sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Sexta-feira 20 Outubro 2017

MICHAEL RENNIER

Conselhos de Santa Teresinha para você aprender a lidar com pessoas antipáticas

Ela também não foi uma pessoa fácil, mas aprendeu a dominar a arte da empatia

NICOLE POOLE

3 coisas que você nunca deve dizer a alguém que está sofrendo

Pare de pedir às pessoas que estão de luto que “apenas rezem”... há algo mais útil que você pode fazer

ADRIANA BELLO

7 maneiras engenhosas de usar o limão

O limão é uma fruta maravilhosa para sua saúde e até para sua aparência

RÁDIO VATICANO

Papa: hoje também existem muitos fariseus

"Por isso é necessário rezar por nós pastores", pediu …
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AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Pedra despenca e mata turista em basílica de Florença

ZELDA CALDWELL

Freiras medievais faziam reciclagem beeeeem antes que ela virasse moda

Tecidos achados num convento cisterciense foram feitos de pergaminho

SEMPRE FAMÍLIA

Como anos de pílula anticoncepcional me trouxeram depressão e ataques de pânico

Para Vicky Spratt, o uso de contracepção hormonal foi uma espécie de roleta-russa que a jogou no fundo do poço

ACI DIGITAL

São Pedro de Alcântara, o outro Padroeiro do Brasil

Sim: temos mais um especial intercessor além de Nossa Senhora Aparecida

REDAÇÃO DA ALETEIA

Ele tem 90 anos, 12 filhos e celebra 2 missas por dia na catedral

Os caminhos de Deus na impactante história de vida do padre José Brombal, de Jundiaí

REDAÇÃO DA ALETEIA

Círio de Nazaré ganha museu virtual em 360 graus

De acordo com idealizadores, este é o primeiro museu deste tipo no Brasil

REDAÇÃO DA ALETEIA

Fotografia desmente boatos de que Bento XVI estaria agonizando

Imagem foi publicada pelo diretor de imprensa do Vaticano

PELA POSITIVA


Posted: 19 Oct 2017 04:50 PM PDT

Ainda com os diálogos do Papa Francisco e de Dominique Wolton: Politique et Société. Concluo.

1. Um tema que atravessa todo o livro é a política. Francisco pronuncia-se sob múltiplos ângulos. Trump "terá dito de mim que sou um homem político... Agradeci--lhe, porque Aristóteles define a pessoa humana como um animal político, e é uma honra para mim. Portanto, sou, pelo menos, uma pessoa! Quanto aos muros..." "A Igreja deve servir em política, lançando pontes: é esse o seu papel diplomático. "O trabalho dos núncios é lançar pontes"." Mas há "a grande política e a pequena política. A Igreja não deve meter-se na política partidária. A política, a grande política, é uma das formas mais elevadas de amor. Porquê? Porque está orientada para o bem comum de todos". "Há sempre uma relação com a política. Porque a pastoral não pode não ser política", para indicar caminhos e valores do Evangelho. Mas concorda com Wolton na denúncia do fundamentalismo e "do risco de fusão da religião e da política".

2. Sobre as desigualdades. Os números: "Hoje, no mundo, 62 ricos possuem a mesma riqueza que 3,5 mil milhões de pobres. Há hoje 871 milhões de pessoas com fome, 250 milhões de migrantes que não têm para onde ir, que não têm nada. Mas o tráfico de droga envolve mais ou menos 300 mil milhões de dólares e pensa-se que, nos paraísos fiscais, 2,4 milhões de milhões de dólares circulam de um lugar para outro."
Na base, está "o ídolo dinheiro". "Caímos na idolatria do dinheiro." Segundo o Evangelho, há incompatibilidade entre Deus e o dinheiro, quando este é divinizado. "Os dois pilares da fé cristã, das nossas riquezas, são: as Bem-aventuranças e o capítulo 25 de São Mateus, que estabelece o critério pelo qual seremos julgados": tive fome, tive sede, e destes-me de comer, de beber...; "é aqui que está a nossa riqueza. Mas irá dizer que sou um Papa demasiado simplista! [risos]. Graças a Deus..."
Wolton: "Diz que é necessário o Estado e que se comprometa..." Francisco: "A economia liberal de mercado é uma loucura. Temos necessidade de que o Estado regule um pouco. E é o que falta: o papel do Estado regulador. Por isso, peço que se abandone a "liquidez" da economia para voltar a qualquer coisa de concreto, isto é, à economia social de mercado: mantenho o mercado, mas "social" de mercado." O problema é "uma economia líquida. A finança". Wolton concorda: "A finança é um modelo de liberalismo demasiado desigual. A finança comeu a economia, que comeu a política..." E Francisco: "É o virtual contra o real." Para meditação, avisa: "Na morte, não levaremos dinheiro connosco. Nunca vi atrás de um carro funerário um camião com os haveres da residência anterior..."

