Porto quer criar "polo central" que ligue estações do Museu da Cidade
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou que o Museu da Cidade necessita de um "realinhamento estratégico", que passa pela criação de um "polo central" que interligue as diferentes estações.
"Entendo que o museu necessita de um realinhamento estratégico e por isso mesmo entrará brevemente em funções o novo diretor", afirmou o presidente da Câmara do Porto durante a Assembleia Municipal do Porto.
Numa sessão extraordinária convocada pelos eleitos do PS para debater as políticas culturais da cidade, Rui Moreira adiantou que o novo projeto para o Museu da Cidade do Porto visa, entre outas medidas, a criação de um "polo central".
"Precisamos, de facto, de um polo central do museu que faça a história da cidade e que depois interligue com os outros equipamentos da cidade. Temos de ter um núcleo central que depois provoque os cidadãos a irem às outras extensões", esclareceu o autarca independente.
A intenção de Rui Moreira, que detém o pelouro da Cultura da Câmara do Porto, e do novo diretor artístico do Museu da Cidade do Porto, Jorge Sobrado, que assumirá funções em dezembro, vai ao encontro de uma das quatro propostas apresentadas pelo PS.
Aprovada com os votos favoráveis do PS, BE e PAN, com a abstenção do PSD, do movimento independente "Aqui Há Porto", Chega e CDU e com o voto contra de um deputado do movimento independente, a proposta socialista recomenda ao executivo a criação de um polo museológico de cariz didático e panorâmico que sirva como núcleo do Museu da Cidade.
Defendendo que o Museu da Cidade é "ilegível para a esmagadora maioria dos portuenses pela sua excessiva complexidade e obsessão com ideia de contemporaneidade", o eleito socialista Rui Lage apelou a que o executivo avançasse com "uma reorientação" do conceito.
"Achamos que o anúncio da saída de Nuno Faria [antigo diretor artístico do Museu da Cidade] e de entrada de Jorge Sobrado são propícias de uma reorganização das políticas culturais da cidade", observou o deputado, questionando o executivo sobre a inscrição de verbas nos investimentos de 2023 para a recuperação dos jardins do Museu do Romântico, expansão cuja remodelação foi criticada por partidos políticos e cidadãos.
Em resposta ao deputado, Rui Moreira esclareceu que verbas visam "resolver o problema do estacionamento" naquele local, defendendo não ser normal que o "jardim esteja povoado de carros".
Relativamente ao Museu da Cidade, o eleito da CDU, Rui Sá, disse estar "preocupado" com os diversos polos, "não pela conceção multipolar", mas porque os equipamentos foram submetidos a "uma visão centralista que destruiu a sua autonomia e capacidade de intervenção das respetivas direções".
"O caso da destruição do Museu do Romântico, único no país e que era só o museu com mais visitantes da cidade, é um exemplo desta nefasta opção", considerou.
A par da criação de um museu âncora capaz de estruturar cronologicamente a visita pelas várias extensões do Museu da Cidade, o PS recomenda ao executivo que seja reorientado o ideário subjacente ao projeto do Museu da Cidade, bem como que este proceda a uma reconstituição digital da memória e coleções do extinto Museu de História e Etnografia do Porto.
A Câmara do Porto entregou o dossiê do Museu da Cidade à Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) na sequência da sua "reformulação conceptual e estrutural", revelou um ofício consultado a 20 de outubro pela Lusa na página da Internet da Assembleia da República.
"Esse dossiê e os documentos que o integram serão objeto de análise por parte dos serviços à luz do enquadramento legal", referia a DGPC.
Questionada pela agência Lusa, a DGPC avançou a 03 de novembro que o processo se encontrava em análise para "emissão de parecer técnico".
O Museu da Cidade do Porto é composto por 17 espaços, designados por estações, de natureza diversa, como espaços arqueológicos, reservatórios, espaços industriais, com jardins, quintas e parques, bibliotecas e o arquivo histórico.
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