quinta-feira, 27 de novembro de 2014

MSN - NOTÍCIAS - 27 de Novembro de 2014



Sócrates e justiça: uma guerra que vem desde o dia zero do governo


Jornal i


© Fornecido por Jornal i
Uma das teorias da conspiração em curso é que Sócrates está hoje preso porque sempre foi odiado pelas magistraturas. Como em qualquer teoria da conspiração, metade dos factos são verídicos: o conflito entre José Sócrates e os magistrados vem do dia em que, na apresentação do programa do governo, Sócrates anunciou a intenção de reduzir as férias judiciais de dois meses para um mês. Estávamos em Maio de 2005. "Com esta medida", disse na Assembleia da República, "centenas de milhares de processos deixarão de estar literalmente parados por um tão largo período de tempo, o que será, não tenho dúvidas, um contributo para uma maior celeridade processual."
Caiu de imediato o Carmo e a Trindade entre os representantes do sector. A Associação Sindical dos Juízes (ASJP) reagiu mal, afirmando que as "férias judiciais, exibidas como suposto privilégio dos juízes, são reduzidas, contra a opinião unânime dos profissionais do foro. Mas o governo é incapaz de explicar porque não acaba de vez com elas, tal como sugeriram as magistraturas e o funcionalismo judicial". Justificando querer uma justiça "mais célere", Sócrates acabaria por dar a entender para a opinião pública que as magistraturas gozavam de um maior período de férias que qualquer cidadão funcionário público. A estratégia de Sócrates nesse tempo era impor-se como "o reformista" que tem "coragem para atacar os interesses instalados".
As associações dos profissionais do sector tiveram de vir a público esclarecer que "o período de suspensão da actividade dos tribunais para os actos processuais não urgentes, designado de férias judiciais, nada tem a ver com a duração das férias profissionais dos juízes, dos procuradores ou dos funcionários, que é apenas, como sempre foi, o legalmente previsto para todos os funcionários do Estado".A relação entre o novo primeiro-ministro Sócrates e os magistrados começa logo sob uma enorme crispação. A relação com o primeiro ministro da Justiça, Alberto Costa, virá a ser sempre muito difícil. As coisas desanuviam um bocadinho quando Alberto Martins é nomeado ministro e o governo recua na questão das férias judiciais - suspendendo os prazos processuais na última quinzena de Julho e "aumentando" as férias judiciais para mês e meio. "Aplaudo a decisão, que é fruto de ter um secretário de Estado [João Correia] que, como advogado, conhece muito bem os tribunais e a impossibilidade de haver só um mês de paragem", reagiu na altura o penalista Germano Marques da Silva.
Quando em 2007 o governo decide equipar os magistrados às outras carreiras da função pública, o confronto sobe de tom. António Cluny era presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público e, na altura, afirma que "igualar o que pela sua natureza constitucional não é igual é fazer tábua rasa da Constituição". E diz: "Noutras palavras - pronunciadas em tempos por alguns dos actuais responsáveis do governo - significa partir a espinha ao modelo constitucional de independência da justiça portuguesa, que, entre outros aspectos, assenta no facto de os magistrados não serem considerados funcionários dependentes do governo." Ao usar a expressão "partir a espinha", António Cluny está a fazer uma alusão a uma frase que chocou os magistrados: em conversas privadas que teve - mas que depois acabaram por ser transmitidas a alguns magistrados -, Sócrates terá admitido a intenção de "partir a espinha ao Ministério Público".
O Código de Processo Penal é aprovado em 2007 e depois é alvo de algumas modificações. Em 2010, António Cluny escreve contra a reforma da justiça penal, que teria em vista "primordialmente obstaculizar a investigação de factos relevantes na área da criminalidade económica e financeira que fragilizavam alguns agentes políticos" e também "visavam por omissão impedir a necessária reforma das fases de julgamento e recurso, de molde a dificultar o julgamento tempestivo desses mesmos factos, quando e se, finalmente, as investigações pudessem chegar a porto relativamente seguro".Os magistrados acusam Sócrates de querer interferir na justiça acusando-o de pretender "uma mudança de paradigma do direito e dos seus instrumentos de efectivação: os tribunais".

