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PEDRO CORDEIRO
EDITOR DA SECÇÃO INTERNACIONAL
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Bom dia! Hoje é dia de decisões na campanha lusa do Mundial de Futebol. O 11 nacional entra em campo às 19h, no Morovia Arena de Saransk, para defrontar o Irão no último jogo do grupo B. O empate basta para passar aos oitavos-de-final, mas não convém que seja esse o ângulo de abordagem ao jogo por parte. O objetivo é ganhar, pondo “um bocadinho de lado” a amizade que o selecionador garante ter com o homem que treina a equipa persa, Carlos Queiroz (a disputar o seu quarto mundial, depois de ter treinado a África do Sul em 2002, Portugal em 2010 e o Irão em 2014). “Amigos, amigos, futeboladas à parte”, concorda este último.
O facto é o que o adversário virá ávido de vencer, pois isso assegurar-lhe-ia o apuramento para a fase seguinte. Até o empate pode servir ao Irão, caso a Espanha perca com Marrocos (única formação já eliminada no grupo) na partida que se disputa ao mesmo tempo em Kalininegrado. Em vez de pegar na calculadora, contudo (e desta vez, ao contrário de em anos anteriores, não chegámos à jornada final do grupo a precisar dela), prefiro conhecer melhor quem está do outro lado do campo. É a Manuela Goucha Soares quem nos ajuda a desvendar um inimigo amigável que até já gostou de vinho.
Quem já se sente vencedora é Tara Sepehri Far. Quer conhecê-la? Leia a reportagem da Lídia Paralta Gomes, a enviada do Expresso à Rússia cujo trabalho tem dado gosto ler. Tara está a assistir ao Mundial, mas no seu país tinha de ir ao estádio disfarçada de rapaz, já que as mulheres estão proibidas de frequentar tais lugares. Não erga o leitor o sobrolho, pois cá na Europa há quem julgue, como lembra a Lídia neste breve e importante texto, que as mulheres não devem opinar sobre futebol. Refiro-me ao novo treinador do Sporting, que faria melhor em ler o trabalho desta jornalista ou da Mariana Cabral (não desfazendo no resto da redação da Tribuna)!
Voltando ao relvado, espera-se que a equipa das quinas não baixe a guarda e, se continuar a não convencer, consiga pelo menos vencer, como sucedeu frente aos magrebinos na passada quarta-feira. Ia a partida a meio e escreveu uma amiga numa rede social: “Alguém sabe a que horas começa a jogar a seleção nacional?...” Ainda houve quem lhe respondesse a sério — “mas já está a jogar!” —, sem captar a ironia. Pois que hoje joguem mesmo, que joguem bem, que Cristiano Ronaldo venha cheio de gana depois de ontem ter deixado de ser o melhor marcador do torneio e recupere tal estatuto com golos em barda. Também não será mau se mais algum português marcar na Rússia. Até agora só o capitão faturou, e bem, mas como se viu quando fomos campeões europeus, em 2016, é bom não depender de um só homem.
Por falar dos anfitriões da prova, os russos tiram teimas com os uruguaios às 15h, em Samara, para definir a classificação final do grupo A. Ambas as formações estão qualificadas para os oitavos, pelo que o jogo simultâneo, em Volgogrado, entre o Egito e a Arábia Saudita, será quase a feijões. Já o Rússia-Uruguai determina com quem jogará Portugal caso, como se espera, continue na prova. O primeiro classificado do nosso grupo jogará com o segundo do grupo A, e vice-versa, em oitavos-de-final marcados para os próximos sábado e domingo.
Até quinta-feira conheceremos as 16 equipas que transitam para a fase de jogos a eliminar. Para já, só França, Croácia, Inglaterra e Bélgica sabem que vão acompanhar a Rússia e o Uruguai. Peru, Costa Rica, Tunísia, Panamá e Polónia não têm hipóteses. Há dez vagas em liça para quinze aspirantes, sendo que antigos campeões como Brasil, Argentina, Alemanha ou Espanha ainda não asseguraram a sua. O diário espanhol “El País” tentou resumir os caminhos de cada equipa para a qualificação, com um modelo probabilístico.
