sexta-feira, 20 de outubro de 2017

PELA POSITIVA


Posted: 19 Oct 2017 04:50 PM PDT

Ainda com os diálogos do Papa Francisco e de Dominique Wolton: Politique et Société. Concluo.

1. Um tema que atravessa todo o livro é a política. Francisco pronuncia-se sob múltiplos ângulos. Trump "terá dito de mim que sou um homem político... Agradeci--lhe, porque Aristóteles define a pessoa humana como um animal político, e é uma honra para mim. Portanto, sou, pelo menos, uma pessoa! Quanto aos muros..." "A Igreja deve servir em política, lançando pontes: é esse o seu papel diplomático. "O trabalho dos núncios é lançar pontes"." Mas há "a grande política e a pequena política. A Igreja não deve meter-se na política partidária. A política, a grande política, é uma das formas mais elevadas de amor. Porquê? Porque está orientada para o bem comum de todos". "Há sempre uma relação com a política. Porque a pastoral não pode não ser política", para indicar caminhos e valores do Evangelho. Mas concorda com Wolton na denúncia do fundamentalismo e "do risco de fusão da religião e da política".

2. Sobre as desigualdades. Os números: "Hoje, no mundo, 62 ricos possuem a mesma riqueza que 3,5 mil milhões de pobres. Há hoje 871 milhões de pessoas com fome, 250 milhões de migrantes que não têm para onde ir, que não têm nada. Mas o tráfico de droga envolve mais ou menos 300 mil milhões de dólares e pensa-se que, nos paraísos fiscais, 2,4 milhões de milhões de dólares circulam de um lugar para outro."
Na base, está "o ídolo dinheiro". "Caímos na idolatria do dinheiro." Segundo o Evangelho, há incompatibilidade entre Deus e o dinheiro, quando este é divinizado. "Os dois pilares da fé cristã, das nossas riquezas, são: as Bem-aventuranças e o capítulo 25 de São Mateus, que estabelece o critério pelo qual seremos julgados": tive fome, tive sede, e destes-me de comer, de beber...; "é aqui que está a nossa riqueza. Mas irá dizer que sou um Papa demasiado simplista! [risos]. Graças a Deus..."
Wolton: "Diz que é necessário o Estado e que se comprometa..." Francisco: "A economia liberal de mercado é uma loucura. Temos necessidade de que o Estado regule um pouco. E é o que falta: o papel do Estado regulador. Por isso, peço que se abandone a "liquidez" da economia para voltar a qualquer coisa de concreto, isto é, à economia social de mercado: mantenho o mercado, mas "social" de mercado." O problema é "uma economia líquida. A finança". Wolton concorda: "A finança é um modelo de liberalismo demasiado desigual. A finança comeu a economia, que comeu a política..." E Francisco: "É o virtual contra o real." Para meditação, avisa: "Na morte, não levaremos dinheiro connosco. Nunca vi atrás de um carro funerário um camião com os haveres da residência anterior..."

3. Sobre as migrações e a Europa. Francisco é o primeiro Papa jesuíta da história e também o primeiro latino-americano. Argentino, filho de pais italianos, imigrados. "A identidade do povo argentino provém da mestiçagem, porque as vagas de imigrações misturaram-se, misturaram-se... E eu senti-me sempre um pouco assim. Para nós, era absolutamente normal ter na escola várias religiões em conjunto."
Esta sua experiência contribuirá para a sua sensibilidade para com os migrantes. Considera aliás que a teologia cristã é "uma teologia de migrantes", "o próprio Jesus foi um refugiado, um emigrante".
"O problema começa nos países donde vêm os emigrantes. Porque deixam a sua terra? Por falta de trabalho ou por causa da guerra. São as razões principais... Pode-se investir, as pessoas terão uma fonte de trabalho e não terão necessidade de partir. Mas, se há guerra, de qualquer modo, têm de fugir. Ora, quem faz a guerra? Quem dá as armas? Nós."
"A Europa é uma história de integração cultural, multicultural, muito forte. Neste momento, a Europa tem medo. Ela fecha, fecha, fecha..." A questão é que "creio que a Europa se tornou uma "avó". Ora, eu quereria ver uma Europa mãe. A Europa pode perder o sentido da sua cultura, da sua tradição. Pensemos que é o único continente a ter-nos dado uma tão grande riqueza cultural, quero sublinhá-lo. A Europa é o berço do humanismo. A Europa deve reencontrar as suas raízes, também cristãs. E não ter medo. Não ter medo de tornar-se a Europa mãe". E atira de modo mordaz: "Se os europeus querem ficar só com europeus, façam filhos!" Inquietação maior: "Já não vejo estadistas como Schuman, como Adenauer..."

