segunda-feira, 21 de novembro de 2016

OBSERVADOR

360º

Por Filomena Martins, Diretora Adjunta
Bom dia!
Enquanto dormia...
... encurralados por todos os lados, António Domingues e os restantes administradores CGD decidiram entregar as suas declarações de rendimentos no Constitucional. Mas, mesmo assim, colocando condições: vão pedir confidencialidade. A notícia foi, mais uma vez, dada por Marques Mendes na SIC (desde Cabo Verde), com detalhes: segundo o comentador, mesmo que o TC obrigue a tornar os dados públicos, Domingues ficará à frente da Caixa com a maioria da sua equipa. A decisão de Domingues, que já será do conhecimento das Finanças, foi divulgada logo depois do ultimato do PS (ou mostram ou saem) e do pedido/justificação do PCP (têm de mostrar para acabar com a campanha de destabilização).  Em França, o centro-direita decidiu que não quer Nicolas Sarkosy como candidato às presidenciais de maio do próximo ano e o ex-presidente anunciou a sua saída (definitiva?) da política. Assim, a segunda volta das primárias da direita francesa vai disputar-se no próximo domingo entre François Fillon (que ficou surpreendentemente na frente) e Alain Juppé. Um deles terá como principal missão derrotar a candidata de extrema direita. Problema: Marine Le Pen segue na frente das sondagens e Trump e o Brexit fazem temer o pior.

Já cheira a autárquicas. Em Lisboa, no dia em que a Câmara passa a gerir a Carris, Fernando Medina vai anunciar um passe social grátis para crianças e mais barato para idosos.

O mau tempo do fim de semana deixou algumas inundações e a proteção civil mantém para hoje o aviso amarelo devido a chuva, vento e neve. A partir de amanhã, vai-se a chuva, fica o frio.


Outra informação relevante E enquanto a Europa se debate com as incertezas de viragem à extrema-direita, nos EUA há uma outra mudança em curso. Depois da surpresa da vitória de Donald Trump, vieram as suas surpreendentes escolhas: a de Steve Bannon para seu braço-direito marcou entrada da "direita alternativa" no poder americano. Mas quem são estes radicais que Trump está a levar para o poder, o que é a alt-right e porque inspira medo a tanta gente? As respostas do Edgar Caetano.

Essa é uma das preocupações que Angela Merkel usou como justificação para concorrer a um quarto mandato como chanceler alemã. Irá recandidatar-se pela União Democrata-Cristã nas eleições de outono do próximo ano. Caso vença, pode bater um recorde de longevidade de Helmut Kohl no poder.

Por cá, além da CGD, houve outro banco em destaque: o BCP. Os chineses da Fosun compraram 16,7% do maior banco privado português por 175 milhões de euros, tornaram-se os principais accionistas e retiraram poder ao capital angolano. Resta saber o que fará agora Sonangol.

O que ainda mexe é o Orçamento. O prazo para as propostas de alteração terminou sexta-feira à noite e a nota de maior destaque foi para o recuo do Governo em relação ao aumento das pensões. Afinal, tal como pediam o PCP e o Bloco, mas também o PSD e o CDS, as reformas mais baixas também vão aumentar, mas apenas seis euros em vez dos dez euros das restantes. E tudo acontecerá apenas em agosto, antes do arranque da campanha para as autárquicas. Houve novidades também em relação ao imposto sobre o património (ainda não entrou em vigor, mas já foi agravado e em alguns casos quase que triplicae ao IVA (há mexidas na taxa das ostras, das próteses e dos medidores de diabetes). Quanto ao aumento do salário mínimo para 557 euros, esse está garantido, palavra de António Costa.
Pelo meio, PSD e PS entretêm-se a trocar críticas. Os sociais democratas insistem no timing do aumento das pensões para janeiro e os socialistas (em jornadas parlamentares) respondem com a malfadada palavra do diabo de que Passos vai ter dificuldade em livrar-se.

Quem não se livrou de um bom susto foi o chef José Avillez, que viu o seu cantinho no Porto ser vandalizado. O ataque ao restaurante terá sido responsabilidade do movimento pró-palestiniano BDS. Tudo porque Avillez esteve recentemente num festival gastronómico em Israel. O anti-semitismo levou a PJ a investigar o caso e a polícia a vigiar os outros espaços do conhecido cozinheiro, segundo os jornais de hoje. (sim, tudo isto é lamentavelmente verdade).

No desporto, algumas notas do fim de semana que vale a pena destacar.

Não, não é do mau tempo. O José Manuel Fernandes escreve sobre a inundação de boas notícias dos últimos dias e pergunta se não nos estamos mesmo a afogar.


