segunda-feira, 11 de maio de 2015

OBVIOUS MAGAZINE - 11 DE MAIO DE 2015

OBVIOUS - Escolhas do editor‏

OBVIOUS - Escolhas do editor

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11-05-2015
 
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como lidar com um coração partido (sim, o seu)

por Cristina Parga em May 11, 2015 11:10 am   share on Twitter Like como lidar com um coração partido (sim, o seu) on Facebook Google Plus One Button

Ao longo dos anos, desenvolvi vários métodos para cicatrizar meu coração, que virou quase uma colcha de retalhos – ou melhor, um mosaico – aparentemente frágil, mas com as peças perfeitamente coladas e coloridas. Desde o meu primeiro break-up aos 18 anos, sozinha em Portugal, até o último, com 32, aprendi várias técnicas para amenizar a dor – a maior parte delas não inclui analgésicos nem calmantes, nada que precise de receita médica. São coisas simples – o que traduzi há poucos dias para uma amiga como "kit de primeiros socorros". E a primeira lição a aprender é: o que não colocar dentro dele – ou melhor, o que não fazer: 
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as mãos de minha mãe

por Fabíola Simões em May 11, 2015 11:10 am   share on Twitter Like as mãos de minha mãe on Facebook Google Plus One Button

Obrigada mãe, por não tentar esconder o traçado de suas mãos. Por não querer disfarçar os sinais de um tempo que se desenrolou cheio de promessas e desfechos nem sempre fiéis ao que se esperava deles. Por me mostrar que a vida nos aproximou como meninas crescidas, e hoje posso me preocupar com você tanto quanto você se preocupa comigo.
Obrigada por me ensinar a não censurar o que o tempo traz sem o nosso consentimento, perdoando as marcas que não podemos controlar, reagindo com alegria aos dias que nem sempre são só bons.
Acima de tudo, por me dar a mão e mostrar que nossos sinais são resquícios de uma vida que se viveu _ intensa e plenamente.

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um olhar de carinho sobre os caminhos canhotos

por mariamariaalice em May 11, 2015 10:50 am   share on Twitter Like um olhar de carinho sobre os caminhos canhotos on Facebook Google Plus One Button

Viver em paz é olhar nossos erros sem pré-julgamentos, entender nossos próprios atos - por mais acidentais que sejam, e apreciar todas as desgraças de um belo caminho errado.

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o menino e o medo de ser homem

por Murillo Leal em May 11, 2015 10:50 am   share on Twitter Like o menino e o medo de ser homem on Facebook Google Plus One Button

O que apavora os homens é saber que quando se diz “sim” a uma garota, automaticamente, se diz “não” a todas as outras. Isso os deixa “fora da casinha” porque eles crêem que precisam de tantas mulheres na vida para se sentirem homem, mas essa é mais uma ilusão.

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o iconoclasta universo de luis buñuel

por Sílvia Marques em May 11, 2015 10:50 am   share on Twitter Like                      o  iconoclasta universo de luis buñuel on Facebook Google Plus One Button

Este artigo pretende jogar luz sobre um dos maiores artistas da História do Cinema.

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videodrome, o sexo e a violência na televisão

por Rogério Marques em May 11, 2015 10:40 am   share on Twitter Like videodrome, o sexo e a violência na televisão on Facebook Google Plus One Button

É muito interessante pensar como obras literárias ou cinematográficas representam certas realidades inerentes à época de sua produção. No caso, o filme "Videodrome" de David Cronenberg apresentou, no estilo autoral psicológico gore científico-surrealista do diretor, questões perturbadoras da década de seu lançamento, mas que ainda se mantém atuais. A película é pontuada por um discurso polissêmico que pode originar múltiplas interpretações.