4. Wolton lança desafios a Francisco.

4. 1. Seja como for, "a Europa representa o maior "estaleiro" pacífico democrático da história do mundo". Porque é que as Igrejas não convocam, com todas as religiões e famílias de pensamento, um "acontecimento solene, para dizer que é fundamental" que a união da Europa resulte? Trata-se da "maior utopia democrática da história da humanidade: nunca 27 a 30 países, isto é, 500 milhões de habitantes com 25 línguas, tentaram pacificamente coabitar". Francisco: "Desejo fazer um encontro sobre a Europa com os intelectuais europeus", do Atlântico aos Urais...

4. 2. Há tensão à volta da diversidade cultural. Francisco reafirma que a Igreja não pode ser "imperialista" e que a globalização "em forma de esfera é má" enquanto a Igreja fala da globalização em "poliedro".

4. 3. É urgente uma reflexão crítica sobre a comunicação: por todo lado há comunicação técnica e, no entanto, "nunca houve tanta incomunicação"; está-se perante o perigo de "uma forma de esquizofrenia da comunicação": uma mundialização das técnicas e cada vez menos comunicação humana; não há "o toque, falta o corpo". E pense-se no poder inaudito, quanto a dinheiro e controlo, dos GAFA (Google, Apple, Facebook, Amazon)...

5. Wolton confessa que foi um privilégio dialogar com "uma das personalidades intelectuais e religiosas mais excecionais do mundo". Duas frases o marcaram: "Não tenho medo de nada" e "Não é fácil, não é fácil..."

Anselmo Borges no Diário de Notícias

*padre e professor de filosofia
Posted: 19 Oct 2017 04:30 PM PDT

A figura e a inscrição na moeda que os fariseus mostram a Jesus constituem o ponto de partida para o ensinamento que o Evangelho de hoje nos transmite. (Mt 22, 15-22). As autoridades queriam desforra pelos desafios que as atitudes de Jesus lhes lançavam. Haviam tentado apanhá-lo já em alguma questão acusatória. Agora colocam-lhe a pergunta envenenada: “É lícito pagar o imposto a César ou não?”. São seus porta-vozes alguns fariseus e outros partidários de Herodes, aliados de circunstância para a armadilha dar resultado.

E têm tudo bem pensado. Procuram captar a benevolência de Jesus, elogiando-o com menções honrosas verificáveis: Sabemos que és verdadeiro, ensinas o caminho de Deus, não fazes acepção de pessoas porque vais para além das aparências. Dir-se-ia que para começar não havia melhor entrada. Mas palavras são palavras que podem esconder a realidade. E esta era a intenção dos “inocentes louvaminhas”, intenção que Mateus, o narrador do relato, apresenta de modo claro: Os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus.

Plano bem urdido, temos de reconhecer. Logicamente qualquer resposta seria comprometedora. Se Jesus dissesse: Não se deve pagar o imposto, seria acusado de subversivo; pelo contrário; se concordasse com o pagamento, não sintonizava com os gemidos do povo subjugado pelas forças do Império Romano. De qualquer modo, ficava sempre mal visto e com provas condenatórias. Que momento delicado vive Jesus. E tem de tomar uma decisão urgente. Que terá sentido no seu coração apertado? Que critérios se podem descortinar na sua atitude? Ela vai ser desconcertante e os seus adversários ficam espantados. De admiradores “louvaminhas”, passam a cúmplices acusados, de homens verdadeiros a hipócritas denunciados, de tentadores disfarçados a gente desmascarada. E para cúmulo, diríamos com humor, a sua reacção a este “tratamento de excelência” é de admiração e não de confusão, como seria normal.

“Mostrai-me a moeda do imposto. De quem é a figuira e a inscrição?”. “De César”, dizem. E Jesus olhando a efigie do imperador, responde: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. E eles ficam admirados. E nem era para menos. Como podiam fazer-lhe qualquer acusação? A sabedoria triunfa sobre a artimanha e a verdade ilumina não apenas a relação entre o poder civil e a autoridade religiosa, como alguns chegam a pensar, mas o rosto de Deus que deixa a sua imagem e semelhança no ser humano, homem e mulher, o reflexo da sua beleza no santuário da consciência pessoal, os vestígios da sua impressão digital nas criaturas e na criação. O cunhar moeda, o pagar impostos, o regime fiscal e tudo o que se liga com esta rede deve estar em consonância com aquela verdade primeira, e, sendo justos, isto é servindo o bem comum ou, pelo menos da maioria necessitada, tornam-se obrigatórios moralmente, e os prevaricadores, incluindo a própria autoridade que os estabeleceu, são passíveis de penalização legal.

