Artigo de Germano Almeida, comentador SIC.

Ucrânia
Ucrânia© UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE /HANDOUT HANDOUT

1 – ZELENSKY ANUNCIA ORÇAMENTO DE 27 MIL MILHÕES DE EUROS PARA A DEFESA EM 2023

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou que o orçamento do país para a defesa terá um valor de mais de mil biliões de hryvnias (cerca de 27 mil milhões de euros) em 2023.

O chefe de Estado fez o anúncio numa reunião do Estado-Maior-General do exército ucraniano. Zelensky indicou também que a Ucrânia retomou o pagamento de pensões aos reformados que vivem nos territórios ucranianos reconquistados às forças russas desde o início da contraofensiva por Kiev.

A Ucrânia garante que metade da área recuperada está segura. O Exército ucraniano já terá recuperado 8.000 km2. A contraofensiva ucraniana prossegue, ainda que a um ritmo mais lento. A prioridade passa por estabilizar o território reconquistado às forças russas. Os habitantes regressam às localidades recuperadas e relatam atos de tortura e morte de civis. O Presidente da Ucrânia anunciou que o país está no controlo total de mais de quatro mil quilómetros quadrados de território, que anteriormente estava sob ocupação russa. Zelensky também estimou que mais quatro mil quilómetros quadrados estão "estabilizados".

Zelensky visitou Izium, cidade recapturada pelas forças ucranianas aos russos e denunciou: "Vimos coisas que nos fizeram lembrar Bucha. Os russos repetem os seus crimes: pessoas mortas, casas destruídas..." Na contra-ofensiva ucraniana, mais de 300 localidades já foram recapturadas pelas forças de Kiev na região do nordeste do país.

Durante a visita a Izium, Zelensky participou numa cerimónia em que a bandeira ucraniana foi hasteada e saudou os soldados que participaram na operação de libertação. A cerimónia, que começou com um minuto de silêncio em homenagem aos soldados que morreram durante a recaptura da cidade, contou também com a presença da vice-ministra da Defesa, Hanna Malyar, bem como de vários representantes das Forças Armadas ucranianas. O Exército ucraniano assumiu o controlo de Izium a 10 de setembro.

Izium, com cerca de 45.000 habitantes antes do início da guerra e que se situa a cerca de 120 quilómetros a sudeste da capital regional, Kharkiv, era um posto de importância crucial para as tropas russas, que controlavam as cidades que conduziam à região de Lugansk. A deputada ucraniana Lesia Vasylenko disse que pelo menos 150 mil ucranianos foram libertados em mais de 300 cidades da Ucrânia. As tropas russas também estão a abandonar a cidade de Melitopol, no sul, e a dirigir-se para a Crimeia. A Ucrânia retomou o pagamento de pensões aos reformados que vivem nos territórios ucranianos que foram reconquistados às forças russas desde o início da contraofensiva por Kiev, revelouZelensky. "É muito importante que, juntamente com as nossas tropas e com a nossa bandeira, a vida normal seja possível no território desocupado", referiu Zelensky durante o seu habitual vídeo noturno dirigido à população.

O chefe de Estado ucraniano deu como exemplo Balakliya, em Hrakove, onde "os pagamentos de pensões já começaram por cinco meses de cada vez", depois de "simplesmente não ter sido possível fazer os pagamentos devido à ocupação". "E todos os aposentados ucranianos no território libertado receberão pagamentos. A Ucrânia sempre cumpre as suas obrigações sociais para com as pessoas", garantiu.

2 – KHARKIV: "OS RUSSOS ATÉ FUGIRAM DE BICICLETA"

A tomada de 30 cidades no norte da Ucrânia é vista pela população como um "momento de orgulho e inspiração". Habitantes das cidades reconquistadas pelas tropas de Kiev falam em "bálsamo para a alma". O governador de Donestsk pediu à população que abandone zonas controladas pelos russos: Pavlo Kyrylenko apelou aos cidadãos para abandonar as zonas que ainda estão controladas pelas forças russas. O responsável publicou fotografias no Telegram de um ataque ocorrido recentemente na cidade de Kramatorsk e acusou os russos de "aterrorizar deliberadamente a população local". Face à situação no terreno, "a única solução é partir para regiões mais seguras na Ucrânia".

