Sobral de Monte Agraço
Sobral de Monte Agraço | |
Praça Dr. Eugénio Dias | |
Gentílico | Sobralense |
Área | 52,10 km² |
População | 10 541 hab. (2021) |
Densidade populacional | 202,3 hab./km² |
N.º de freguesias | 3 |
Presidente da câmara municipal | José Alberto Quintino (PCP-PEV, 2021-2025) |
Fundação do município (ou foral) | 1519 |
Região (NUTS II) | Centro |
Sub-região (NUTS III) | Oeste |
Distrito | Lisboa |
Província | Estremadura |
Orago | Nossa Senhora da Vida |
Feriado municipal | Quinta-feira de Ascensão |
Código postal | 2590 Sobral de Monte Agraço |
Sítio oficial | CM Sobral Monte Agraço |
Município de Portugal |
Sobral de Monte Agraço é uma vila portuguesa no distrito de Lisboa e integrada na Comunidade Intermunicipal do Oeste, NUTII do Centro, com cerca de 2 900 habitantes.[1]
É sede do pequeno município de Sobral de Monte Agraço com 52,10 km² de área[2] e 10 541 habitantes (2021),[3] subdividido em 3 freguesias.[4] O município é limitado a norte pelo município de Torres Vedras, a nordeste por Alenquer, a este e sudeste por Arruda dos Vinhos e a sudoeste e oeste por Mafra.
Freguesias
As freguesias do Sobral de Monte Agraço são as seguintes:
História
O mais antigo documento que se conhece relativamente ao concelho de Sobral de Monte Agraço é datado de 1 de Outubro de 1186, sendo uma carta de doação do rei D. Sancho I ao bispo de Évora, D. Paio, do reguengo do Soveral. Logo se começou a desenvolver um agregado populacional neste reguengo, junto à Igreja de São Salvador e dos Passos.[5]
A população mais importante começou a desenvolver-se no reguengo de Monte Agraço, na altura Montagraço, junto à Capela de São Salvador do Mundo, zona atualmente denominada de Cachimbos - Santo Quintino. Este aglomerado manteve-se até meados do século XVI, bem como os edifícios públicos, que só nessa altura foram deslocados para a zona onde atualmente se encontra a Vila de Sobral de Monte Agraço.[6]
D. João I, em 1386, atribuiu “carta de privilégio” a este concelho, em recompensa do seu papel activo durante o cerco de Torres Vedras.
A posse de Monte Agraço permaneceu nas mãos episcopais de Évora até à fundação do Colégio do Espírito Santo e Universidade. Em 1518, o Rei D. Manuel I atribui o Foral a Monte Agraço, pelo qual são consignados as liberdades e garantias de pessoas e bens, a imposição de impostos sobre transações, as multas por delitos e desrespeito às normas, os privilégios dos moradores e de algumas pessoas e organismos em particular e, muito especialmente, a determinação dos direitos fiscais, até então desalinhados, por carência da legislação apropriada.[7]
Em 1561, D. Henrique conseguiu bula de Pio IV para unir o concelho de Monte Agraço ao Colégio e Universidade e separá-lo do episcopado de Évora.
Após a expulsão dos Jesuítas de Portugal, imposta por D. José I, em 1759 e a confiscação dos seus bens, o Senhorio de Monte Agraço voltou para a Coroa. No ano de 1770, Joaquim Inácio da Cruz, fidalgo da Casa Real, arrematou em hasta pública os bens e os direitos do reguengo.
