terça-feira, 22 de setembro de 2015

ENDURO NA RIBEIRA DO PORTO - 22 DE SETEMBRO DE 2015


O Campeonato do Mundo de Extreme XL Enduro esteve ontem na zona histórica do Porto, com o prólogo da etapa portuguesa a ser o cenário mais fantástico da...
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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

OBSERVADOR - 21 DE SETEMBRO DE 2015 -


Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!



Pronto, é oficial: a campanha eleitoral está mesmo na rua (mas há muito que por lá andava) e daqui até 4 de Outubro, excluindo essa bizarria que é o “dia de reflexão”, não se falará de outra coisa. O Macroscópio procurou por isso organizar o melhor possível o que pode encontrar na informação online para ir seguindo a campanha e ir procurando os esclarecimentos de que necessita. Vamos fazê-lo por partes.

Sondagens

Depois do interregno de Agosto, as sondagens repetem-se a um ritmo mais do que diário, desta feita com uma novidade: vamos ter três “tracking pool”, isto é, três sondagens diárias seguindo a metodologia de acrescentar todos os dias novos entrevistados e deixar cair os mais antigos. Duas já começaram – a da RTP/Universidade Católica e a do Correio da Manhã/Aximage – e uma outra começa hoje – a TVI/Público/Intercampus. Para além disso teremos o Expresso com a Eurosondagem e as suas projeções do número de deputados, que já alimentaram uma das polémicas do fim-de-semana.

Para seguir as sondagens e ir interpretando com a serenidade possível o seu significado é indispensável acompanhar o blogue de Pedro Magalhãos, Margens de Erro (ainda hoje, por exemplo, escreveu sobre “empates técnicos”, procurando também perceber o que se passou com as sondagens da Grécia).

Uma das bases de trabalho de trabalho de Pedro Magalhães é o site Popstar, onde podemos ver a evolução da média ponderada de todas as sondagens que vão sendo conhecidas. O Observador referenciou e sintetixou este trabalho hoje, em Afinal, o que nos dizem as sondagens?

Programas eleitorais

Imagino que a maioria dos leitores não se dê ao trabalho de ler os programas eleitorais dos partidos (que às vezes até parece que foram feitos para não serem lidos...).

Por isso, como já lhe referi há umas semanas, o Observador sistematizou propostas dos diferentes partidos, elaborando um Guia Eleitoral sobre o que cada partido defende. Esse trabalho está organizado em 16 temáticas, que pode ser acedidas de forma interactiva: Prioridades; Emprego; Contas Públicas; Impostos; Segurança Social; Função Pública; Educação; Investimento Público; Saúde; Empresas; Justiça; Família; Transportes; Europa; Emigração e Imigração; Ambiente.

O Público fez agora um trabalho na mesma linha, mas um pouco menos exaustivo. Chama-se Isso está no programa? e aborda as seguintes temáticas (10): Jovens, Desempregados, Empresários, Famílias, Contribuintes, Doentes, Reformados, Endividados, Funcionários Públicos e Precários.

Problemas do país

Destaque, de novo, para o Público e o Observador. O primeiro realizou um conjunto de reportagens a que chamou 12 ideias para Portugal. Já foram todas publicadas e baseiam-se em experiências de outros países que podem inspirar reformas em Portugal. Os temas vão da Reindustrialização ao Sucesso escolar, passando pelo Endividamento privado ou pelo Sistema Fiscal.

Já aqui no Observador iniciámos uma série que designámos por 15 Questões Eleitorais que tem vindo a ser publicada desde o início do mês de Setembro. Hoje falámos-lhe de Escolas. Temos de lhes dar mais autonomia?, antes interrogámo-nos sobre Fazer mais bebés. Os políticos podem ajudar-nos? Já tratámos temas como as privatizações, as pensões, o ser funcionário público, o SNS, a dívida pública e as possibilidades de crescimento dentro do euro.

