Este é um Mundial marcado pelas proibições que o Catar e a FIFA continuam a fazer a qualquer protesto a favor dos direitos humanos. Desta vez foi uma adepta do Irão que foi abordada pela segurança do estádio por ter consigo uma camisola com o nome de Mahsa Amini, cuja morte levou às manifestações que acontecem no país

Adepta do Irão confrontada pela segurança por segurar camisola com o nome de Mahsa Amini, a jovem que morreu depois de ser detida no país
Adepta do Irão confrontada pela segurança por segurar camisola com o nome de Mahsa Amini, a jovem que morreu depois de ser detida no país© Matthias Hangst

Depois da morte de Mahsa Amini, o Irão entrou num período de protestos nas ruas. A jovem iraniana de 22 anos foi presa a 13 de setembro por ter o hijab mal colocado. Três dias depois, perdeu a vida no hospital. As autoridades do país informaram mais tarde que a morte estaria relacionada com uma doença cerebral, mas vários grupos de ativistas defendem que foi na sequência do espancamento por parte das forças de segurança.

O caso e as consequentes manifestações que têm acontecido no Irão em defesa da liberdade e dos direitos das mulheres já levaram o país a impor penas de morte, algo que recebeu a maioria dos votos a favor no parlamento. Estima-se que cerca de 14 mil pessoas tenham sido presas pelas forças de segurança e que outras 320 tenham morrido em resultado das ações da polícia sobre as multidões.

Terá sido tudo isto a levar a seleção de futebol a não cantar o hino antes do primeiro jogo do Mundial, algo que entretanto já mudou depois de serem fortemente criticados pelo governo. Mas não foram os únicos. Vários adeptos iranianos têm usado o torneio, visto em todo o mundo, como plataforma de alerta para o que está a acontecer no Irão. O problema é que este é o Mundial do Catar e de uma FIFA que insiste em recusar qualquer protesto pelos direitos humanos.

Fotografias das bancadas do jogo entre o Irão e o País de Gales, desta sexta-feira, mostram uma adepta a ser confrontada pela segurança do estádio. A adepta tem lágrimas vermelhas, como se fossem sangue, pintadas no rosto e nas mãos uma camisola com o nome de Mahsa Amini. Ao lado está um homem com uma bandeira iraniana e uma camisola onde se lê “women, life, freedom” (mulheres, vida, liberdade).

Adepta do Irão confrontada pela segurança por segurar camisola com o nome de Mahsa Amini, a jovem que morreu depois de ser detida no país
Adepta do Irão confrontada pela segurança por segurar camisola com o nome de Mahsa Amini, a jovem que morreu depois de ser detida no país© Fantasista

Ambos foram fotografados nas bancadas, mas ainda não foi possível confirmar se após serem abordados pelo segurança lhes foi retirada a camisola com o nome de Mahsa Amini.

A participação do Irão no Mundial é, então, sobre muito mais do que apenas o futebol. Mehdi Taremi afirmou na passada quinta-feira que a equipa não está “sob qualquer pressão”, mas a verdade é que recuaram na decisão de não cantar o hino. A pressão política parece inevitável, assim como a montanha russa de emoções que vivem estes jogadores e adeptos que só querem defender os direitos das mulheres do seu país.