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José Sócrates arrasado pelo "Libération"


Jornal i

© Fornecido por Jornal i
O jornal francês "Libération" arrasa José Sócrates num artigo publicado na edição desta quarta-feira sobre a detenção do ex-primeiro-ministro. No título, o jornal escreve:"Sócrates, a queda de um oportunista sem ideologia". Além disso, acusa Sócrates de ser um político "duvidoso", "sempre bordeline", "sanguíneo, autoritário e de estilo cintilante à la Sarkozy". O correspondente do "Libération" em Madrid expões as suspeitas que levaram à detenção de Sócrates e explica como "o modo de vida em Paris chamou a atenção da brigada financeira portuguesa", como o seu motorista "fazia regulares viagens Lisboa-Paris para lhe entregar grandes quantidades de dinheiro em cash" e como o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva serviu de pivô num esquema de transferencias financeiras. O "apartamento no valor de 2,8 milhões de euros, a frequência de restaurantes de luxo e as escutas telefónicas fizeram o resto".
No artigo, é ainda referido como Sócrates destruiu o seu "retrato político bem merecido, de um cidadão honesto que serviu o seu país o melhor possível" e passou a ser o "líder duvidoso, esse produto mediático ou o politico Armani envolvido em vários escândalos dos quais conseguiu, de cada vez, escapar às garras da justiça".     
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Sócrates ao PÚBLICO: “As imputações que me são dirigidas são absurdas, injustas e infundamentadas”