Há naturalmente mais trabalhos (e alguns bons) publicados noutros órgãos de informação, mas sem uma estruturação tão exaustiva e tão organizada online.

Páginas especiais

A campanha eleitoral mereceu a criação de páginas especiais em vários sites de informação, páginas onde se agrega o essencial da informação da campanha, alguns blogues e textos de opinião e os trabalhos mais centrados nos problemas do país. Aqui ficam os respectivos links:
  • Observador (destaque para o liveblog diário, onde se agrega, ao minuto, toda a informação, tal como para os factcheck e os Explique isso melhor)
  • Expresso (o semanário da Impresa prefere ir publicando as notícias de campanha uma a uma)
  • Público (o fio do dia surge numa zona chamada “diário de campanha”, mas organizado em artigos separados)
  • RTP (com peças da RTP e sons da Antena 1)
  • SIC (onde destaco a área de bastidores, com a hashtag #SICnaCampanha)
  • TVI24 (aqui a novidade é um liveblog baseado em pequenos vídeos carregados via Instagram)

Referência ainda para um site que agrega informação de várias fontes: http://www.legislativas2015.pt/. Não tem produção própria nem trabalhos especiais, mas vai dando conta (um pouco incompleta, é certo) do que se passa. Cito-o por representar um esforço fora dos principais órgãos de informação.

Opinião

Por fim há opinião para todos os gostos, nuns casos envolvendo candidatos ou representantes dos partidos, noutros com base nos colunistas ou colaboradores habituais ou em convidados especiais. Pequeno apanhado dos últimos dias (começando aqui pela casa):
  • Não deixa de ser Syriza quem quer, Rui Ramos, Observador: “O PS pode não querer ser o Syriza, mas ninguém deixa de ser o Syriza só porque quer. Todos os caminhos de António Costa vão dar a Atenas.”
  • Costa pode ganhar mas merece perder, Alexandre Homem Cristo, Obervador: “O PS não percebeu a opção suicidária de negar a recuperação económica. Nem entendeu a importância de se afirmar como factor de estabilidade política. Até pode ganhar. Mas, só por isso, merece perder”.
  • O Centeno tem razão. O PS terá coragem?, David Dinis, Observador: “Curiosamente, é quando batem mais no PS que eu acho que o PS tem mais razão. Melhor dizendo, quando Centeno tem mais razão. Mas terá o PS coragem para o dizer?”
  • Notas sobre a campanha, João Marques de Almeida, Observador: “Depois de tantos sacrifícios e de tanto sofrimento, quando a situação começava a melhorar lentamente, os tempos podem voltar a piorar. Então os portugueses ainda vão ter saudades da actual maioria.”
  • Abecedário de uma eleição, Sérgio Figueiredo, Diário de Notícias: “O candidato socialista está pronto para a corrida mas estará preparado para a vitória? Não domina a economia que é do que depende tudo o que anda a prometer. Só com um crescimento do PIB que o país não conhece há década e meia deixará de ser mais um primeiro-ministro a fazer o contrário do programa que o poderá eleger.”
  • Um dia teremos saudade da troika, Alberto Gonçalves, Diário de Notícias: “A questão, insisto, não é condenar quem chamou ou apoiou a chegada da troika, mas quem a deixou partir. Sozinhos, ou soberanos de mão estendida, não vamos longe. E, com o PS mortinho por anular o pouco que a troika remendou, nem iremos perto.”
  • Pobres de nós, Vasco Pulido Valente, Público: “Desde a I República que não aparecia um cacique da envergadura do dr. Costa na cena política portuguesa, pronto a meter o país no fundo por vaidade pessoal ou conveniências partidárias. Apareceu anteontem. Pobres de nós.”
  • O que vai decidir as eleições é o Portugal que cada um vê. Mais nada, Pacheco Pereira, Público: “Não são os indecisos que vão formar opinião com os debates, são, quando muito, os abstencionistas por zanga, e zanga é a palavra exacta. Se o PS ou o PAF conseguirem mobilizar um número significativo destes abstencionistas zangados, desatam o nó do empate, mesmo que isso não seja suficiente para a existência de uma maioria absoluta.”
  • Costa perde por não ser liberal, Martim Avillez Figueiredo, Expresso (para assinantes): “O desafio de António Costa não é desconhecer como se poupam mil milhões em contribuições sociais: o problema é que ele não acredita no programa dos seus economistas.”
  • Guia da política banal, Henrique Monteiro, Expresso (assinantes): “A acreditar nos cartazes, todos os partidos podiam ser fações da velha União Nacional, o partido único que Salazar impôs ao país...”
  • Quem vai decidir isto, Ricardo Costa, Expresso (assinantes): “Entre os 50% de 2011 e o que as sondagens hoje atribuem, há uma enorme massa a tentar convencer. São pessoas que castigaram violentamente o resgate, que são especialmente sensíveis a mensagens de segurança e que se habituaram à austeridade. Todo o discurso de Passos e Portas é dirigido a elas.”
  • Malhanço, João Taborda da Gama, Rádio Renascença: “Na semana em que Catarina Martins ficou na moda, e o PS, irritado, falou da moda de malhar, a Coligação vai dando a face e agradecendo os tabefes. (…) O malhanço socialista adoça o sorriso cada vez mais angélico de Pedro e de Paulo, porque sabem bem que quanto mais o PS malhar na campanha, mais aumenta a probabilidade de, no dia 4, malhar nas urnas.”
  • [Precisamos de] um choque de empreendedorismo!, Francisco Veloso, Jornal de Negócios: “Uma bandeira política centrada no consumo não me parece a melhor para fomentar as bases para este choque empreendedor que tanto necessitamos. Neste capítulo, é condição necessária ter o investimento e a competitividade como base. Mas é fundamental ir mais longe. Este investimento deverá ter as novas empresas e a promoção das condições para que estas sejam criadas e possam crescer como prioridade e bandeira política.”
  • Votar ou não votar?, Joaquim Jorge, Diário Económico: “Não votar é tão legítimo como votar. Todavia o sistema está feito para que mesmo que só votem os cidadãos das listas, a família e os amigos são na mesma eleitos e têm legitimidade para cumprirem o seu mandato.”

