segunda-feira, 14 de novembro de 2016

OBSERVADOR

Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!


António Barreto começava a sua crónica desta semana no Diário de Notícias de uma forma sugestiva: “Há uma espécie de concurso entre as elites europeias e americanas de esquerda: quem insulta mais Donald Trump? Quem consegue escolher os epítetos mais violentos? Racista, boçal, cretino, sexista, corrupto, inculto e xenófobo estão entre os mais utilizados.” Claro está que esta espécie de concurso não leva a lado nenhum. Assim como nada nos ensina desqualificar os seus eleitores, ideia com que eu próprio abri uma coluna no Observador: “Lixo branco. “White trash”. Aqui chegámos. De uma forma ou outra, quem votou em Donald Trump não presta. São velhos. Incultos. Pobres. Vivem longe do cosmopolitismo dos centros urbanos. E, claro, são racistas. Machistas. Xenófobos. E por aí adiante.”

Depois do choque de uma vitória inesperada, e de uma viragem da América em direcção a um futuro desconhecido, uma boa parte da discussão nos últimos dias tem andado em torno de saber quem votou Trump e porquê. É pois por aí que abro este Macroscópio, começando por alguns trabalhos de reportagem:
  • “Agora já nos ouvem?” é uma reportagem de João Almeida Dias, do Observador, na Pensilvânia, um estado cuja viragem a favor de Trump foi decisiva para a vitória do magnata de Nova Iorque. Ele foi lá ouvir eleitores: “William diz que, tal como “milhões de pessoas”, a sua mulher foi vítima da “ditadura do politicamente correto”, que aos poucos foi “silenciando” todos os que pensam da sua maneira até ao ponto de serem esquecidos “por aqueles que estão no poder”. “Eles esqueceram-se das pessoas normais, da gente comum, durante oito anos não quiseram saber de ninguém que não apoiasse os políticos liberais e as grandes empresas que lucram com eles”, diz.”
  • The Places That Made Donald Trump President é uma outra reportagem, esta do Wall Street Journal, que foi também à Pensilvânia, aos “Rust Belt counties facing declines in manufacturing, shrinking populations, rising immigration and fraying social fabric” que se inclinaram para Trump. Como aí se explica, “The region had been drifting from its New Deal Democratic roots for years, and Mr. Trump took full advantage with its working-class voters. They had long been sympathetic to conservative arguments on issues such as gun control and abortion, while skeptical of the GOP’s perceived catering to the wealthy. Mr. Trump’s brand of populism bridged that divide.”
  • White trash, ou a pobreza enquanto tradição americana, um trabalho do Público que tem como ponto de partida um livro de J. D. Vance que já aqui referi no Macroscópio: Hillbilly Elegy, a Memoir of a Family and Culture in Crises. Um livro onde se escreve, por exemplo, e referindo-se aos pobres das zonas industriais decadentes, que "Para esta gente, a pobreza é uma tradição familiar - os seus antepassados ganhavam à jorna na economia esclavagista do Sul, mais tarde foram rendeiros, e depois trabalhadores nas minas de carvão, e maquinistas e operários fabris nos anos mais recentes. Os americanos chamam-lhes hillbillies, rednecks ou white-trash. Eu chamo-lhes vizinhos, amigos e família." Por isso Vance, nota-se mais adiante, que é um conservador assumido, “na manhã do último dia 9, acusou parte dos media e dos líderes de opinião de não entenderem que possa haver outras motivações que não o racismo a fazer com que muitos americanos brancos, pobres tivessem votado em Trump.”
  • We just saw what voters do when they feel screwed. Here’s the economic theory of why they do it é uma peça muito curiosa da Quartz onde se parte da teoria dos jogos para mostrar que é possível preferir ficar sem nada do que ter a percepção de que a divisão da riqueza é injusta, o que pode ajudar a perceber o que levou tantos eleitores a correrem o risco de um salto no escuro: “These votes on Brexit and Trump that are being so widely decried need to serve as a wake up call. Yes, trade, globalisation, immigration are good things. They have grown the pie immeasurably. But playing the ultimatum game and screwing the second player — those folks being screwed won’t care how much the pie is being grown if they feel they’re not getting a fair slice.”
  • Trump's Truthful Heresy On Globalization And Free Trade, uma opinião de Steve Keen, professor de Economia na Kingston University, que procura explicar porque é que David Ricardo não tinha razão em tudo o que escreveu sobre o comércio livre. Num texto onde até recupera as relações comerciais entre Portugal e o Reino Unido no século XIX para fazer um paralelo com as trocas hoje existentes entre a China e os Estados Unidos, mostra como os sectores industriais podem ficar a perder mesmo quando outros ganham – por enquanto: “Specialization, and the trade it necessitates, generates plenty of financial services and insurance fees, and plenty of international junkets to negotiate trade deals. The wealthy elite that hangs out in the Washington party benefits, but the country as a whole loses, especially its working class. Forget it folks, the party’s over. Go home.”
  • Trump's Voters Knew Who They Were Pulling the Lever For, de Christopher Caldwell, uma análise publicada na Weekly Standart – talvez a revista conservadora que mais se opôs, e até ao fim, a Trump – onde se mostra como esta eleição foi muito uma eleição de escolha por exclusão do que mais se detesta, uma eleição com a “mola no nariz”: “Americans voted for Donald Trump with their eyes open. Only a third considered Trump honest and trustworthy, according to NBC exit polls. Naturally those people all voted for Trump, just as the bare third who trusted Hillary Clinton voted for her. The election was decided by the unusually large group (31 percent) who didn't consider either candidate honest or trustworthy. Such voters had the option of "voting" for Jill Stein or Gary Johnson or Evan McMullin—if one wants to apply that verb to an ambulatory form of sitting out the election. But it is striking how few took it: Of the people holding their noses at the prospect of a Clinton or Trump presidency, 85 percent nonetheless voted for one of the two.”