3. Sobre as migrações e a Europa. Francisco é o primeiro Papa jesuíta da história e também o primeiro latino-americano. Argentino, filho de pais italianos, imigrados. "A identidade do povo argentino provém da mestiçagem, porque as vagas de imigrações misturaram-se, misturaram-se... E eu senti-me sempre um pouco assim. Para nós, era absolutamente normal ter na escola várias religiões em conjunto."
Esta sua experiência contribuirá para a sua sensibilidade para com os migrantes. Considera aliás que a teologia cristã é "uma teologia de migrantes", "o próprio Jesus foi um refugiado, um emigrante".
"O problema começa nos países donde vêm os emigrantes. Porque deixam a sua terra? Por falta de trabalho ou por causa da guerra. São as razões principais... Pode-se investir, as pessoas terão uma fonte de trabalho e não terão necessidade de partir. Mas, se há guerra, de qualquer modo, têm de fugir. Ora, quem faz a guerra? Quem dá as armas? Nós."
"A Europa é uma história de integração cultural, multicultural, muito forte. Neste momento, a Europa tem medo. Ela fecha, fecha, fecha..." A questão é que "creio que a Europa se tornou uma "avó". Ora, eu quereria ver uma Europa mãe. A Europa pode perder o sentido da sua cultura, da sua tradição. Pensemos que é o único continente a ter-nos dado uma tão grande riqueza cultural, quero sublinhá-lo. A Europa é o berço do humanismo. A Europa deve reencontrar as suas raízes, também cristãs. E não ter medo. Não ter medo de tornar-se a Europa mãe". E atira de modo mordaz: "Se os europeus querem ficar só com europeus, façam filhos!" Inquietação maior: "Já não vejo estadistas como Schuman, como Adenauer..."

4. Wolton lança desafios a Francisco.

4. 1. Seja como for, "a Europa representa o maior "estaleiro" pacífico democrático da história do mundo". Porque é que as Igrejas não convocam, com todas as religiões e famílias de pensamento, um "acontecimento solene, para dizer que é fundamental" que a união da Europa resulte? Trata-se da "maior utopia democrática da história da humanidade: nunca 27 a 30 países, isto é, 500 milhões de habitantes com 25 línguas, tentaram pacificamente coabitar". Francisco: "Desejo fazer um encontro sobre a Europa com os intelectuais europeus", do Atlântico aos Urais...

4. 2. Há tensão à volta da diversidade cultural. Francisco reafirma que a Igreja não pode ser "imperialista" e que a globalização "em forma de esfera é má" enquanto a Igreja fala da globalização em "poliedro".

4. 3. É urgente uma reflexão crítica sobre a comunicação: por todo lado há comunicação técnica e, no entanto, "nunca houve tanta incomunicação"; está-se perante o perigo de "uma forma de esquizofrenia da comunicação": uma mundialização das técnicas e cada vez menos comunicação humana; não há "o toque, falta o corpo". E pense-se no poder inaudito, quanto a dinheiro e controlo, dos GAFA (Google, Apple, Facebook, Amazon)...

5. Wolton confessa que foi um privilégio dialogar com "uma das personalidades intelectuais e religiosas mais excecionais do mundo". Duas frases o marcaram: "Não tenho medo de nada" e "Não é fácil, não é fácil..."

Anselmo Borges no Diário de Notícias

*padre e professor de filosofia
Posted: 19 Oct 2017 04:30 PM PDT

A figura e a inscrição na moeda que os fariseus mostram a Jesus constituem o ponto de partida para o ensinamento que o Evangelho de hoje nos transmite. (Mt 22, 15-22). As autoridades queriam desforra pelos desafios que as atitudes de Jesus lhes lançavam. Haviam tentado apanhá-lo já em alguma questão acusatória. Agora colocam-lhe a pergunta envenenada: “É lícito pagar o imposto a César ou não?”. São seus porta-vozes alguns fariseus e outros partidários de Herodes, aliados de circunstância para a armadilha dar resultado.

