Do Tempo da Outra Senhora |
- Homenagem a Mário Tomé
- Guilhermina Maldonado homenageada pela Assembleia Municipal de Estremoz
- Bonecos de Estremoz: Mariano da Conceição (2.ª parte)
- Mariano da Conceição (1903-1959)
- Poesia Portuguesa - 094
- Mariano da Conceição partiu há 60 anos
- José Saramago, Prémio Nobel há 21 anos
- A visão multifacetada das coisas
- Bonecos de Estremoz: Ricardo Fonseca (1.ª parte)
Posted: 05 Feb 2020 12:29 PM PST
Casa do Alentejo, Lisboa. Vista parcial do salão onde decorreu a homenagem.
A Casa do Alentejo foi pequena
Mário Tomé foi alvo de uma entusiástica homenagem que decorreu no passado dia 25 de Janeiro, no salão principal da Casa do Alentejo, em Lisboa. Aí teve lugar um almoço que reuniu cerca de 260 pessoas que encheram literalmente o salão. A sua presença ali visava assinalar também os 40 anos da eleição de Mário Tomé como deputado da UDP à Assembleia da República.
À homenagem associaram-se camaradas de luta, militares de Abril, dirigentes sindicais, activistas de movimentos sociais, amigos e amigas de Mário Tomé.
A iniciativa foi promovida por uma comissão alargada, presidida pelo general Pezarat Correia.
Otelo Saraiva de Carvalho foi uma das personalidades que na impossibilidade de estar presente, enviou uma calorosa mensagem a Mário Tomé.
O almoço terminou com intervenções de Pezarat Correia e de Mário Tomé, às quais se seguiram momentos musicais e de leitura de poemas, com José Fanha, Francisco Naia, Jorgete Teixeira, e Francisco Rosa, apresentados pelo actor Luís Vicente.
Biografia de Mário Tomé
De acordo com o Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, a biografia de Mário Tomé é a que se segue.
“Mário António Baptista Tomé é natural de Estremoz, coronel do Exército e foi condecorado, entre outras, com a Cruz de Guerra.
4 comissões na guerra colonial (1963/64, Guiné; 66/68, Moçambique; 70/72, Guiné; 72/74, Moçambique).
Reserva compulsiva desde Maio 1984, no posto de major. Na reforma desde 1993. Em 1970, em comissão na Guiné, sob comando de Spínola, pediu a demissão das FA's por "desacordo com a guerra colonial e com a política em geral do Governo".
Coordenador do Movimento dos Capitães em Moçambique, membro da Assembleia do Movimento das Forças Armadas, redactor do "Documento do COPCON" (que em Agosto de 1975 surgiu como alternativa de esquerda ao "Documento dos Nove"), subscritor do "Manifesto dos Oficiais Revolucionários aos Soldados, Operários, Camponeses e Povo Trabalhador" (Novembro de 1975).
2.º Comandante do Regimento de Polícia Militar, delegado na Assembleia Democrática da Unidade (regimento) e responsável pelo Grupo de Dinamização da Unidade, delegado da Unidade na Assembleia do MFA. Preso em 26 de Novembro de 1975 no seguimento do golpe do "25 de Novembro". (Cadeia de Custóias e Presídio Militar de Santarém). Libertado em 23 de Abril de 1976 ficando na situação de residência fixa e arbitrariamente impedido sine die de exercer a sua profissão até ser passado compulsivamente à reserva em 1984.
Membro da Comissão Nacional da Candidatura de Otelo à Presidência da República em 1976, Deputado à Assembleia da República de 1979 a 1983 como independente pela UDP e de 1991 a 1995, eleito nas listas da CDU na base de um acordo do PCP com a UDP.
No seguimento da lei 43/99 teve a sua carreira reconstituída ficando, por tal, no posto de coronel, posto mínimo que lhe competia no desenvolvimento normal da carreira. Foi dirigente nacional da União Democrática Popular – UDP.”
Mário Tomé, hoje
Dos aspectos biográficos de Mário Tomé ressaltam os de resistente anti-fascista, militar de Abril, resistente anti-neoliberalismo e defensor das conquistas de Abril e do socialismo.
