quarta-feira, 12 de setembro de 2018

EXPRESSO

 dia, este é o seu Expresso Curto
Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a
SUGERIR SUBSCRIÇÃO
Luísa Meireles
LUÍSA MEIRELES
REDATORA PRINCIPAL
 
E se a Sophia o quiser contratar?
11 de Setembro de 2018
FacebookTwitter
 
 
Já a conhece, não é? A Sophia tornou-se famosa na Websummit no ano passado mas este ano, depois de uns anúncios com o Ronaldo, já fala português e passou sozinha a estrela da publicidade de uma grande empresa de telecomunicações. Pois bem, a Sophia não, mas a sua meia-irmã Vera é a nova coqueluche das empresas em matéria de recrutamento

Dois especialistas russos aprimoraram o software e ela aí está – a robô Vera - ao serviço de empresas como os gigantes Ikea, L’Oreal e PepsiCo, Microsoft, Burger King e Auchan, ajudando-os a preencher as suas vagas com os candidatos certos, humanos, claro. Headhunting, portanto, aquilo que se pensava só poder feito por um humano em relação a outro humano.

Esta história é extraordinária e vem contada pela minha colega Cátia Mateus: “Está preparado para que seja um robô a fazer-lhe uma entrevista de emprego?”. Eu não sei se estaria mas, segundo a Cátia, é o melhor que todos nós temos a fazer. É que agora os robôs não só ameaçam substituir-nos no emprego, como até nos poderão escolher… para os empregos que restam, suponho! Orwelliano, certo? Também acho.

A coisa é um pouco assustadora, assim de repente. Coisa de ficção científica. Mas repare: o economista Ricardo Cabral cita no Público os estudos do também economista britânico de origem cipriota Christopher Pissarides, segundo o qual a atual revolução digital e de inteligência artificial vai destruir 10 a 30% dos postos de trabalho existentes (e parece que segundo um estudo da Universidade de Oxford 47% do emprego nos Estados Unidos já está em risco de ser substituído por tecnologias de informação ou automatização).

Ricardo Cabral fala do assunto para abordar o problema do emprego como “o verdadeiro desafio da zona euro”, as tarefas de Mário Centeno e, sobretudo, para o problema de como as nossas sociedades e respetivas políticas públicas estão mal preparadas para o choque tecnológico que “já começa a chegar às nossas praias” e que se anuncia muito rápido.

Tão rápido que nem sei se, relembrando António Costa na sua versão de secretário-geral no último Congresso do PS (e em cuja moção de estratégia até se falava da sociedade digital) ele próprio estará a salvo, quando disse que a revolução tecnológica já não lhe roubará o emprego, mas possivelmente o fará aos jovens do futuro – “vocês”, disse. Dê uma olhada aqui para ter uma ideia da situação (sete milhões de empregos até 2020 – sim, daqui a menos de dois anos). Ou seja, não é da Sophia que tem de ter medo, é da Vera. Ela já anda aí.
 
original.jpg
publicidade
Publicidade
OUTRAS NOTÍCIAS
Então não é que o furto de Tancos surgiu de novo para assombrar o ministro da Defesa? Parece coisa de propósito. No domingo, no seu discurso na Universidade de Verão do PSD, Rui Rio chamou o tema à colação, comparando-o ao sketch de Raul Solnado da “ida à guerra” e dizendo que em Portugal se consegue roubar material militar como “se entra num jardim para roubar umas galinhas”. Exigiu que o Ministério Público fizesse “rapidamente a acusação correta” (ups, politicamente incorreto) e ainda acrescentou que o Governo não sabe dar respostas, insinuando que se ele dissesse o que sabia… (não sabemos).

Azeredo Lopes não gostou, achou que era uma chacota, o PM (muito politicamente correto) disse que era “desrespeitador da autonomia do MP” fazer considerações sobre o assunto e, ontem pela tardinha, o Presidente da República veio por água na fervura, anunciando que tem esperança que “dentro de dias ou semanas” as investigações do MP se concluam. Paulo Rangel, na sua habitual coluna semanal do Público, também crava a faca: "Tancos, o furto a que se furta Costa".