E têm tudo bem pensado. Procuram captar a benevolência de Jesus, elogiando-o com menções honrosas verificáveis: Sabemos que és verdadeiro, ensinas o caminho de Deus, não fazes acepção de pessoas porque vais para além das aparências. Dir-se-ia que para começar não havia melhor entrada. Mas palavras são palavras que podem esconder a realidade. E esta era a intenção dos “inocentes louvaminhas”, intenção que Mateus, o narrador do relato, apresenta de modo claro: Os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus.

Plano bem urdido, temos de reconhecer. Logicamente qualquer resposta seria comprometedora. Se Jesus dissesse: Não se deve pagar o imposto, seria acusado de subversivo; pelo contrário; se concordasse com o pagamento, não sintonizava com os gemidos do povo subjugado pelas forças do Império Romano. De qualquer modo, ficava sempre mal visto e com provas condenatórias. Que momento delicado vive Jesus. E tem de tomar uma decisão urgente. Que terá sentido no seu coração apertado? Que critérios se podem descortinar na sua atitude? Ela vai ser desconcertante e os seus adversários ficam espantados. De admiradores “louvaminhas”, passam a cúmplices acusados, de homens verdadeiros a hipócritas denunciados, de tentadores disfarçados a gente desmascarada. E para cúmulo, diríamos com humor, a sua reacção a este “tratamento de excelência” é de admiração e não de confusão, como seria normal.

“Mostrai-me a moeda do imposto. De quem é a figuira e a inscrição?”. “De César”, dizem. E Jesus olhando a efigie do imperador, responde: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. E eles ficam admirados. E nem era para menos. Como podiam fazer-lhe qualquer acusação? A sabedoria triunfa sobre a artimanha e a verdade ilumina não apenas a relação entre o poder civil e a autoridade religiosa, como alguns chegam a pensar, mas o rosto de Deus que deixa a sua imagem e semelhança no ser humano, homem e mulher, o reflexo da sua beleza no santuário da consciência pessoal, os vestígios da sua impressão digital nas criaturas e na criação. O cunhar moeda, o pagar impostos, o regime fiscal e tudo o que se liga com esta rede deve estar em consonância com aquela verdade primeira, e, sendo justos, isto é servindo o bem comum ou, pelo menos da maioria necessitada, tornam-se obrigatórios moralmente, e os prevaricadores, incluindo a própria autoridade que os estabeleceu, são passíveis de penalização legal.

Em comentário a este episódio, afirma Frei Raimundo de Oliveira, op: “O imposto era o sinal da dominação romana; os fariseus rejeitavam-na, mas os partidários de Herodes aceitavam-na. Se Jesus responde «sim», os fariseus desacreditá-Lo-iam diante do povo; se diz «não», os partidários de Herodes poderão acusá-lo de subversão. Mas Jesus não discute a questão do imposto. Ele só se preocupa com o povo: A moeda é «de César», mas o povo é «de Deus». O imposto só é justo quando reverte em benefício do bem comum. Jesus condena a transformação do povo em mercadoria que enriquece e fortalece tanto a dominação interna como a estrangeira”. (Bíblia Pastoral, Ed. São Paulo Lisboa 1993, p. 1380, em nota de roda-pé). 

“Dar a Deus o que é de Deus” é consigna para todo o sempre porque o homem realizar-se-á no seu melhor: ama sem acepção de pessoas nem fronteiras de tempo; vive e convive amigavelmente com todos os humanos e com respeito pela criação inteira; situa-se na história como agente responsável na escuta dos gemidos das criaturas oprimidas e na sua libertação integral; aspira a que os direitos básicos sejam assegurados a todos, designadamente o da dignidade, da alimentação, do vestuário, da saúde e de tantos outros. O contrário será o drama da humanidade, sempre possível!

“Dar a Deus o que é de Deus” é ver respeitada a liberdade de consciência e poder expressá-la pessoalmente e de forma associada, na rua e nos templos, dentro de um quadro legal que facilite a harmonia de cidadãos que vivem numa sociedade plural. É sentir-se reconhecido nesta relação com a fonte original de todos os bens e ver facilitada, mediante a criação de condições favoráveis, a transmissão dos valores correspondentes a educação nas famílias, nas escolas de serviço público, na comunicação social.

“Dar a Deus o que é de Deus” é dar largas ao coração que exulta de alegria e convida a terra inteira a associar-se a este louvor, é publicar entre as nações as suas maravilhas, é anunciar a todos os povos a novidade do amor revigorante que o Senhor nos tem. O salmista da liturgia de hoje convida-nos a alargar horizontes.

