Do Templo de Shore na Índia para as figuras de bronze misteriosas que revestem o piso do golfo de Nápoles, as vastas águas do planeta estão cheias de restos de civilizações antigas. Cada ruína submersa em que tropeçamos no fundo do mar é um lembrete de que, não importa quão poderosos nossos reinos e cidades sejam, n
ão são páreo para a fúria do oceano. Confira:
10. Lago Fuxian
Em 2001, uma equipe de arqueólogos encontrou uma vasta coleção de edifícios submarinos no fundo do lago Fuxian, na China. Os locais já tinham alegado serem capazes de ver uma cidade fantasma sob suas águas em um dia calmo, e ao longo dos anos, as histórias se tornaram uma espécie de lenda. Em expedições de mergulho, os arqueólogos encontraram paredes, ruas pavimentadas com lajes e ruínas de uma cidade inteira espalhadas por 6,5 quilômetros quadrados. Depois de realizar datação por carbono em vários potes de barro, eles determinaram que a cidade tinha cerca de 1.750 anos de idade. Acredita-se que uma seção inteira dela simplesmente tenha deslizado para dentro do lago, onde foi preservada por todos esses anos.
9. Eidum
O Mar Frísio é uma grande massa de água que corre ao longo da fronteira noroeste da Alemanha. Lá, há uma estreita faixa de ilhas chamadas Ilhas Frísias, que estão sendo corroídas pelas marés que golpeiam a costa alemã. Elas estão cada vez menores, e pelo menos uma delas (Sylt) costumava ser cerca de 300 metros maior do que é agora. Sabemos disso porque algumas centenas de metros ao largo da sua costa atual fica um assentamento subaquático, Eidum.
Acredita-se que Eidum foi construída em algum momento dos anos 1300, e construída novamente, e novamente, e novamente… Devido à sua localização, a cidade pesava e era engolida pelo Mar do Norte periodicamente. Em 1436, uma enchente devastou completamente a área, matando 180 pessoas e forçando os habitantes da cidade a se deslocar para um lugar mais alto. Eles foram para o que se tornou a moderna Westerland, que agora é uma cidade de praia. De acordo com um relato alemão de 1800, os restos de Eidum ainda eram visíveis centenas de anos mais tarde, na maré baixa.
8. Olous
Creta é uma ilha ao largo da costa da Grécia no Mar Mediterrâneo, e sua antiga geografia era muito maior do que é hoje. Devido à erosão do mar e a terremotos, algumas seções da ilha “caíram” no mar, e Creta tornou-se um destino turístico interessante para mergulhadores, que gostam de ver ruínas submersas de estruturas do passado. Uma delas é a cidade-estado de Olous, que foi um centro próspero com cerca de 40.000 habitantes. Embora equivalente a outras cidades gregas da época em termos de indústria, comércio e arquitetura, Olous tinha uma falha trágica: foi construída em uma faixa costeira arenosa, ao invés de baseada em calcário como a maioria das outras cidades da ilha. Agora, os restos de Olous são facilmente acessíveis para mergulhadores e praticantes de snorkel na baía de Poros. A estrutura mais notável é a muralha da cidade antiga, que se eleva acima da linha da água na maré baixa.
7. Palácio de Helig
Há uma lenda que fala de um príncipe galês chamado Helig ap Glanawg que construiu um palácio enorme no norte do País de Gales durante o século VI. De acordo com as histórias, o seu reino se estendia em toda a área que é agora a baía de Conwy. Depois que o palácio foi construído, uma tempestade o atingiu e o mar inundou a área, submergindo tudo ao seu redor. Até hoje, muitos acham que esse conto é um mito, mesmo que haja um cume de terra de cerca de três quilômetros ao largo da costa da baía. O cume é chamado Llys Helig (galês para Palácio de Helig), e algumas pessoas acreditam que marca o local do palácio lendário, enquanto outros dizem que é uma formação rochosa natural. Pesquisas geográficas também já descobriram uma parede submersa que atravessa a área, e que pode datar do século VI.
6. Mulifanua
Mulifanua é uma pequena aldeia situada no extremo norte de Upolu, uma ilha de Samoa. É usada principalmente como uma estação de ferry para a balsa que vai para Savai’i, uma ilha ao norte. Foi ao expandir esta linha de ferry na década de 70 que trabalhadores descobriram milhares de cacos de cerâmica espalhados no fundo do mar. Investigações arqueológicas posteriores mostraram que os fragmentos eram os restos de uma aldeia Lapita, possivelmente uma das maiores da região. Lapita era uma cultura antiga que os cientistas creem que se ramificou para a população moderna que habita a Micronésia e a Polinésia hoje. A aldeia descoberta na baía de Mulifanua é um dos assentamentos Lapita mais avançados, coisa que os pesquisadores sabem porque foi o único local de escavação no qual cerâmica decorada foi encontrada. É também o mais antigo que conhecemos: a cerâmica foi datada de cerca de 800 aC, 500 anos mais velha do que as encontradas em outros assentamentos.