Público
Preso preventivamente desde a noite de segunda-feira, 24, e detido para interrogatório nos três dias anteriores, José Sócrates, 57 anos, esteve em silêncio sobre o caso mais mediático do país - o seu - durante cinco longos dias. Nesta quarta-feira à tarde ditou, de uma cabine telefónica da prisão de Évora, onde se encontra desde segunda-feira, uma carta ao seu advogado, João Araújo, para entregar ao PÚBLICO.
Nela, invocando "legítima defesa", diz considerar "absurdas, injustas e infundamentadas" as acusações de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais que a justiça portuguesa lhe dirigiu. Nesse texto, de oito parágrafos, afirma que "este caso tem também contornos políticos”.
O texto começa por uma imagem que evoca o “ascetismo” filosófico: “Fora do mundo”, é como José Sócrates diz estar, há cinco dias. E logo avança para a sua primeira crítica - ao “crime” que diz estar a ser cometido, contra a Justiça e contra si. Para o ex-primeiro-ministro, esse crime tem um autor: a acusação, ou seja, o Ministério Público.
De seguida, Sócrates garante que, “em legítima defesa”, irá, “conforme for entendendo”, “desmentir as falsidades lançadas sobre mim e responsabilizar os que as engendraram”. 
E é só no quarto parágrafo que aborda a questão essencial, e aquela porque aguardavam a maioria dos que seguem o seu caso. Ainda assim, Sócrates detém-se primeiro nos aspectos processuais - “A minha detenção para interrogatório foi um abuso e o espectáculo montado em torno dela uma infâmia” - para só depois falar da substância das acusações que sobre si recaem: “As imputações que me são dirigidas são absurdas, injustas e infundamentadas.” A escolha das palavras é esta. Depois dessa frase, Sócrates queixa-se da “humilhação gratuita” que sofreu com a decisão do juiz Carlos Alexandre de o colocar em prisão preventiva, uma medida de coacção que considera ser “injustificada”.
O texto tem, então, uma passagem quase sarcástica, aquela em que o homem que dirigiu o Governo durante sete anos, cinco dos quais com maioria absoluta, descobre “uma lição de vida” sobre o poder. O “verdadeiro poder - de prender e de libertar”. Neste texto, e nas circunstâncias que o produziram, é fácil encontrar figuras de estilo pouco habituais nos discursos políticos. O que dizer da frase, naturalmente dirigida aos que o prenderam, mas que parece ter uma ressonância quase pessoal, se lida por muitos dos que o acusavam de ser autoritário? “Não raro, a prepotência   atraiçoa o prepotente.”
O final da declaração é guardado para marcar uma fronteira. “Este é um caso da Justiça e é com a Justiça Democrática que será resolvido.” Porém, Sócrates não deixa de ver aqui “contornos políticos” - mas não aprofunda o tema. A intenção torna-se clara a seguir. Sócrates agradece a solidariedade de amigos e camaradas. Mas exige que a política não se misture no seu caso. “Este processo é comigo e só comigo. Qualquer envolvimento do Partido Socialista só me prejudicaria, prejudicaria o Partido e prejudicaria a Democracia.” Assim, por esta ordem. Sócrates parece dizer que não é por nenhuma grandeza retórica que pede o afastamento do PS (ver pág.10), é porque a mistura, indesejada, entre o processo e o partido prejudicá-lo-ia, em primeiro lugar.
E no fim, uma frase que parece demonstrar o ânimo que nele têm visto, e sublinhado, os que o viram depois da detenção: do advogado, João Araújo, a Mário Soares e Capoulas Santos. Se tivesse reticências, no final, a frase soaria, quase, a bravata. Assim, é uma quase-constatação: “Este processo só agora começou.”
Para já, sai à liça o advogado que nesta quarta-feira anunciou, à agência Lusa, que na próxima semana vai pedir a libertação do ex-primeiro-ministro, por considerar que a sua prisão preventiva é ilegal. João Araújo indicou que o recurso que irá apresentar no Tribunal da Relação de Lisboa visa a libertação do ex-líder socialista, justificando que a sua detenção está ferida de ilegalidade por "questões substanciais", que não especificou.
O advogado disse ainda que pretende fazer esta semana uma visita de trabalho a José Sócrates no Estabelecimento Prisional de Évora para "analisar a situação e o despacho do juiz" de instrução.
© Fornecido por Publico
Entre a “bandalheira” e a “normalidade”
A situação, já se sabe, suscita opiniões muito diversas e retrato disso é o fosso entre a leitura que o actual Presidente da República e o antigo chefe de Estado Mário Soares fazem do caso. A partir de Évora, onde foi ontem visitar o ex-primeiro-ministro, o fundador do PS qualificou o caso como uma “bandalheira”, enquanto em Abu Dhabi, onde se encontra em visita oficial (ver pág. 14), Cavaco Silva considerou que “as instituições democráticas estão a funcionar com toda a normalidade”.
Apesar da multiplicação, na comunicação social estrangeira, de notícias sobre a detenção de Sócrates, o Presidente da República diz acreditar que a imagem de Portugal não sofrerá grandes danos. “Até há duas semanas, Portugal estava com uma muito boa imagem nos mercados externos, na União Europeia e fora da União Europeia”, começou por dizer, numa menção temporal alargada para abarcar também o caso dos vistos gold. “Estou convencido de que essa imagem não se vai alterar significativamente”, afirmou Cavaco Silva, acrescentando: “Quem nos observa verifica que as instituições democráticas estão a funcionar com toda a normalidade no nosso país.”
Sobre o caso em si, recusou pronunciar-se: "No respeito pelo princípio da separação de poderes, eu entendo que, como Presidente da República, não devo acrescentar uma única palavra sobre esse assunto."
Livre desse jugo, o histórico líder socialista Mário Soares criticou duramente o facto de o ex-primeiro-ministro estar preso preventivamente, qualificando o caso como "político" e orquestrado por "malandros". "Todo o PS está contra esta bandalheira", disse, apesar de considerar que este caso não tem "nada a ver com os socialistas". Uma declaração que contrasta com o pedido feito por António Costa para que o partido não fosse envolvido "na apreciação de um processo que, como é próprio de um Estado de direito, só à Justiça cabe conduzir com plena independência".
Sobre o encontro propriamente dito, Soares usou a palavra "emoção" para o descrever: “Ficou emocionado por eu estar [a visitá-lo] e eu fiquei emocionado por vê-lo.” O ex-Presidente disse que falaram "sobre tudo", comentando que está "muito bem" e com "um moral fantástico". Com Maria Lopes, em Abu Dhabi, e Lusa 
Mais informação esta manhã na edição em papel e online do PÚBLICO
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ANTÓNIO FONSECA