E que fazer com este conhecimento? Que atenção dar ao que vamos compreendendo do que se passou a 8 de Novembro? Regresso às duas crónicas com que abri esta newsletter:
  • Lições da América é uma reflexão de António Barreto onde, naturalmente, também se olha para o que nos é mais próximo, nomeadamente na Europa. Um texto bastante crítico para “as esquerdas”, que se apresentam “cada vez mais como uma soma de sindicatos e de clientelas: mulheres, negros, operários da indústria, desempregados, pensionistas, homossexuais, artistas, intelectuais, imigrantes, latinos ou muçulmanos. Todas as minorias imagináveis, incluindo as mulheres que o não são. Às vezes, resulta. Mas acaba sempre por não resultar. As esquerdas abandonaram as ideias e os direitos universais dos cidadãos e valorizam as suas circunstâncias étnicas, sociais ou sexuais. Como também abandonaram a capacidade de pensar a identidade nacional. (…) Acima de tudo, a arrogância e a superioridade moral, cultural e política das esquerdas têm destes resultados: afastam-nas do povo e favorecem os inimigos da democracia.”
  • Eles falaram. Mas insistem em não os ouvir., a minha coluna de hoje, onde abro com um apelo que “Trump venceu e vêm aí novas tempestades, agora na Europa. Assim, que tal deixar de insultar e menosprezar os seus eleitores e começar a tentar perceber as (muitas) razões de quem vota nos populistas?” Num texto onde também reflito sobre o ensaio de Jorge Sampaio (que citarei mais adiante), para criticar a sua abordagem, noto: “O clamoroso falhanço da esquerda moderada, que se mostrou incapaz de representar estes novos deserdados – ocupada que estava com as minorias e as causas fracturantes – criou o caldo de cultura dos populismos nacionalistas nos Estados Unidos e na Europa do Norte e dos populismos de esquerda na Europa do Sul. Fingir que o problema não existe ou que pode desaparecer por si é uma perigosa ilusão.”

Outras duas opiniões a merecer a vossa atenção são as de...
Vasco Pulido Valente no Observador, no seu Diário relativo a 7 a 12 de Novembro, 2016, onde cruamente sublinha que “A boa da plebe andava farta de “valores” e de elevados sentimentos: só os censores do jornalismo e da política os levavam a sério. O resto da América sofria no campo, na “cintura da ferrugem” ou nas ruas da violência, onde, com ou sem Obama, começava uma guerra civil larvar. No meio deste caos, apareceu um primitivo que começou a berrar o indizível: sobre raça, sobre a igualdade de género, sobre homossexualidade e por aí fora. Os bem-pensantes pensavam que a tolerância se fazia por decreto e retórica. Tiveram uma triste surpresa. A brutalidade de Trump respondeu ao ressentimento acumulado da populaça.
Miguel Monjardino, no Expresso (paywall), Portugal na “trumpestade”, na qual se sublinha que “O eleitorado populista perdeu a confiança nas suas elites, partidos políticos tradicionais e instituições. Para estas pessoas, a globalização, a tecnologia, a imigração, a demografia e as dificuldades orçamentais põe em causa a sua cultura e nega-lhes um futuro económico. Os populistas são democratas mas acham que a democracia liberal é incapaz de resolver os seus problemas. É um luxo que serve as elites. Coisas como o pluralismo político, o Estado de Direito ou as minorias não lhes interessam. Anseiam é por um líder que resolva as coisas de uma forma rápida e decisiva a seu favor. É por isso que Donald Trump prometeu no seu primeiro discurso após a eleição duplicar o crescimento económico dos EUA.”