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a elegia cinematogrÁfica de wim wenders

por João Roc em May 11, 2015 10:40 am   share on Twitter Like a elegia cinematogrÁfica de wim wenders on Facebook Google Plus One Button

"Quem se eu gritasse, me ouviria pois entre as ordens 
Dos anjos? E dado mesmo que me tomasse 
Um deles de repente em seu coração, eu sucumbiria 
Ante sua existência mais forte. Pois o belo não é 
Senão o início do terrível, que já a custo suportamos, 
E o admiramos tanto porque ele tranqüilamente desdenha 
Destruir-nos. Cada anjo é terrível. 
E assim me contenho pois, e reprimo o apelo."
Rainer Maria Rilke | PRIMEIRA ELEGIA

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e o velho safado descobre john fante

por Diogo Brunner em May 11, 2015 10:40 am   share on Twitter Like e o velho safado descobre john fante on Facebook Google Plus One Button

A história do belo encontro entre Bukowski e John Fante.

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padrÕes estÉticos: precisamos nos enquadrar?

por Lucia Righi em May 11, 2015 10:40 am   share on Twitter Like padrÕes estÉticos: precisamos nos enquadrar?  on Facebook Google Plus One Button

Eu não quero falar aqui de repressões, nem de indústria da beleza, muito menos de imposição midiática e esteriótipos, mas de preferências. Beleza é subjetiva, temporal e cultural. E nessa amplitude de opiniões, a diversidade impera.

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de onde vem a inspiração?

por Matheus Arcaro em May 11, 2015 10:20 am   share on Twitter Like de onde vem a inspiração? on Facebook Google Plus One Button

A pergunta que intitula o texto é uma das mais formuladas a um artista. E este, se não quer ser mal educado, faz uma breve contextualização do conceito para mostrar que a inspiração, em si, nos moldes que a tradição cunhou, não existe.

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ligações perigosas: a melancólica vitória do amor

por Sílvia Marques em May 11, 2015 10:20 am   share on Twitter Like                     ligações perigosas: a melancólica vitória do amor on Facebook Google Plus One Button

Este artigo objetiva comentar o filme Ligações perigosas, de Stephen Frears, protagonizado por Glenn Close, John Malkovich e Michelle Pfeiffer.

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da origem ao fim do universo

por Gisele Gonçalves em May 11, 2015 10:20 am   share on Twitter Like da origem ao fim do universo on Facebook Google Plus One Button

Sabemos que a vontade de descrever o Universo está presente desde há muito tempo nas culturas antigas. A busca do homem em descobrir a origem de tudo despertou o aparecimento de mitos, filosofias e da própria ciência. Cada uma, ao seu modo, tentam até hoje diminuir essa sensação de desconforto e inquietação evidente no coração humano. Essa questão existencial parece fazer parte da nossa constituição enquanto humanos: “Como surgiu [...]

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a última vez

por Roberta Simoni em May 10, 2015 02:00 pm   share on Twitter Like a última vez on Facebook Google Plus One Button

A vida não costuma avisar quando alguma coisa vai acontecer ou terminar. Não é como se ela tivesse um sensor que apita quando o combustível está acabando, se fosse assim, se chamaria carro e não vida.
Algumas vezes você pode até receber pistas ou sinais, é o que chamamos de intuição. Mas, na maioria esmagadora das vezes, não se iluda, isso não vai acontecer. E quando/se acontecer, você estará distraído ou ocupado demais para perceber.

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um pátio em paris e as rachaduras que existem em todos nós

por Diego Ribeiro em May 10, 2015 02:00 pm   share on Twitter Like um pátio em paris e as rachaduras que existem em todos nós on Facebook Google Plus One Button

A figura do "pátio" é colocada no filme como um espaço onde todos os personagens se cruzam, e assim todos os seus medos e fragilidades são confrontados quando na presença do outro, e no convívio do coletivo.

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resiliente

por Érika Marques em May 10, 2015 02:00 pm   share on Twitter Like resiliente on Facebook Google Plus One Button

Resiliente é um termo mais físico que psicológico estritamente ligado a resistência dos materiais. Definindo é um conceito psicológico emprestado da física, definida como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas (sem entrar em surto).
É muito fácil tratar de resistência de materiais, quando se trata de sentimentos e emoções esse conceito pode ser aplicado?