E pronto. Haverá por certo mais novidades nos próximos dias, até porque nós próprios as estamos a preparar no Observador, para além de que deixei de fora algumas reportagens originais, assim como outras novas formas curiosas de abordar estas eleições – e de, por exemplo, ajudar os indecisos a decidirem.

Despeço-me por hoje, com votos de boas leituras e que não deixe toda a reflexão para o último sábado…

 
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ANTÓNIO FONSECA

EXPRESSO DIÁRIO - 21 DE SETEMBRO DE 2015



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21 Set 2015

Bernardo Ferrão
POR Bernardo Ferrão
Editor

 
A guerra de números que tomou conta da campanha

Boa tarde
É só o segundo dia oficial de campanha e os ataques sobem de tom. António Costa de um lado, Passos Coelho e Paulo Portas do outro. Sempre com o tema segurança social e pensões em cima da mesa: 1020 milhões contra 600 milhões. A guerra está para durar...
Quanto à Grécia, o tema parece ter ficado arrumado nas reações dos líderes partidários. Mas no Expresso Diário contamos-lhe os pormenores da nova vitória do Syriza, impulsionada pela figura de Alexis Tsipras. Tem a seu favor um Parlamento pró-austeridade e um parceiro de coligação polémico, mais fácil de controlar; contra Tsipras está o novo memorando que ele próprio negociou e cuja aplicação irá causar ondas de choque.
Destaque ainda para o início do ano letivo que não atrapalhou a campanha. A antecipação dos concursos de colocação de professores e o arranque mais tardio permitiram que as aulas começassem com normalidade. Mas os diretores das escolas garantem que não há razões para festejar.
Tema exclusivo nesta edição é o novo romance de Harper Lee (autora de "Matar a Cotovia") que chega a Portugal em outubro. “Vai e Põe uma Sentinela” é o nome da obra cujo primeiro capitulo o Expresso Diário publica em primeira mão.
Na opinião:
José Gomes Ferreira: “Afinal, Angela Merkel já não é uma ditadora?”
Daniel Oliveira: “A vitória dos que foram derrotados contra os que nem lutaram”
Henrique Monteiro: “Grécia: o sonho e traição”
Henrique Raposo: “Centeno: a cobardia de Passos e Portas”