Olhando agora um pouco mais para o futuro é indispensável ler Francis Fukuyama no Financial Times, US against the world? Trump’s America and the new global order, tanto mais que “In 1989, the political scientist said liberal democracy signalled ‘the end of history’” e agora se vê obrigado a repensar tudo, ou quase. Duas passagens significativas:
  • Social class, defined today by one’s level of education, appears to have become the single most important social fracture in countless industrialised and emerging-market countries. This, in turn, is driven directly by globalisation and the march of technology, which has been facilitated in turn by the liberal world order created largely by the US since 1945.
  • The Democratic party had become the party of identity politics: a coalition of women, African-Americans, Hispanics, environmentalists, and the LGBT community, that lost its focus on economic issues. The failure of the American left to represent the working class is mirrored in similar failures across Europe. (…)But the broader failure of the left was the same one made in the lead-up to 1914 and the Great war, when, in the apt phrase of the British-Czech philosopher, Ernest Gellner, a letter sent to a mailbox marked “class” was mistakenly delivered to one marked “nation.”

Uma outra análise interessante é a da Reiham Dalan no Wall Street Journal pois nela considera-se que há um precedente para o estilo e as prioridades de Trump, um precedente algo inesperado: Donald Trump as Nixon’s Heir. O autor defende que “The clearest precedent for Trump is the anti-elite, big-government conservatism of NixonThe clearest precedent for Trump is the anti-elite, big-government conservatism of Nixon”. Mais: “Nixon believed that America had been betrayed by feckless, out-of-touch elites who had allowed the country to descend into chaos, and he effectively exploited both racial desegregation and crime as wedge issues. He promised to use the power of government on behalf of decent, law-abiding people—but not to dismantle the power of government. If all of this sounds vaguely Trumpian, it should. Donald Trump is Nixon’s obvious heir.” Para ilustrar esta tese é usado um gráfico onde os presidentes republicanos (e alguns candidatos) são arrumados em quatro quadrantes de acordo com a sua rejeição das elites e a sua aceitação de um papel alargado do governo e do Estado. Por este critério, Trump e Nixon ficam sozinhos num mesmo quadrante.


A seguir igualmente a prudência de Henry Kissinger que deu uma longuíssima entrevista à The Atlantic – The Lessons of Henry Kissinger –, quase toda ela feita antes das eleições, mas que ainda permitiu uma espécie de post-scriptum onde o velho, e sempre controverso, estadista e académico faz a sua previsão do que vem aí: “He told me that he was expecting other nations, particularly the great powers, to enter a period of intense study, in order to understand how they should respond to a Trump presidency. He also said he expected the Islamic State, or other similarly minded jihadist organizations, to test Trump early by launching attacks, in order to provoke a reaction (or, he suggested, an overreaction).”

Regresso agora à Weekly Standart, onde William Kristol – que combateu Trump até ao fim, sendo muito atacado por isso – escreve um texto algo melancólico mas significatico: Onward. Ou seja, seguir em frente. Por outras palavras: “This isn't a bad stance for conservatives in the face of an incoming Trump administration. "Onward" implies resisting the temptation to indulge in a warm bath of nostalgia for the past. It implies resisting the temptation to indulge in lamentations or recriminations or mindless affirmations in the present. It implies resisting the temptation to indulge in the odd attraction of fatalistic surrender to a dark future. We are conservatives—American conservatives, which means we are classical liberals with both a respect for the wisdom of the past and an openness to the lessons of the present. We are neither progressives with a faith in History nor populists with a faith in Vox Populi. If conservatives today have an orthogonal relationship with the main tendencies in American politics—well, that means the insights of American conservatism are more necessary than ever.” Juntamente com este texto também será de ler João Carlos Espada, no Observador, que em Afinal, o “sistema” não estava “viciado” defende que “Não vejo motivo para auto-críticas do chamado “establishment” que era contra Trump: o facto de alguém ganhar eleições não implica que todos os derrotados passem a concordar com ele. Apenas têm de aceitar a derrota e… continuar a criticá-lo, se acharem que ele merece ser criticado. Só nas ditaduras é que a vitória de um candidato implica a unanimidade nacional em torno do vencedor.

A fechar duas referências ao tema do populismo. A primeira é a remissão para o já citado ensaio (longo) de Jorge Sampaio editado hoje pelo Público, A nova Europa dividida num contexto internacional de incertezas. E nós?, de que destaco a passagem onde o antigo Presidente da República faz a ponte entre o que se passou nos Estados Unidos e o que se pode passar na Europa: “Olhando para o resultado das eleições presidenciais americanas, creio que há razões tangíveis que reforçam inquietações e pessimismo, pois está claro que todas estas tendências vão no mesmo sentido, reforçando-se negativamente, sendo impossível não olhar já para as eleições de 2017 em França e na Alemanha como próximas etapas prováveis desta corrida para o abismo.”

Por fim, Democracia e populismo, uma opinião de Vítor Bento no Observador que tem especial interesse por nos chamar a atenção para a forma como uma velha democracia como a inglesa funciona, tudo isto a propósito da decisão judicial que vai levar, em princípio, a que seja o Parlamento a ter a última palavra sobre o Brexit. Nota o autor que, “Num tempo dominado pelas emoções, acirradas por activistas desenfreados e de desvio totalitário, é reconfortante ouvir a consciência da mais antiga democracia funcional contrapor-se à deriva populista”.

