sábado, 12 de dezembro de 2015

BANDO DE GENTE SINISTRA - 12 DE DEZEMBRO DE 2015

Telmo Vaz Pereira
BANDO DE GENTE SINISTRA
Eu não sei se este governo vai dar certo. Torço por isso mas, prever se vai durar até ao final da legislatura é mera futurologia e eu não tenho nenhuma especialização nessa área esotérica.
O que eu sei - e me entusiasma - é que a política voltou a ser empolgante e a mobilizar muita gente que andava descrente. A AR recuperou a sua credibilidade e o actual governo deixou de ser representado por um bando de fantoches treinados para dizer sim e lamber as mãos, porque os quatro partidos que o suportam mantêm a sua identidade e os seus deputados não se diluem nas ordens do chefe do governo.
Eu sei que um governo que diariamente é cuidadoso na procura de equilíbrios e consensos, não terá vida folgada, mas é bem mais estimulante ter um governo assim, do que um PaFioso onde um dos partidos se diluiu e perdeu a identidade, para defender os seus tachos e de mais alguns.
O que eu sei - e me deixa contente - é que depois de 53 meses governados por um bando de estúpidos perversos que todos os dias nos diziam que tínhamos de sofrer porque andámos a viver acima das nossas possibilidades e merecíamos ser castigados por isso, temos agora um governo que coloca as pessoas no centro das decisões e acima de todos os interesses.
Este governo não chama piegas às pessoas, não as incita a emigrar, nem as trata como empecilhos e acima de tudo, não é desrespeitoso para designar como "peste grisalha" os mais idosos, nem é sádico para pôr as pessoas umas contra as outras por categorias profissionais ou por diferenças geracionais.
Este governo é composto por gente empenhada em promover a melhoria das condições de vida dos cidadãos e não por um bando de gente sinistra que passou 53 meses a castigar o povo, movidos por ódios e vinganças geradas pela liberdade que o 25 de Abril devolveu e das perdas de privilégios coloniais.
Havia gente honesta no anterior governo? Acredito que sim... mas não passavam de excepções e estiveram quase sempre despercebidos no meio da turba de fanáticos. Algumas entraram em ruptura por combater internamente os lóbis que integravam até membros do governo, como foi por exemplo o secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes (*), que bateu com a porta e abandonou em 2012 o Governo dos estarolas no momento em que finalizava uma reforma para reduzir as pornográficas margens de lucro das empresas de energia, como é o caso da EDP presidida por António Mexia.
Estamos a viver um dos períodos mais ricos da democracia portuguesa. Espero que ninguém a estrague e não surjam incompatibilidades insanáveis que dêem à direita oportunidade de vingança porque, se isso vier a acontecer, vamos ter tempos bem mais difíceis do que os últimos 53 meses.
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