Ler o EXPRESSO DIÁRIO


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O regresso de Harper Lee

EXCLUSIVO EXPRESSO Novo romance da autora de "Matar a Cotovia", um dos clássicos da literatura do século XX, chega a Portugal a 21 de outubro. No Expresso Diário pode ler o primeiro capítulo da obra


LEGISLATIVAS

Guerra de números entre coligação e PS: 1020 milhões contra 600 milhões

DIA 2 DE CAMPANHA A polarização entre o PàF e os socialistas acentua-se, com marcação cerrada de parte a parte. E a segurança social e as pensões sempre como pano de fundo OPINIÃO Henrique Raposo: "Centeno, a cobardia de Passos e Portas"


Passos enfiou a boina, Portas tirou-lhe o chapéu. Com Amnésia ao almoço

Passos enfiou a boina, Portas tirou-lhe o chapéu. Com Amnésia ao almoço

José Gomes Ferreira

Afinal, Angela Merkel já não é uma ditadora?
 
Daniel Oliveira

Grécia, a vitória dos que foram derrotados contra os que nem lutaram
 
Henrique Monteiro

Grécia: o sonho e a traição
 
GRÉCIA

O intocável Tsipras

EDUCAÇÃO

Ano Letivo abriu sem problemas. Que lições tirar?     


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OBSERVADOR - 21 DE SETEMBRO DE 2015

Hora de Fecho: Justiça desconhecia moradia de Sócrates

Para: antoniofonseca1940@hotmail.com

Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
caso sócrates
A informação inicial era que ex-primeiro-ministro iria residir no primeiro andar do prédio da rua Abade Faria. Juiz e Procurador perceberam o erro. PGR confirma que foi feita retificação.
campanha dia a dia
Líderes do PSD e CDS endurecem discurso contra António Costa. Caravana do PS está em Trás-os-Montes. Acompanhe aqui em direto.
legislativas 2015
A agressão a um apoiante da CDU, que aconteceu à saída de um comício no Coliseu dos Recreios, só pode ser investigada se for apresentada queixa.
legislativas 2015
O Observador desafiou eleitores indecisos a conversarem com candidatos nestas eleições. O primeiro é Luís Marques Guedes, ministro da Presidência e candidato da coligação Portugal à Frente em Lisboa.
futuro da grécia
Instalada a polémica. Presidente do Parlamento Europeu não gostou de ver uma repetição da coligação com o ANEL. Kammenos diz que a indústria da Defesa financia Schulz. Siga em direto o "day after".
futuro da grécia
Se fosse um jogo de poker, a manobra de Tsipras seria o equivalente a um "all in". Alexis apostou as fichas todas e, ao contrário de Samaras em janeiro, vence as eleições e ganha um novo partido.
futuro da grécia
O líder do Syriza ganhou em toda a linha, depois de mudar 180º. Mas só regressou à casa de partida. A grande questão vem agora: será ele capaz de cumprir o memorando? Análise Observador/TVI24.
fotografia
A luz ideal e os objetos alinhados em boa parte das fotografias publicadas no Instagram escondem, por vezes, uma realidade mais escura e desalinhada. Há quem queira destacar esse contraste.
telecomunicações
O Skype, serviço de telecomunicações e mensagens através da Internet, detetou um problema que impede os seus utilizadores de se conectarem ou usarem as suas aplicações em todo o mundo.
volkswagen
Grupo de investigadores queria usar os carros da Volkswagen para provar que o gasóleo pode ser pouco poluente. Acabaram "chocados com os resultados" dos testes que fizeram.
volkswagen
Mau "timing". Poucas horas depois de rebentar o escândalo da Volkswagen, passou um anúncio durante os Emmy e os jogos de futebol americano em que a VW advogava "verdade na engenharia".
Opinião

Rui Ramos
O PS pode não querer ser o Syriza, mas ninguém deixa de ser o Syriza só porque quer. Todos os caminhos de António Costa vão dar a Atenas.