E pronto, por hoje é tudo. Já me estendi demasiado, mas os tempos e as muitas leituras apenas tornaram difícil a escolha. Tenham bom descanso, boas leituras, e espero que as minhas sugestões os tenham ajudado a encontrar pistas para perceber melhor estes dias complexos que vivemos.

 
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EXPRESSO



724



14 Nov 2016



José Cardoso
POR José Cardoso
Editor Adjunto

 
Morreu o meu amigo Miguel, por Francisco Pinto Balsemão. Marcelo força acordo na Concertação, parceiros marcam distâncias

Boa tarde,

A abertura deste Expresso Diário é feita com um retrato do advogado Miguel Veiga escrito pelo seu amigo de vida e de causas Francisco Pinto Balsemão. Cofundador do PPD (hoje PSD), bem humorado, amante da vida, o advogado portuense morreu esta segunda-feira na sua casa na Foz, no Porto, aos 80 anos de uma vida que atravessou de com uma paixão aguerrida, fosse na profissão, fosse na política. A Isabel Paulo escreve um obituário. E republicamos a entrevista publicada originalmente na revista em 2013, na qual traçou à Ana Soromenho e ao Valdemar Cruz o percurso da sua vida e das suas paixões, pela pintura, pelos livros, pelos amigos, pelas. “Vivemos tempos desalmados”, disse-lhes na altura Miguel Veiga – e foi esse o título da entrevista.

Esta segunda-feira, o Presidente da República recebeu os parceiros sociais. Isto porque Marcelo diz que é preciso reforçar a Concertação Social. A Ângela Silva e a Rosa Pedroso Lima contam nesta edição em que ponto estão as coisas. E o ponto é que sindicatos e patrões têm dúvidas e aproveitaram a ida a Belém para vincar posições.

Sabe quem é Devin Nunes? A Raquel Albuquerque conta no Expresso Diário quem é este lusodescendente, neto de açorianos, nascido na Califórnia, que é membro do Congresso há 13 anos e presidente do Comité dos Serviços de Informação. Nunes é conselheiro de Donald Trump e um dos grandes defensores da continuação da base das Lajes como base americana, considerando que tem “a melhor localização estratégica da Terra”.

Numa altura em que paira a ameaça de o Presidente eleito dos Estados Unidos reverter a posição dos EUA em relação aos acordos de Paris sobre o clima (ou seja, os americanos darem o dito por não dito e não respeitarem a limitação das emissões de gases com efeito de estufa com a qual concordaram), foi noticiado que as emissões de dióxido de carbono (CO2) estabilizaram no mundo inteiro, pelo terceiro ano consecutivo. A notícia é boa, mas não tanto assim, como explica a Carla Tomás: é que, mesmo assim, isso não chega para atingir os objetivos do acordo de Paris.

Nesta edição publicamos ainda mais um artigo da série Crime à 2ª, na qual a Anabela Natário conta o caso de Balbina Guerra, que brandiu o machado ao marido, jurando que o matava se ele a maltratasse.

Na sua crónica habitual das segundas-feiras, o Reinaldo Serrano fala de uma série sobre um senhor chamado Sílvio (sim, é esse mesmo em quem está a pensar…), o Pedro Miguel Oliveira dá conta dos receios de cientistas e empresários das novas tecnologias por causa do conservadorismo de Donald Trump e o meu camarada Pedro Andersson, da Sic, revela truques para poupar dinheiro ao volante – basta mudar um pouco a forma de condução (e, de caminho, também ajuda a reduzir o CO2).

Na opinião, o Daniel Oliveira dá um conselho: “Em vez de insultar, conquistem quem votou em Trump”; o Henrique Raposo diz que “Trump e Le Pen têm respostas erradas para perguntas certas”: Henrique Monteiro denuncia que, “E agora, como sempre, regressa o antissemitismo”; e o Nicolau Santos diz que estamos “A caminho de uma nova e mais violenta crise”.

Boas leituras e um bom resto de dia, sem truques


Ler o EXPRESSO DIÁRIO


Morreu o meu amigo Miguel
Por Francisco Pinto Balsemão


CONCERTAÇÃO SOCIAL

Marcelo força acordo, parceiros marcam distâncias
REUNIÃO O Presidente da República não tem dúvidas: porque “vivemos um tempo singular” é preciso reforçar a Concertação. Mas sindicatos e patrões têm dúvidas e aproveitam a ida a Belém para vincar posições


Emissões de CO2 não sobem há três anos. Mas isso não chega
Emissões de CO2 não sobem há três anos. Mas isso não chega


Nicolau Santos

A caminho de uma nova e mais violenta crise
 

Daniel Oliveira

Em vez de insultar, conquistem quem votou em Trump
 

Henrique Raposo

Trump e Le Pen têm respostas erradas para perguntas certas
 

Henrique Monteiro

E agora, como sempre, regressa o antissemitismo
 


ESTADOS UNIDOS I

Devin Nunes, o grande amigo das Lajes na transição de Trump


ESTADOS UNIDOS II

A Administração Trump começa a ganhar corpo


PARLAMENTO

Ministro da Saúde diz que “o diabo não virá este ano”


DICAS DE POUPANÇA

“Truques” para poupar na condução


IMPÉRIO DOS SENTADOS

Lembram-se de Sílvio?