Bombardeamentos em Mykolaiv fazem dois mortos e seis feridos. Várias infraestruturas foram atingidas, assim como edifícios residenciais. Também as cidades de Nikopol e Marhanets, na região de Dnipropetrovsk, foram atingidas, adiantou o governador Valentyn Reznichenko. Várias habitações, gasodutos e linhas elétricas foram danificadas.

Kiev diz ter encontrado "câmara de tortura" na cidade libertada de Balakliya. O Ministério da Defesa ucraniano revelou uma imagem do que diz ser uma "câmara de tortura" na cidade libertada de Balakliya. "A Rússia deve ser responsabilizada por este flagrante genocídio", declara o governo ucraniano.

3 - UCRÂNIA PLANEIA RETOMAR KHERSON ATÉ FINAL DE 2022

O objetivo é traçado por membros das forças ucranianas e fontes militares dos EUA. Segundo as fontes ucranianas, o objetivo é pelo menos recuperar todo o território a norte ou oeste do rio Dnipro. Esta área inclui não só a cidade de Kherson (ocupada desde o início da invasão) como Nova Kakhova (onde está localizada uma importante central hidroelétrica e o canal que usado para parte significativamente do abastecimento de água à Crimeia).

A contraofensiva ucraniana toma a face de três frentes principais espalhadas por 500km, dificultando a concentração de tropas russas num único local: em Kharkiv/Donetsk têm tido grande sucesso, em Kherson algum, mas mais lento, e Bakhmut a situação mantém-se mais indefinida.

A Ucrânia admite ataques à Crimeia, está preparada para continuar a guerra em 2023 e não descarta conflito nuclear "limitado": é tempo de "se prepararem para um mergulho".

4 - GUTERRES E SCHOLZ FALARAM COM PUTIN MAS NÃO FICARAM MAIS OTIMISTAS

O Secretário Geral da ONU esteve ao telefone com Putin e ficou com a clara sensação de que um possível acordo de paz está ainda longínquo. Mesmo assim, Guterres e Presidente russo terão trocado impressões construtivas sobre o acordo dos cereais e também sobre os fertilizantes russos.

Também o chanceler alemão, Olaf Scholz, falou com Putin e notou que o líder russo ainda não admite que a invasão de 24 de fevereiro foi um erro.

Joe Biden vê "avanços importantes" dos ucranianos, mas considera que ainda é cedo para se determinar que a guerra virou em definitivo a favor de Kiev. Por enquanto, fica prometido para os próximos dias mais um pacote de apoio dos EUA à Ucrânia -- a juntar aos quase 15 mil milhões de dólares que Washington já deu a Kiev em material militar e apoio financeiro e logístico. "A Ucrânia está a usar com eficácia os sistemas de defesa e a artilharia sofisticada que fornecemos", avaliza John Kirby, porta-voz coordenador do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

5 – RECEITAS DE ENERGIA RUSSAS CAEM PARA VALOR MAIS BAIXO EM 14 MESES

Pela primeira vez desde o início da guerra, Kremlin admite derrota (mas só internamente). A Rússia, entretanto, utiliza drones iranianos pela "primeira vez", diz Defesa britânica.

O Ministério da Defesa britânico afirmou, esta quarta-feira, que há uma "grande probabilidade" de a Rússia ter usado, pela primeira vez, drones iranianos na Ucrânia. Na sua atualização diária sobre a situação na Ucrânia, o ministério diz que, no dia 13 de setembro, funcionários ucranianos reportaram ter atingido um drone Shahed-136 perto de Kupiansk, uma das áreas reconquistadas recentemente por Kiev. Ainda de acordo com o ministério, a "Rússia está quase de certeza a tentar obter armamento junto de países alvo de sanções", como o Irão e a Coreia do Norte, para compensar as perdas de equipamento militar das últimas semanas.