Mário Tomé tem militado activamente no Bloco de Esquerda desde a sua fundação em 1999, tendo sido mandatário das candidaturas às eleições europeias (2013) e às eleições legislativas (2019).
Hernâni Matos
Estremoz, 31 de Janeiro de 2020
(Jornal E nº 239, de 06-02-2020) Créditos fotográficos: Manuel Xarepe.
Mesa com Mário Tomé, Pezarat Correia e Vasco Lourenço.
|
Posted: 20 Oct 2019 07:07 AM PDT
Guilhermina Maldonado (1937-2019).
LER AINDA:
Na última sessão da Assembleia Municipal de Estremoz, o Grupo do PS apresentou e viu aprovar por unanimidade a seguinte moção:
A Assembleia Municipal de Estremoz, reunida em sessão ordinária no dia 27 de Setembro de 2019, manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento de Guilhermina Elsa Lobo Pires de Sousa Maldonado, artesã multifacetada cuja actividade se distribuiu, entre outras artes, pela criação de peças ao gosto conventual do século XVIII, com um destaque muito especial para as lâminas e as maquinetas ricamente trabalhadas.
Prendada com uma vontade férrea e uma paciência sem limites, era dotada de rara sensibilidade artística. A elas soube aliar o prazer de criar, o que fez com uma imaginação espantosa, ainda que temperada pelo rigor e pela procura incessante de perfeição e delicadeza, com requintes de minúcia que eram o seu timbre.
As mensagens de Paz e Harmonia sempre presentes nos seus trabalhos, faziam-nos render à Arte de Guilhermina Maldonado.
A sua partida é uma perda irreparável e deixou a cidade mais pobre.
Como preito de homenagem a esta figura cimeira da cultura popular estremocense, a Assembleia Municipal de Estremoz recolhe-se num minuto de silêncio em sua Memória.
Estremoz, 19 de Setembro de 2019
(Jornal E nº 231, de 17-10-2019) |
Posted: 13 Oct 2019 07:42 AM PDT
Berço do Menino Jesus (dos putto).
A extensão do texto e o considerável
número de ilustrações, aconselhou que
fosse dividido em duas partes,
que foram publicadas sucessivamente.
Esta é a 2.ª parte.
CRÉDITOS
Fotografias de Luís Mariano Guimarães (2012).
Procissão pertencente ao Museu Municipal de Estremoz e
os restantes Bonecos propriedade do Museu Rural de Estremoz.
Já vimos que a velha bonequeira Ana das Peles (1.ª parte e 2.ª parte) foi o instrumento primordial da recuperação da extinta tradição de manufactura dos Bonecos de Estremoz, empreendida pelo escultor José Maria de Sá Lemos (1892-1971) nos anos 30 do séc. XX. Vimos igualmente que Mestre Mariano da Conceição (1.ª parte) foi o instrumento de continuidade dessa recuperação. Chegou a altura de conhecer alguns dos seus Bonecos.
Presépio de trono ou de altar.
Pastor de tarro e manta.
Pastor das migas.
Pastor a comer.
Maioral e ajuda a comer.
Pastor do harmónio.
Ceifeira.
Mulher dos perus.
Matança do porco.
Mulher dos enchidos.
Aguadeiro.
Mulher das castanhas.
Peralta.
Homem do harmónio.
Cavaleiro.
Amazona.
Lanceiro.
Frade a cavalo.
Mulher a lavar a roupa.
Mulher a passar a ferro.
Senhora a servir o chá.
Senhora ao toucador.
Senhora de pézinhos.
Preta florista.
Preto a cavalo.
Primavera.
Bailadeira pequena.
Barbeiro sangrador.
Púcaro enfeitado (ou Fidalguinho).
Cantarinha enfeitada.
Peralta a cavalo (assobio).