CRIME À 2ª

“Se me maltratas mato-te”, disse Balbina Guerra brandindo o machado contra o marido




O grupo Impresa pretende oferecer um serviço pers

OBSERVADOR

Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
Casa Branca 2016
Steve Bannon vai ser, juntamente com o novo chefe de gabinete de Trump, o n.º 2 da Casa Branca. A Bloomberg chamou-lhe o "operacional político mais perigoso" dos EUA. Óbito
Morreu Miguel Veiga, um dos históricos fundadores do PSD. Era advogado e tinha 80 anos. Foi deputado à Assembleia Constituinte e fundador do PSD em 1974. Mercados Financeiros
Juros voltaram a superar a fasquia dos 3,5%, reentrando no intervalo em que o nível de preocupação da agência DBRS aumenta. A partir dos 4%, agência já disse que ficará desconfortável com o "rating". Presidência da República
De março até agora contam-se 15 ajustes diretos que custaram aos cofres da Presidência 246.382 euros. Um filme de Manoel Oliveira, PDF e firewalls anti-hackers motivaram as compras de Marcelo. Hospitais
A avaliação aos gestores hospitalares arranca no próximo ano. Os bons serão premiados, os maus serão afastados, anunciou o ministro da Saúde, no Parlamento. Orçamento do Estado
Ministro da Saúde diz que apesar da derrapagem 2016 "tem um dos melhores saldos dos últimos anos" e anuncia plano para reequipar hospitais até 2019. Hospital do Seixal uma realidade até 2019. Lua
A Lua Cheia já está em fase de perigeu e agora é uma questão de horas até a vermos tão grande como nunca nos últimos 68 anos. Saiba onde a observar, como a fotografar e as mudanças que vai trazer. Casa Branca 2016
Fica no 66º andar, tem três pisos e é inspirada no Palácio de Versailles. A casa oficial de Donald Trump fica na 5ª avenida de Nova Iorque, na Trump Tower. Um dos andares de baixo é de... Ronaldo. Casa Branca 2016
Vai mesmo construir o muro, expulsar imigrantes ilegais com cadastro e reverter leis sobre aborto. Mas voltou atrás noutros pontos: vai manter partes do Obamacare e reconsidera investigação a Hillary. Kim Jong Un
A sorrir com militares, com crianças, num Parque Aquático ou numa fazenda de cogumelos. Sério num teste nuclear e num lançamento de mísseis. Assim são 26 fotos oficiais do líder norte-coreano. Hotel
O hotel Vila Joya, em Albufeira, venceu o prémio dos World Boutique Hotel Awards para melhor hotel gastronómico, e faz parte de uma lista que inclui os destinos mais paradisíacos do planeta.
Opinião

José Manuel Fernandes
Trump venceu e vêm aí novas tempestades, agora na Europa. Assim, que tal deixar de insultar e menosprezar os seus eleitores e começar a tentar perceber as (muitas) razões de quem vota nos populistas?

Helena Matos
O mediatismo esclarecido primeiro escarneceu e depois irritou-se com os deploráveis de Trump. Mas os sem dentes de Le Pen já estão à nossa espera. Fazer de conta que eles não existem não funciona.

Fernando Leal da Costa
No Orçamento de 2017, seja comparando o orçamentado ou a despesa efetiva e projetada, o acréscimo de verba disponível para a Saúde será, na prática, insuficiente e menor do que em anos anteriores.

Alexandre Homem Cristo
Centeno legislou ad hominem, para nomear esta equipa de administração da CGD. E isentou-a, a seu pedido, da transparência associada ao exercício das suas funções. É grave e tem de haver consequências.

João Carlos Espada
Se não seguir a sabedoria de Reagan, é muito expectável que o presidente eleito Trump venha a ter de enfrentar a sabedoria da democracia americana — o tal “sistema” que, afinal, não estava “viciado”.

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VAI DAR ZEBRA

Homem rouba leite no supermercado… O que o agente da PSP fez… Emocionou Portugal!




