Rússia pede calma na península coreana após disparos de mísseis
A Rússia apelou hoje a todas as partes envolvidas no conflito coreano para se acalmarem, depois de a Coreia do Norte ter disparado mais de duas dezenas de mísseis que causaram preocupação na Coreia do Sul.
"Consideramos que todas as partes neste conflito devem evitar quaisquer passos que possam provocar um aumento da tensão", disse o porta-voz do Kremlin (Presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência espanhola EFE.
Peskov disse que a "situação na península já é suficientemente tensa" e insistiu que todos devem permanecer calmos.
A declaração surge depois de a Coreia do Sul ter anunciado o disparo de pelo menos 23 mísseis nas últimas horas.
Um dos mísseis atravessou a chamada "Linha da Fronteira Norte", a divisão marítima 'de facto' entre os dois países, disse o exército sul-coreano.
O disparo desencadeou um raro alerta aéreo na ilha sul-coreana de Ulleungdo, cerca de 120 quilómetros a leste da península da Coreia, onde os residentes foram aconselhados a refugiar-se em abrigos, segundo a agência francesa AFP.
Trata-se da "primeira vez desde a divisão da península" após a Guerra da Coreia em 1953, que um míssil norte-coreano caiu tão perto das águas territoriais da Coreia do Sul, disse o exército de Seul.
O Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, convocou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional para discutir o incidente, que analistas dizem ser um dos mais agressivos e ameaçadores em vários anos.
Yoon considerou que a "provocação norte-coreana é uma invasão territorial 'de facto' por um míssil que atravessou a Linha da Fronteira Norte pela primeira vez desde a divisão" da península, disse a presidência sul-coreana num comunicado.
Ordenou também "medidas rápidas e severas para fazer a Coreia do Norte pagar um preço elevado pelas suas provocações", acrescentou a presidência, sem especificar.
A Coreia do Sul encerrou várias rotas aéreas sobre o Mar do Japão, aconselhando as companhias aéreas a fazerem um desvio para "garantir a segurança dos passageiros" nas viagens para os Estados Unidos e o Japão.
Os disparos ocorreram numa altura em que a Coreia do Sul e os Estados Unidos estão a realizar o maior exercício aéreo conjunto da sua história, apelidado de "Tempestade Vigilante", que envolve centenas de aviões de guerra.
Pyongyang descreveu os exercícios como agressivos e provocadores, noticiou a imprensa oficial norte-coreana.
O marechal Pak Jong Chon, que é secretário do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, advertiu Seul e Washington de que "pagarão o preço mais horrível da História" se atacarem as forças armadas norte-coreanas.
A Coreia do Norte é dos poucos países que apoiam a Rússia na guerra da Ucrânia, que Moscovo desencadeou ao invadir o país vizinho em 24 de fevereiro deste ano.
As duas Coreias estão separadas desde a guerra de 1950-53.
Os dois países continuam tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz.
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