Alexandre Homem Cristo
O PS não percebeu a opção suicidária de negar a recuperação económica. Nem entendeu a importância de se afirmar como factor de estabilidade política. Até pode ganhar. Mas, só por isso, merece perder

Paulo de Almeida Sande
Podemos interrogar-nos sobre como estaria o país hoje, caso Cavaco Silva tivesse convocado eleições antecipadas logo após a demissão de Vítor Gaspar (primeiro) e Paulo Portas (irrevogavelmente).

Manuel Villaverde Cabral
A solução normal para o empate eleitoral inscrito em todas as sondagens é só uma: um «bloco central» como em 1983/85. Infelizmente tal parece excluído por António Costa e a tribo socrática que o cerca

Helena Matos
Tsipras amigo, que consigas fazer a campanha sem que todos desatem a rir dá bem conta de fenómeno mais místico que político: a vontade de acreditar preencheu à esquerda o espaço que era da ideologia.

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ANTÓNIO FONSECA

VENCEDOR DO QUEM QUER SER MILIONÁRIO - 21 DE SETEMBRO DE 2015


Sérgio Silva vive num apartamento partilhado com 12 pessoas e divide o quarto com um primo autista que tem 25 anos e de quem cuida

A história do génio que vive numa pensão e limpou o “Quem quer ser milionário”