Em comentário a este episódio, afirma Frei Raimundo de Oliveira, op: “O imposto era o sinal da dominação romana; os fariseus rejeitavam-na, mas os partidários de Herodes aceitavam-na. Se Jesus responde «sim», os fariseus desacreditá-Lo-iam diante do povo; se diz «não», os partidários de Herodes poderão acusá-lo de subversão. Mas Jesus não discute a questão do imposto. Ele só se preocupa com o povo: A moeda é «de César», mas o povo é «de Deus». O imposto só é justo quando reverte em benefício do bem comum. Jesus condena a transformação do povo em mercadoria que enriquece e fortalece tanto a dominação interna como a estrangeira”. (Bíblia Pastoral, Ed. São Paulo Lisboa 1993, p. 1380, em nota de roda-pé). 

“Dar a Deus o que é de Deus” é consigna para todo o sempre porque o homem realizar-se-á no seu melhor: ama sem acepção de pessoas nem fronteiras de tempo; vive e convive amigavelmente com todos os humanos e com respeito pela criação inteira; situa-se na história como agente responsável na escuta dos gemidos das criaturas oprimidas e na sua libertação integral; aspira a que os direitos básicos sejam assegurados a todos, designadamente o da dignidade, da alimentação, do vestuário, da saúde e de tantos outros. O contrário será o drama da humanidade, sempre possível!

“Dar a Deus o que é de Deus” é ver respeitada a liberdade de consciência e poder expressá-la pessoalmente e de forma associada, na rua e nos templos, dentro de um quadro legal que facilite a harmonia de cidadãos que vivem numa sociedade plural. É sentir-se reconhecido nesta relação com a fonte original de todos os bens e ver facilitada, mediante a criação de condições favoráveis, a transmissão dos valores correspondentes a educação nas famílias, nas escolas de serviço público, na comunicação social.

“Dar a Deus o que é de Deus” é dar largas ao coração que exulta de alegria e convida a terra inteira a associar-se a este louvor, é publicar entre as nações as suas maravilhas, é anunciar a todos os povos a novidade do amor revigorante que o Senhor nos tem. O salmista da liturgia de hoje convida-nos a alargar horizontes.

Hoje é o Dia Mundial das Missões. O Papa Francisco dirige-nos uma mensagem e um veemente apelo: “A missão da Igreja, destinada a todos os homens de boa vontade, funda-se sobre o poder transformador do Evangelho. Este é uma Boa Nova portadora duma alegria contagiante, porque contém e oferece uma vida nova: a vida de Cristo ressuscitado, o qual, comunicando o seu Espírito vivificador, torna-Se para nós Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14, 6)… Promovido pela Obra da Propagação da Fé, o Dia Mundial das Missões é a ocasião propícia para o coração missionário das comunidades cristãs participar, com a oração, com o testemunho da vida e com a comunhão dos bens, na resposta às graves e vastas necessidades da evangelização… Que a Virgem nos ajude a dizer o nosso «sim» à urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um novo ardor de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence a morte; interceda por nós, a fim de podermos ter uma santa ousadia de procurar novos caminhos para que chegue a todos o dom da salvação”.
Posted: 19 Oct 2017 09:25 AM PDT





Uma exposição que merece uma visita. Não faltam motivos para nos inspirarmos. Lamento não ter levado uma máquina para conseguir melhores registos.
Posted: 19 Oct 2017 03:43 AM PDT