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o outro

por Luciana Chardelli em May 10, 2015 02:00 pm   share on Twitter Like o outro on Facebook Google Plus One Button

Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro.
( José Saramago)

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sai pra lá com seu barulho, que meu silêncio quer passar

por Diego Brígido em May 10, 2015 02:00 pm   share on Twitter Like sai pra lá com seu barulho, que meu silêncio quer passar on Facebook Google Plus One Button

Este texto começou no silêncio. E se criou no silêncio. Porque o silêncio é um campo fértil de ideias. E ele é nosso, está em cada um de nós, não importa quanto barulho faça lá fora. Os ruídos estão por todos os lados, para quem quiser ouvir, mas a quietude precisa ser buscada. O barulho é da matéria, o silêncio é do espírito. O mundo exige que façamos barulho, que [...]

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jean jullien: a ironia das relações humanas na era digital

por Giseli Betsy em May 10, 2015 01:50 pm   share on Twitter Like jean jullien: a ironia das relações humanas na era digital  on Facebook Google Plus One Button

Em tempos de tecnologia muito se tem falado a respeito, até onde é saudável nossos vícios e dependência da mesma? Jean Jullien usa de observações do dia a dia como inspiração em suas caricaturas da sociedade. Sendo um dos artistas gráficos mais renomados da França, tem chamado a atenção com suas críticas sobre a sociedade digital de hoje e o uso excessivo das redes sociais. Com suas ilustrações irônicas conseguiu arrebatar muitos seguidores, mostrando a era digital e seus erros, sutilmente.

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o tempo das coisas

por Lolô Sganzerla em May 10, 2015 01:40 pm   share on Twitter Like o tempo das coisas on Facebook Google Plus One Button

O tempo que me habita não é o tempo das coisas. As coisas, elas têm um tempo próprio. Elas começam e acabam e transformam a gente nesse durante, num ritmo que é delas - e isso aí vira o nosso tempo. Mas as coisas, elas são como as estações do ano. Por exemplo, eu me pergunto como as árvores conseguem superar os invernos. Você não? Você nunca se espanta? [...]

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a chama da transformação

por Veruska Queiroz em May 10, 2015 01:40 pm   share on Twitter Like a chama da transformação on Facebook Google Plus One Button

Freud dizia: "Aonde quer que eu vá, eu descubro que um poeta esteve lá antes de mim". É na subjetividade literária, dramática, densa e, ao mesmo tempo, em levitação e graça que o mistério da condição humana encontra raízes e asas. É ali o lugar onde ele é celebrado. A poesia da vida é o fogo que transforma. A condição humana acontece no enigmático, no obscuro, no indizível, no mistério.

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call me hélio, call us...

por Arlete Fonseca de Andrade em May 10, 2015 01:40 pm   share on Twitter Like call me hélio, call us... on Facebook Google Plus One Button

Hélio Oiticica - arte, cultura e sociedade: ontem e hoje.

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nós podemos ser heróis, apenas por um dia?

por Bruna Vieira de Assis em May 10, 2015 01:30 pm   share on Twitter Like nós podemos ser heróis, apenas por um dia? on Facebook Google Plus One Button

O dia em que a crise econômica terráquea atingiu o mundo geek.
Obs: Essa é uma história fictícia e qualquer semelhança com o mundo real não passa de uma notória coincidência.

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espirutualize-se!

por Susiane Canal em May 09, 2015 04:40 pm   share on Twitter Like espirutualize-se! on Facebook Google Plus One Button

E então, você se considera uma pessoa espiritualizada? Ao menos já parou para pensar o que é exatamente a espiritualidade? Um conceito estanque ou a ser desenvolvido por cada um, de forma personalizada? E quando é o momento de se preocupar com isso, só lá no fim da vida? Mas você sabe quando será o final da sua vida? Será que dará tempo?