Forças pró-russas cortam internet móvel na região de Lugansk, denuncia governador ucraniano Serhiy Haidai.

De acordo com o governador ucraniano da região, onde o Kremlin reconheceu a fundação de uma república popular pró-russa, a medida é inédita e terá sido tomada para "aumentar a capacidade de defesa" da região — "As autoridades ocupantes da região de Lugansk continuam a afirmar que alegadamente nada de ameaçador está a acontecer no território da região, ou como se costuma dizer 'república'", assinala ironicamente Serhiy Haidai.

De acordo com o Departamento de Estado dos EUA, a Rússia usou 300 milhões de dólares para influenciar políticos.

6 - PUTIN E XI REÚNEM-SE PELA PRIMEIRA VEZ DESDE O INÍCIO DA GUERRA

É a primeira viagem ao estrangeiro do chefe de Estado chinês desde o início da pandemia. Putin e o Presidente chinês, Xi Jinping, juntos pela primeira vez desde o início da guerra, na cimeira de Samarcanda, no Uzbequistão, da Organização de Cooperação de Xangai, onde certamente e discutirão as vantagens da ordem multipolar que não dependa da lógica liberal unipolar norte-americana.

China e Rússia reforçam aliança: Pequim vai pagar gás russo em rublos e yuans: Putin anuncia que a Gazprom e a China chegaram a um acordo para que o fornecimento de gás seja pago metade em rublos e metade em yuans. Esta proposta fortalece as duas moedas, russa e chinesa, em relação a outras. Perante "a agressão tecnológica, financeira e económica do Ocidente", o Presidente russo disse estar satisfeito com o "distanciamento realizado pouco a pouco" da economia russa do dólar, do euro e da libra esterlina, "moedas pouco fiáveis", em favor do yuan chinês.

7 – SCHOLZ E ZELENSKY CONVERSAM SOBRE APOIO À RECONTRUÇÃO DA UCRÂNIA

O chanceler alemão, Olaf Scholz, prometeu o apoio contínuo da Alemanha à Ucrânia durante uma chamada telefónica com Zelensky, em que os líderes discutiram formas de ajudar o país devastado pela guerra. Um porta-voz do Governo alemão indicou, segundo a Reuters, que foram abordadas medidas de reconstrução da Ucrânia, além de Scholz ter apresentado os intensos preparativos para uma conferência internacional sobre o assunto, a ter lugar em Berlim no dia 25 de outubro.

Scholz pede a Putin que ordene "retirada total" das forças russas, face aos dados novos do êxito da contraofensiva ucraniana. O líder alemão "instou o Presidente russo a encontrar uma solução diplomática o mais rapidamente possível, com base num cessar-fogo, na retirada total das tropas russas e no respeito pela integridade territorial e soberania da Ucrânia", segundo um comunicado do Governo. Scholz também apelou ao Presidente russo para aplicar "plenamente" o acordo sobre a exportação de cereais ucranianos.

8 – VON DER LEYEN: "PUTIN VAI PERDER. A UCRÂNIA E A EUROPA VENCERÃO"

"Putin vai perder. A Ucrânia e a Europa vencerão", proclamou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no discurso de abertura do debate do Estado da União, em Estrasburgo, numa sessão que teve como convidada especial a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska.

"Hoje a coragem tem um nome: Ucrânia", afirmou Ursula von der Leyen, elogiando o esforço dos ucranianos para defender o seu país. "Glória a um país de heróis europeus", disse ainda a presidente da Comissão, garantindo que a solidariedade europeia permanecerá "inabalável".

Esta é "uma guerra contra a nossa economia, os nossos valores e o nosso futuro", alertou Ursula von der Leyen, num discurso onde também garantiu que as "sanções estão aqui para ficar". "A indústria russa está despedaçada", notou a presidente da Comissão. No seu discurso assegurou também a continuidade do apoio financeiro da União Europeia à Ucrânia e à reconstrução do país -- 100 milhões só para ajudar a reconstruir as escolas ucranianas.

