quarta-feira, 20 de junho de 2018

Linda Coletânea: Animais Descobrindo os Outros e ao Mundo

EXPRESSO

Martim Silva
POR MARTIM SILVA
Diretor-Executivo
 
PS ou PSD: Que governos são mais amigos da natalidade?
Boa tarde,
Esta é a sua newsletter da tarde. Que abre com um trabalho que fomos fazer à volta das políticas públicas de incentivo da natalidade em Portugal. O problema é agudo e muitas vezes enche as bocas dos políticos. Mas afinal, qual dos lados é mais amigo da natalidade?
O melhor é mesmo ir ler o trabalho da Sónia Lourenço e da Raquel Albuquerque.

Um líder à frente de uma orquestra desafinada
Rui Rio foi às jornadas parlamentares do PSD explicar a sua receita para fazer oposição. Recebido com frieza por deputados que não escolheu, só ouviu aplausos quando malhou no Governo. E admitiu, mais uma vez, a hipótese de perder as eleições...

Ainda em matéria política, destaque para mais uma edição semanal da Comissão Política, o podcast de política do Expresso, que já está disponível para ouvir AQUI.

Ministério Público investiga casas que Pinho vendeu a fundo do BES em 2009
DCIAP pediu a fundo que é agora gerido pelo Novo Banco documentos dos negócios imobiliários na Rua Saraiva de Carvalho, em Lisboa. Na investigação sobre Pinho foram entretanto ouvidos na semana passada dois ex-administradores da EDP

“O fracasso é a regra, não a exceção”
Um terço das startups portuguesas fecha ao fim de um ano e só 32% consegue fintar o “vale da morte” e chegar aos oito anos. O insucesso é natural no mundo dos negócios. Em Portugal continua a ser tabu, reconhecem os especialistas.

“Matteo Salvini tem razão mas as suas decisões são erradas”
Quando toca a analisar o que se passou na semana passada, quando mais de 600 pessoas vindas da Líbia estiveram durante horas dentro de um navio, em águas altas, sem saber o que lhes ia acontecer, depois de o novo Governo italiano aparentemente liderado por Giuseppe Conte ter começado a cumprir uma das suas principais promessas de campanha e recusado o desembarque num porto italiano, há várias conclusões a retirar mas a principal talvez seja que não há países mais generosos ou responsáveis do que outros no que diz respeito à questão dos refugiados, há apenas países mais hábeis em disfarçar as suas intenções e que nos levam a confundir interesses políticos com humanismo. Izza Leghtas, advogada do Europe Refugees International, resume em poucas mas incisivas palavras o que está acontecer: “Todos são responsáveis por isto, todos falharam a diferentes níveis. Itália e Malta porque negaram a entrada dos navios e os restantes países da Europa porque não fizeram a sua parte e não aceitaram os refugiados e migrantes que deveriam ter aceite”, diz ao Expresso
Amanhã o Mundial continua e é dia de Portugal-Marrocos, pela hora de almoço.
No Expresso Diário de hoje fomos entrevistar Álvaro Magalhães, treinador de futebol e antiga glória do Benfica. Porquê Álvaro? Desde logo, porque foi um dos futebolistas nacionais que há 32 anos participou no México na mais famosa das derrotas da nossa seleção contra aquele país africano. A entrevista é a Isabel Paulo.

Álvaro Magalhães: “Hoje, um caso Saltillo na seleção é impensável. No México, a organização era à balda”
O antigo lateral-esquerdo do Benfica e da seleção ainda tem reservas em falar do que se passou em Saltillo, em 1986. Sem pessoalizar, Álvaro Magalhães conta que houve baldas, sobretudo da FPF, que explicam a derrota por 3-1 contra Marrocos, adversário que Portugal enfrenta esta quarta-feira, 32 anos depois. Sem os pecados do passado, mas com “erros a corrigir” em relação ao jogo com Espanha

Vá seguindo o que se passa na Rússia com o nosso trabalho especial na Tribuna.

Nós andamos por aqui. Fique você também por aí.

