, Jair Bolsonaro, a convocar as Forças Armadas para se manter no poder.

Os maiores atos estão a ocorrer na capital federal e nas duas maiores cidades do país, mas listas que circulam nas redes sociais e em grupos da aplicação Telegram têm convocações para todo o país.

Os protestos foram convocados nas redes sociais por grupos de extrema-direita que apoiam o Presidente e não reconhecem a vitória de Luiz Ináci Lula da Silva nas eleições e acontecem paralelamente a bloqueios realizados por camionistas nas estradas com o mesmo objetivo desde segunda-feira.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), hoje, feriado no Brasil pelo Dia dos Mortos, existem ainda 167 bloqueios de camionistas face aos quase 500 que foram registados na segunda-feira, um dia depois das eleições.

Num desses bloqueios, na cidade paulista de Barueri, os motoristas recusaram-se a desfazer o bloqueio e foram reprimidos pela polícia com gás lacrimogéneo, o que gerou pequenos incidentes, sem vítimas até ao momento.

Bolsonaro quebrou silêncio mas não travou protestos

Só cerca de 45 horas depois de finalizada a contagem de votos é que Jair Bolsonaro se pronunciou. Afirmando na curta declaração que fez que as "manifestações pacíficas serão sempre bem-vindas", o candidato derrotado reforçou que os seus métodos "não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como a invasão de propriedade ou a destruição de património", e ressaltou que ninguém pode impedir "o direito de ir e vir".

Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva venceu as presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava obter um novo mandato de quatro anos.