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

NOTÍCIAS AO MINUTO - 26 DE nOVEMBRO DE 2014

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BPN Ex-ministro de Cavaco ganhou mais de 80 milhões ilegais

O antigo ministro da Saúde de Cavaco Silva, Arlindo de Carvalho, está acusado de ter ficado ilegitimamente com mais de 80 milhões de euros do Banco Português de Negócios (BPN), noticia esta sexta-feira o jornal i.
POLÍTICA
Ex-ministro de Cavaco ganhou mais de 80 milhões ilegais
DR
O despacho de acusação do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), a que o i teve acesso, revela que Arlindo de Carvalho, ex-ministro da Saúde de Cavaco Silva, e José Neto, seu sócio e antigo também governante, seriam dois dos ‘testas-de-ferro’ do esquema comandado pelo presidente do BPN, José Oliveira Costa, para esconder os investimentos e a aquisição de património pelo grupo BPN/SLN.


Na edição de hoje, o jornal adianta que o antigo ministro de Cavaco e o seu sócio são acusados pelo Ministério Público de terem recebido ilegitimamente mais de 80 milhões de euros.
Os dois arguidos no processo BPN terão ganho 46 milhões de euros de financiamento do BPN e 32,4 milhões de financiamento do Banco Insular, que nunca foram pagos, explica o i, acrescentando que, além disso, os dois terão recebido ainda cerca de 2 milhões pela aquisição de imóveis a Ricardo Oliveira, outro dos alegados ‘testa-de-ferro’ igualmente acusado no processo, mais 889 mil euros de juros creditados “indevidamente” numa conta pessoal que tinham no BPN.
Os dois são acusados de um crime de burla qualificada, abuso de confiança e fraude fiscal qualificada, em co-autoria.

noticiasaominuto

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ANTONIO FONSECA

NOTICÍAS - OBSERVADOR - MACROSCÓPIO - 26 de Novembro de 2014


Macroscópio – A visita de Mário Soares e as opções de Costa

Observador (newsletters@observador.pt)
 
 
19:09
 
 Grupos, Newsletters
Para: antoniofonseca1940@hotmail.com


Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!
 
 
 
Tinha prometido, mas não vou cumprir. A actualidade continua a ser demasiado dominada pela prisão preventiva de José Sócrates para que outros temas possam ocupar o Maroscópio. Mas vou procurar um ângulo diferente: o dos desafios que este caso coloca ao Partido Socialista. Até porque a ida de Mário Soares a Évora, para visitar o antigo primeiro-ministro, e as declarações que fez à saída – "Todo o PS está contra esta bandalheira" – colocaram sob pressão a linha de grande serenidade que António Costa tem vindo a impor ao partido. Mesmo considerando que os jornalistas foram cruéis na forma como pressionaram o antigo Presidente da República, aquilo que ele disse veio de dentro, sem dissimulações, para o melhor e para o pior.
 
Antes de ir a vários textos que discutem o caminho a seguir pelo PS, deixem-me começar por vos referir um em que se critica a posição que tanto o PS como o PSD têm vindo a assumir publicamente. É o de João Cardoso Rosas, professor de ciência política da Universidade do Minho, apoiante de Seguro nas recentes primárias. Ele defende que as declarações no sentido de se dever separar a justiça da política “são enganadoras porque não visam respeitar a independência da justiça, mas antes proteger os agentes políticos”. Isto porque têm “medo das consequências para os seus.” Vai mesmo mais longe e escreve que essas declarações “são também perversas porque visam esconder que os crimes de corrupção em causa”.
 