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eu tenho medo do cidadão de bem

por Leonardo Onofre em May 09, 2015 03:00 pm   share on Twitter Like eu tenho medo do cidadão de bem on Facebook Google Plus One Button

Ele sempre sabe o que é melhor para a sociedade, ele propõe punição aos que não se enquadram a sua ideologia, ele é o representante da família tradicional. Tradicional para quem?

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amores líquidos no admirável mundo novo

por Sílvia Marques em May 09, 2015 03:00 pm   share on Twitter Like                     amores líquidos no admirável mundo novo on Facebook Google Plus One Button

Este artigo objetiva refletir a precariedade das relações afetivas a partir do pensamento de Bauman e Aldous Huxley.

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ANTÓNIO FONSECA

EXPRESSO DIÁRIO - 11 DE MAIO DE 2015

Lucros das empresas cotadas embolsa sobrem 82%‏

Lucros das empresas cotadas embolsa sobrem 82%

 
 
11-05-2015
 
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Expresso
NEWSLETTER
Nº 25311 de Maio de 2015
Ricardo Costa
POR RICARDO COSTA
Diretor
Lucros das empresas cotadas embolsa sobrem 82%
O número impressiona. No Expresso Diário fizemos as contas aos lucros das empresas cotadas no PSI-20, que, no primeiro trimestre deste ano, dispararam mais de 80 por cento. É certo que a nossa bolsa vem de um nível muito baixo, mas a subida é impressionante. A Elisabete Tavares fez as contas e explica o que aconteceu.
O que também está a disparar são os juros da dívida na zona euro, perante o impasse na resolução da crise grega. Hoje houve mais uma reunião, mas uma vez mais sem conclusões. E com a Alemanha, pela voz do poderoso ministro das Finanças, já a sugerir que a Grécia faça um referendo. Grexit à vista?
Por cá, não é só nos grandes partidos que a política mexe.Ricardo Sá Fernandes, advogado bem conhecido da nossa praça, vai ser candidato a deputado pelo Livre, avança hoje o Expresso Diário. Ou melhor, devido ás regras internas do partido liderado por Rui Tavares, Sá Fernandes será candidato a candidato a deputado nas próximas eleições legislativas. É o que ele afirma à Rosa Pedroso Lima, que explica a estratégia do partido para as legislativas.
Falamos ainda do conflito aberto entre Lopetegui e Jorge Jesus, da mega-campanha pela defesa da natureza que uma plataforma de organizações ambientais vai lançar amanhã. E do lançamento de Rita Redshoes. Que desta vez e aventurou nos livros.
Na opinião, hoje escrevem Nicolau Santos, Pedro Santos Guerreiro, Henrique Monteiro, Daniel Oliveira e Henrique Raposo. Há muito para ler.
Ler o Expresso Diário
Lucros das empresas cotadas em bolsa sobem 82%
ECONOMIA Nos primeiros três meses do ano, os lucros das cotadas do PSI-20 subiram 82%. A banca foi o setor que mais contribuiu para a subida.
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Falta de acordo com a Grécia dispara juros na zona euro
EUROGRUPO Varoufakis confirma entrega de cheque de €750 milhões ao FMI, mas “contágio grego” regressa. Schauble endurece discurso e sugere referendo na Grécia
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Ricardo Sá Fernandes candidato a deputado pelo Livre. Para "fazer pontes entre a esquerda"
FUTEBOL
Jesus e Lopetegui. A falar é que eles se desentendem
ESTREIA
Depois da música, Rita Redshoes publica o seu primeiro livro
CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
Maior campanha de sempre de defesa da natureza começa amanhã

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ANTÓNIO FONSECA


OBSERVADOR - MACROSCÓPIO - 11 DE MAIO DE 2015

Macroscópio – O que podem dizer as eleições inglesas sobre as portuguesas?‏

Macroscópio – O que podem dizer as eleições inglesas sobre as portuguesas?