5. Pheia
Imortalizada em dezenas de obras de ficção, a Guerra do Peloponeso ocorreu no século V aC entre a cidade-estado de Atenas e vários exércitos do Peloponeso, que se autoproclamavam a Liga do Peloponeso. A guerra durou quase 30 anos, variando por todo o Mar Egeu e o Mediterrâneo Norte. Uma das cidades envolvidas na guerra foi Pheia, conquistada pelos atenienses e transformada em uma espécie de central de transporte para suprimento militar. Perto do final do século V, a área ao longo da costa ocidental da Grécia foi abalada por um terremoto que mergulhou a cidade de Pheia cinco metros abaixo da superfície do Mediterrâneo. Ela caiu no esquecimento até 1911, quando uma equipe de escavação encontrou a antiga civilização. Desde então, vários arqueólogos estudaram as ruínas de Pheia, mas nós ainda não sabemos muito sobre esta cidade importante da história.
4. Atil
Os khazares (ou cazares) eram uma antiga raça de nômades que viveu e viajou pelas regiões montanhosas do sudeste da Ásia durante o século VIII dC. Após a Segunda Guerra Árabe-Khazar, eles clamaram a pequena cidade portuária de Atil como a capital de seu império. Conhecida como Khamlij em textos árabes, Atil se tornou um importante ponto de parada ao longo da Rota da Seda, o que ajudou a tornar a região uma espécie de caldeirão cultural. Logo, ela se transformou no lar comum de cristãos, judeus e muçulmanos. Mas, em algum momento durante o final dos anos 900, um desastre aconteceu. O príncipe Svyatoslav I de Kiev atacou a cidade e a deixou em ruínas, que ficaram perdidas por mais de um milênio. Devido à sua posição no Mar Cáspio, acreditava-se que os restos da cidade haviam sido varridos, mas, em 2008, um professor russo chamado Dmitry Vasilyev descobriu restos do século VIII ao longo da borda norte do Mar Cáspio. A descoberta foi provisoriamente chamada de “ruínas de Atil”, embora isso ainda precise de confirmação.
3. Rungholt
Às vezes, uma cidade de ilha é puxada lentamente para o mar pela erosão das marés. Outras vezes, a ilha inteira cai no oceano sem deixar vestígios. Esse foi o caso da Ilha de Strand, localizada no Mar do Norte, que foi destruída por uma tempestade no início de 1600. Como ela não existe mais, somente algumas ilhotas fragmentadas, tem sido bastante difícil de localizar sua única “ex-cidade”, Rungholt.
Em 1362, o Mar do Norte experimentou a lendária Grote Mandrenke, uma enorme tempestade atlântica que varreu a costa da Inglaterra, Alemanha e Países Baixos. Com um número de mortos estimado em 25.000, a tempestade também limpou Rungholt do mapa. Nos próximos 700 anos, mergulhadores encontraram relíquias de Rungholt no fundo do mar, mas a cidade em si nunca foi encontrada.
2. Fanagoria
No auge de sua civilização, os gregos estavam espalhados por quase todo o Mar Mediterrâneo, até a Rússia moderna. O império grego se estendeu ao longo da borda norte do Mar Negro e fundou mais de uma dúzia de cidades portuárias sobre as fronteiras da Romênia, Bulgária e Ucrânia. Uma delas foi Fanagoria, localizada na Península de Taman. A história (e lenda) da cidade permitiu que arqueólogos descobrissem com qual cidade grega estavam lidando após a sua descoberta. Segundo a história, Fanagoria foi invadida por Mitrídates VI, rei do Império Pontus, no primeiro século aC. Os moradores locais, infelizes com o rumo dos acontecimentos, se alinharam com o Império Romano para expulsar o rei invasor, desencadeando as Guerras Mitridáticas. Quando uma equipe de escavação subaquática explorou a cidade em ruínas em 2011, descobriu uma enorme lápide de mármore com a seguinte inscrição: “Hypsikrates, esposa do Rei Mitrídates Eupator Dionysos, Farewell”. Na parte da cidade que está na terra, há uma vasta necrópole (cidade de túmulos). Estima-se que existam milhares de sarcófagos na “Fanagoria dos mortos”.
1. Saeftinghe
A cidade holandesa de Saeftinghe tem uma história trágica. No ano de 1200, uma ampla faixa de pântano foi drenada para fornecer mais terra arável para agricultura e pecuária. Por centenas de anos, a região tornou-se extremamente próspera. Infelizmente, em 1570, uma inundação maciça dizimou todo o terreno circundante. A cidade em si milagrosamente sobreviveu ao dilúvio, mas menos de 15 anos mais tarde, os próprios holandeses levaram Saeftinghe à sepultura, destruindo um dique durante a Guerra dos 80 Anos. Agora, a região de Saeftinghe é um atoleiro, uma vasta área de pântanos e deltas de areia que se estende por 3.850 hectares. Houve várias tentativas de escavar a cidade perdida, nenhuma bem sucedida. Há visitas guiadas que levam turistas para perto da região, mas é proibido entrar em Saeftinghe sem guia, porque uma maré pode surgiu milhares de metros no interior e cobrir a terra toda em água em questão de minutos. [
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Post em 8-11-13 - 15H45
ANTÓNIO FONSECA