Os nossos Especiais
Começo por destacar duas pré-publicações que penso que gostaria de ler:
  1. A do novo livro do economista/pessimista César das Neves, que aponta dez razões para a derrocada financeira que, segundo ele, estará aí mesmo a chegar.
  2. E a do também novo livro de Maria Filomena Mónica, que escreve sobre os encontros que foi tendo com a pobreza a sua vida.
Sigo para outros trabalhos publicados pelo Observador este fim de semana que garanto que merecem a sua leitura:

Os comunistas portugueses preparam-se para assinalar ao longo do próximo ano o centenário da Revolução bolchevique de Outubro, decisiva para a fundação do partido em Portugal em 1921. O Miguel Santos já foi perceber como serão as comemorações do PCP entre um texto de glorificação sobre as conquistas da URSS, mas também o reconhecimento das "derrotas" e os "recuos" da construção do socialismo.

Sobre uma parte da história muito mais recente, o João Francisco Gomes entrevistou Macer Gifford, que deixou Londres para combater o Estado Islâmico na Síria, onde conheceu o português Mário Nunes. Macer esteve em Portugal para promover o livro que conta a história de Mário, escrita pelo jornalista Nuno Tiago Pinto. O seu relato é arrepiante em muitos pontos.
Já Júlio Isidro falou de passado e presente na entrevista de vida que deu à Rita Garcia. Onde se saiu com esta frase: "Senti-me o Júlio Exílio quando passei para a RTP Memória".

Termino esta seleção com um tema da atualidade social: a moda das relações abertas (poliamorosas). A Ana Marques ouviu alguns praticantes e os especialistas para tentar perceber (e explicar) o que está em causa: ou seja, quem as pratica e porquê.



Notícias surpreendentes
"Só", de Jorge Palma, foi considerado um dos 30 melhores álbuns de sempre da música portuguesa. Agora que faz 25 anos (sim, acredite, eu engoli em seco) e há concertos para o comemorar (no CCB a 28 e 29 e na Casa da Música a 1 e 2) é altura de contar a sua história. Foi o que fez a Rita Garcia que falou com toda a gente e mais alguma para recriar tudo o que se passou naquele outono de 91.

História têm também os cadernos da Firmo. Sabe, aqueles das sebentas e os de capa preta onde se apontavam os fiados da mercearia. O Tiago Palma foi à procura da história da empresa que os fabrica há 65 anos.

Outro histórico, este com 76 anos. O prédio do DN na avenida da Liberdade, desenhado por Pardal Monteiro e decorado com desenhos de Almada Negreiros, foi vendido a particulares. O primeiro edifício construído de raiz para um jornal vai deixar de ter qualquer jornal entre as quatro paredes. O DN (e o JN e o Jogo e restantes publicações do grupo Global Media) muda-se para as Torres de Lisboa. Saem os jornalistas, ficam tantas histórias, aqui contadas pela Susana Outão. (eu que por lá passei sete anos, guardo as memórias e faço desejos de boa sorte)

Deixemos o passado e pensemos no futuro. Pelo menos em relação aos feriados que aí vêm e que muitos poderão querer transformar em fins de semana prolongados. A pensar neles, eis estas sugestões: 10 novos hotéis em Portugal que merecem uma visita. Veja porquê.

Se os seus planos forem outros, pode também optar por estas 55 aldeias de todo o mundo, com vistas que nos fazem sonhar acordados. Ora espreite a fotogaleria para ver como tenho razão.

E depois é só tentar pintar um destes quadros hiperealistas. Sim, são pinturas, pode acreditar. Ainda que pareçam fotos.


No Observador é a realidade da atualidade que estará em destaque ao longo da semana. Vá passando por cá para se manter bem informado 

Um bom arranque de semana, feliz e produtivo

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EXPRESSO


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Expresso
Bom dia, já leu o Expresso Curto Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Nicolau Santos
Por Nicolau Santos
Diretor-Adjunto
 
21 de Novembro de 2016
 
O país que perdeu quase tudo sem dar por isso
 
Bom dia. Este é o seu Expresso Curto, cada vez mais de olhos em bico, seja por causa de um banco, de umas eleições, de umas revelações, das pensões ou do diabo, que não arreda pé da política nacional.