Estremoz, 11 de Outubro de 2019
|
Posted: 13 Oct 2019 08:42 AM PDT
Mariano Augusto da Conceição - o Alfacinha (1903-1959)
O que de essencial escrevi sobre Mariano da Conceição, pode ser lido aqui: Bonecos de Estremoz: Mariano da Conceição (1.ª parte) Bonecos de Estremoz: Mariano da Conceição (2.ª parte)
Mariano da Conceição partiu há 60 anos
De 12 de Outubro a 30 de Novembro de 1019,
estará patente ao público no
Museu Municipal de Estremoz,
a exposição
BONECOS DE ESTREMOZ DE MESTRE MARIANO DA CONCEIÇÃO
|
Posted: 15 Jan 2020 09:35 AM PST
ANTÓNIO MARIA LISBOA (1928-1953)
Eu menino às onze horas e trinta minutos
a procurar o dia em que não te fale
feito de resistências e ameaças — Este mundo compreende tanto no meio em que vive tanto no que devemos pensar. A experiência o contrário da raiz originária aliás demasiado formal para que se possa acreditar no mais rigoroso sentido da palavra. Tanta metafísica eu e tu que já não acreditamos como antes diferentes daquilo que entendem os filósofos — constitui uma realidade que não consegue dominar (nem ele próprio) as forças primitivas quando já se tem pretendido ordens à vida humana em conflito com outras surge agora a necessidade dos Oásis Perdidos. E vistas assim as coisas fragmentariamente é certo e a custo na imensidão da desordem a que terão de ser constantemente arrancadas — são da máxima importância as Velhas Concepções pois a cada momento corremos grandes riscos desconcertantes e de sinistra estranheza. Resulta isto dum olhar rápido sobre a cidade desconhecida. E abstraindo dos versos que neste poema se referem ao mundo humano vemos que ninguém até hoje se apossou do homem como o frágil véu que nos separa vedados e proibidos. ANTÓNIO MARIA LISBOA (1928-1953) Hernâni Matos Homenagem a António Maria Lisboa (1997). Carlos Calvet (1928-2014). Serigrafia
a 30 cores sobre papel fabriano [58x38 cm (Dimensão da Mancha), 70x50 (Dimen-
são do Suporte): 70x50 cm – Tiragem: 200 exemplares]. |
Posted: 20 Oct 2019 07:09 AM PDT
Mariano da Conceição (1903-1959) na sua oficina. Fotografia de Rogério de Carvalho
(1915-1988). Arquivo fotográfico do autor. Foi há 60 anos que no fatídico dia 29 de Setembro de 1959, faleceu prematuramente o barrista Mariano Augusto da Conceição (1903-1959), o “Alfacinha”. Foi vítima de atropelamento por um cavalo no final de um Raid Hípico com meta no Rossio Marquês de Pombal, em Estremoz.
Mariano era filho primogénito do oleiro Narciso Augusto da Conceição e neto de Caetano Augusto da Conceição, fundador da Olaria Alfacinha. À data da sua morte era Mestre de Olaria na Escola Industrial António Augusto Gonçalves. Aqui o director, escultor José Maria Sá Lemos (1892-1971), natural de Vila Nova de Gaia, atribuíra a si próprio a missão de recuperação da manufactura dos Bonecos de Estremoz, extinta desde 1921. A velha bonequeira Ana das Peles (1859-1945) foi o instrumento primordial dessa recuperação conseguida em 1935 e devido à sua avançada idade, impunha-se que houvesse continuadores. Dai que Sá Lemos tenha lançado um repto a Mariano da Conceição, o qual viria a ser o instrumento de continuidade dessa recuperação. De facto, Mariano aceitou de bom grado o desafio e teve êxito, passando a ter uma tripla actividade: Oleiro na Olaria Alfacinha, Mestre de Olaria na Escola Industrial António Augusto Gonçalves e bonequeiro.
Mariano partiu mas legou-nos os seus Bonecos e graças à acção de continuadores não se extinguiu a tradição da manufactura de Bonecos de Estremoz, cuja origem remonta pelo menos ao séc. XVII.
Da plêiade de continuadores de Mariano, sobressai o chamado clã dos alfacinhas: a irmã Sabina da Conceição (1921-2005), a mulher Liberdade da Conceição (1913-1990), a filha Maria Luísa da Conceição (1934-2015) e o neto Jorge da Conceição (1963- ).