Hoje à tarde, na Comissão de Defesa, o ministro será questionado mais uma (enésima?) vez sobre o furto. Para memória: o dito ocorreu (ou supõe-se que) a 28 de junho de 2017 e quatro meses depois apareceu no mato da Chamusca. Ainda não se sabe quem, quando, como, onde e porquê.

A propósito, José Miguel Júdice veio ontem lembrar no jornal da TVI (será a última vez que ali terá a sua rubrica, passa para a TVI24 com um formato mais alargado) que Marcelo não quer a recondução do general Rovisco Duarte no cargo de Chefe de Estado-Maior do Exército. Parece não haver esse perigo. Ao que parece, também já não era essa a intenção do Governo. E desde há muito...

Incêndios de Pedrógão. A Assembleia Municipal Extraordinária concluiu que ainda falta um milhão de euros para acudir a Pedrógão Grande, mas que as dúvidas sobre o destino dos dinheiros da solidariedade tornaram a tarefa difícil. Em Pedrógão Grande, todos querem esclarecer o assunto. “A vergonha é enorme”, diz uma carta. Mas o presidente da Câmara admite que não consultou os processos das casas recuperadas, segundo o DN.

Madeira. O presidente do Governo Regional está a pressionar o Governo para intervir no diferendo que o opõe à TAP [e acusa-o de querer fazer campanha] porque senão “de que vale ter 50% do capital”? Em causa a recusa da companhia aérea em rever os limites do vento, que rege os parâmetros de segurança, e os preços elevados praticados pela companhia, segundo Miguel Albuquerque.

Saúde: O Governo, para além de outros problemas para resolver, tem agora também mais este, sob ultimato: o diretor clínico e os 51 chefes de equipa do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, que apresentaram a sua demissão, vão abandonar os respetivos cargos a 6 de outubro se o Governo não der "sinal positivo", anunciou o bastonário da Ordem dos Médicos. Há uma semana, o CDS fez o pedido para o Conselho de Administração ser ouvido no Parlamento.

Professores: Os sindicatos já prometeram guerra aberta ao Governo e acusaram até o ministro Tiago Brandão de ser um “aldrabão”. Já estão prometidas greves para 1 e 4 de outubromas, segundo o Ministério das Finanças, as despesas com as progressões das carreiras dos professores consomem ¼ das verbas do descongelamento, noticia o Negócios. Diz o jornal que “o aumento salarial médio dos docentes em 2019 é de 3,6%, contra 3,1% para a generalidade da Função Pública”. Os números são das Finanças.

Orçamento. António Costa desdramatizou ontem o clima das negociações, que recomeçaram na semana passada. Diz que este OE não será mais difícil que aprovar que os anteriores, mas vai avisando contra “atalhos” (porque se mete em trabalhos…)

Democracia. Afinal, apesar de todos os atropelos de que nos queixamos, o relatório da Democracia de 2018 coloca Portugal no 10º lugar dos países mais democráticos do mundo, só atrás da Noruega, Suécia, Estónia, Suíça, Dinamarca, Costa Rica, Finlândia, Austrália e Nova Zelândia. O Público conta os pormenores e como quatro países da União Europeia saíram da lista das democracias liberais: Hungria, Polónia, Lituânia e Eslováquia.

Imposto Robles. A taxa que o Bloco de Esquerda sugeriu para travar a especulação imobiliária e que segundo a líder Mariana Mortágua (que também já deu o nome a um outro imposto) está a ser negociada com o governo desde maio, está a gerar grande polémica. Os patrões reclamam por mais um ataque à propriedade privada, os inquilinos querem ver definido primeiro o que significa "especulação imobiliária". A intenção do Bloco é “criar uma nova medida fiscal semelhante ao regime que já existe para tributação das mais-valias alcançadas com a compra e venda de ações da Bolsa”, tal como refere a Rosa Pedroso de Lima.