Para: antoniofonseca40@sapo.pt

Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!


 
Agora que a poeira começa a assentar sobre a enorme surpresa que foi a dimensão da vitória eleitoral dos Conservadores – e as derrotas tanto dos Trabalhistas como dos Liberais-Democratas, que fizeram cair os seus líderes –, é altura de fazer um breve balanço do que se passou, e do que essas eleições nos podem ensinar sobre as nossas próprias eleições.
 
Começo por isso este Macroscópio por um dos textos mais originais na forma como abordou o resultado eleitoral, e um texto que também me permite fazer pontes para outras reflexões dos últimos dias: Eleições britânicas: vanguardismo surpreendido pelas pessoas comuns, de João Carlos Espada, no Público. O ponto de par tida do professor de ciência política é o “impressionante” falhanço das sondagens, um falhanço que, ao contrário da maioria dos comentadores não considera ter sido técnico, mas sim político. E político porquê? Porque o que escondeu o voto conservador não foi um erro dos pollsters, mas sim o facto de o ambiente agressivamente “politicamente correcto” dominante na comunicação social, nas universidades e nas redes sociais terem feito com que “muitos eleitores conservadores não [quisessem] revelar as suas intenções de voto. Mas acorreram às urnas para, no recato da cabine de voto, exercerem a sua escolha livre. Foi assim em 1992, voltou a ser assim agora.” Depois de enumerar vários casos que ilustram esta situação, concluiu:
Quais são as lições deste fenómeno? O presidente de uma das empresas de sondagens britânicas disse sabiamente que os políticos não deviam seguir as sondagens; deviam apenas dizer abertamente aquilo que defendem. É um bom princípi o. Depois de Winston Churchill, os últimos estadistas que seguiram esse princípio foram Ronald Reagan e Margaret Thatcher.
 
Não é possível deixar de associar esta reflexão à que faz, também hoje, Helena Garrido no Jornal de Negócios, em Opiniões, sondagens e realidades. Só que o seu ponto de partida não é David Cameron, mas Cavaco Silva, que considera ser “a personalidade política mais mal tratada no espaço público”. Mesmo assim, ganhou duas maiorias absolutas para o PSD e foi eleito duas vezes Presidente da República. Pelo que, prossegue, “Tal como os conservadores envergonhados do Reino Unido, existem em Portugal os "cavaquistas envergonhados". Poderemos também ter os "passistas envergonhados"?” Não sabemos, e levaremos alguns meses até saber, mas há pelo menos um ponto de partida que é comum aos dois, como é comum a Cavaco Silva: a franca hostilidade mediática.
 
Ora é precisamente o desequilíbrio existente em grande parte da comunicação social que ocupou Helena Matos, aqui no Observador, e Filipe Alves, no Diário Económico. Comecemos por Helena Matos e o seu A verdade (ilustrada) a que temos direitoonde ontem procedeu a uma análise comparada das capas de vários jornais portugueses no dia da vitória do Syriza e no dia da vitória dos Conservadores. Dessa análise ela conclui que “Nos jornais reina a hipocrisia e quando a realidade não é compatível com a ideologia omite-se. Mete-se em letras pequeninas. Arruma-se num cantinho. Faz-se quase de conta que afinal não aconteceu nada”. Porque é que isto acontece? Porque em muitas redações há uma “narrativa prévia sobre o mundo”: “Uma narrativa que garante que os partidos que cabem no espectro do progressismo (seja isso o que for!) são invariavelmente os vencedores e que se tal não acontece essa anormalidade só se explica por chapeladas, manipulação ou obscurantismo dos eleitores. E assim, como a maior parte das nossas redacções está convicta de que nenhum povo poderá votar num partido que além de se dizer conservador defende a austeridade, a derrota de Cameron foi dada como certa. Como tal não aconteceu, apesar de todas as certezas pr&e acute;vias dos enviados especiais, só resta escondê-lo.”
 