Ainda há 20 dias de Mundial pela frente. Entretanto, o mundo continua a girar e é avisado prestar-lhe atenção... |
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BANHO TURCO
Recep Tayyip Erdogan foi reeleito Presidente da Turquia à primeira volta, ontem, segundo dados oficiais que lhe atribuem 52,54% dos votos, contra 30,68% do opositor mais direto, Muharrem Ince. O Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, nacionalista) também terá conservado a maioria parlamentar, ainda que a custo, apesar do bom resultado do partido curdo HDP. O dirigente islâmico, que começou reformista e continuou autoritário, fez saber que não vale a pena tentarem dar-lhe lições.
A recondução de Erdogan é aditivada, na sequência de uma mudança de regime ratificada no referendo do ano passado (cuja fiabilidade foi fortemente questionada). Os poderes do chefe de Estado saíram reforçados, passando a liderar também o Governo (o cargo de primeiro-ministro é abolido). No poder desde 2002, Erdogan presta-se a dominar o país até 2028. A oposição contesta os resultados oficiais mas de pouco lhe deve valer, num Estado cada vez mais controlado pelo AKP e onde o golpe falhado de 2016 (há quem lhe chame autogolpe) serviu de pretexto à repressão crescente.
NÃO VAI PARAR!
As questões migratórias vão marcar os próximos anos e o aparente recuo de Donald Trump na separação de famílias não motiva grande descanso. Por um lado, o despacho executivo assinado na semana passada não garante, de todo, que filhos deixem de ser tirados aos pais, como se explicou na edição semanal do Expresso. Bem pode o Departamento de Segurança Interna prometer planos de reunificação familiar, o facto é que o caos e o drama humano permanecem na fronteira mexicana.
Por outro, já depois disso o Presidente dos Estados Unidos defendeu, pura e simplesmente, o fim do processo judicial justo e equitativo para os imigrantes ilegais, como conta “The New York Times”. “Imediatamente, sem juízes nem casos em tribunal, há que levá-los para o sítio de onde vieram”, sentenciou no seu dileto Twitter. Que importa o contributo que o seu país deu, desde o século XVIII, para essa minudência que é o Estado de Direito. Matthew D’Ancona, um jornalista que gosto muito de ler, recomenda um filme para ajudar a perceber tudo isto.
Numa nota algo rocambolesca, alguma vez imaginou um ex-secretário-geral da NATO a não poder entrar em solo americano? Foi o que aconteceu a Javier Solana, também antigo representante de política externa da UE. A nega ter-se-á devido a viagens do político espanhol ao Irão. Outra nega sofreu Sara Huckabee Sanders, porta-voz de Trump, ao ser mandada embora de um restaurante por... trabalhar para o Presidente. Se teve a tentação de gritar Bem feito!, pense duas vezes. É só.
Do lado de cá do charco, mais uma cimeira europeia teve pouco sumo, como se infere do relato da Susana Frexes, correspondente do Expresso em Bruxelas. As decisões ficam (ficarão mesmo?) para quinta-feira, num continente que tem na movimentação em massa de seres humanos um dos maiores desafios da nossa era, como explica este texto da colunista inglesa Juliet Samuel.
Vale a pena, neste contexto, revisitar os ecos da ida a Valência das jornalistas do Expresso Marta Gonçalves e Ana Baião, que assistiram à chegada à cidade espanhola dos 629 passageiros do navio Aquarius (digo, 630: nasceu um a bordo).
NÃO VAI PARAR?!?!