Desporto 1. Parece que a seleção se estreou ontem na Liga das Nações, a nova prova da UEFA, a jogar melhor do que no Mundial todo. Sem Ronaldo, Portugal ganhou 1-0 à Itália e mostrou que “há sangue novo e uma nova geração a tomar conta da equipa”. Não sou eu que digo, mas a Lídia Paralta. Ela sabe (e eu copio o que ela diz).

Desporto 2. O Conselho Superior de Magistratura vai analisar a participação de juízes nos clubes de futebol. É a propósito de terem sido eleitos dois magistrados na lista do novo presidente do Sporting. O CSM não gosta. O seu vice-presidente, Mário Morgado, acha que "é necessário preservar a dignidade da função judicial".

Desporto 3Serena Williams versus Carlos Ramos, o árbitro. É o tema controverso do momento, depois da "cena" que a campeoníssima do ténis feminino, agora derrotada, fez em pleno court ao árbitro português. O assunto está a dar a volta ao mundo e a suscitar muita controvérsia. O Expresso dá uma ajuda para perceber quem é este português que está nas bocas do mundo ("O árbitro que Serena Williams colocou no olho do furacão"), o Público publicou um perfil do homem que gosta de fado e das obras de Saramago e que por acaso é um dos melhores árbitros do mundo.



LÁ FORA
Brasil. É hoje que termina o prazo dado pelos tribunais para o PT apresentar novo candidato às presidenciais. O mais que provável candidato é Fernando Haddad, atual vice e ex-autarca de S. Paulo, mas pouco conhecido, que foi ontem à prisão de Curitiba, onde está Lula da Silva, para resolver o assunto. Numa estratégia de luta até ao fim, o partido ainda não desistiu de candidatar Lula, embora isso seja dado quase como adquirido.

A insistência do PT em apresentar Lula como candidato na propaganda eleitoral no rádio e na TV levou um juiz do Tribunal Superior Eleitoral a mandar retirar expressões que dêem a entender que o ex-Presidente se mantém na disputa e, se o partido não o fizer, suspenderá a propaganda do PT.

O tempo urge: as eleições são já a 7 de outubro e Haddad, além de pouco conhecido, até já foi acusado de corrupção (é mesmo um acaso da Justiça?). O chefe do Exército, entretanto, já veio dizer que a insistência em Lula “afronta a Constituição”. Depois do ataque ao candidato Bolsonaro (ex-militar), definitivamente, os militares não estão em alta no Brasil.

Suécia. A Europa ainda está a digerir a “batalha legislativa” neste país, em que a extrema-direita esteve quase, quase a mudar a paisagem política do país, mas ainda não pode suspirar de alívio. Esperava-se que vencesse e perdeu, por pouco, 30 mil votos, mais exatamente [o bloco centro esquerda ganhou 144 lugares no Parlamento, o da direita 143]. Esta quarta-feira termina a contagem dos votos do exterior e só então se saberá o resultado final das eleições mais renhidas dos últimos tempos neste país nórdico, pátria do Estado social, que a imigração mudou.

Aparentemente, os sociais-democratas não se deixaram cair na armadilha de discutir a imigração e conseguiram suster a tempo a queda anunciada, que ainda assim foi a maior desde a Segunda Guerra Mundial. É a lição sueca, considera o analista Jorge Valero, no “The Brief”. Mas que ninguém se iluda, a questão principal das eleições suecas é mesmo a subida da extrema direita. E a estabilidade política na Suécia acabou. "So long", diz o Político.

De acordo com o calendário, depois de publicados oficialmente os resultados (a 14 de setembro), a 24 o Parlamento reúne-se para eleger um presidente que conversará com os líderes partidários e proporá um primeiro-ministro. O presidente tem três meses e quatro oportunidades de tentar conseguir uma maioria para o novo governo. Se não, 24 de dezembroé a data a partir da qual podem ser realizadas novas eleições.

Europa. Por falar em Suécia, é já amanhã que o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker vai fazer o seu discurso sobre o estado da Uniãoonde se prevê que faça vários alertas e apelos à responsabilidade.

Juncker parece considerar que ainda há muito por fazer numa altura em que as europeias estão à porta e é preciso estar atento às interferências nas eleições, tal como explica a Susana Frexes. O El Pais também explica que o presidente da Comissão vai pedir uma “polícia federal de fronteiras” e que os países do sul da União não estão muito para aí virados.

