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Esta é a newsletter do Observador dedicada ao ambiente. Todos os meses traz-lhe reportagens, o que se escreve sobre o tema no mundo e o que já se faz em Portugal.
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João Francisco Gomes
JornalistaQuarta-feira, 5 fevereiro 2020
JornalistaQuarta-feira, 5 fevereiro 2020
Bem vindo à nova newsletter do Observador sobre assuntos ambientais! A partir de hoje, na primeira quarta-feira de cada mês, vou trazer-lhe sugestões de leitura sobre a profunda crise ambiental que o mundo atravessa. Se é verdade que é cada vez mais difícil negar ou contornar os efeitos das alterações climáticas e do aquecimento global no nosso planeta, também é certo que nunca como hoje o ambiente esteve presente na agenda política nacional e internacional.
Nesta newsletter, procurarei trazer-lhe um reflexo dessa discussão. Haverá um grande tema em destaque todos os meses, mas também um conjunto de leituras nacionais e internacionais sobre os problemas do planeta, as soluções que podem ajudar a resolvê-los e as ideias erradas que, muitas vezes, contaminam o debate. E olharemos também para o que de melhor se faz em Portugal no campo da sustentabilidade.
Se tiver comentários ou sugestões, quero muito ouvi-los. O meu e-mail é jfgomes@observador.pt.
Já agora: esta semana também estreámos o programa Som Ambiente, na rádio Observador, com Catarina Grilo, Henrique Pereira dos Santos e Sofia Guedes Vaz. O primeiro tema foi o plano de Fernando Medina para tirar carros da baixa de Lisboa. Capital verde ou ditadura verde? Pode ouvir de novo aqui.
***
A primeira vez que li sobre a verdadeira dimensão do que se passou no final do verão passado no Tejo internacional foi neste artigo do jornal espanhol El Confidencial. O título dava conta de um verdadeiro drama ambiental, mas essencialmente humano: “Espanha deixa sem água a região mais pobre de Portugal”.
O assunto já corria nas páginas dos jornais portugueses desde o final de setembro, sobretudo por causa das imagens dramáticas que mostravam a barragem de Cedillo praticamente sem água e o rio Pônsul, um importante afluente do Tejo na zona de Castelo Branco, totalmente seco. As fotografias impressionavam: nas margens, onde ainda era possível ver a marca da altura habitual do rio, uma série de barcos de pesca estavam pendurados vários metros acima da água.
Durante algumas semanas, o assunto dominou a agenda mediática e colocou em causa a historicamente amigável relação entre Portugal e Espanha a propósito dos vários rios ibéricos que os dois países partilham.
Paradoxalmente, o cumprimento de uma legislação desenhada para evitar uma tragédia ambiental acabaria por levar a um desastre que afetou o rio, os ecossistemas locais, as populações ribeirinhas e as atividades económicas da região, causando graves prejuízos a quem, na Beira Baixa e no norte do Alentejo, vive do Tejo.
Foi isso mesmo que percebemos quando nos sentámos dentro de um minúsculo barco, aportado em Malpica do Tejo, com Conceição Rosa. Pescadora há 30 anos naquela zona, Conceição contou-nos como ficou perto de três meses sem apanhar um peixe no Tejo devido à falta de água e que, por isso, teve de pedir dinheiro aos filhos para pagar as contas. Ou quando conversámos, na outra margem, com o espanhol Robert Ramallete, que teve de cancelar centenas de reservas do barco turístico com que navega todos os dias o Tejo internacional e que só em março deste ano prevê retomar o negócio.
Várias vezes ao longo de dois meses — incluindo na entrevista que o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, nos deu para esta reportagem —, o Governo português anunciou que se estava a entender com Espanha e que, em dezembro, tudo estaria resolvido.
Com efeito, o nível da água voltou ao normal em meados de dezembro. Porém, o assunto está longe de estar resolvido. Depois das imagens chocantes, das promessas de retorno à normalidade e do regresso da água ao leito do Tejo internacional, ficaram por responder as perguntas mais importantes. Quais foram as reais consequências desta tragédia? Porque é que isto aconteceu? E como garantir que não se repete?
Entre outubro do ano passado e janeiro deste ano, fomos duas vezes à região de Cedillo. Entrevistámos ambientalistas, autarcas e residentes, que nos contaram o que aconteceu e como os afetou. Analisámos mapas e documentos para perceber a raiz do problema. Recolhemos horas de imagens em diversos locais críticos do Tejo internacional, que cruzámos com imagens feitas pelos ambientalistas no pico da crise.
O resultado final é um trabalho multimédia em que contamos a história completa da intrincada relação ibérica no que toca aos rios — e explicamos como foi possível que um acordo destinado a evitar crises tenha deixado dezenas de pessoas, como Conceição e Robert, durante meses à espera do rio, depois do dia em que o Tejo desapareceu.
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