Hoje é o Dia Mundial das Missões. O Papa Francisco dirige-nos uma mensagem e um veemente apelo: “A missão da Igreja, destinada a todos os homens de boa vontade, funda-se sobre o poder transformador do Evangelho. Este é uma Boa Nova portadora duma alegria contagiante, porque contém e oferece uma vida nova: a vida de Cristo ressuscitado, o qual, comunicando o seu Espírito vivificador, torna-Se para nós Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14, 6)… Promovido pela Obra da Propagação da Fé, o Dia Mundial das Missões é a ocasião propícia para o coração missionário das comunidades cristãs participar, com a oração, com o testemunho da vida e com a comunhão dos bens, na resposta às graves e vastas necessidades da evangelização… Que a Virgem nos ajude a dizer o nosso «sim» à urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um novo ardor de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence a morte; interceda por nós, a fim de podermos ter uma santa ousadia de procurar novos caminhos para que chegue a todos o dom da salvação”.
Posted: 19 Oct 2017 09:25 AM PDT





Uma exposição que merece uma visita. Não faltam motivos para nos inspirarmos. Lamento não ter levado uma máquina para conseguir melhores registos.
Posted: 19 Oct 2017 03:43 AM PDT


«Estamos tão cansados, mas não podemos estar. Os mortos não se calam e não nos deixam cansar. Gritam por Justiça! Exigem Mudança!
A Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, o grande, brutal e devastador incêndio que lavrou do dia 17 a 24 de Junho de 2017, nos concelhos de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra, é um movimento cívico que partiu dos familiares e amigos das vítimas mortais desta tragédia. Uma associação cujo mote é apurar responsabilidades e ajudar a construir um futuro em que tal tragédia e crueldade não volte a acontecer!
Esta é a descrição do que pretendemos ser, com a ajuda de todos e a lembrança de todos aqueles que partiram. Porque hoje somos uma comunidade traumatizada. Uma comunidade sujeita a uma tal brutalidade que não se nos apaga da memória... O cheiro a terra ardida é algo que nos envolve, que nos macilenta e que se entranhou em cada um de nós.
A perda de dezenas de vidas e de forma tão trágica que roça a loucura deixou uma sociedade e todo o seu contexto à volta num luto imposto. A vida acabou ali, naquela estrada para muitas pessoas. Inocentes. E acabou também parte de uma vida para os que ficaram. Os que ficámos, ficámos mais pobres, mais sós, apenas com o alento das memórias, mas com a revolta de toda esta situação. São filhos sem pais. São pais sem filhos... são casas sem gente, é gente sem gente, não é natural!
Olho à volta e as pessoas não se riem, choram sozinhas, acanhadas, não se olham nos olhos, com vergonha pela sua impotência, com medo; o cenário é deprimente e não nos ajuda a superar com dignidade a tragédia. O Inverno não tarda e com ele as ruas despidas de vida. Despidas de ainda mais vida.
Há rancor, ressentimento com o território e com as entidades públicas. O Estado falhou. A Nação não existiu.
Mas não falhou apenas nesta tragédia. O Estado vem falhando ao longo de décadas. O Estado padece de uma cegueira crónica, está enfermo de um tal sentimento de negação de si próprio. Nega o seu estado de país rural, um país orgulhosamente rural e por isso mesmo rico.
Enquanto Estado é um conceito frio, masculinizado, distante, de um ente que impõe tributos e leis aos seus súbditos, um amontoado de entidades supostamente hierarquizadas, com dirigentes supostamente competentes, e que supostamente deveriam cumprir e fazer cumprir um conjunto de leis e regras que se vão aprovando (ou não!) conforme as vontades políticas da estação. Assim se vai governando Portugal. Sem pactos de regime e visão a longo prazo. Vão-se puxando o tapete uns aos outros, não se apercebendo que, por fim, só restam cacos, dor e tristeza para governar.
Nação, por sua vez, é um conceito acolhedor, integrador, feminino, belo, quase maternal, que agrega o seu Povo e o seu Território. É o que dá sentido à reunião das pessoas num determinado território a que chamamos “a nossa terrinha”, “o nosso cantinho a beira-mar plantado”, a proa desta “jangada de pedra”. Portugal.
O Estado falhou nesta tragédia levando consigo o sentimento de pertença de Nação que tínhamos. O Estado não protegeu a sua Nação. Não assegurou o seu Território e com ele o seu Povo...
Fomos vítimas desta ausência insuportável de Estado. Ontem e hoje. Mas não amanhã. Porque já chega de incêndios que ceifam vidas. Incêndios como os de 2003, 2005 e Junho de 2017, e que contabilizam, até a data, 100 vítimas mortais em solo português, não podem voltar a acontecer. É hora de todos dizermos “Basta!”. Este Estado que não quer ver secou uma parte importante da sua Nação, aquela que moveu este país por séculos, o Interior.
A primeira muralha e frente de defesa do País no passado contra as invasões estrangeiras, o celeiro do País em tempo de vacas magras, o emissor de soldados nas guerras ultramarinas, o mercado de mão-de-obra barata em tempos de construção europeia... Quando o Interior e os seus recursos já não eram precisos, substituídos pela oferta de bens e serviços mais baratos, o Povo e o Território do Interior foram abandonados À sua sorte. Emigrem! E assim o fizeram, abandonados à sua sorte.
Não houve solidariedade em tempos de vacas gordas, não houve estratégia para o Território quando os dinheiros dos Fundos Estruturais Europeus chegavam a rodos. Foram anos de esquecimento, de esvaziamento progressivo e consistente das instituições regionais e locais, depois seguiram-se as empresas e, por fim, as pessoas. Sobreviver é preciso.
Foram sucessivas décadas de descaso com o Interior, de negligência com o Território, com a Floresta e a Agricultura. Tendo como consequência a emigração das pessoas em idade ativa, restando uma população envelhecida e empobrecida a exigir cuidados redobrados do pouco Estado que restou e que nos foi esventrado e sobretudo das autarquias locais e misericórdias.
Parecia propositado... o Interior tornou-se terra de ninguém, envergonhado de o ser, abandonado e, assim, por fim, vergado.
Deveríamos dar graças por nos termos tornado a maior região eucaliptizada da Europa... Fomos “agraciados” pela falta de oportunidade! O Território estava a saldos e ninguém quis saber.
O Interior tornou-se um canteiro de ervas daninhas, sem jardineiros — as suas gentes. Um barril de pólvora em que se soma a indústria do fogo institucionalizada e um qualquer ano eleitoral. Os ingredientes ideais para a tempestade perfeita.
A tragédia de 17 a 24 de junho de 2017 estava mais que anunciada. Foi apenas uma questão de tempo... e o tempo não pára! E com ele foram muitas vidas abreviadas. Cedo demais... Cedo demais!