A transmissão de saberes ao longo de gerações em meio familiar e em contexto oficinal, bem como a singularidade do modo de produção, fez com que em 2017, a manufactura de Bonecos de Estremoz fosse inscrita pela UNESCO na Lista Representativa de Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Sá Lemos (1892-1971) trocando impressões com ti Ana das Peles (1859-1945) numa
sala de aulas da Escola Industrial António Augusto Gonçalves. Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988), publicada no semanário estremocense “Brados do Alentejo” nº 250, de 10 de Novembro de 1935. Arquivo fotográfico do autor. |
Posted: 10 Dec 2019 04:28 AM PST
José Saramago a receber o Prémio Nobel entregue por Carlos Gustavo da Suécia.
Foto "FLT-PICA".
Segundo a Academia Sueca, responsável pela atribuição do Prémio, Saramago recebe-o por uma obra "…cujas parábolas, respaldadas por imaginação, piedade e ironia, nos permitem apreender de forma contínua uma realidade ilusória.".
Sobre a atribuição do Nobel a Saramago muito foi dito. Destacamos apenas: ”Por tudo quanto escreveu e como escreveu, a justiça do Prémio Nobel a José Saramago é devida e justificada. Afora a regularidade da sua produção, a maneira singular de transformar o comum em essencial, no que tange ao mais profundo, dramático e impronunciável do ser humano; a provocadora e instigante forma de repensar a história e de projectar o futuro, fazem-no merecedor do Prémio - o primeiro concedido a um escritor de Língua Portuguesa.” (Maria de Lourdes Simões, ensaio publicado em “A Tarde Cultural”. Salvador, 5 de Dezembro de 1998).
Antes de ter sido agraciado com o Prémio Nobel da Literatura, José Saramago já ganhara em 1991 o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores com o romance “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” e em 1986, o Prémio Camões por toda a sua obra.
A obra de Saramago é vasta e diversificada, distribuindo-se por múltiplos géneros literários: ROMANCES - Terra do Pecado (1947), Manual de Pintura e Caligrafia (1977), Levantado do Chão (1980), Memorial do Convento (1982), O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), História do Cerco de Lisboa (1989), O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), Ensaio Sobre a Cegueira (1995), Todos os Nomes (1997), A Caverna (2000), O Homem Duplicado (2002), Ensaio Sobre a Lucidez (2004), As Intermitências da Morte (2005), A Viagem do Elefante (2008), Caim (2009), Clarabóia (2011). POESIA – Os Poemas Possíveis (1966), Provavelmente Alegria (1970), O Ano de 1993 (1975). VIAGENS – Viagem a Portugal (1983). PEÇAS TEATRAIS – A Noite (1979), Que Farei com Este Livro? (1980), A Segunda Vida de Francisco de Assis (1987), In Nomine Dei (1993), Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido (2005). CONTOS – Objecto Quase (1978), Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido (1979), O Conto da Ilha Desconhecida (1997). CRÓNICAS – Deste Mundo e do Outro (1971), A Bagagem do Viajante (1973), As Opiniões que o DL Teve (1974), Os Apontamentos (1977). LITERATURA INFANTIL - A Maior Flor do Mundo (2002). DIÁRIO E MEMÓRIAS – Cadernos de Lanzarote (I-V) (1994), As Pequenas Memórias (2006).
Sobre o estilo inconfundível de José Saramago afirmaram: “José Saramago foi conhecido por utilizar um estilo oral, coevo dos contos de tradição oral populares em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correcção ortográfica de uma linguagem escrita. Todas as características de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratória, na dialéctica, na retórica e que servem sobremaneira o seu estilo interventivo e persuasivo estão presentes. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional; os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros. Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo foi real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases (i.e. orações) ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais. Da mesma forma, muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros de outros autores.” (Revista “Entre livros, nº 23. Editora Duetto, São Paulo (2007), citada pela Wikipédia).
