Informação revelada pelo governador da capital da península ucraniana da Crimeia, Mikhail Razvozhaev

Rússia acusa Ucrânia de atacar central elétrica em Sebastopol com drone
Rússia acusa Ucrânia de atacar central elétrica em Sebastopol com drone© Pavel Golovkin

A Rússia acusou esta quinta-feira a Ucrânia de ter atacado a central elétrica de Balaklava, em Sebastopol, com um drone, revelou o governador da capital da península ucraniana da Crimeia, Mikhail Razvozhaev, na rede social Telegram.

"Esta noite, um dispositivo não tripulado atacou a UTE Balaklava. Um dos transformadores que estava em manutenção pegou fogo", escreveu o governador a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

O responsável explicou que o transformador sofreu apenas pequenos danos e que não houve vítimas, pois os radares desviaram o drone da sua trajetória e este não atingiu o alvo.

Razvozhaev disse ainda que o "incidente" não afeta o fornecimento de energia de Sebastopol e da península.

A anexação da Crimeia

Anexada pela Rússia em 2014, após um referendo considerado ilegal pela Ucrânia e pelo Ocidente, esta península turística e vinícola envenenou as relações entre Kiev e Moscovo desde o desmoronamento da União Soviética, em 1991.

Com uma população maioritariamente russófona, a Crimeia tinha sido "dada" em 1954 à Ucrânia soviética por Nikita Khrushchev, então líder do Kremlin, ele mesmo de origem ucraniana.

Mas a 27 de fevereiro de 2014, um comando pró-russo tomou o parlamento local, onde deputados convocados à pressa elegeram um governo favorável a Moscovo.

A 16 de março de 2014, num pretenso referendo condenado pela comunidade internacional, 97% dos habitantes da península pronunciaram-se "a favor" da sua anexação à Rússia, segundo Moscovo. A anexação foi ratificada dois dias depois por um tratado rubricado pelo Presidente russo, Vladimir Putin.

Desde 2014, muitos críticos da Rússia foram presos na Crimeia.

Dos seus dois milhões de habitantes, 59% são russos, 24% são ucranianos e 12% são tártaros, uma comunidade de tradição muçulmana ali estabelecida desde o século XIII.

Ao retomar a Crimeia -- que representa 4,5% do território ucraniano -, a Rússia recuperou também o grande porto de Sebastopol, onde tivera a sua frota militar fundeada desde o século XVIII e que lhe oferece uma porta de saída para o mar Negro e, através dele, para o Mediterrâneo e o Médio Oriente.

Desde maio de 2018, a península foi religada à Rússia continental pela ponte de Kertch, com 19 quilómetros de comprimento.

Usada como base de retaguarda logística pela Rússia e durante muito tempo distante dos combates, a Crimeia tem sido, desde agosto, alvo de várias explosões em aeródromos militares e paióis de munições, ataques que a Ucrânia admitiu em seguida ter realizado.