China isola a maior fábrica de iPhones. Ninguém sai nem entra do perímetro, a Apple está em pânico e o Natal em risco
A China decretou um confinamento de sete dias na área que envolve a principal fábrica da gigante tecnológica Foxconn, o maior produtor de iPhones, na região de Zhengzhou, após os últimos relatos que dão conta de trabalhadores a fugir do local durante a noite após uma quarentena forçada, na sequência de um surto localizado de covid-19. A notícia está a ser avançada pela agência financeira Bloomberg que acrescenta que esta decisão vai impactar as exportações da Apple e pode vir a afetar as remessas destinadas a várias partes do globo, sobretudo no Natal.
Depois do cenário dos últimos dias, em que as redes sociais chinesas se encheram de vídeos de jovens trabalhadores a caminhar com sacos às costas depois de terem galgado as vedações da zona industrial, eis que o governo local recorreu ao WeChat (aplicação similar ao Facebook na China) para anunciar o perímetro de isolamento até dia 9 de novembro. Pessoas e veículos só podem ser vistos na via pública por motivos médicos ou razões de força maior.
Com a nova proibição é expectável que o fluxo de trabalhadores e componentes essenciais à montagem dos iPhones seja reduzido, o que deita por terra as ambições da Apple de acelerar as linhas de produção tendo em vista a época natalícia.
A decisão insere-se na política covid zero imposta pelo governo de Xi Jinping e será particularmente prejudicial para a principal de base de operações da Foxconn, que produz quatro dos cinco modelos mais recentes da gigante liderada por Tim Cook e que já estava a braços com uma quarentena interna que afastava mais de 200 mil da linha de montagem e levou centenas de outros a fugir das instalações.
Este isolamento forçado surge após terem sido detetados 359 novos casos de covid-19 em Zhengzhou, na terça-feira, três vezes mais do que no dia anterior.
Doravante, a fábrica passará a operar em “ciclo fechado”, numa bolha isolada e independente do mundo exterior, garantiu a própria Foxconn em comunicado. No entanto, não foi ainda explicitado como irá a empresa enviar e receber componentes necessários à fabricação dos aparelhos tão desejados na maioria dos mercados globais.
Vai ser mais difícil comprar um iPhone este Natal?
Depois da crise de transístores à escala global, de uma pandemia de afetou as vendas e do aumento dos custos de produção devido à guerra na Ucrânia, esta quarentena ocorre num momento crucial para a Apple. Apesar de se ter mantido numa posição bem mais favorável, em termos de vendas, do que os competidores diretos, a gigante norte-americana já tinha desistido de aumentar os índices de produção dos novos modelos de iPhone, depois do aumento da procura não se ter verificado ao longo do ano. Como havia sido noticiado pela Bloomberg, a Apple teve resultados acima das expectativas, mas avisou os consumidores que iria ocorrer uma desaceleração da produção na temporada de festas.
Perante uma tentativa de contacto da Bloomberg, a Apple optou por não se pronunciar sobre este incidente que poderá resultar em perdas milionárias.
Para corresponder às ambições da tecnológica liderada por Tim Cook, a Foxconn está a tentar mitigar uma possível interrupção da linha de montagem e já aumentou os salários, tendo ainda alocado as linhas de produção paradas a outras fábricas sediadas em Zehengzhou. Para além de tudo isto, a produtora chinesa de iPhones tem estado ainda a tentar afastar os rumores de que alguns trabalhadores infetados com covid-19 morreram nas instalações.
Em confinamentos anteriores, Pequim permitiu que membros do Estado e serviços essenciais à economia local tenham contornado as restrições, tal como aconteceu em Shangai, onde as fábricas mantiveram os níveis de produção apesar das quarentenas.
Ainda há esperança para a Apple
As boas notícias para a Apple é que a Foxconn tem reservas substanciais que devem garantir a operacionalidade das linhas de montagem durante algum tempo. Todavia, esse armazenamento não é infinito e dependendo da duração do confinamento podem esgotar-se. De realçar que não seria a primeira ocorrência em que uma quarentena imposta por Pequim se expandiria ao longo de vários meses.
De acordo com a Bloomberg, não é claro se a Foxconn negociou com as autoridades chinesas algum tipo de abastecimento alternativo. Esta fábrica é responsável por 80% da capacidade de produção do iPhone 14, 85% do Iphone 14 Pro, de acordo com o analista da Counterpoint, Ivan Liam, citado pela Bloomberg. A esta instalação chegam, numa base regular, milhares de componentes eletrónicos da Europa e do resto do continente asiático, os aparelhos são então manualmente montados e exportados para o resto do mundo, ou seja, qualquer interrupção representaria um duro golpe para a própria Apple.
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