A Zelensky, Von der Leyen acenou com as vantagens do acesso ao Mercado Comum, caminho a desenvolver enquanto a Ucrânia não entra na UE.

Também a vice-presidente da Comissão Europeia com o pelouro da concorrência, Margrethe Vestager, defendeu que é "crucial" o debate sobre como a Europa pode continuar a apoiar a Ucrânia. "O debate hoje sobre como sermos resilientes no apoio à Ucrânia é crucial e reforça a nossa democracia", comentou Vestager. "Temos uma guerra às nossas portas e os preços da energia afetam todos, incluindo as famílias de baixos rendimentos".

9 – VON DER LEYEN PROPÕE LIMITES AOS LUCROS DAS EMPRESAS DE ELETRICIDADE

A Presidente da Comissão Europeia anunciou um novo banco europeu de hidrogénio de três mil milhões de euros e avisou que "sanções à Rússia vieram para ficar". Vestida com as cores da Ucrânia, Von der Leyen discursou perante a primeira-dama ucraniana, que marcou presença em Estrasburgo.

"Não me interpretem mal. Na nossa economia social de mercado, os lucros são bons, mas, nestes tempos, é errado receber receitas e lucros extraordinários recordes beneficiando da guerra e nas costas dos nossos consumidores, [pelo que] , nestes tempos, os lucros devem ser partilhados e canalizados para aqueles que mais precisam", declarou Von der Leyen, intervindo no seu terceiro discurso sobre o Estado da União, na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.

De acordo com a líder do executivo comunitário, "estas empresas estão a fazer receitas que nunca contabilizaram, com que nunca sequer sonharam". Por isso, a ideia desta taxação aos lucros extraordinários seria obrigar os "produtores de eletricidade a partir de combustíveis fósseis a dar uma contribuição para a crise", fazendo com que esta taxa obtenha verbas para apoios sociais, explicou Ursula von der Leyen.

Num discurso em que reforçou a necessidade de alinhamento da UE com os EUA, de modo a posicionar-se "nos valores certos", recusando alianças e dependências com estados que não sejam democráticos, Von der Leyen apontou uma Europa mais atlantista, menos aberta a negociar com a China – outra consequência da invasão russa da Ucrânia, de 24 de fevereiro. Reduz espaço à "autonomia estratégica" defendida por Macron e abre um risco a médio prazo: e se, nos EUA, regressar Trump ou alguém parecido?

Aqui ficam as ideias principais abordadas pela Presidente da Comissão: 1) limitar receitas dos produtores de eletricidade; 2) criar uma referência alternativa para os preços do gás; 3) garantias estatais para elétricas em apuros; 4) banco do hidrogénio; 5) reservas de segurança de lítio e outras matérias-primas; apoios às PME; 6) regras para o défice e a dívida; 7) combate à corrupção; 8) combate aos incêndios; 9) reforço dos apoios à Ucrânia.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, salientou o impacto económico das sanções à Rússia.

10 – INFLAÇÃO NO REINO UNIDO PODE DISPARAR PARA OS 18,6% EM 2023

O Citi, um dos maiores bancos mundiais, prevê que a inflação no Reino Unido atinja os 18,6% no início do próximo ano devido à escalada dos preços da energia. A confirmar-se, tratar-se-á de um máximo desde 1976.

Os analistas do Citi acreditam que a nova subida dos preços do gás registada na semana passada vai pressionar ainda mais a taxa de inflação. Concretamente, preveem que o preço máximo das faturas de energia no país aumente das atuais 1.971 libras (mais de 2.300 euros) para 4.567 libras (mais de 5.400 euros) em janeiro e 5.816 (mais de 6.800 euros) em abril. Com esta previsão mais pessimista, sobe a pressão para a definição de novas medidas de ajuda às famílias, numa altura em que o Reino Unido muda, ao mesmo tempo, de chefe de Estado e de Governo.