O pacote prevê o investimento de 4,5 mil milhões de dólares em assistência militar ao país, numa altura em que se mantêm tensas as relações diplomáticas com Pequim.

O pacote prevê o investimento de 4,5 mil milhões de dólares em assistência militar ao país, numa altura em que se mantêm tensas as relações diplomáticas com Pequim.
O pacote prevê o investimento de 4,5 mil milhões de dólares em assistência militar ao país, numa altura em que se mantêm tensas as relações diplomáticas com Pequim.© Youtube/Mask Agent

O comité do Senado norte-americano para as relações estrangeiras aprovou esta quarta-feira uma medida que prevê um aumento significativo do apoio militar dos Estados Unidos a Taiwan, numa jogada que encaixa na escalada de tensão entre a ilha e o governo de Pequim.

Nos últimos meses, a China tem intensificado os seus exercícios militares no Estreito de Taiwan, que separa o país de Taiwan - um território independente que continua a reclamar como historicamente seu -, invadindo por várias vezes o espaço aéreo da pequena nação asiática.

Em resposta, os Estados Unidos têm vincado que ficarão do lado de Taiwan perante qualquer aumento de agressividade chinesa, e vários líderes políticos têm desafiado as ameaças de Pequim e visitado Taiwan (sendo que a visita de Nanci Pelosi, a presidente da Câmara dos Representantes, foi a que suscitou mais interesse e polémica).

Segundo a agência Reuters, o novo pacote de apoio aprovado pelo Senado norte-americano prevê o investimento de 4,5 mil milhões de dólares (perto do mesmo valor em euros) em assistência militar a Taipé, através da aprovação de uma legislação denominada 'Lei de Política de Taiwan de 2022' - uma confirmação que causou algum receio na administração de Joe Biden sobre um aumento das ameaças na China continental. Ainda assim, a moção foi aprovada com 17 votos contra apenas dois, demonstrando que, pelo menos neste tema, os partidos Democrata e Republicano estão concordantes (algo quase inédito numa era de enorme divisão política nos Estados Unidos).

A votação também vai ao encontro do aumento de relações diplomáticas entre Washington D.C. e Taipé, cimentando o último como um dos maiores aliados dos EUA fora da NATO (a par de, por exemplo, Israel).

Reagindo à aprovação da medida, o senador Bob Menendez, do Partido Democrata, deixou claro que é necessário avaliar o perigo da ameaça chinesa naquela zona do globo, enquanto que o republicano Jim Risch vincou que os EUA querem apenas "garantir que Taiwan tem hipóteses de lutar", enquanto que manter o status quo atual é vital para evitar "efeitos desastrosos" para a segurança nacional norte-americana.

De realçar que os Estados Unidos mantêm uma forte presença marítima no Mar da China, especialmente no espaço marítimo de Taiwan, de modo a evitar quaisquer conflitos diretos.

O pacote de apoio, que define o investimento na segurança de Taiwan ao longo de quatro anos, também prevê um aumento do apoio à participação de Taiwan em organizações internacionais.

Este último ponto é particularmente importante já que, devido à pressão diplomática da China que, graças a ameaças de cortes a investimentos estrangeiros e exportações, consegue que vários países pelo globo não reconheçam como legítima a independência do estado de Taiwan na Organização das Nações Unidas.

De momento, apenas alguns países na América Latina e o Oceano Pacífico, além do Vaticano, reconhecem completamente a autoridade do governo de Taipé (Portugal é um dos países que não o faz).