É impossível evitar a novela sportinguista e os seus permanentes ziguezagues. Cá vai disto: Bruno de Carvalho foi destituído com 71% dos votos na Assembleia-Geral de sábado, Bruno de Carvalho anunciou que deixava de ser sócio e mesmo adepto do clube de Alvalade, Bruno de Carvalho fez uma pirueta e afinal candidata-se às eleições de 8 de setembro, prometendo ainda impugnar a reunião magna que o depôs. Rir? Chorar? Chorar a rir? Talvez dependa da preferência clubística. O benfiquista que hoje vos escreve já perdeu a vontade de rir disto há algum tempo.
JIADISTAS PORTUGUESES PRESOS
Uma mãe e um filho da Guarda foram detidos na Síria por ligações ao Daesh. O Hugo Franco, que sabe como poucos dos portugueses conquistados pelo extremismo religioso, conta tudo.
DANCEMOS
Na Hungria o Governo acha que um musical sobre um miúdo que prefere o bailado ao boxe é promoção da homossexualidade, que naturalmente Viktor Orbán execra. Fã de “Billy Elliot” me declaro, mas se detestasse a obra a indignação não seria menor. “Dancemos, dancemos”, como cantam Benjamin e AP Bragana versão mais recente do clássico “Eh, Rosie”. “Dancemos no mundo”, canta Sérgio Godinhonum tema magistral a cuja mensagem poucos parecem hoje ligar. |
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MANCHETES DE HOJE
PÚBLICO: “Novo Banco e BCP já perderam quase 700 milhões com a Ongoing” (pergunto-me se parte da fatura não virá para os do costume)
DIÁRIO DE NOTÍCIAS: “Direito a horário flexível para pais na origem de 85% das queixas na CITE” (outra fonte de raiva para o pai de quatro filhas que vos escreve, e que sempre foi bem tratado neste aspeto mas sabe que não é caso universal)
JORNAL DE NOTÍCIAS: “Mudança para o Porto tornará Infarmed mais eficiente” (parece que a medida, de anúncio atabalhoado no ano passado, vai mesmo para a frente)
CORREIO DA MANHÃ: “Queda de Bruno trava rescisões” (mas cai mesmo? lembra-me a mão que irrompe da tumba em “Carrie”)
I: “Querem guerra. Eu compro” (who else?)
NEGÓCIOS: “Preço médio das casas é o mais alto de sempre” (e se o mercado gritar “arrebenta a bolha?”)
O JORNAL ECONÓMICO: “Pharol processa brasileira Oi por perdas de 10 mil milhões de euros” (prossegue a saga da antiga PT, um dia a marca portuguesa mais prestigiada fora de portas)
A BOLA: “Levem-nos aos oitavos” (apoiado!)
RECORD: “Atrás dele” (de CR7, claro)
O JOGO: “Sem fantasmas” (nem medos, vamos a eles que nem Tarzões, como dizia o anterior editor de internacional do Expresso e querido camarada Rui Cardoso) |
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O QUE ANDO A LER
“O centro do mundo”, de Ana Cristina Leonardo, colunista deste jornal. Andanças de um aventureiro russo por Olhão no século passado. Ainda vou muito no começo. É bem diferente de “Diário do Farol”, singular obra anterior que me encantou. Ouçamos o Carlos Vaz Marques, que vale sempre a pena.
O QUE ANDO A VER
“A Very English Scandal”, excelente minissérie da BBC (3 episódios) sobre um escândalo sexual (que não o Profumo) na política britânica dos anos 70, centrada em Jeremy Thorpe, então líder do Partido Liberal. Dá gosto ver Hugh Grant num papel bem distinto dos habituais, se calhar o da sua vida.
CARPE AESTAS
O verão está aí (acreditem!) e há que aproveitá-lo. Boas férias a quem as for gozar nos próximos tempos. O Presidente da República tem umas sugestões, diz o Observador. Para esses e outros, deixo votos de boa semana. Sendo segunda-feira, ainda é pertinente recomendar que leiam o que vos faltar da edição impressa do Expresso. Logo às 18h virá o Expresso Diário e, durante todo o dia, o Expresso online conta-lhe o que se passa no mundo. Até breve! |
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