Posted: 14 Nov 2016 04:05 AM PST
É triste esta notícia não aparecer nos jornais, mas felizmente existem as redes sociais para que histórias como estas possam chegar até nós. Numa altura em que tantas vezes se critica ...
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Posted: 14 Nov 2016 03:56 AM PST
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Posted: 13 Nov 2016 09:29 AM PST
O dono de Walnut reuniu dezenas de cães antes de o seu “melhor amigo” ser abatido.  Nos últimos 18 anos, Walnut esteve incondicionalmente ao lado de Mark, foi o seu ...
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Posted: 13 Nov 2016 09:06 AM PST
Os sintomas do fim de um relacionamento podem não ser claros para todo mundo, já que nem sempre é fácil perceber que o amor acabou. O site norte-americano Prevention fez ...
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EXPRESSO

Expresso

Bom dia, já leu o Expresso Curto Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Valdemar Cruz
Por Valdemar Cruz
Jornalista
 
14 de Novembro de 2016
 
O tempo dos autocratas
 
Um autocrata não brinca com as palavras. Não tem o gosto, nem a sensibilidade para o fazer. Se um autocrata ameaça construir um muro ao longo de uma fronteira, o melhor é assumir que vai mesmo haver um muro, pela razão simples de que o muro passa a existir a partir do momento em que é verbalizada a intenção de o erigir. Pode ter um sentido literal, materializado em quilómetros de grandes paredes de betão, e aí está Israel para o demonstrar, pode materializar-se em barreiras de arame farpado, pode parecer imaterial e traduzir-se num desmesurado reforço da vigilância policial. Será sempre um muro. E um muro não é apenas uma barreira física. É uma tremenda trincheira psicológica. Por isso, quando Donald Trump confirma o desejo de construir um muro ao longo da fronteira com o México com alguma fanfarronice à mistura – “sou muito bom nisto, chama-se construção” – na verdade, e para lá de estar a cumprir uma promessa de campanha, o grande sinal ali implícito é o de que tem de ser levado a sério, muito a sério.

Donald Trump prometeu criar um sistema de vigilância especificamente dirigido a muçulmanos nascidos nos EUA, defendeu a tortura, ameaça já a deportação de dois a três milhões de imigrantes que considera perigosos, anunciou a intenção de fazer reverter a legislação sobre o aborto e prepara-se para atacar e destruir os aspetos mais positivos da reforma do sistema de saúde conhecido como Obamacare, do qual beneficiam milhões de estado-unidenses pobres.

Um autocrata não brinca. Nem mesmo quando escolhe os amigos. Os primeiros contactos internacionais de Donald Trump constituem uma espécie de declaração de interesses. Nigel Farage, líder do UKIP (Partido da Independência do Reino Unido), um dos principais impulsionadores do “Brexit”, foi o primeiro político estrangeiro a ser recebido por Trump, este fim de semana em Nova Iorque. O presidente eleito dos EUA pretende reforçar os laços com Marine Le Pen, a dirigente do partido de extrema-direita francês “Frente Nacional”, que considerou a eleição de Trump “um triunfo da liberdade”.

Geert Wilders, outro representante da extrema-direita europeia, dirigente do PVV (Partido da Liberdade) holandês, considerou que a vitória de Trump constituía a chegada da “segunda revolução americana”. Presença frequente durante a campanha eleitoral, Wilders foi um dos convidados da Convenção republicana em Cleveland (Ohio) que proclamou Trump como candidato do Partido Republicano.

No jornal Público de hoje, Jorge Sampaio, ex-presidente da República Portuguesa, escreve que olhando para o resultado das eleições presidenciais americanas crês “que há razões tangíveis que reforçam inquietações e pessimismo (…), sendo impossível não olhar já para as eleições de 2017 em França e na Alemanha como próximas etapas prováveis desta corrida para o abismo”.

É um abismo de dimensões inimagináveis. Desde logo porque o erro maior está em considerar que Trump possa ser um devaneio apalhaçado da sociedade-espetáculo de que sempre foi protagonista, ou uma simples degenerescência do sistema. É a expressão maior de um mal que percorre o mundo alimentado pela destruição dos adquiridos sociais e laborais e fomentado pelas mais extremas formas de desregulação de que há memória, que Trump não deixará de prosseguir e acentuar.

Suprema ironia da história. O país que andou décadas a pregar o fim dos muros, é aquele onde pode vir agora a erguer-se um trágico e odioso muro, porque assente no racismo e na xenofobia.

Um autocrata não brinca. Mesmo quando parece ser ele próprio uma brincadeira.
 

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OUTRAS NOTÍCIAS
Centenas de emigrantes concentraram-se ontem em Lisboa, junto ao Centro Comercial da Mouraria, para reivindicarem uma alteração à lei da emigração. Elementos do PNR (Partido Renovador Nacional), organização de extrema-direita, concentraram-se no outro extremo da Praça Martim Moniz sob o lema “contra a invasão de imigrantes, por uma justiça social para os portugueses”. A PSP montou um cordão policial para separar os dois grupos, o que não impediu alguns confrontos de elementos do PNR com a PSP. Foi detido um elemento do PNR.