«Estamos tão cansados, mas não podemos estar. Os mortos não se calam e não nos deixam cansar. Gritam por Justiça! Exigem Mudança!
A Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, o grande, brutal e devastador incêndio que lavrou do dia 17 a 24 de Junho de 2017, nos concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra, é um movimento cívico que partiu dos familiares e amigos das vítimas mortais desta tragédia. Uma associação cujo mote é apurar responsabilidades e ajudar a construir um futuro em que tal tragédia e crueldade não volte a acontecer!
Esta é a descrição do que pretendemos ser, com a ajuda de todos e a lembrança de todos aqueles que partiram. Porque hoje somos uma comunidade traumatizada. Uma comunidade sujeita a uma tal brutalidade que não se nos apaga da memória... O cheiro a terra ardida é algo que nos envolve, que nos macilenta e que se entranhou em cada um de nós.
A perda de dezenas de vidas e de forma tão trágica que roça a loucura deixou uma sociedade e todo o seu contexto à volta num luto imposto. A vida acabou ali, naquela estrada para muitas pessoas. Inocentes. E acabou também parte de uma vida para os que ficaram. Os que ficámos, ficámos mais pobres, mais sós, apenas com o alento das memórias, mas com a revolta de toda esta situação. São filhos sem pais. São pais sem filhos... são casas sem gente, é gente sem gente, não é natural!
Olho à volta e as pessoas não se riem, choram sozinhas, acanhadas, não se olham nos olhos, com vergonha pela sua impotência, com medo; o cenário é deprimente e não nos ajuda a superar com dignidade a tragédia. O Inverno não tarda e com ele as ruas despidas de vida. Despidas de ainda mais vida.
Há rancor, ressentimento com o território e com as entidades públicas. O Estado falhou. A Nação não existiu.
Mas não falhou apenas nesta tragédia. O Estado vem falhando ao longo de décadas. O Estado padece de uma cegueira crónica, está enfermo de um tal sentimento de negação de si próprio. Nega o seu estado de país rural, um país orgulhosamente rural e por isso mesmo rico.
Enquanto Estado é um conceito frio, masculinizado, distante, de um ente que impõe tributos e leis aos seus súbditos, um amontoado de entidades supostamente hierarquizadas, com dirigentes supostamente competentes, e que supostamente deveriam cumprir e fazer cumprir um conjunto de leis e regras que se vão aprovando (ou não!) conforme as vontades políticas da estação. Assim se vai governando Portugal. Sem pactos de regime e visão a longo prazo. Vão-se puxando o tapete uns aos outros, não se apercebendo que, por fim, só restam cacos, dor e tristeza para governar.
Nação, por sua vez, é um conceito acolhedor, integrador, feminino, belo, quase maternal, que agrega o seu Povo e o seu Território. É o que dá sentido à reunião das pessoas num determinado território a que chamamos “a nossa terrinha”, “o nosso cantinho a beira-mar plantado”, a proa desta “jangada de pedra”. Portugal.
O Estado falhou nesta tragédia levando consigo o sentimento de pertença de Nação que tínhamos. O Estado não protegeu a sua Nação. Não assegurou o seu Território e com ele o seu Povo...
Fomos vítimas desta ausência insuportável de Estado. Ontem e hoje. Mas não amanhã. Porque já chega de incêndios que ceifam vidas. Incêndios como os de 2003, 2005 e Junho de 2017, e que contabilizam, até a data, 100 vítimas mortais em solo português, não podem voltar a acontecer. É hora de todos dizermos “Basta!”. Este Estado que não quer ver secou uma parte importante da sua Nação, aquela que moveu este país por séculos, o Interior.
A primeira muralha e frente de defesa do País no passado contra as invasões estrangeiras, o celeiro do País em tempo de vacas magras, o emissor de soldados nas guerras ultramarinas, o mercado de mão-de-obra barata em tempos de construção europeia... Quando o Interior e os seus recursos já não eram precisos, substituídos pela oferta de bens e serviços mais baratos, o Povo e o Território do Interior foram abandonados À sua sorte. Emigrem! E assim o fizeram, abandonados à sua sorte.
Não houve solidariedade em tempos de vacas gordas, não houve estratégia para o Território quando os dinheiros dos Fundos Estruturais Europeus chegavam a rodos. Foram anos de esquecimento, de esvaziamento progressivo e consistente das instituições regionais e locais, depois seguiram-se as empresas e, por fim, as pessoas. Sobreviver é preciso.
Foram sucessivas décadas de descaso com o Interior, de negligência com o Território, com a Floresta e a Agricultura. Tendo como consequência a emigração das pessoas em idade ativa, restando uma população envelhecida e empobrecida a exigir cuidados redobrados do pouco Estado que restou e que nos foi esventrado e sobretudo das autarquias locais e misericórdias.
Parecia propositado... o Interior tornou-se terra de ninguém, envergonhado de o ser, abandonado e, assim, por fim, vergado.
Deveríamos dar graças por nos termos tornado a maior região eucaliptizada da Europa... Fomos “agraciados” pela falta de oportunidade! O Território estava a saldos e ninguém quis saber.
O Interior tornou-se um canteiro de ervas daninhas, sem jardineiros — as suas gentes. Um barril de pólvora em que se soma a indústria do fogo institucionalizada e um qualquer ano eleitoral. Os ingredientes ideais para a tempestade perfeita.
A tragédia de 17 a 24 de junho de 2017 estava mais que anunciada. Foi apenas uma questão de tempo... e o tempo não pára! E com ele foram muitas vidas abreviadas. Cedo demais... Cedo demais!

Por ti, meu filho...»

Nádia Piazza, mãe de uma criança de cinco anos que morreu a 17 de Junho de 2017 em Pedrógão Grande

Li no PÚBLICO

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