Passemos em revista algumas opiniões sobre as obras essenciais de Saramago: LEVANTADO DO CHÃO - “A epopeia dos trabalhadores alentejanos, a elucidação da reforma agrária, a narrativa dos casos, conhecidos ou não, que fizeram do Alentejo um mar seco de carências, privações, torturas, sangue e uma impossibilidade de viver.” (Alzira Seixo em "O Essencial sobre Saramago.”. “Um comunista escrever sobre o Alentejo é tão óbvio com um “tio” escrever sobre os gelados Santini. Saramago encontrou a sua voz neste romance sobre trabalhadores rurais mas poderia ter escrito sobre operários da Lisnave.” (Bruno Amaral – Crítico literário do diário “i”.). MEMORIAL DO CONVENTO - “Certamente o mais celebrado, estudado e discutido dos romances de Saramago” (Carlos Reis). “Um romance histórico inovador no contexto da literatura mundial” (José Luís Peixoto no “JORNAL DE LETRAS”). “Não diga a ninguém que nunca leu. Há um Baltazar, uma Blimunda e um Bartolomeu, um rei megalómano com um interesse pouco cristão por freiras e um fascínio por edifícios faraónicos e um tanto inúteis” (Bruno Amaral – Crítico literário do diário “i”.). "O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS" (1984) - “Cada vez mais o meu romance preferido, do conjunto da obra saramaguiana” (Carlos Reis). “Um labirinto construído sobre outro labirinto, a forma brilhante, brilhante como a ficção se aproxima de um tempo real” (José Luís Peixoto no “JORNAL DE LETRAS”). “Um romance onde Saramago elabora conjecturas fecundas para a compreensão de uma época ou de uma figura” (Alzira Seixo). “Quatro anos antes do centenário do nascimento de Fernando Pessoa, Saramago “matou” o heterónimo Ricardo Reis, aquele rapaz que preferia ficar de mãos dadas com Lídia em vez de trocar carícias” (Bruno Amaral – Crítico literário do diário “i”.). "HISTÓRIA DO CERCO DE LISBOA" (1989) - “Um dos enredos mais bem imaginados da literatura portuguesa” (José Luís Peixoto no “JORNAL DE LETRAS”). "O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO" (1991) - “O Evangelho segundo Jesus Cristo contém uma história que todos conhecemos. E contém cenas e afirmações que há alguns anos atrás teriam lançado o autor na fogueira, sem direito a sepulcro. O escritor toma para si liberdades que são a substância da criação, e comporta-se, na invenção do seu mundo, como Deus. Este é o evangelho segundo Saramago...” (Clara Ferreira Alves, no “Expresso”). “Um Jesus Cristo humano, demasiado humano, um diabo simpático e um Deus insuportável. Com este romance, Saramago despertou a fúria dos católicos e ofereceu ao país um personagem inesquecível: Sousa Lara.” (Bruno Amaral – Crítico literário do diário “i”.). "ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA" (1995) - “Quase em ritmo e registo de ficção científica, Ensaio sobre a Cegueira mantém, na escrita de José Saramago e na sua aventura romanesca, uma dimensão rara e singular na actual literatura portuguesa: a constante demanda de um laço que prenda o romance à arte de questionar e que, daí, exija o lugar de uma ética mais profunda que a própria arte de pensar. Como se o romance fosse, e nunca tivesse deixado de ser, uma interrogação sobre o mundo como ele é e como ele devia ser.” (Francisco José Viegas na “Visão”) “Ensaio sobre a Cegueira, de alguma forma representou o início de uma nova fase na obra de Saramago. E, decerto não por acaso, foi depois dele que se passou a falar ainda mais da grande possibilidade de, com inteira justiça, lhe ser atribuído o Nobel.” (José Carlos de Vasconcelos no “JORNAL DE LETRAS”). “A cegueira como metáfora e como factor que desencadeia o mais primitivo e brutal que a Humanidade carrega. A única personagem que resiste à epidemia é a mulher de um médico: a burguesia é sempre privilegiada.” (Bruno Amaral – Crítico literário do diário “i”.). AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE - “São livros como este que nos tocam fundo, nos desarmam e nos deixam sem resposta. Apenas sabemos que na morte e no seu compromisso para com a humanidade reside o medo atávico do desconhecido, do vazio, algures numa hora e num lugar dentro de nós.” (Luísa Mellid-Franco no Expresso). POESIA COMPLETA – “Uma edição bilingue saída em Espanha, essencial na sua obra. Quem a ler perceberá porquê.” (José Manuel Mendes, da Associação Portuguesa de Escritores).