Sérgio Silva vive num apartamento partilhado com 12 pessoas e divide o quarto com um primo autista que tem 25 anos e de quem cuida josé fernandes Rosa Ramos 19/09/2015 17:47:58
Tem 36 anos, recebe 178 euros por mês e ninguém lhe dá emprego. Sérgio não acabou o 12º ano, mas arrasou cinco concorrentes na TV.
No dia em que foi despejado da casa de Arroios, onde vivia com a mãe, a irmã e o primo, Sérgio fez as malas a correr e acabou a dormir numa pensão na zona das Avenidas Novas, num quarto demasiado pequeno para quatro pessoas e pago pela Santa Casa da Misericórdia. A ordem de despejo apanhou a família de surpresa em 2007: a casa onde viveram toda a vida foi vendida e o novo senhorio decidiu pô-los na rua, nem quinze dias depois de Sérgio ter feito o funeral à avó.
Passaram oito anos e a vida do concorrente que anteontem à noite “limpou” quase todas as perguntas do concurso “Quem quer ser milionário”, na RTP1, nunca mais se voltou a endireitar. Sérgio Silva – um autodidacta “apaixonado por Ciência, História e Astronomia” – já viveu em três pensões diferentes. Há três anos, a mãe, diabética e com osteoporose, ficou numa cadeira de rodas e acabou internada num lar. Agora, o génio que respondeu a 12 perguntas sem qualquer ajuda e que arrasou com uma médica neurologista e um doutorado em Ecologia, vive num apartamento partilhado com outras 12 pessoas e continua a tomar conta do primo, que é autista e com quem divide o quarto.
Os 10 mil euros do concurso vieram a calhar: está desempregado há anos, recebe 178 euros do Rendimento Social de Inserção, paga 150 pelo lar da mãe e garante que não consegue arranjar trabalho, apesar de enviar currículos “às centenas” e de acumular formações do Centro de Emprego. A mais recente foi um curso de espanhol – que durou três meses, mas não serviu para nada. Quase todas as semanas, é recusado numa entrevista de emprego. A última foi para a Starbucks, que não o chamou. Há uns tempos, a McDonald’s também não o quis recrutar. “Nem para um part-time”. A culpa, diz, é da idade – já tem 36 anos – e da falta de estudos. É que Sérgio Silva pode até ter uma cultura geral fora do normal e protagonizado um momento “Slumdog Millionaire” na televisão portuguesa, mas nunca chegou a acabar o secundário.
Na manhã em que se ia matricular no 12º ano, foi atropelado por uma Suzuki 1100 que seguia a grande velocidade pelas ruas de Lisboa. Ficou mais de um mês sem andar e quase meio ano a movimentar-se com dificuldade e apoiado numa bengala. Mesmo assim, continuou a ir à escola – e era bom aluno –, mas a medicação para as dores era tão forte que adormecia nas aulas. Chumbou e nunca mais voltou a estudar. Decidiu tornar-se num autodidacta. Aprendeu a traduzir artigos técnicos de Ciência e Astronomia, fala e lê em quatro línguas e anteontem respondeu sem precisar de pensar muito a perguntas sobre Geografia, História, Literatura, Música Clássica, Mecânica ou Ciência. Monopolizou o concurso, deixou para trás os outros cinco concorrentes – que mal participaram – e só não levou 100 mil euros para casa porque hesitou numa pergunta: “De que país é originário o queijo Herve de Denominação de Origem Protegida?”.
Não ter respondido “Bélgica” foi suficiente para baixar o prémio a concurso.
E os 100 mil euros já tinham destino: iam servir para comprar “um T0, daqueles desvalorizados” para viver com o primo e trazer a mãe de volta para casa.
O programa foi gravado há dois meses e Sérgio confessa que já gastou parte dos 10 mil euros. O dinheiro serviu para um roupeiro, um computador, pagar dívidas da irmã e comprar “um stock razoável de comida” para ter no quarto. “Às vezes vou comer àquelas carrinhas que distribuem refeições na rua, mas já me aconteceu ficar doente. Cozinhando, sei o que estou a comer”, explica. Mas há meses em que a única forma de ter acesso a uma refeição é mesmo recorrer à ajuda de rua. Depois de pagar o lar da mãe, Sérgio fica com apenas 28 euros para gerir até ao fim do mês, a que se juntam “uns trocos” que sobram de um subsídio que recebe para comprar fraldas para a mãe. Pelo meio vai fazendo “uns biscates” nas traduções e na área da Informática.
“Mas é muito difícil arranjar  coisas para fazer”. Os 300 euros do quarto são pagos pela Santa Casa, com um vale que levanta todos os meses e depois entrega ao senhorio.
Mesmo sem dinheiro, não deixa de ler e de aprender. Conta que lê revistas “científicas e internacionais” velhas que conhecidos já não querem, lê livros emprestados e e-books à borla e passa horas frente à televisão. O apartamento partilhado tem TV cabo e, por isso, não perde os “melhores documentários” do National Geographic, do Odisseia ou do Canal História. Os discos dos Queen, dos Pink Floyd, dos Beatles, do “metal nórdico gótico” e de música clássica de que gosta ouve-os na internet, enquanto actualiza os blogues em que escreve – um é sobre Astronomia.
Também diz que se interessa pelo universo e pelo “funcionamento do mundo”, apesar de só ter saído de Lisboa duas vezes na vida. A mãe conta-lhe que quando tinha um ano o levou ao Porto e, noutra ocasião, visitou uma prima no Algarve. Tirando isso, só foi a Cascais e a Sintra. Se pudesse viajar, ia ao Porto, “pela gastronomia”, e ao Minho, porque a avó fez uma excursão por terras minhotas, há muitos anos, e contou “maravilhas”. Há outra viagem, mas essa é “a utopia total”. O maior sonho do “Slumdog Millionaire” português é um dia visitar o Museu da Ciência em Paris. 

http://www.ionline.pt/

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ANTÓNIO FONSECA

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