O presidente da Assembleia da República garantiu que não há qualquer problema nas relações entre Portugal e o Qatar, destacando vários pontos que "não devem ser esquecidos". Augusto Santos Silva está em Doha para assistir ao jogo da seleção nacional.

Os factos em relação ao Qatar que Santos Silva não esquece
Os factos em relação ao Qatar que Santos Silva não esquece© JOSE SENA GOULAO

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, está em Doha, no Qatar, para apoiar a seleção nacional, que enfrenta esta segunda-feira o Uruguai.

Santos Silva afirma que agora faz parte “desta boa tradição inaugurada pelo Presidente Marcelo e pelo primeiro-ministro António Costa”, de “associar as figuras políticas principais do Estado português às iniciativas que no estrangeiro mais prestigiam Portugal”, sendo que o “futebol é uma delas”.

A seleção nacional portuguesa “há 20 anos consecutivos que se qualifica para o mundial” e também há vários anos que “faz parte das 10 melhores seleções”, explica Santos Silva, o que faz do futebol uma das áreas em que Portugal tem mais “projeção internacional e mais influência global”.

Questionado sobre as relações diplomáticas entre Portugal e o Qatar, Santos Silva garante que “não há nenhum problema”, acrescentando que “é um relacionamento diplomático intenso”, sendo que é um dos "Estados do Golfo em que [Portugal tem] um embaixador residente".

“Todos temos de avançar muito na matéria de direitos humanos, temos de avançar no nosso relacionamento e na nossa compreensão mútua, temos de avançar consolidando os domínios em que somos fortes e melhorando nos domínios em que não somos fortes.”

Reconhecendo que há avanços que podem ser feitos, o presidente da Assembleia da República recorda alguns factos que diz que “não devem ser esquecidos”, nomeadamente quando o embaixador português “morreu no posto” ou quando Portugal teve de retirar “dezenas e dezenas de pessoas do Afeganistão”.

“Invocando a minha experiência recente, eu não esqueço dois factos: o primeiro facto é que infelizmente o anterior embaixador de Portugal no Qatar, Ricardo Pracana, morreu no posto e foi inexcedível o apoio que as autoridades qataris prestaram. (…) O segundo facto [foi] quando tivemos de retirar dezenas e dezenas de pessoas do Afeganistão - designadamente afegãos que tinham colaborado com as forças armadas portuguesas - numa operação muito difícil. Fizemo-lo e conseguimos fazer porque contámos com o apoio do Paquistão na rota terrestre e contamos com o apoio do Qatar na rota aérea.”

Tal “como não devem ser esquecidos os pontos a progredir”, estes, segundo Santos Silva, também “não devem ser esquecidos”.

O presidente da Assembleia evoca ainda a “posição muito clara que o Qatar tem tido na Assembleia Geral das Nações Unidas na condenação da guerra contra a Ucrânia” e a “importância do ponto de vista geopolítico e geoeconómico que esta região tem hoje no mundo”.

Para além do apoio à seleção, Augusto Santos Silva está no Qatar para “apoiar os portugueses que se deslocaram ao Qatar para apoiar a seleção” e também “para apoiar o milhar e meio de portugueses que vivem no Qatar e que vibram com a seleção portuguesa”.

“É muito importante que os portugueses, que estão aqui hoje para apoiar a seleção, percebam que está um país inteiro com eles.”

Santos Silva garantiu ainda que a segurança dos residentes lusos no Qatar não está em causa: "Os portugueses aqui residentes podem estar tranquilos, porque, se há coisa que caracteriza a política externa portuguesa é a ação externa de todos os órgãos de soberania, é colocar sempre como prioridade o bem-estar, o interesse, a segurança e a tranquilidade de todos os portugueses que vivem em quase todos os lados do mundo", referiu.