Boas leituras
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LER O EXPRESSO DIÁRIO
JUSTIÇA
Ministério Público investiga casas que Pinho vendeu a fundo do BES em 2009
DCIAP pediu a fundo que é agora gerido pelo Novo Banco documentos dos negócios imobiliários na Rua Saraiva de Carvalho, em Lisboa. Na investigação sobre Pinho foram entretanto ouvidos na semana passada dois ex-administradores da EDP
ANÁLISE Um líder à frente de uma orquestra desafinada
Rui Rio foi às jornadas parlamentares do PSD explicar a sua receita para fazer oposição. Recebido com frieza por deputados que não escolheu, só ouviu aplausos quando malhou no Governo. E admitiu, mais uma vez, a hipótese de perder as eleições
POLÍTICASPS ou PSD: Que governos são mais amigos da natalidade?
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FUTEBOL 32 anos depois do caos, há um novo Portugal-Marrocos: “Um caso como naquela altura era impensável agora”
FUTEBOL 32 anos depois do caos, há um novo Portugal-Marrocos: “Um caso como naquela altura era impensável agora”
Ricardo Costa
A armadilha das 35 horas semanais
 
Francisco Louçã
Esquecimento é que não foi
 
Lídia Paralta Gomes, enviada à Rússia
As Nações Unidas da Praça Vermelha
 
Daniel Oliveira
Donald love Kim
 
INTERNET
Nicole Kidman e Oprah Winfrey assinam pelos gigantes do streaming
SOCIEDADE
Refugiados. Portugal deve aprender com os erros da Europa, defendem especialistas
ISTARTUP
Porque falham as startups?

OBSERVADOR

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Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
PSD 
PSD já admite que não há dinheiro para pagar aos professores. Em entrevista, Negrão desvaloriza fraca assistência durante discurso de abertura das jornadas, e não dá como garantido chumbo ao OE.
PSD 
Rio não quer saber de "falhas pequeninas" do Governo. Na Guarda, desmontou "aldrabice" do milagre económico, ao mesmo tempo que se manteve "colaborante". Eis a "receita", gostem os deputados ou não.
ORÇAMENTO DO ESTADO 
Uma trapalhada no arranque das negociações do Orçamento para 2019: António Costa tinha desmarcado reunião com o Catarina Martins e voltou a ter de a marcar depois de Bloco ter ficado incomodado.
PRESIDENTE TRUMP 
As fotografias mostram dezenas de crianças a serem retiradas dos seus pais por guardas armados e a serem colocadas em celas onde ficam dezenas de pessoas em simultâneo.
BRUNO DE CARVALHO 
O presidente do Sporting respondeu ao artigo de opinião de três membros demissionários da comissão directiva através do Facebook. Chamou-lhes "ratos e cobardes".
SPORTING 
Luís Gestas, próximo do PS, fala de "abraços triplos" que o tentaram com ofertas profissionais para deixar direção do Sporting. No facebook revelou SMS e disse "basta" aos "dirigentes partidários".
ZONA EURO 
Chanceler alemã disse, no final de um encontro com o presidente francês, que a União Europeia está prestes a "abrir um novo capítulo" na sua história.
MUNDIAL 2018 
Numa entrevista ao El País, o selecionador do Irão revelou uma conversa que teve com o capitão da seleção quando ambos estavam no Manchester United e falou da rivalidade entre Ronaldo e Messi.
MUNDIAL 2018 
O Senegal já vence a Polónia por 1-0 no segundo jogo de hoje. No primeiro, o Japão venceu a Colômbia de Falcao e James por 2-1. Fernando Santos faz a antevisão do embate com Marrocos às 17h15.
FAMÍLIA REAL BRITÂNICA 
A bebé de Zara Phillips e Mike Tindal nasceu na segunda-feira com quase 4,2kg. O nome ainda não se conhece. O anúncio foi feito esta terça-feira através da conta de Twitter da família real.
CELEBRIDADES 
Billy Bob Thornton falou sobre os anos de relacionamento com Angelina Jolie, dizendo que "foi uma altura ótima". Sobre a separação, admite: "Tínhamos estilos de vida diferentes".
Opinião

José Milhazes
No dia de abertura do Campeonato, o primeiro-ministro russo anunciou o aumento da idade da reforma de 60 para 65 para os homens e de 55 para 63 para as mulheres. E fez subir o IVA de 18 para 20%.

Bruno Vieira Amaral
O Brasil está em convalescença futebolística desde que se convenceu que o mundo lhe deve sempre mais estrelas do que aquelas que ostenta na camisola.