E por falar em eleições europeias, o grupo dos liberais (ALDE) está tão ansioso por ter o partido de Macron entre os seus, que o seu líder, o eurodeputado belga Guy Verhofstadtaté anunciou que acordou com o “La Republique en Marche” fazer campanha juntamente com o presidente francês. Chato: o líder deste partido disse que o LREM “não está numa lógica de alianças”. "Pas du tout", respondeu Christophe Castaner à Reuters. Verhofstadt falou cedo demais ou confundiu desejos com realidade?

O outro assunto das eleições europeias tem a ver com o frisson causado pelo candidato do PPE a spietzenkandidat, o alemão Manfred Weber (e que já recebeu a benção de Merkel), que- como se diria em português - deu um "chega para lá" ao líder húngaro Viktor Orbán, cujo partido Fidesz também é membro do PPE. Weber disse que se Orbán não quiser que a sua família política vote a favor do célebre art. 7º, que pode suspender os direitos de voto da Hungria, ele vai ter que reconsiderar a sua legislação relativamente às ONG e a Universidade Central Europeia. É mesmo um ultimato. O líder austríaco também acha que Orbán deve ser punido.

Efeméride: 11 de setembro. Há 17 anos aconteceu o atentado às Torres Gémeas, que deram um giro no mundo. Relembre: “Do presidente que agora critica Trump ao 20.º pirata do ar”, no DN.

Tecnologia. A Apple vai começar a lançar a partir de amanhã uma série de novos produtos, pondo fim a um ano de pequenas atualizações. Na forja novos modelos de iPhone, novas versões do iPad e dos relógios Apple Watch, novos acessórios, etc., etc., etc. Passo a publicidade. Sou iphónica.​​​​..



MANCHETES

"Portugal é o 10º país mais democrático do mundo" - Público

"Função Pública só ganha 1,60 euros por mês" - Correio da Manhã

"Professores pesam 25% nos gastos com progressões" - Negócios

Centros de Saúde sem consulta para interromper gravidez" - Jornal de Notícias

"Taxa Robles. Ninguém se entende" - Jornal I



FRASES
"Rui Rio devia tornar-se um Sá Carneiro dos pequenitos" - José Miguel Júdice, na TVI

"A próxima sessão legislativa será mais modesta no que toca a iniciativas políticas e mais dedicada ao debate político, por se tratar de um ano eleitoral" - Carlos César, ao Público

"Que se discuta as eleições nas campanhas eleitorais e se trate do que é importante no tempo que resta" - Pedro Filipe Soares, ao Público



O QUE ANDO A LER
Ou melhor o que destaco do muito que li durante as férias: “Um cavalo entra num bar”, de David Grossman (Dom Quixote). Duro, chocante, perturbador até à medula – até à mais ínfima fímbria do ser (não é assim que se diz?). Sufoca, mas é irresistível não continuar, recua-se para ganhar fôlego e, finalmente, percebe-se como um número de stand-up comedy se torna uma parábola violenta do ser humano que sofre, da própria condição humana, enfim. É aí que reside a mestria de Grossman, que consegue segurar o leitor até ao limite do que é suportável. Engoli em seco, mas fiquei sem dúvidas de que li um dos melhores livros do “meu” ano. É intenso e angustiante. “Brutal”, diriam os mais novos. Brutal, digo eu com eles. O livro foi o vencedor do Prémio Man Booker International 2017.

Por hoje fico por aqui, com uma pequena nota meteorológica: o bom tempo vai continuar em todo o território. Sorria. É bom começar o dia bem disposta(o).

Fique connosco. A todas as horas em www.expresso.pt. Às 18h no Expresso Diário.
 
Gostou do Expresso Curto de hoje?
SUGERIR SUBSCRIÇÃO
Partilhe esta edição
FacebookTwitter
Publicidade
Aceda a conteúdos exclusivos naLoja Expresso

Sem comentários:

Enviar um comentário

Etiquetas

Seguidores

Pesquisar neste blogue