Opinião radicalmente diferente é a de Luís Rosa, director do jornal I, para quem o “o secretário-geral do PS mostrou que aprendeu com os erros do caso Casa Pia e revelou um sentido de Estado que teve a adesão da generalidade dos seus camaradas de partido – inclusive dos chamados socráticos.” Porém, como Costa sabe que pode ser prejudicado aos olhos dos eleitores com este caso, a sugestão que lhe deixa é “que se afaste de Sócrates”:
Não deixa contudo de ser uma oportunidade de eliminar o socratismo como tendência e impedir qualquer condicionamento futuro do ex-líder socialista. Não ter socráticos na direcção nacional do PS, como o i noticiou ontem, é um primeiro passo nesse sentido. O que António José Seguro não conseguiu passou a ser um objectivo de António Costa.
 
Helena Matos segue por caminhos muito semelhantes no texto que escreveu aqui no Observador, “E daí?”. Eis uma das passagens desse artigo:
A vantagem (alguma havia de existir) que a actual situação traz a António Costa é que tem aqui o motivo mais que suficiente não para apagar pessoas das fotografias, mas para as tirar da sua equipa, que em boa verdade é quase uma equipa de Sócrates sem Sócrates. Já o escrevi e repito: partindo do princípio de que Costa quer ganhar as próximas legislativas, Ferro Rodrigues foi uma péssima escolha para líder parlamentar.
 
O editorial do Diário de Notícias também discute o futuro do PS. Em “O dia depois”, André Macedo nota que “para quem observa de fora, é fácil exigir esta linha política (contenção) imposta por António CostaDifícil é concretizá-la num ambiente palavroso e com interesses divergentes, como acontece nos partidos.” Dificuldades que antevia de forma precisa e premonitória: “As visitas à prisão de Évora, normais e até pessoalmente corajosas, podem transformar-se em comícios capazes de acender o rastilho.”
 
Mas António Costa não terá apenas de lidar com as visitas à prisão de Évora – terá também de enfrentar a desconfiança de muitos sectores da opinião pública. É isso que lembra Bruno Faria Lopesno Diário Económico: “Não chega a António Costa dizer que o PS é uma coisa e Sócrates outra. A suspeita de corrupção (quem terá corrompido?) leva-nos a duvidar das decisões tomadas na era Sócrates. Leva-nos a questionar, no mínimo, a capacidade de julgamento de algumas pessoas que rodeavam Sócrates e que rodeiam agora Costa.”
 
Ou seja, regressamos ao tema das escolhas que o novo líder do PS terá de fazer para formar a sua direcção política. Por exemplo: que papel reservará a Ferro Rodrigues, um líder parlamentar que tem feito questão de defender, ou de simplesmente evocar, José Sócrates? Camilo Lourenço já notou que “é esta colagem, que se Costa não encorajou pelo menos não hostilizou, que pesa agora como chumbo sobre os ombros do secretário-geral.” No mesmo jornal, Nuno Carregueiro parece ter uma visão bem diferente, ao defender que “afirmar hoje que o "caso Sócrates" vai custar a vitória nas legislativas a António Costa é tão absurdo como nesta altura dizer que foi a falta de supervisão que levou ao colapso do BES.”
 
Destaque final para dois textos que regressam ao tema de saber o que é importante neste caso: se o circunstancialismo da investigação judicial, se aquilo que está a ser investigado. O tema também esteve presente em três dos textos que já citámos (os deHelena MatosLuís Rosa e Bruno Faria Lopes), mas é absolutamente central na crónica de David Dinis aqui no Observador, intitulada “Não ser mais suspeito do que o suspeito”. Nela o autor faz um exercício muito simples: pega num grupo alargado de citações de Clara Ferreira Alves e de Miguel Sousa Tavares, retiradas de um debate realizado na SIC Notícias, e acrescenta pequeníssimos comentários. Para concluir: “Num mundo ideal, as imagens de Sócrates a sair do aeroporto não tinham acontecido. Mas num mundo ideal, quem está a investigar casos destes não deve ser mais suspeito do que o suspeito. É só isto.”
 