Pedro Líbano Monteiro
E se eu quiser ser outra coisa? E se não me enquadro em nenhum dos cursos? E se não encontro na faculdade a ferramenta que preciso? Foi o meu caso, por isso deixei meia licenciatura por fazer

Alexandre Homem Cristo
Nas situações em que as escolas com contrato de associação prestam um serviço educativo melhor que a escola estadual, qual o sentido de extinguir o contrato e optar pela pior solução para os alunos?

Maria de Sousa Pereira Coutinho
A “utopia trans-humanista” reside em se considerar o progresso como uma transformação da nossa concepção de vida e da própria “condição humana”, a fim de se obter um outro ser humano, um “homem novo".
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OBSERVADOR

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360º

Por Filomena Martins, Diretora Adjunta
Bom dia!
Enquanto dormia... 
... um relatório do Observatório dos Sistemas de Saúde traça um panorama negro no sector. Diz que os hospitais públicos estão endividados e "à beira de um ataque de nervos" e que ninguém conhece o número de profissionais  que existem.
O SEF deixou que entrassem ilegalmente em Portugal três marroquinos através do aeroporto de LisboaOs fugitivos viajavam com bilhetes para o Mundial da Rússia, pelo que não precisavam de visto para entrar naquele país, conta o DN.

A Organização Mundial de Saúde passou a considerar o distúrbio com videojogos uma doença mental e retirou a transsexualidade da lista.
O 'rapper' norte-americano XXXTentacion morreu após ter sido baleado na Flórida à porta de uma loja de motos. Estava associado a várias polémicas, mas em março o seu segundo álbum, “?”, foi o mais vendido nos Estados Unidos.
Em Itália, depois de se recusar a receber o barco com 600 refugiados, Matteo Salvini quer agora fazer o recenseamento dos ciganos no país e expulsar os que não são italianos.
Em Espanha, Pedro Sánchez recuou na intenção de marcar eleições antecipadas. Quer ficar até 2020 e mostrou pela primeira vez a sua nova vida na Moncloa. Já no PP, continua a guerra pela sucessão de Rajoy. Com tanta política, a entrada na prisão de Iñaki Urdangarin, o cunhado do rei, quase passou despercebida.

Em França, é um sermão de Macron a um adolescente que está a dar que falar.




No Mundial de futebol... 
... um homem armado disparou sobre adeptos que festejavam a vitória da seleção sueca num café em Malmö. Fez pelo menos dois mortos e dois feridos, mas a polícia descarta a hipótese de atentado.

Para além da vitória da Suécia, também Inglaterra e Bélgica se estrearam a ganhar. Mas os suecos, com Granqvist a fazer de sem Ibrahimovic, só marcaram um golo à Coreia do Sul. A Inglaterra também teve dificuldades para bater a Tunísia, valendo uma cabeçada de Kane no minuto 90. Já a Bélgica 'despachou' facilmente o estreante Panamá por 3-0. Os golos em 3D estão aqui.
A análise do 5º. dia do Mundial russo (e do empate brasileiro) está neste artigo do Bruno Vieira Amaral.

E as primeiras novidades desta terça-feira, véspera do Portugal-Marrocos, já estão no nosso liveblog.



No Sporting... 
... as rescisões dos jogadores "mais valiosos" ameaçam a "liquidez" da SAD. A informação foi comunicado pela auditora do clube, a PWC, à CMVMdurante a madrugada.
Rui Patrício tornou-se o primeiro dos jogadores que rescindiu a garantir um novo contratoVai jogar no Wolverhampton de Nuno Espírito Santo nas próximas quatro temporadas.
Já o Sporting pode tentar contratar (de novo) Slimani. O jogador é o principal alvo para o ataque e pode ser um dos reforços apresentados esta semana.
Mihajlovic, que foi oficializado como treinador, prometeu uma época melhor que a do ano passado, mas não o título. O sérvio, nascido na Croácia, assinou por três temporadas e vai receber que dois milhões por ano. Conhecido pelo mau feitio e opiniões controversas (no mínimo), salvou um tio durante a guerra dos Balcãs, fez grande parte da carreira em Itália e era especialista em livres, que marcava como pode ver neste vídeo.
Artur Torres Pereira, presidente da Comissão de Gestão, deu a sua primeira entrevista à CMTV. Para dizer que o novo treinador não devia ter sido contratado, porque o presidente está suspenso. Antes recebera uma carta de Bruno de Carvalho a dizer que não lhe reconhece "nenhuma legitimidade".