Por ti, meu filho...»

Nádia Piazza, mãe de uma criança de cinco anos que morreu a 17 de Junho de 2017 em Pedrógão Grande

Li no PÚBLICO

Veja um excelente vídeo de um spinner girando no espaço

Link to HypeScience

Posted: 19 Oct 2017 04:56 PM PDT
Randy Bresnik, astronauta da NASA, gravou um vídeo para mostrar como o objeto se comporta na Estação Espacial Internacional
 
Posted: 19 Oct 2017 03:56 PM PDT
Nós sentimos um amor incondicional por nossos animais de estimação. Eles são como as pessoas da família: não importa o que aprontem, sempre encontramos uma maneira de perdoá-los. Com isso em mente, o site Bored Panda...
 
Posted: 18 Oct 2017 07:32 PM PDT
A maioria dos alunos de anatomia humana têm contato apenas com modelos ou com órgãos preservados em formol, que perdem sua cor e consistência originais; veja como o cérebro é delicado
 
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Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!


O mapa com que abro este Macroscópio mostra-nos as cicatrizes que o fogo deixou este Verão em Portugal, e aqui só está à vista a área entre o Douro e o Tejo tal como no-la mostram os mapas de monotorização dos fogos florestais da União Europeia. As manchas a cor-de-laranja são as dos fogos dos últimos dias. Aquelas que estão a verde, amarelo e vermelho as dos outros fogos mais antigos, mas todos deste Verão. Não é uma avaliação definitiva, mas é já o retrato da pior época de incêndios de que há memória e registo. Pior que o fatídico ano de 2003. Este mapa é, só por si, um murro no estômago.