Sobral de Monte Agraço foi oferecida como Senhorio Honorífico em 1771, por D. José I a Joaquim Inácio da Cruz, Tesoureiro-Mor do Erário Régio, que adoptou então o sobrenome "Sobral". Os seus descendentes foram feitos, sucessivamente Barões, Viscondes e Condes de Sobral.[8] Joaquim Inácio da Cruz mandou construir um conjunto de infraestruturas a vila de Sobral de Monte Agraço não possuía nesse tempo. Para além do Solar da Família Sobral, mandou edificar a Casa da Câmara e a cadeia, o chafariz, a praça pública, de traça pombalina, estradas e pontes. Mandou fazer a pesquisa de águas nas suas terras, abrir minas para abastecer a vila e deu incentivos à fixação de fábricas. Faleceu em 1781, sem deixar descendência, passando o Morgado do Sobral para o seu irmão Anselmo José da Cruz.[7]
Durante a Guerra Peninsular, Sobral de Monte Agraço estava integrada nas Linhas de Torres. Em Outubro de 1810, o Exército Francês chefiado por André Massena aproximou-se das Linhas, verificando que os Portugueses tinham submetido a área defronte das mesmas a uma política de terra queimada. Depois de uma escaramuça em Sobral de Monte Agraço, no dia 14 de Outubro, os Franceses aperceberam-se que não conseguiriam avançar mais. O historiador militar britânico Charles Oman escreveu que "ao alvorecer nessa manhã de 14 de Outubro, em Sobral, a maré napoleónica atingiu o seu ponto mais elevado". No episódio da terceira invasão francesa, Sobral de Monte Agraço teve um papel decisivo ao travar a progressão das tropas francesas a caminho de Lisboa, nomeadamente através dos combates de Sobral e Seramena e do Forte Grande do Alqueidão.
A vila de Sobral de Monte Agraço foi elevada a sede de Concelho em 1821. O Concelho foi extinto em 1832 e restaurado em 1836, passando a abranger, também, a freguesia de S. Quintino que até aí pertencia a Lisboa.
A 10 de Fevereiro de 1887 é decretada a transferência da sede do concelho de Arruda para Sobral de Monte Agraço.
Por Decreto de 13 de Janeiro de 1898 é restaurado o concelho do Sobral com a freguesia de Sapataria. Foi esta a última reforma do Concelho.[5]
Evolução da População do Município
De acordo com os dados do INE o distrito de Lisboa registou em 2021 um acréscimo populacional na ordem dos 1.1% relativamente aos resultados do censo de 2011. No concelho de Sobral de Monte Agraço esse acréscimo rondou os 3.8%.
Número de habitantes [9] | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 | 2021 |
4 722 | 4 825 | 5 647 | 5 747 | 6 039 | 6 058 | 6 845 | 7 220 | 7 425 | 7 744 | 7 116 | 7 863 | 7 245 | 8 927 | 10 156 | 10 540 |
(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram.)
Número de habitantes por Grupo Etário [10] [11] | |||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 | 2021 | |
0-14 Anos | 2 047 | 2 082 | 1 974 | 2 175 | 2 191 | 1 937 | 1 795 | 1 590 | 1 736 | 1 308 | 1 384 | 1 690 | 1 593 |
15-24 Anos | 946 | 1 027 | 1 129 | 1 267 | 1 214 | 1 257 | 1 294 | 855 | 994 | 1 013 | 1 197 | 999 | 1 163 |
25-64 Anos | 2 362 | 2 429 | 2 512 | 2 973 | 3 259 | 3 522 | 3 947 | 3 905 | 4 034 | 3 721 | 4 733 | 5 644 | 5 615 |
= ou > 65 Anos | 386 | 374 | 422 | 485 | 558 | 576 | 708 | 865 | 1 099 | 1 203 | 1 613 | 1 823 | 2 169 |
(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no município à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)
Património
Política
O município de Sobral de Monte Agraço é administrado por uma câmara municipal composta por 5 vereadores. Existe uma assembleia municipal, que é o órgão legislativo do município, constituída por 18 deputados (dos quais 15 eleitos diretamente).
O cargo de Presidente da Câmara Municipal é atualmente ocupado por José Alberto Quintino, eleito nas eleições autárquicas de 2021 pela CDU - Coligação Democrática Unitária (composta pelo Partido Comunista Português e o Partido Ecologista Os Verdes), tendo maioria absoluta de vereadores na câmara (3).