Outra informação relevante Larry Summers, o reconhecido economista, ex-secretário do Tesouro de Clinton e principal conselheiro económico de Obama, é o convidado principal do Fórum do BCE que decorre em Sintra. Em entrevista ao Nuno André Martins, diz que "os argumentos de Trump para impor tarifas” são um absurdo.
Ser líder do PSD vale a Rui Rio um ordenado de 5.074 euros brutos por mêsÉ o equivalente ao de um vice-primeiro-ministro, mas é quase metade do que ganhava no privado. A notícia é do Rui Pedro Antunes.

Rio que continua a se boicotado pelos deputados sociais-democratasAs primeiras jornadas parlamentares da sua era só contaram com metade da bancada.

A "geringonça” começa hoje a discutir o último Orçamento desta legislatura. E esse é um grande, grande, pormenor, como sublinha a Rita Tavares, porque todos os partidos estão com os olhos nas legislativas (e europeias) de 2019. As últimas sondagens afastam o PS da maioria.

Um dos temas que mais pode complicar a engrenagem entre os partidos que apoiam o Governo é o das alterações ao Código Laboral. Os especialistas em Direito do Trabalho ouvidos pelo Nuno Vinha dizem que reduzem a flexibilidade, restringem contratações a termo e extinguem os bancos de horas individuais.

O outro assunto fracturante é o dos professores. Ontem, no primeiro dia de greve às avaliações, o braço de ferro entre sindicatos e Governo teve um novo capítulo. Se forem decretados serviços mínimos, Mário Nogueira garante que não haverá acordo. Mas os pais estão do lado do ministro e ameaçam escolher colégios privados se os professores não repensarem a forma de protesto. Os diretores de escola dizem mesmo que o início do próximo ano lectivo está a ser colocado em causa. E até o PSD já recuou no apoio às reivindicações dos docentes e pôs-se (quase) ao lado do ministério.

A talho de foice, o primeiro exame do ano foi o de Filosofia do 11.º anoOs critérios de correção são estes.

E nos negócios, o que falhou na compra da Media Capital pela Altice? A Altice culpou os reguladores, mas essa não foi a única razão, como explica a Ana Suspiro.
Lá fora, a tolerância zero nas fronteiras dos EUA está a separar as crianças das suas famíliasTrump diz que não, que os "piores criminosos do mundo" estão apenas a usar os miúdos para entrar no país. Mas nem a mulher concorda com ele depois de ver crianças em celas num armazém do Texas. Uma foto do drama tornou-se viral.



Os nossos Especiais 
Se está muito apaixonado, este texto é para si. Segundo Frank Tallis, psicólogo e autor de "O Romântico Incurável", que relata histórias verídicas de amores enlouquecedores, "quando as pessoas estão loucamente apaixonadas, estão num estado muito semelhante ao de uma doença mental”. A entrevista, a ler, é da Rita Porto.




A nossa opinião
  • Pedro Líbano Monteiro escreve sobre os jovens e a Universidade: "E se eu quiser ser outra coisa? E se não me enquadro em nenhum dos cursos? E se não encontro na faculdade a ferramenta que preciso? Foi o meu caso, por isso deixei meia licenciatura por fazer".
  • José Milhazes escreve sobre a Rússia para além do Mundial: "No dia de abertura do Campeonato, o primeiro-ministro russo anunciou o aumento da idade da reforma de 60 para 65 para os homens e de 55 para 63 para as mulheres. E fez subir o IVA de 18 para 20%".
  • Paulo de Almeida Sande escreve sobre a seleção e Ronaldo: "Eu, português, da Nação dos lusitanos, “Estou Aqui”, sou da têmpera dos antigos Descobridores, sou do tamanho do Cristiano, o melhor do Mundo. Tenho direito a ser feliz. Façam lá o favor de ganhar".



Notícias surpreendentes 
A lista do The World's 50 Best Restaurants é revelada esta terça-feira. Mas, afinal, como é que se avalia a melhor comida do mundo? O Diogo Lopes, que está em Bilbao e vai acompanhar a cerimónia em directo, explica que há algoritmos, ciência, mas também boas vidas no processo. A festa mistura arte e gastronomia, por isso, além de chefs, terá Joana Vasconcelos e um bolo gigante.

Penso que não preciso de lhe dizer que está um calor de ananases. Por isso deve ler os conselhos que a Direção Geral de Saúde dá para estes dias de 40 graus.
E para terminar, uma boa notícia: o software português da Critical Software vai ser “o cérebro” da BMW e ajudar a desenvolver os carros do futuro.