A seleção portuguesa de futebol jogou ontem contra a Letónia e venceu por 4-1. É o resultado que fica para a história, e na memória. As estatísticas não vão falar das dificuldades vividas pelo campeão europeu em título para resolver um jogo que tinha tudo para ser fácil. Sofrer faz parte de um certo desígnio do futebol nacional. Foi preciso o empate conseguido por uma seleção que até ontem ainda só tinha marcado um golo na prova, para que a seleção portuguesa despertasse e arrancasse para a esperada e desejada goleada. Se Ronaldo fica em destaque pelos dois golos marcados (já é o quarto jogador europeu com mais golos ao serviço da respetiva seleção), mas também pela grande penalidade falhada, o realce maior terá de ir para Quaresma, pelo modo como, com a sua entrada, rasgou o jogo e definiu a vitória.

Jorge Sampaio escreve hoje um grande ensaio no jornal Público. Se considera o Brexit um ponto de não retorno, insiste na evidência de que “a crise das dívidas não foi resolvida, está suspensa pelo BCE” e em Portugal “parece igualmente concentrada na Banca”. Depois de comentar a eleição de Donald Trump e o que representa esta viragem num país com a importância dos EUA, Jorge Sampaio diz que "para restaurar a confiança, é preciso proceder ao resgate da democracia representativa na Europa”. O texto tem como ante-título: “O mundo na era Trump”. O título principal é: “”A nova Europa dividida num contexto internacional de incertezas. E nós?”.

Mesmo depois do sinal claro deixado pelo Presidente da República quanto á impossibilidade de abertura de qualquer exceção para os gestores da Caixa geral de Depósitos no que respeita ao envio da declaração de rendimentos para o Tribunal Constitucional, a saga continua. O Diário de Notícias revela que a administração da Caixa decide na quinta-feira se fica ou se vai embora. Ontem, na SIC, marques Mendes foi taxativo: “Apresentem as declarações de rendimentos rapidamente, ou então desamparem a loja”.

O JN assegura que o 112 não tem meios para localizar pedidos de ajuda por telemóvel numa altura em que a maioria das solicitações são feitas através da rede móvel. Trata-se de uma questão da máxima relevância, uma vez que em grande parte das situações quem faz a chamada está em situação com fusa, em elevado stress ou muito nervoso, o que prejudica a indicação de dados precisos sobre a localização.

Hoje, um grande fenómeno natural vai convidar-nos a andar de cabeça no ar. È dia de superlua. Tem havido várias neste outono, mas nenhuma como a que hoje vai tomar conta do horizonte celestial. Segundo as contas dos especialistas, a Lua já não estava tão próxima da terra há 68 anos. A proximidade será tanta que até nos vai parecer maior, mais brilhante e mais bonita do que o habitual. Se hoje não quiser andar de cabeça no ar, saiba que, a próxima oportunidade para se sentir tão próximo da Lua ocorrerá apenas em 2034.

LÁ FORA

Ontem Paris recordou os seus mortos. Homenageou as vítimas dos atentados terroristas de 13 de novembro do ano passado. Foi um dia triste. Foi um dia de coragem. Foi um dia marcado pela vontade de assumir o presente, sem se deixar condicionar pelo passado. O Bataclan reabriu com um concerto de Sting. Muita emoção, tal como ontem foram muitas as lágrimas nas ruas da capital francesa. Enre as muitas homenagens, uma que particularmente nos toca. No Stade de France foi colocada uma lápide em memória de Manuel Dias, motorista português emigrado em França vítima mortal da explosão provocada por um bombista suicida.

Na Nova Zelândia o tempo é de sismos. Horas depois do sismo de 7.8 que atingiu o país no domingo e do alerta de tsunami ter sido reduzido a apenas algumas zonas costeiras, houve nas últimas horas registo de um novo sismo com uma intensidade de 6.2, registado a cerca de 120 quilómetros da cidade de Christchurch, na Ilha do Sul, a uma profundidade de 10 quilómetros. O primeiro sismo ocorreu pouco depois da meia-noite de domingo (11h em Portugal). Há registo de dois mortos, para lá de avultados prejuízos materiais.

Na Colômbia, o Governo e as FARC assinaram um novo acordo de paz que, segundo as duas partes, preserva a estrutura e o espírito do anterior, rejeitado em referendo, mas dá resposta a algumas das preocupações dos partidários do “não” na consulta de 2 de outubro.

FRASES

Para restaurar a confiança, é preciso proceder também ao resgate da democracia representativa na Europa”, Jorge Sampaio, ex-presidente da República num ensaio publicado hoje pelo Público.

Como costumava dizer Brell, só nos resta o amor para ultrapassar o medo. O amor que nos foi dado, o amor que nós damos, o amor que nenhum ataque terrorista ou falsa divindade nos poderá roubar”, Michael Dias, filho de Manuel Dias, o motorista português morto ao ano junto ao Stade de France vítima da explosão de um bombista suicida e ontem homenageado em Paris durante as cerimónias que assinalaram a passagem de um ano sobre os ataques terroristas que assolaram a capital francesa.