Nas eleições Autárquicas de 2021, foi reeleito José Alberto Quintino, pela CDU - Coligação Democrática Unitária, tendo sido eleitos ainda um vereador pelo PS e outro pela coligação Juntos Pela Nossa Terra (PSD/CDS-PP). Na Assembleia Municipal o partido mais representado é novamente a CDU (PCP-PEV) com 7 deputados eleitos e 2 presidentes de Juntas de Freguesia, seguindo-se o Partido Socialista (4;0), a coligação Juntos Pela Nossa Terra (4; 0), e o Movimento Independente - Move-te (0;1). O Presidente da Assembleia Municipal é Júlio Lourenço Rodrigues, da CDU.
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Eleições autárquicas [12]
Data | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V | % | V | Participação |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
PS | FEPU/APU/CDU | PPD/PSD | PCTP/MRPP | AD | PPM | CDS-PP | PSD-CDS | ||||||||||
1976 | 42,07 | 2 | 35,64 | 2 | 17,21 | 1 | 55,20 / 100,00 | ||||||||||
1979 | 26,08 | 1 | 45,77 | 3 | 24,26 | 1 | 0,83 | - | 71,80 / 100,00 | ||||||||
1982 | 21,06 | 1 | 54,65 | 3 | AD | 3,02 | - | 16,05 | 1 | AD | 70,46 / 100,00 | ||||||
1985 | 23,40 | 1 | 70,99 | 4 | 64,89 / 100,00 | ||||||||||||
1989 | 12,63 | - | 64,96 | 4 | 19,08 | 1 | 65,01 / 100,00 | ||||||||||
1993 | 11,40 | - | 65,79 | 4 | 18,53 | 1 | 66,11 / 100,00 | ||||||||||
1997 | 17,54 | 1 | 64,30 | 4 | 10,68 | - | 3,01 | - | 60,42 / 100,00 | ||||||||
2001 | 24,01 | 1 | 57,67 | 4 | CDS-PP | PPD/PSD | 13,42 | - | 57,86 / 100,00 | ||||||||
2005 | 23,94 | 1 | 54,28 | 3 | PSD-CDS | 15,80 | 1 | 60,01 / 100,00 | |||||||||
2009 | 17,61 | 1 | 54,33 | 3 | 23,95 | 1 | 58,73 / 100,00 | ||||||||||
2013 | 28,28 | 1 | 48,55 | 3 | 18,41 | 1 | 57,48 / 100,00 | ||||||||||
2017 | 26,20 | 1 | 50,36 | 3 | 19,38 | 1 | 58,75 / 100,00 | ||||||||||
2021 | 27,77 | 1 | 42,89 | 3 | 24,01 | 1 | 57,79 / 100,00 |
Eleições legislativas
Data | % | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
PS | PCP | PSD | CDS | UDP | APU/ | AD | FRS | PRD | PSN | B.E. | PAN | PSD CDS | L | CH | IL | |
1976 | 40,68 | 29,05 | 13,08 | 4,28 | 1,25 | |||||||||||
1979 | 27,98 | APU | AD | AD | 1,34 | 36,86 | 25,58 | |||||||||
1980 | FRS | 1,25 | 35,90 | 27,50 | 23,93 | |||||||||||
1983 | 32,00 | 15,94 | 4,24 | PSR | 40,96 | |||||||||||
1985 | 17,92 | 16,68 | 3,59 | 1,02 | 34,32 | 20,23 | ||||||||||
1987 | 19,10 | CDU | 33,16 | 2,68 | 0,82 | 30,11 | 6,69 | |||||||||
1991 | 25,72 | 38,70 | 2,80 | 20,69 | 1,11 | 2,04 | ||||||||||
1995 | 41,16 | 22,43 | 7,41 | 0,74 | 21,58 | 0,14 | ||||||||||
1999 | 43,48 | 20,21 | 6,18 | 22,02 | 0,38 | 2,49 | ||||||||||
2002 | 37,53 | 28,73 | 7,38 | 17,63 | 3,05 | |||||||||||
2005 | 45,51 | 19,63 | 5,18 | 15,68 | 6,71 | |||||||||||
2009 | 35,44 | 20,23 | 8,36 | 17,36 | 10,16 | |||||||||||
2011 | 27,81 | 29,08 | 11,42 | 15,61 | 5,25 | 1,04 | ||||||||||
2015 | 30,94 | CDS | PSD | 18,62 | 10,14 | 1,39 | 29,29 | 0,76 | ||||||||
2019 | 38,22 | 18,31 | 3,55 | 14,41 | 8,36 | 3,14 | 1,28 | 1,42 | 1,40 | |||||||
2022[13] | 41,83 | 21,48 | 1,36 | 8,42 | 4,13 | 1,52 | 1,64 | 9,07 | 5,56 |
Cultura
- Cine-Teatro de Sobral de Monte Agraço, construído em 1945
Festas e feiras
- Festa e Feira de Verão: uma semana de Setembro, desde o sábado antes do segundo domingo: corridas de touros, largada de touros, concertos, exposições, feira de artesanato, quermesse, música, teatro, entre outros, variável de ano para ano. As festas têm como ponto alto as largadas e concertos na Praça Dr. Eugénio Dias.