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EXPRESSO CURTO


VÍTOR MATOS
EDITOR DE POLÍTICA
 
Se todas as carreiras políticas acabam mal...
19 de Junho de 2018
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Bom dia!
Todas as carreiras políticas acabam mal, com uma derrota ou uma saída de cena em baixa. Não é que Angela Merkel possa acabar já assim, tão depressa, mas corre riscos. E nós com ela. Se com a ascensão de Trump nos Estados Unidos e com o Brexit na Europa tinha passado a ser a líder do mundo livre, agora parece mais uma líder em queda livre, como conta o Der Spiegel online num artigo onde dá uma ideia da perda de força da chanceler. Do ponto de vista alemão (mas não só), o mundo está a colapsar e não é apenas por a toda-poderosa Alemanha campeã do mundo ter perdido com o México na estreia do Mundial. Merkel tem cada vez menos poder e influência. E resta a Europa para salvar a Alemanha, ou assim parece. Neste caso, até para salvar o Governo alemão. O problema? Muitos. Mas sobretudo imigrantes e refugiados e uma líder cada vez mais isolada na sua decência.

Angela Merkel, que durante os anos da crise foi o rosto da frieza financeira da Europa da austeridade, agora é a cara do europeísmo de rosto humano, na defesa dos valores europeus contra os populismos e xenofobias. “Estou na expectativa de uma solução europeia. Só pode ser uma solução europeia”, respondeu Merkel ontem a uma jornalista durante uma conferência de imprensa, quase impotente perante o impasse em que está o seu próprio Governo, como escreve a Cristina Peres no Expresso Diário.

A chanceler está em conflito com o seu próprio ministro do do Interior, Horst Seehofer, da CSU, o partido “irmão” da CDU que se coliga com os democratas-cristãos há décadas. Seehofer pretende que os migrantes já registados noutros Estados-membros da União Europeia tenham a entrada recusada na Alemanha.Não só isso colocaria em causa a livre circulação na UE, como poderia ter um efeito dominó que levaria os outros países a restringir ainda mais a entrada de imigrantes e refugiados. Veríamos mais navios à deriva no Mediterrâneo e mais líderes políticos louvados pela falta de escúpulos. A Europa do pós-guerra acabou. A memória é apenas um filme a preto e branco.

Uma líder enfraquecida em casa, em conflito com um ministro aliado, apela à salvação externa na próxima cimeira europeia no fim do mês, para que se encontre uma solução. No contexto atual, não será fácil. Se a Europa não se desintegrou com a crise do Euro, parece para lá caminha a passos mais largos com a crise dos refugiados. O eurodeputado Paulo Rangel explica o contexto alemão num artigo hoje no Público e alerta para os perigos da extrema direita na Alemanha. Está tudo a voltar ao início do fim. Leiam por favor “O Mundo de Ontem” do austríaco Stefan Zweig e está lá tudo. A Europa antes da Grande Guerra parece a Europa de hoje, mas que não se repita. E que a carreira da chanceler não acabe tão mal de modo a acabar connosco também

OUTRAS NOTÍCIAS

Portugal vive noutra dimensão. Somos apanhados por notícias aparentemente longínquas sem notar que estão aqui tão perto. Os problemas da Europa central não parecem nossos. Nem mesmo os de Espanha parecem tão perto. Ou do Mediterrâneo que é ali. Mas tudo cá chegará a seu tempo. Para já, apenas notícias como esta, de que "o SEF deixou escapar mais três marroquinos do aeroporto", como titula o Diário de Notícias.

Na política doméstica, temos António Costa a ignorar a “revolta” da bancada do PS na semana passada por causa do acordo de Concertação Social que altera várias leis laborais e que uma parte dos deputados socialistas não apreciou, como conta aqui no Expresso Diário a Rosa Pedroso Lima. O ministro Vieira da Silva, para justificar a sua posição na polémica que já transbordou dos parceiros de esquerda para o próprio partido, escreve um artigo no Público a explicar as intenções do Governo: “Como é típico de matérias tão sensíveis e decisivas, elas exigem capacidade de diálogo e compromisso de todas as partes envolvidas. Mas tal não impediu um acordo maioritário na Concertação Social. Porque o seu conteúdo corresponde às necessidades e aos anseios da grande maioria dos cidadãos”, alega o ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social. JáMarcelo Rebelo de Sousa, tem dúvidas dúvidas sobre o período experimental que já foi chumbado pelo Constitucional em 2008, avança o Negócios.