O país amanhece hoje com mais um banco controlado por capitais chineses. O grupo privado Fosun passa a deter 16.7% do capital do BCP, tornando-se o maior acionista individual, através de uma operação de aumento de capital, pelo qual paga 175 milhões de euros. Fica aberto o caminho para chegar aos 30% e conta já com a luz verde do BCE para esse efeito. Também os direitos de voto vão subir do atual limite de 20% para 30%. A entrada dos chineses mereceu o acordo dos outros principais investidores, nomeadamente os angolanos da Sonangol e os espanhóis do Sabadell. A Fosun já controla a companhia de seguros Fidelidade e a Luz Saúde. Mas a entrada no BCP far-se-à através de uma entidade chamada Chiado.

O negócio é excelente para o banco, que precisava de estabilidade acionista e de aumentar capital, até porque ainda deve 700 milhões ao Estado da ajuda que recebeu durante o período da troika. Mas… o BCP é o maior banco privado português. A EDP é a maior empresa elétrica do país. A REN – Redes Elétricas Nacionais gere as principais infraestruturas de transporte de eletricidade e de gás natural. A ANA controla todos os aeroportos nacionais. A TAP é fundamental na captação de turistas para o país. Todos foram vendidos ou estão concessionados a investidores estrangeiros, assim como o porto de Sines (detido pela PSA de Singapura) e todos os outros (Lisboa, Setúbal, Leixões, Aveiro e Figueira da Foz, controlados pela empresa turca Yilport).

Ora um país que não controla os seus portos, os seus aeroportos, a sua energia (quer a produção quer a distribuição) nem o seu sistema financeiro na quase totalidade (escapa a CGD) é seguramente um país que terá no futuro cada vez mais dificuldades em definir uma estratégia nacional de desenvolvimento.

Provas? A TAP quer comprar oito aeronaves para fazer face à procura crescente resultante das rotas que abriu para os Estados Unidos mas a ANA responde-lhe que não tem espaço para o seu estacionamento no aeroporto Humberto Delgado. Na verdade, os franceses da Vinci, que controlam a ANA, deveriam ter já arrancado com a construção de um novo aeroporto porque o número de passageiros na Portela está muito próximo do limite definido no acordo para que esse passo seja desencadeado. Mas preferem a solução Portela mais Montijo, que lhes sai mais barata e que só deverá estar pronta dentro de três anos, a construir um novo aeroporto, uma decisão obviamente de importância estratégica para o país.

Mais provas? Como se disse, o porto de Sines foi concessionado à PSA de Singapura. Ora, os chineses estão interessados em Sines, onde se propõem aumentar os cais e as plataformas de apoio, mais uma plataforma industrial para montarem os produtos cá e obterem o “made in Portugal”, podendo assim entrar sem problemas no mercado europeu. Só que a PSA de Singapura opõe-se e faz valer a sua opinião por ser dona da concessão. E as autoridades portuguesas pouco podem fazer porque infraestruturas deste tipo são únicas: não se podem construir outras ao lado.

É este o Estado que temos: sem poder para mandar naquilo que é verdadeiramente essencial para definir uma estratégia de desenvolvimento. E o que é espantoso é que quase tudo tenha acontecido em tão pouco tempo (entre 2011 e 2015, pouco mais de quatro anos) e que estivéssemos tão anestesiados que o não conseguíssemos evitar.


 

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OUTRAS NOTÍCIAS

Grande surpresa nas eleições primárias da direita em França: François Fillon venceu
com mais de 44,1% dos votos, seguido por Alain Juppé, com 28,2%%. Na terceira posição ficou o ex-presidente Nicolas Sarkozy, com 21% e que reconheceu a derrota, revelando que irá votar em Fillon na segunda volta. Fillon foi primeiro-ministro de França de Maio de 2007 a Maio de 2012, sob a presidência de Sarkozy. Segundo o meu camarada Ricardo Costa, Fillon é muito conservador nos costumes e muito radical na abordagem ao mercado. O seu programa é herdeiro das ideias de Margareth Thatcher e aponta para um choque frontal com os sindicatos. Como nenhum dos candidatos conseguiu 50% dos votos haverá uma segunda volta entre os dois mais votados no próximo domingo. Entretanto, no plano geral, Marine Le Pen, líder da Frente Nacional de extrema-direita, lidera com 29% das intenções de voto a corrida ao Eliseu.

Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel anunciou que se vai recandidatar a um quarto mandato pelo seu partido, a CDU, nas eleições de setembro de 2017. “Pensei sobre isto durante muito tempo. A decisão para um quarto mandato, após 11 anos no cargo, é tudo menos banal”, assegurou a chanceler. Se vencer ficará à frente do seu país tanto tempo como Helmut Kohl.