Num outro texto, também editado aqui no Observador, Maria João Marques considera que há um conjunto de comentadores para quem “pode ruir tudo menos a imagem de José Sócrates”. Na sua opinião aquilo que é realmente “radioativo para a Justiça” não são algumas eventuais dúvidas processuais, mas pessoas como “Pinto Monteiro e Noronha do Nascimento – os dois responsáveis pela supressão das escutas a José Sócrates que um juiz considerou poderem configurar um crime de atentado ao estado de direito – indo alegremente à apresentação do livro daquele que beneficiou das suas atuações, sem qualquer pudor ou, sequer, preocupação com a necessidade de protegerem a reputação profissional.
 
Espero ter-vos dado, de novo, mais uma variedade de pontos de vista. Volto amanhã, agora sem prometer nada sobre eventuais temas.
 
Bom descanso e boas leituras. 

 
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ANTÓNIO FONSECA

NOTÍCIAS - OBSERVADOR - HORA DE FECHO - 26 de Novembro de 2014


Hora de Fecho: Mulher do advogado de Sócrates apaga tweets

Observador (newsletters@observador.pt)
 
 
17:11
 
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Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
CASO SÓCRATES 
Duas mensagens publicadas pela mulher do advogado de José Sócrates na rede social Twitter a propósito do inquérito ao ex-primeiro ministro geraram polémica. A consultora já apagou os tweets.
CASO SÓCRATES 
Mário Soares foi à prisão de Évora defender Sócrates contra "os malandros". Diz que "todo o PS" defende Sócrates, culpou jornalistas e que este é "um caso político".
CASO SÓCRATES 
O Presidente da República disse não querer comentar o caso por causa da separação de poderes, mas deixou claro que o caso não vai abalar a imagem de Portugal nos mercados.
LISBOA 
A chuva começou a fazer estragos e, pela terceira vez no espaço de dois meses, a capital está a ser fustigada por inundações em certas zonas.
CASO SÓCRATES 
Sócrates teria cerca de 20 milhões de euros no BES, mas retirou-os quando soaram os primeiros alarmes. O dinheiro foi dividido por seis bancos, num gesto que poderá estar na origem da investigação.
OPERAÇÃO MARQUÊS 
O Ministério Público abriu um inquérito para apurar se existiu ou não violação de segredo de justiça durante a investigação que levou à detenção de José Sócrates.
CASO SÓCRATES 
A Octapharma, multinacional francesa na qual José Sócrates exercia o cargo de presidente de Conselho Consultivo, revelou esta terça-feira que cessou o vínculo com o ex-primeiro-ministro.
LIBERDADE CONDICIONADA 
Escrever, manter a família próxima, não alienar-se da vida extramuros e envolver-se com a comunidade em redor. São estes alguns dos conselhos para suportar uma vida entre barras prisionais.
COMISSÃO DE INQUÉRITO AO BES 
Um dos juristas que deu parecer sobre a idoneidade do ex-presidente do BES contraria tese do governador e diz que Banco de Portugal tinha poderes para afastar Salgado. PSD volta a chamar Carlos Costa. 
Opinião

Helena Matos
A vantagem que a actual situação traz a António Costa é que tem aqui motivo não para apagar pessoas das fotografias, mas para as tirar da sua equipa, que é quase uma equipa de Sócrates sem Sócrates. 

Maria João Marques
E é esta a sensação que perdura das críticas ferozes ao processo: os críticos revelam mais a sua visão insidiosa do mundo, a que se acostumaram nos tempos socráticos, do que analisam a realidade 

David Dinis
Num mundo ideal, as imagens de Sócrates a sair do aeroporto não tinham acontecido. Mas num mundo ideal, quem está a investigar casos destes não deve ser mais suspeito do que o suspeito. É só isto.

José Manuel Fernandes
Durante muitos anos muita gente não quis ver, não quis ouvir, não quis ler, recusou tomar conhecimento. Sócrates estava acima disso. Sócrates não tolerava dúvidas. Mas é altura de aceitar a realidade.

Rui Ramos
Como poderão os cidadãos confiar outra vez num regime cuja classe política não parece ter meios ou vontade para escrutinar e filtrar os menos idóneos?
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