Enquanto a “geringonça” começa a discutir o último Orçamento da legislatura, ao mais alto nível e a olhar para as legislativas (artigo do Observador), Marcelo Rebelo de Sousa volta a insistir no bom senso dos partidos de esquerda para aprovarem o Orçamento do Estado. No aniversário da Confederação das Câmaras de Comércio e Indústria (CCIP), segundo o Público, e com o argumento da instabilidade internacional, o Presidente continua a pedir estabilidade na frente interna: “Que até às eleições europeias da Primavera e legislativas do Outono haja estabilidade política, ainda que pontuada pelo confronto pré-eleitoral que já começou e que, como aliás é uso, se poderá intensificar a partir de Setembro e sobretudo de Janeiro de 2019. Assim esse confronto não crie situações imprevisíveis ou mesmo inexequíveis para a trajectória orçamental em curso”, disse Marcelo.

Enquanto os professores estão em guerra com o Governo e em greve como protesto pela contagem de tempo das carreiras, o PSD realiza na Guarda as suas jornadas parlamentares (com apenas metade dos deputados) e começa a moderar as críticas ao Executivo nesta matéria. Embora o líder parlamentar, Fernando Negrão, continue a dizer que o Governo deve manter-se fiel à sua palavra, admite votar ao lado do Governo no caso de haver iniciativas parlamentares a exigir o pagamento integral do tempo de carreiras congelado, como conta aqui o Diário de Notícias. O Expresso tinha noticiado este sábado que Marcelo rebelo de Sousa estava preocupado com a posição do PSD nesta matéria, porque os sociais-democratas poderiam causar uma crise orçamental ou ajudar a abrir um precedente jurídico que acautelasse todas as situações idênticas no futuro.

Foi uma noite de contestação na Câmara Municipal do Porto. Lá fora, uma manifestação organizada pelo Movimento Direito à Cidade protestava contra o aumento de despejos, sobretudo no centro histórico da cidade, por causa da pressão imobiliária e do aumento das rendas. Lá dentro, e por iniciativa do Bloco de Esquerda, decorreu uma sessão extraordinária da Assembleia Municipal, sobre o tema. As acusações políticas subiram de tom, com o presidente da Câmara a analisar as razões desta pressão imobiliária, a criticar a comunicação social pela forma como tem noticiado o assunto e a responsabilizar PS, CDU e BE por não aprovarem as leis consideradas indispensáveis para a resolução desta questão. A crítica passou depois para o Facebook. “O que fizeram BE e CDU na Assembleia da República sobre a lei do arrendamento? O que fizeram em Lisboa?”, questionou Rui Moreira na rede social. “Nada. Pois essa é uma responsabilidade do Parlamento e do Governo que suportam”.

“Ó Evaristo, tens cá Visto?”, pergunta Mariana Mortágua em título, num artigo de opinião publicado no JN, que dá os vistos Gold como uma das razões da “espiral especulativa em curso nos mercados imobiliários de Lisboa e Porto”: os vistos gold “não atraíram investimento produtivo, não criaram emprego, não acrescentaram nada ao país a não ser um mercado de luxo que está a contribuir para deixar milhares de pessoas sem casa que possam pagar.” Mas o problema, prossegue, “não está apenas naquilo para que os vistos gold não servem. O problema está no verdadeiro propósito deste regime, que é vender a cidadania europeia a milionários.”

Miguel Cadilhe desafia PSD a deixar de “assobiar para o lado” na causa do interior. Para o economista e coordenador das políticas fiscais do Movimento pelo Interior, a defesa do território deve ser uma das principais causas da social-democracia, incluindo neste conceito também uma parte do PS. "Não há uma causa tão difícil, tão nobre e tão exigente e tão esquecida e, por isso, o PSD fará muito bem se finalmente pegar na causa do interior e fizer disto uma matéria de grande reformismo", afirmou.

O Programa Nacional para Coesão Territorial vai sofrer “uma revisão”, revela o ministro Adjunto Pedro Siza Vieira. O Governo vai fazer uma reprogramação do Portugal 2020 para que uma parte das verbas destinadas aos incentivos ao investimento empresarial sejam “exclusivamente dedicadas aos territórios do interior”

Portugal não sabe quantos profissionais de saúde estão a trabalhar, noticia a Rádio Renascença. "Qualquer definição política de prioridades de recursos humanos está desde logo ameaçada", afirma um dos coordenadores do Relatório de Primavera 2018 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde.