O presidente turco, Recep Erdogan, criticou a União Europeia por manter o seu país à espera de entrar para o clube há 53 anos. Agora, Erdogan diz que só espera até ao final do ano. “Caso contrário, fechamos este arquivo e a readmissão de refugiados”. E como já percebeu o que vai acontecer, vá de deixar uma grande farpa: “Na minha opinião, o 'Brexit' foi um bom jogo. E coisas semelhantes podem acontecer noutros países europeus e a Turquia deve sentir-se confortável”.

E quer saber o que Barack Obama disse às filhas depois da eleição de Donald Trump para a Casa Branca? Não, não é nada do que está a pensar. Segundo a New Yorker, foi isto: “As pessoas são complicadas. As sociedades e culturas são complicadas... isto não é matemática: é biologia e química. O vosso trabalho, enquanto ser humano decente, é constantemente afirmar, incentivar e lutar por tratar as pessoas com bondade, respeito e compreensão”. Olha o que o Obama insinua: que o Trump é uma pessoa complicada! Também é preciso ter má vontade contra o homem…

Por cá, Marques Mendes, o oráculo da República, revelou que vai haver fumo branco na Caixa Geral de Depósitos. Assim, no seu habitual espaço televisivo de domingo à noite na SIC, o comentador disse ter apurado que os administradores da Caixa Geral de Depósitos já decidiram e vão entregar ao Tribunal Constitucional as suas declarações de rendimentos e património, pedido que estas não sejam divulgadas à opinião pública. A decisão já terá sido comunicada ao Ministério das Finanças, referiu. Se Carlos César, líder parlamentar do PS, e Pedro Passos Coelho, presidente do PSD, soubessem o que sabe Mendes bem podiam ter poupado no latim que ontem voltaram a gastar sobre este caso.

Por seu turno, Cavaco Silva mantém o recato que prometeu (e que o bom povo agradece) desde que deixou a Presidência da República. Um jantar e um almoço em sua homenagem, três reuniões do Conselho de Estado, uma ida oficial à Madeira e uma presença na celebração da Bolsa do Voluntariado. Resumem-se a estes sete eventos as saídas públicas do ex-Presidente da República, nos oito meses que decorreram desde que deixou Belém, revela o Diário de Notícias.

Quanto ao atual Presidente da República, recebeu das mãos da rainha de Inglaterra, Isabel II, uma moldura da foto com o neto William. Na “entourage” de Marcelo especula-se sobre o que tal presente quererá dizer: se uma simples manifestação de afeto de uma avó pelo neto ou se uma indicação para o antigo comentador político decifrar e anunciar ao mundo: a de que o sucessor de Isabel II no trono será William, duque de Cambridge, e não o seu pai, o príncipe Carlos, que espera que a senhora abdique ou morra há um ror de anos…

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, desafiou ontem o Governo a aumentar as pensões no início do próximo ano, em vez de o fazer em agosto, próximo da realização das eleições autárquicas de 2017. “Porque é que é em Agosto? Daqui até Agosto não há dinheiro para pagar? O Estado só vai ter dinheiro para pagar em Agosto?”, perguntou. Claro que com tanta maneira de fazer a mesma pergunta, o dr. Passos queria alertar para a malandrice do Governo se preparar para dar um brinde aos pensionistas pouco tempo antes das eleições autárquicas. Ao dr. Passos é que o dr. Costa não engana. São muitos anos nisto da política.

Sobre este tema, o PCP reclama os devidos louros. Com efeito, o secretário-geral do PCP. Jerónimo de Sousa, sublinhou ontem que o aumento das pensões e reformas no âmbito do Orçamento do Estado para 2017 acontecerá por iniciativa dos comunistas, que persistiram, começando por estar sozinhos nessa proposta para 2016.

Entretanto, as crianças até 12 anos vão ter direito a passe gratuito nos transportes na região em Lisboa, nomeadamente na Carris e no Metro. A esta medida soma-se ainda a redução do preço do passe dos idosos com mais de 65 anos, que baixa mais de 40%, de 26,75 euros para 15 euros.

É lançada amanhã em Lisboa no Pavilhão do Conhecimento uma rede que localiza os cientistas portugueses espalhados pelo mundo. Chama-se GPS (Global Portuguese Scientist) e já está online. Mesmo que não seja cientista pode inscrever-se e acompanhar a ciência que se vai fazendo pela mão dos portugueses no estrangeiro.

As acções da TAP só vão poder ser vendidas em bolsa quando a companhia valer 1,2 mil milhões de euros. Este é um dos pontos mais importantes do acordo selado entre o Estado e a Atlantic Gateway e que passará a vigorar assim que a estrutura accionista da empresa for reconfigurada, com a passagem de 50% do capital para a esfera pública, revela o PÚBLICO.