Primeiro vamos apanhar os criminosos ou os que tenham registo criminal, como membros de gangues e traficantes de droga. São provavelmente dois milhões, talvez três milhões. Vamos tirá-los do país ou prendê-los", Donald Trump,presidente eleito dos EUA em entrevista à CBS News durante a qual assegurou que o muro na fronteira com o México é mesmo para ser construído.

É uma pedra adicional na construção de um novo mundo”, Marine Le Pen, Líder da Frente Nacional (França) a propósito da eleição de Donald Trump

Ou a Uber é um indicador de algo que se vai generalizar, ou não passa de uma curiosidade. Se se generaliza, teremos de repensar muitas das instituições que regulam as relações laborais”, Guy Ryder,diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho em entrevista ao El País.

Olha-se para o PSD e parece que só há duas pessoas, Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque. O PSD tem seis vice-presidentes, um secretário-geral, tudo pessoas experientes, mas só aparecem duas pessoas. (...) O partido parece que está reduzido a um duo de amigos”, Luís Marques Mendes no Jornal da Noite da SIC.

NÚMEROS

22
Milhões de pessoas podem ficar sem cuidados médicos caso Donald Trump concretize a ameaça de acabar com a reforma de saúde chamada Obamacare

100
Mil pessoas aderiram ao Obamacare nas primeiras horas após o conhecimento dos resultados eleitorais

6,2
Milhões de estadounidenses votaram noutros candidatos que não Dinald Trump ou Hillary Clinton. representam 4,9% do eleitorado

O QUE ANDO A LER

Ao ler o número de novembro da edição portuguesa do Le Monde Diplomatique, chamou-me a atenção o artigo intitulado “Recuperar os direitos do trabalho e de negociação coletiva”, assinado pela socióloga Maria da Paz Campos Lima. Publicado numa altura em que o governo do PS com apoio parlamentar do PCP, BE e Verdes assinala um ano de existência, o jornal vem recordar-nos a existência de duas ou três questões que poderão vir a revelar-se decisivas para a solidez ou manutenção deste projeto. Uma delas relaciona-se diretamente com o mundo do trabalho e passa pelo reequilíbrio das relações laborais. Como escreve a socióloga Maria da Paz Campos Lima, se é importante a reposição integral dos vencimentos no setor público, do horário de 35 horas semanais, dos feriados, o aumento do salário mínimo, bem como a reposição e melhoria dos serviços sociais, convém não esquecer que “em matéria de despedimentos não há no programa do PS, lamentavelmente, menção de rever a legislação de trabalho do governo PSD/CDSque reduziu as proteções no emprego, alargando as condições e critérios de despedimento individual e coletivo e reduzindo as compensações por despedimento”.

Acresce o problema do boicote à negociação coletiva, sempre mais benéfica para o trabalhador. Não por acaso, e neste quadro de reversão de direitos, enquanto, em 2008, “1 milhão e 895 mil trabalhadores eram abrangidos pela atualização das convenções coletivas”, a partir de 2012 esse número reduz-se para mínimos históricos, ao ponto de em 2014 apenas 250 mil estarem abrangidos. O resultado está à vista: “a percentagem de trabalhadores abrangidos anualmente por aumentos salariais convencionais, que constituía à volta de 47% nos três primeiros anos da crise”, desceu para 9% em 2014. O período médio de vigência das tabelas salariais, que variava entre 13 e 15 meses nos três primeiros anos da crise, “alcançou o recorde de 44 meses em 2015”, escreve a socióloga.

Outro tema em destaque no Le Monde Diplomatique é assinado pela economista Eugénia Pires e aborda o sensível problema da reestruturação da dívida pública, que tantos persistem em querer ignorar. Raimundo Narciso escreve contra a privatização do Forte de Peniche, um símbolo da resistência ao fascismo, mas depois há, entre outros, trabalhos sobre a “impostura humanitária” no Haiti, uma tentativa de explicação do porquê da rejeição do plano de paz na Colômbia, ou as eternas questões da Rússia versus EUA no confronto Sírio.

Fico-me por aqui, mesmo se gostava de contar como regressei a “Amadeo”, de Mário Cláudio, a pretexto da exposição no Museu Soares dos Reis, ou do contentamento pelo reencontro com Juan Marsé,("Últimas tardes com Teresa" ou "Canções de amor no Lolita's Club") um dos meus escritores espanhóis preferidos, a pretexto da publicação do seu novo romance, “Essa puta tão triste”, situado na Barcelona dos anos de 1940 e construído à volta do estrangulamento de uma prostituta na cabine de projeção de um cinema de bairro enquanto era projetado o filme "Gilda", de Charles Vidor com Rita Hayworth e Glenn Ford

Tenha um bom dia e sempre que possível, espreite o Expresso ao longo do dia nas suas múltiplas plataformas. Amanhã terá cá o Pedro Santos Guerreiro para lhe dar a conhecer o mundo ao início da manhã.
 

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