Um jovem de 18 anos morreu ontem na sequência do tiroteio numa rua da zona central de Malmö. Um homem disparou vários tirossobre um grupo de pessoas na cidade sueca que celebravam a vitória da seleção da Suécia sobre a Coreia do Sul, por 1-0, provocando cinco feridos.

Os EUA rejeitam pedir desculpa por crianças separadas das famílias na fronteira com o México. As autoridades norte-americanas confirmam que cerca de 2000 migrantes menores foram separados das famílias na fronteira nas últimas seis semanas, no âmbito da política “tolerância zero” aos imigrantes ilegais. A ONU diz aos EUA que unidade familiar deve ser preservada perante caso de crianças separadas.

O número de refugiados no mundo continua a aumentar. Segundo o El Pais, no final de 2017 havia 25,4 milhões de pessoas beneficiárias de proteção internacional, contra 22,5 milhões no na anterior. Os dados são do Alto Comissariado da ONU para os refugiados.

Foi já desativado “o plano de emergência territorial que tinha sido posto em marcha pela Generalitat de Valência na passada semana para receber os migrantes resgatados pelo navio Aquarius. Chegaram 630 pessoas - já contando com um bebé que nasceu a bordo do navio humanitário”. A Agência de Segurança e Resposta a Emergências faz um balanço positivo da “Operação Esperança do Mediterrâneo”, que envolveu mais de 2.300 pessoas, escreve a Rádio Renascença.

Donald Trump ordenou o Pentágono a criar uma força armada do espaço. O chefe de Estado norte-americano não forneceu pormenores sobre a missão que terá a nova divisão militar, mas disse: “Não queremos que a China e a Rússia e outros países nos ultrapassem”.

Pequim retaliou e o Presidente dos EUA não gostou: Trump ameaça com novas taxas sobre produtos chineses e abre nova trincheira na guerra comercial. Em causa estão 200 mil milhões de dólares, valor que se junta à imposição de taxas de 25% sobre produtos chineses na ordem dos 50 mil milhões de dólares.

Quase dois anos depois do referendo que aprovou o Brexit, a Câmara dos Lordes anunciou querer maior poder do Parlamento na saída da União Europeia.

Os festivais de música “valem” quase 100 milhões para os patrocinadores, noticia o Negócios, citando dados da Cision. Trata-se de um cálculo sobre a exposição mediática das marcas associadas a estes eventos durante o ano de 2017.

A Organização Mundial de Saúde classifica desde ontem os distúrbios de videojogos como doença mental. Como explica o Público, a entidade diz que o problema provoca uma “falta de controlo crescente que impede a realização de atividades normais num período superior a um ano”.

À terceira não foi de vez. Como escreve o Negócios, desde que a espanhola Prisa comprou a Media Capital, em 2005, já “tentou vendê-la três vezes e três vezes falhou. Duas à mercê dos reguladores, uma por força política.”

Mas vamos ao que interessa realmente. O Mundial ontem (quase) não teve surpresas: a Inglaterra ganhou à Tunísia no último minuto por 2-1, a Bélgica cilindrou o Panamá por 3-0 e a Suécia venceu a República da Coreia por um golo. Mais do que os jogos de hoje, começamos a pensar em amanhã, no jogo de Portugal com Marrocos. Carlos Queirós, treinador do Irão, diz ao “i” que Cristiano Ronaldo ganha jogos sozinho. Que assim seja, amanhã também.

MANCHETES


Público: “Cuidados continuados em casa perdem 10% de vagas em três anos”

Diário de Notícias: “SEF deixou escapar mais três marroqunos no aeroporto"

Jornal de Notícias: “Semana de 35 horas já absorveu três mil enfermeiros”

i: “Greve de professores. Serviços mínimos incendeiam mais os ânimos”

Correio da Manhã: “Menor esfaqueado em fantasia sexual”

Jornal de Negócios: “Crédito está a voltar às empresas”

O QUE ANDO A LER


NÃO FICÇÃO

Não há como um repórter para nos contar histórias. Victor Sebestyen, jornalista e historiador britânico nascido húngaro - trabalhou toda a vida em jornais ingleses - conta-nos a vida de Vladimir Iliich Ulianov em“Lenine, o Ditador” (Objectiva). O título dá-nos o posicionamento do autor distanciado do objecto e a narrativa agarra-nos como só um bom jornalista ou um romancista conseguem fazer. Mas o subtítulo da obra é o que mais diferencia esta biografia de outras: “Um retrato íntimo”.