O Diário de Notícias muda hoje de casa. Sai do emblemático edifício no topo da Avenida da Liberdade, onde se encontrava instalado desde 1940, e vai para as torres de Lisboa. É mais um jornal que abandona o centro da cidade. Sinais dos tempos…


FRASES
[Passos Coelho] “parece tomado pelo diabo e não há exorcista, ou candidato a exorcista, seja ele Luís Montenegro, Santana Lopes ou Rui Rio, que lhe explique que não pode atacar toda a gente, o Governo, o Presidente da República, as estatísticas ou a Assembleia da República, só porque o país está melhor do que ele queria”. Carlos César, líder parlamentar do PS, entrando no debate mefistofélico que nos últimos tempos tomou conta da política portuguesa.

“O quarto trimestre pode pôr o PIB de Portugal a crescer 1,4% em 2016”. Miguel Frasquilho, presidente da AICEP, mostrando que os otimistas não estão todos no Governo nem são todos do PS. Diário de Notícias.

“O terminal do Barreiro está mais para o lado de avançar”. Ana Paula Vitorino, ministra do Mar, demonstrando que o atual Governo se prepara para concretizar o disparate que o anterior iniciou. Antena 1/Jornal de Negócios

“Trump, de certa maneira, é um revolucionário”. José Pacheco Pereira, sempre a ver mais que todos os outros, jornal


O QUE AINDA NÃO LI E VOU LER. E O QUE JÁ LI.
“A Vida e a Morte dos Nossos Bancos, Como os banqueiros usaram o nosso dinheiro e ele desapareceu”
é o título do livro que a Helena Garrido, uma grande senhora do jornalismo económico português, lançou na semana passada. Ainda não li, mas sabendo da competência da Helena e da precisão e cuidado com que faz o seu trabalho não tenho dúvidas que é um documento que traz seguramente mais alguma luz a muitos aspetos sombrios da derrocada da banca nacional. A Helena tem uma longa e brilhante carreira profissional, que a levou a passar por pelo menos duas direções editoriais (Diário de Notícias e Jornal de Negócios) e várias redações. Sempre dispôs de uma invejável carteira de contactos no mundo económico. Foi a ela que em 2011 o então ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, entendeu dar a informação de que Portugal tinha pedido ajuda internacional. Por tudo isso, este livro é de leitura obrigatória.

Hoje, às 18.30, na Bucholz em Lisboa, é lançado um livro de duas outras fantásticas jornalistas. Anabela Campos e Isabel Vicente, minhas camaradas de redação no Expresso, assinam “Negócios da China”, que tive o privilégio de ler ainda no prelo porque me pediram para fazer o prefácio, uma distinção que seguramente não mereço. A Anabela e a Isabel são duas das mais corajosas jornalistas que conheço. Os cidadãos comuns podem não ter essa ideia, mas o mundo económico pode ser muito violento para os jornalistas. É preciso ter coragem para insistir nas perguntas, para querer saber a verdade, para não recuar perante as dificuldades, para manter a persistência quando seria mais fácil desistir. A Anabela e a Isabel são isso tudo e muito mais. Nunca quiseram transformar a profissão de jornalista numa carreira burocrática. Vão para a frente dos touros, olham-nos nos olhos e pegam-nos de caras. Em “Negócios da China” estão muitas das investigações que as duas conduziram nos últimos anos ao serviço do Expresso, mas também factos novos relacionados com a economia chinesa e a estratégia dos seus dirigentes para Portugal. O ajustamento entre 2011 e 2015 conduziu à venda de quase todas as grandes empresas portuguesas e ao controlo da banca nacional por capitais estrangeiros. O investimento chinês foi quem levou a parte de leão nestas vendas a saldo que foram as privatizações durante aquele período. Mas também há espaço para os pormenores indecorosos que levaram ao desmantelamento do BES, da PT e da Cimpor, bem como ao caso BPN. Ou seja, este é outro livro imperdível para quem se interessa por temas económicos – ou por quem quer perceber como chegámos ao ponto onde nos encontramos, e cada vez mais de olhos em bico.

E pronto, este foi o seu primeiro Expresso Curto desta semana. Beba-o na companhia destes dois livros, enquanto o Belzebú não vem. Porque, já se sabe, quando ele vier, vamos ter muito que penar (e os juros a dez anos da dívida pública já estão próximos dos 4% e subiram 20% num mês). Até lá, vá-se informando pelo Expresso online e pelo Expresso Diário, que estará disponível a partir das 18 horas. E amanhã tem um novo Expresso Curto à sua disposição, tirado na perfeição pelo João Silvestre. Tenha um bom dia e uma excelente semana.
 

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Segunda-feira 21 Novembro 2016

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