- Tasquinhas - em Outubro.
As Festas da Vila na segunda semana de Setembro não são religiosas, são festas cívicas denominadas desde o início de Festas e Feira de Verão. Foram criadas em 1912 pela Câmara Municipal sob uma proposta de Matias Ferreira e só tiveram programa escrito em 1913. Nos anos de 1912 e 1913 os pontos altos foram os concertos pela Banda da Polícia Municipal de Lisboa (atual Banda da Guarda Nacional Republicana), as touradas e a exposição de gados.[carece de fontes]
A festa religiosa de Nossa Senhora da Vida e Santa Aurélia era a 15 de Agosto e deixou de fazer-se em 1918 depois de a igreja ter sido assaltada e profanada na véspera das exéquias de Sidónio Pais. Foi substituída pela Feira de 15 de Agosto que passou a ter a exposição de gados que foi suprimida das Festas, deixou de fazer-se nos anos 50 do século XX.[carece de fontes]
Festa de Santo António com Missa, Sermão e Procissão e recitação da coroa de 7 mistérios no dia do santo, 13 de Junho, sendo que a última foi em 1918.[carece de fontes]
Bodo de São Brás, a 3 de Fevereiro, com carros de bois com toldo que levavam as carnes e o pão para serem benzidos na Igreja do Salvador e distribuídos pelos pobres. A imagem de São Brás destruída no assalto à igreja foi restaurada no início do século XXI e é atribuída à escola de Machado de Castro.[carece de fontes]
Ver também
Referências
- ↑ INE (2013). Anuário Estatístico da Região Centro 2012 (PDF). Lisboa: Instituto Nacional de Estatística. p. 31. ISBN 978-989-25-0217-5. ISSN 0872-5055. Consultado em 5 de maio de 2014
- ↑ Instituto Geográfico Português (2013). «Áreas das freguesias, municípios e distritos/ilhas da CAOP 2013». Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013. Direção-Geral do Território. Consultado em 28 de novembro de 2013. Arquivado do original (XLS-ZIP) em 13 de novembro de 2017
- ↑ «Portal do INE». www.ine.pt. Consultado em 26 de julho de 2022
- ↑ Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.
- ↑ ab Redação. «Portugal SOS - Tudo sobre Portugal e os Portugueses, lá, cá e no mundo - História de Sobral de Monte Agraço». www.portugalsos.com. Consultado em 8 de setembro de 2021
- ↑ «Património Religioso». CM Sobral de Monte Agraço. Consultado em 8 de setembro de 2021
- ↑ ab «História». CM Sobral de Monte Agraço. Consultado em 8 de setembro de 2021
- ↑ http://www.cm-sobral.pt/historia/
- ↑ Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
- ↑ INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
- ↑ INE - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=0011166&contexto=bd&selTab=tab2
- ↑ «Concelho de Sobral de Monte Agraço : Autárquicas Resultados 2021 : Dossier : Grupo Marktest - Grupo Marktest - Estudos de Mercado, Audiências, Marketing Research, Media». www.marktest.com. Consultado em 18 de dezembro de 2021
- ↑ «Eleições Legislativas 2022 - Sobral de Monte Agraço». legislativas2022.mai.gov.pt. Consultado em 23 de dezembro de 2023
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