E num retrato íntimo de uma das figuras históricas mais estudadas do século XX, queremos saber o quê? Não só os episódios mais inacessíveis, mas também a essência do homem. É o mais difícil de captar numa biografia: o reduto mais escondido do espírito do personagem. Uma biografia pode descrever uma sucessão de acontecimentos ou de factos, pode ser fiável e empolgante, mas se falhar na tentativa de revelar o âmago do biografado é apenas uma cronologia bem escrita. E Sebestyesn esforça-se por nos dar esse relato interior de uma figura tão complexa, num exercício arriscado como biógrafo.

Nada como fazer uma comparação. Vou quase a meio de “Lenine, o Ditador” e não cheguei tão longe nas duas primeiras biografias de Lenine que comecei a ler. Por exemplo, Dmitiri Volkogonov escreveu “Lenine: Uma nova biografia” (Edições 70), com a mais valia de acrescentar as informações da documentação secreta que do KGB classificada como “guardar para sempre”. A propósito de uma tentativa de atentado contra Lenine, Volkogonov escreve que “nunca ninguém viu Lenine assustado, deprimido ou confuso. Furioso, irritado, excitado ou surpreendido, com certeza, mas, em geral, conseguia controlar as suas emoções, mesmo quando sentia que tudo estava por um fio”.

Victor Sebestyen, no entanto, faz um retrato menos heróico: é certo que apresenta Lenine como tendo uma convicção pessoal e autoconfiança “inabaláveis” que são o segredo do seu sucesso e da própria revolução. Mas também descreve um homem diferente do da biografia de de Volkogonov. Um líder ciclotímico, com períodos frenéticos que alternavam com fases quase depressivas, por exemplo, nesta passagem: “As fúrias de Lenine, a cadência e a intensidade frenética com que trabalhava e as crises políticas regulares a minaram-lhe a saúde. Ao longo de toda a sua vida, quando estava sob tensão, sofreu de enxaquecas debilitantes, cãimbras abdominais e insónias que o deixavam prostrado deesgotamento nervoso. Estava à beira do colapso, como sabia Nadia”, a sua mulher. Nesta fase da vida, depois das revoltas de 1905 em São Petersburgo, quando estava em Genebra, soube que sofria de hipertensão e que um dia poderia vir a morrer de enfarte. Os seus outros problemas não eram gástricos, mas nervosos, disse-lhe um médico: “Foi-lhe dito que o seu verdadeiro problema não estava no aparelho digestivo, ‘é o cérebro’ - um diagnóstico que nenhum outro especialista formulou quase até ao fim da vida dele”. Nunca mais um médico voltou a dizer-lhe isto e o próprio Lenine terá escondido esta opinião médica de Nadia.

Se quiser saber mais sobre Lenine, tem ainda uma terceira biografia muito factual, de outro especialista: “Lenine”, de Robert Service(Edições Europa-América) - que tem também uma excelente biografia de Trotski (Aletheia), melhor que a do líder da revolução russa.
FICÇÃO

Ou talvez não seja tanto ficção, uma vez que o autor já revelou que só às vezes as personagens são inventadas. José Riço Direitinho escreveu “O Escuro que te Ilumina”, um livro pornográfico, mas que não se esgota na linguagem explícita nem nas descrições cruas de cenas de sexo. É também um romance sobre a solidão urbana e acerca de um platonismo obsessivo que conduz o narrador a comportamentos para lá dos limites. É sobre o desequlíbrio de uma ausência de amor. Escrito em forma de diário, começa a 1 de janeiro, a dizer: “A minha mais ousada fantasia sexual és tu”. Sabemos que os escritores tendem a mentir-nos e Riço Direitinho não é exceção. A fantasia sexual assumida pelo personagem dissoluto e libertino é afinal um amor adolescente e platónico por uma vizinha em relação à qual nunca descreve o mesmo tipo de situações dissolutas. É um livro sobre a libertinagem que se pode viver num certo submundo de Lisboa, mas não é um romance sobre o mal, como os livros do Marquês de Sade, apesar da linguagem semelhante com 300 anos de diferença. É um texto sobre um imenso vazio.
 
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