A última semana foi, contudo, de uma enorme intensidade – pelo que ardeu, pelas implicações políticas. É impossível recapitular tudo o que se passou, pelo que vou indicar-vos apenas alguns textos que ajudam a perceber o que se passou na frente política, através da recomendação simples de alguns textos (e não de opiniões, que ficarão para outro momento), sem mais desenvolvimentos, para guardar o essencial desta newsletter para os repórteres. Infelizmente a reportagem, porventura o mais nobre dos géneros jornalísticos, é menos praticada entre nós do que devia e, sobretudo, os repórteres não saem demasiadas vezes do mundo que conhecem – o mundo das grandes cidades. Estes dramas obrigaram-nos a ir ao Portugal esquecido, para relatar dramas, contar histórias de coragem, retratar um país que tem ficado quase sempre para trás. É para algumas dessas reportagens que chamarei a atenção.

Antes comecemos por elencar alguns trabalhos jornalísticos que ajudam a perceber o que se passou na frente política, as intervenções de António Costa e do Presidente da República, a demissão da ministra da Administração Interna e o debate parlamentar de ontem. Aqui ficam eles:
Antes das reportagens, referência ainda para três trabalhos onde se ouvem membros da Comissão Técnica Independente e que são relevantes para perceber o que está mal e o que correu mal:
  • João Guerreiro: “A gestão do fogo não é uma brincadeira de crianças”. O Presidente da CTI deu uma entrevista ao Expresso ainda antes da tragédia do fim-de-semana, mas que não deve deixar de ser lida. Por exemplo:
    Está em causa a formação das pessoas ou a própria arquitetura da Proteção Civil? 
    Está em causa o esgotamento deste modelo de Proteção Civil. Tem de haver outro tipo de intervenção, sempre com forças profissionais e com conhecimento. Por isso, propomos que se crie uma agência de gestão integrada do fogo, que reúna técnicos e conhecimento adequados para acompanhar as operações. Em Espanha, quando há um incêndio, o diretor é um engenheiro florestal que vive na zona afetada e sabe o que deve fazer. Cá, os bombeiros desconhecem o que foi feito no inverno e é muito difícil estabelecer prioridades. 
    É preciso arrasar o que existe e começar do zero? 
    É preciso fazer evoluir o que há e acrescentar conhecimento ao que existe. Acrescentar técnicos que não tenham iniciativas cegas.
  • Paulo Fernandes: “O problema não se resolve mudando umas pessoas nem de um ano para o outro”. Uma conversa com o professor da UTAD já depois desta nova catástrofe, no Observador:
    Mais dinheiro, melhor formação, maior coordenação dos recursos. E idealmente todos os operacionais de prevenção e combate a incêndio juntos numa única organização. Esta ideia já constava na Proposta Técnica para o Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios apresentada ao Governo em 2006, segundo Paulo Fernandes, que também participou nesta proposta. Mas foi vetada por António Costa, na altura ministro da Administração Interna. “O ótimo nunca será politicamente aceite”, lamentou. Como a atual Comissão Técnica Independente não acredita que haja abertura no Governo para voltar a apresentar a proposta de fusão, fez uma proposta diferente no relatório apresentado: a criação de uma agência que dependa diretamente do gabinete do primeiro-ministro, que seja formada por uma equipa técnica altamente especializada e que coordene todas as outras entidades.
  • Conhecia-se o risco mas mesmo assim queimou-se. E ninguém impediu. O Público também falou com Paulo Fernandes, assim como com António Salgueiro:
    Desta vez, também arderam as matas públicas, que têm mais gestão do que boa parte do território. “As matas são geridas como há 30 ou 40 anos atrás, o objectivo é retirar a madeira, quando deveriam ser um exemplo: um exemplo de reconversão para outras espécies, um exemplo de desbastes para baixar a carga combustível e um exemplo de uma floresta de uso múltiplo, de onde saem diversos produtos, como a resina”, diz António Salgueiro.


@Adriano Miranda/Público

Agora, por fim, uma mão cheia de reportagens. Começa por um do Público, até porque foi ilustrada por uma das imagens mais icónicas desta tragédia, fixada por Adriano Miranda, e que reproduzo acima: “Depois disto, o que é que nos segura cá?”. Escreve nela Natália Faria, que esteve numa aldeia perto de Vouzela:
Em aldeias há muito ameaçadas pelo despovoamento galopante, os mortos confirmados estavam todos ao pé da porta de Maria de Lurdes, no lugar de Vila Nova. “Sabíamos que as pessoas estavam lá, mas não imagina o que isto foi, com fogo por todo o lado. Ninguém conseguiu lá ir. Às tantas, dei por mim a pensar uma coisa que até me custou: ‘Já devem estar mortos.’ E mortos estavam, coitadinhos.” Quando via as notícias de Pedrógão, Maria de Lurdes, que tem nos vizinhos a família que, solteira e sem filhos, nunca teve, costumava benzer-se: “Nós aqui estamos no céu.” Afinal, não. “É um inferno como os outros. Depois disto, o que é que nos segura cá?”
(Ainda sobre a fotografia de Adriano Miranda há que ler Os olhos que Costa devia ter olhado, de Ferreira Fernandes: “Mãos calosas no cajado, cajado no peito e olhos tão tristes, frente à casa que já não era dele.”)