Algo de semelhante constatou Filipe Alves, que, em A lição das eleições britânicas considerou que “Os resultados das eleições britânicas trouxeram à tona as ideias pré-concebidas de muitos jornalistas e comentadores na comunicação social portuguesa. Em alguns casos chegou-se mesmo ao ridículo, com directos inflamados, nas televisões, de correspondentes a quem só faltou lamentar que os britânicos pudessem votar. O mesmo se passou com muitos comentadores que, nos jornais, parecem prezar mais a sua concepção de "Europa" do que a própria Democracia e que, podemos supor, viveriam bem sem eleições e referendos. Os artigos de análise também alinharam, salvo raras excepções, pelo mesmo discurso: os britânicos, coitadinhos, votaram contra a "Europa" e a favor da "austeridade”.
 
Mas não é apenas na frente mediática que podem eventualmente ser feitos paralelos entre a escolha britânica e a futura escolha dos portugueses. Nesse campo tenho de salientar o texto de Ricardo Costa no Expresso, É a economia (e a sociedade), estúpido! (link para assinantes). Comecemos por uma citação: “A transformação que o Governo quer fazer em Portugal é semelhante à que David Cameron está a fazer no Reino Unido, com a maior reduç&atil de;o orçamental desde o fim da II Guerra Mundial. A inspiração é clara e tem ideias parecidas. Não percam tempo com Reagan, Thatcher ou Friedman. O exemplo do novo Governo é atual e tangível. (...) Os olhos de Passos Coelhos estão postos no Reino Unido. Se não formos ao fundo é aquele o nosso caminho”. A particularidade desta frase é que ela foi escrita há quase quatro anos pelo mesmo Ricardo Costa que agora regressa a ela para notar as semelhanças e as diferenças que entretanto fomos percebendo desde 2011. Fiquemos sobretudo pelas diferenças: “Aquilo a que muitos chamaram uma “obsessão” pela austeridade não era apenas um exercício violento de cortes orçamentais, mas — para simplificar — uma ‘libertação’ da economia. (…) É aqui que a equaçã ;o de Passos Coelho simultaneamente se aproxima e se afasta de David Cameron. Porque o arriscadíssimo exercício orçamental que o Governo britânico fez contou com fatores inexistentes em Portugal: uma praça financeira fabulosa, um mercado de trabalho dinâmico, uma demografia ajudada pela imigração e, acima de tudo, uma sociedade civil extraordinária, amiga da liberdade e do risco. Ou seja, um país historicamente liberal de cima a baixo.”
 
Portugal é bem diferente do Reino Unido, mas mesmo assim há mais paralelos a anotar. É o que fez, por exemplo, João Marques de Almeida, aqui no Observador, em A explicação para a vitória dos Conservadores. Eis um dos seus argumentos: “Apesar do que diz o líder do PS, no Reino Unido também houve “austeridade” (…)Os trabalhistas, tal como os socialistas em Portugal, são vítimas da sua própria propaganda. A maioria dos britânicos sabe que os últimos anos foram difíceis, mas sabe que nenhum país pode gastar mais do que produz. Por isso, sabe que a “austeridade” era inevitável, e não o resultado de uma escolha política ou ideológica. E também sabe que o último governo trabalhista foi o responsável pela necessidade de uma política de “austeridade”. Os britânicos pensaram de uma forma muito simples. O governo fez o que tinha que ser feito, a economia está a recuperar, e por isso decidiram não colocar em causa os sacrifícios dos últimos cinco anos.”
 
Antes de passar à frente internacional, quero ainda chamar a atenção para a crónica de André Azevedo Alves, também no Observador, “Labour as we know it will never rule again” (“O Partido Trabalhista radicalizou o discurso anti-austeridade e as suas propostas igualitaristas. Acabou por registar o pior resultado em 50 anos. Foi o preço da rejeição da herança de Tony Blair.”) e recordar a que já aqui citei no último Macroscópio, Lições inglesas, de Rui Ramos (“Não admitir erros, negar os problemas, e prometer facilidades não é sempre uma receita de sucesso. Os Trabalh istas, que fizeram tudo isso, sofreram a sua maior derrota em trinta anos.”)