Não é muito diferente o dilema retratado no Observador por João Almeida Dias em O que produzir quando tudo arde? Tudo se passou desta vez em Oliveira de Frades:
Não é fácil caminhar nos escombros de anos e anos de trabalho. É essa a certeza que fica da cara de Pedro, enquanto entra para o que resta da sua fábrica. As chapas do telhado cederam todas com o calor e só não caíram inteiramente no chão porque ficaram em cima das máquinas. “Ainda nem tive coragem de ir até àquela parte do fundo”, diz Pedro, enquanto avança para lá. A hesitação que leva na cara é como um pedido para que, por magia, ao menos não tenha ardido tudo por lá. Pedro avança no entulho, põe o pé em cima de uma chapa, que abate com o seu peso, e só não cai porque se apoia numa das máquinas. Quando, por fim, chega ao fundo, vê que também ali ardeu tudo. “Catorze anos de trabalho para nada”, desabafa. 

O fogo andou perto da terra que viu nascer Marta Leite Ferreira, do Observador, que retratou o que se passou em Vieira de Leiria: “Era como se tivéssemos pólvora no meio do nosso pinhal”:
A casa de Laurinda sobreviveu às chamas. Sobreviveu “mais ou menos”, conta-nos ela enquanto encolhe os ombros, porque o cultivo que tinha foi consumido pelo fogo. Quando saiu de casa, ao início da tarde, Vieira de Leiria começava a encher-se do fumo que o vento trazia vindo do incêndio que lavrava na Burinhosa, no concelho de Alcobaça. Laurinda foi para Leiria visitar a mãe ao hospital, convencida de que o fogo estava demasiado longe para constituir ameaça. Mas quando a noite chegava e regressava a casa, Laurinda jura ter visto “um monstro, colunas de fumo que sabe Deus” no horizonte.

Dramático e tocante o relato de Pedro Rainho, também no Observador, do que se passou não longe de Penacova. Não deixem de ler Os irmãos que morreram a tentar abraçar-se:
Os bombeiros também estavam por perto. Mas a forma como as chamas se lançavam ao terreno verde não lhes deu hipótese de fazer o que fosse, era impossível chegarem perto dos dois homens. “Eu comando este quartel há mais de 30 anos e nunca vivi nada parecido com isto”, desabafa António Simões. Essa é uma das suas mágoas: ter perdido os dois irmãos – e uma senhora, carbonizada dentro de casa – para as chamas. Isso, e ter ficado à sua mercê quando o fogo lhe roubou o concelho. Foi dos primeiros a encontrar os irmãos. Quando encontrou os dois homens, os corpos estavam prostrados, cabeça com cabeça. Morreram a tentar abraçar-se.

Há os que morreram, e há os que sobreviveram, mas não sabem como viver a partir de agora, como podemos ler no trabalho de "O fogo foi um ladrão que nos entrou em casa", de Rui Marques Simões, que esteve em Oliveira do Hospital para o Diário de Notícias:
Salvaram-se as "cento e tal ovelhas, de raça bordaleira, autóctone da Serra da Estrela", que era a base do negócio familiar, mas os alicerces estão bem abalados. "Está para ali um balde de leite sem préstimo, preto e a cheirar a fumo. E nós nem alimentação temos para lhes dar nos próximos dias - só ração, o resto ardeu tudo. Não sei se eu e o meu marido vamos ter forças para recomeçar... Custa muito perder o resultado de uma vida de trabalho", lamenta Maria de Fátima, baixando o olhar que antes fitava o manto negro que cobre as colinas em volta. "Por mim não consigo, têm de ajudar".

Assim como há incríveis histórias de solidariedade e coragem, como a contada pelo Expresso em A família que salvou 14 pessoas menos o senhor Fausto:
Na noite anterior, a família acolheu em casa quinze vizinhos e amigos, que fugiram em pânico das chamas. Não fosse a sua pronta intervenção, a lista de mortos causados pelos incêndios deste fim de semana seria bem superior. "Sabem como tirámos a dona Adelina de casa? Fomos buscar um escadote. A senhora saiu cá para fora quando o telhado estava já a arder", revela Virgínia Oliveira, a mulher, de 43 anos. 

Outro relato de cortar a respiração é o do que se passou no IP3 e veio contado no Expresso, em Eduardo levou o autocarro pelo “túnel de chamas” e salvou 48 pessoas:
No IP3, já depois da zona de Santa Comba Dão e antes de Almaça, “o céu começou a ficar cada vez mais escuro”. A estrada estava ladeada por chamas. Os bombeiros no local sugeriram ao motorista que invertesse a marcha, mas este apercebeu-se de que seria impossível – e fazer marcha atrás também não era solução. Tomou então a decisão de avançar com o autocarro que transportava 48 passageiros – a maioria eram jovens – através do “túnel de chamas”, auxiliado por um pequeno grupo de bombeiros. Dentro do autocarro, o pânico era evidente. Por entre gritos, choros, mãos dadas e telefonemas “de desespero e despedida” aos familiares e amigos, o autocarro foi avançando, sentindo-se o calor “e as janelas a ferver”, descreve Ana.


@João Porfírio/Observador 

Esta segunda fotografia, de João Porfírio, também é das que dificilmente esquecerei, até pela história que lhe está associada. Saiu no Observador, numa outra reportagem de João Almeida Dias, Sozinhos no meio das chamas: quando a água acabou, apagaram o fogo com mosto. É de novo um relato que nos chegou do que se passou na região de Vouzela:
Nessa altura, José pegou em duas mangueiras e ligou-as a um depósito de mil litros que tem para a agricultura. Com este material tentou apagar o fogo que lhe lambia as paredes de casa. Em trinta minutos, ficou sem água. Depois, só conseguiu ir buscá-la a um chafariz comunitário. O resto da noite foi passada a correr da fonte à casa, com dois baldes cheios de água — até que, também ali, ela deixou de brotar. Nessa altura, não teve outra escolha para além de esperar pelo fim. Enquanto isso, Irene e Daniela, na casa de uma vizinha, tentavam apagar o fogo com o que tinham à mão. Quando a água também por ali acabou, começaram a deitar mosto, das uvas que há pouco tempo foram pisadas após a vindima, para cima das labaredas.

Pedro Rainho foi tratar de perceber o que se tinha realmente passado com um bebé que chegou a ser dado como morto e reconstitui tudo o que se passou no Observador em Vitória. A história da bebé que afinal não morreu. Mas há mais, muito mais nessa sua reportagem:
José Mendes, o pai, não diz uma palavra. Passam-se longos minutos e o olhar do homem de 67 anos parece vaguear longe dali. De tempos a tempos, José passa pelo rosto a mão negra de carvão. As mãos de Teresa, a mãe de Ricardo, 68 anos, também estão negras. E tremem. Tremem muito. É ela quem diz a uma equipa de técnicas da câmara de Tábua que as suas galinhas desapareceram. Devem estar algures debaixo das telhas espalhadas pelo quintal.

Termino regressando a Pedrógão Grande, e faço com a ajuda do Expresso e de uma reportagem em vídeo, Marcelo, 19 anos, perdeu a avó e a irmã no fogo: “Não vamos voltar a ter uma vida normal, nunca mais”. É que, como aí se conta...
Marcelo sobreviveu. Gina, a mãe, sobreviveu. A casa está incólume. Parece uma casa normal, há fotos, bonecas, duas bolas. Mas já não há Bianca, três anos, a mais jovem vítima da tragédia de Pedrógão Grande. Não há Maria Odete, a avó que ficou presa com a neta no carro da fuga do incêndio que matou outras 63 pessoas. E haverá Marcelo? Haverá Gina? Haverá Aníbal, o pai, que todos os dias ainda dá bom dia e boa noite à filha que morreu?

Eu sei, eu sei que virão muito nas televisões e que muito nunca esquecerão. Mas nestes textos há uma densidade humana que, infelizmente, não é muito frequente na imprensa portuguesa. Por isso os recomendo. Leiam-no, se necessário, em pequenas doses, pois a realidade que retratam é porventura demasiado dura pra a conhecermos toda de uma vez. Não podemos é ignorá-la. Ou esquecê-la daqui por umas semanas.

 
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