 
No que respeita às análises da imprensa internacional, e até porque já me estendi um pouco, vou cingir-me à questão europeia, isto é, aos desafios que este resultado coloca à Europa, uma vez que uma das promessas de Cameron é a de dar a palavra aos britânicos para eles escolherem se querem ou não continuar a pertencer União Europeia. Alguns destaques:
  • Wolfgang Münchau, um colunista de inclinações federalistas do Financial Times, na tradução do Diário de Notícias (texto original aqui), O que significa para a Europa a vitória eleitoral de David Cameron : “Os apoiantes da permanência britânica na UE consolam-se com as sondagens de opinião que parecem mostrar uma maioria para a sua posição. Não se deixem enganar. Ninguém consegue prever a esta distância o resultado de um referendo. E além disso, quem pode confiar em sondagens depois da semana passada? É mais instrutivo olhar para a dinâmica política. Aí temos o nacionalismo ressurgente na Escócia e uma possível contrarreação inglesa - um cocktail que em nada ajuda a causa europeia.”
  • Carl Bildt, antigo primeiro-ministro da Suécia= C em artigo para o Preject Syndicate, David Cameron’s Europe: “Cameron’s remarkable victory should be viewed as an opportunity to launch a renewed and reformed EU in the next two years. The UK’s European partners expect Cameron to frame the debate that must now begin if a truly stronger EU – one that can face up to its future and its future challenges – is to emerge. But there is also the possibility of it all going terribly wrong. In these dangerous times, the consequences of Europe’s disintegration must not be underestimated.”
  • David Frost, no site Open Europe, defendeu, EU referendum: David Cameron must be ambitious, not cautious, uma estratégia para Cameron negociar com a Europa e, depois, convencer os britânicos a continuarem na União. Terá sempre de conseguir alguma coisa dessa negociação, que será difícil: “It is very unlikely the Government can get everything it wants in one go. Certainly anything that requires Treaty change will need to be taken in more than one stage. So it’s important to set out a long-run vision as well as a set of technical changes. In my own view that vision should be to enable the EU to develop into an inner core around the Euro, an outer core participating in the single market and the single trade policy, and with optional integration between those two cores. That is an ambitious vision and there is no chance of getting there in one step. Others may disagree. But without our own vision we will always be pulled along by those who have a different one.”
  • Iain Martin, n o Telegraph, dá-nos uma perspectiva do ponto de vista da política interna britânica, em David Cameron is a winner now – and his Eurosceptic backbenchers know it: “Indeed, his election triumph puts Mr Cameron in an exceptionally strong position to deal comprehensively with the European question, which will be one of the three great questions that dominates this parliament, along with the economy and the task of creating a federal UK out of the wreckage of the Union between England and Scotland.
 
Antes de terminar, não posso deixar de vos referir o texto que Tony Blair escreveu para o Observer/The Guardian de ontem, domingo: Labour must b e the party of ambition as well as compassion. Pequeno excerto: “The centre ground is as much a state of mind as a set of policies. It means that we appreciate that in today’s world many of the solutions will cross traditional boundaries of left and right. We need not just to be comfortable with this; but actively to seek out the alliances to embrace those outside our tribe as well as within it. Leading the debate over why Britain should stay in Europe offers a great chance to do so.
 
Hoje estendi-me um pouco, mas tal não impediu que muito tivesse ficado por referir. Entretanto, do outro lado da Europa, na Grécia, pode também estar um referendo a caminho. Talvez falando o povo, o povo seja ouvido. Veremos.
 
Bom descanso, e boas leituras.
 
 
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ANTÓNIO FONSECA


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