Sobre o conjunto da obra de Saramago também muito foi escrito. Destacamos apenas algiumas opiniões:
“Com José Saramago a Língua Portuguesa jorrou de potencialidades incomensuráveis, de rebeldia, de fascínio e emoção. A obra de Saramago expulsa as certezas, questiona o país e o mundo na procura de quem somos e porque estamos aqui. A obra de Saramago rejeita as verdades únicas, desafia as fronteiras das convenções sociais e artísticas. Por tudo isto, quando soou a hora da despedida, emergiram nas mãos dos leitores e leitoras anónimas, os livros, as histórias, as personagens que ficam mais sós, porque… … …”Um dia vou deixar de estar aqui”, Saramago.” (Luísa Mesquita, autora da primeira tese académica sobre a obra de Saramago).
“A sua obra, apesar de controversa, é uma referência do exercício mais pleno de liberdade. Destaco o carácter insubordinado e insurrecto de José Saramago, embora tenha discordado de algumas atitudes de maior intolerância. Saramago morreu depois de uma vida cheia, pode dizer “confesso que vivi” como o livro de Pablo Neruda. Só os escrivães recolhem unanimismo. Fica-me na memória o “Memorial do Convento”, um livro que só nos acontece uma vez na vida.” (Moita Flores no “Jornal do Ribatejo”).
“… é quase sempre admirável a maneira como Saramago desenvolve uma linguagem literária que, logo à partida, pretenderia aproximar-se de uma oralidade ideal e primordial, a partir da qual todos os planos da narrativa se diferenciam e na qual todos voltam depois a convergir. Esta técnica singular ter-se-á por vezes tornado num dos seus maneirismos, mas é extremamente eficaz em muitos casos.” (Vasco da Graça Moura no DIÁRIO DE NOTÍCIAS).
José Saramago é um dos escritores portugueses mais lidos e traduzidos no estrangeiro. A sua obra foi publicada em 68 países: Albânia, Alemanha, Argentina, Áustria, Bangladesh, Bósnia-Herzegovina, Brasil, Bulgária, Canadá, China (mandarim, cantonês), Colômbia, Coreia do Sul, Croácia, Cuba, Dinamarca, Emiratos Árabes Unidos, Eslováquia, Eslovénia, Espanha (castelhano, catalão, valenciano, euskera), Estados Unidos da América, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Guatemala, Hungria, Índia (índi, malayam, bengalí), Irão (farsi), Iraque, Islândia, Israel, Itália (italiano, sardo), Japão, Letónia, Lituânia, Macedónia, México, Montenegro, Noruega, Países Baixos, Perú, Polónia, Reino Unido, República Checa (checo, eslovaco), República Dominicana, Roménia, Rússia, Sérvia, Síria, Suécia, Suíça, Tailândia, Taiwan, Turquia, Uruguai, Qatar, Egipto, Vietnam, Holanda.
Os livros de José Saramago foram traduzidos para 42 idiomas: albanês, alemão, castelhano, bengali, sérvio (cirílico), croata (latino), búlgaro, inglês, mandarim, cantonês, coreano, dinamarquês, árabe, eslovaco, checo, esloveno, catalão, valenciano, euskera, finlandês, francês, grego, húngaro, índi, malayam, farsi, islandês, hebraico, italiano, sardo, japonês, letão, lituano, norueguês, holandês, polaco, romeno, russo, sueco, tai, turco, esperanto.
Foi há 15 anos que Saramago recebeu o Prémio Nobel da Literatura. Parece que foi ontem.
BIBLIOGRAFIA
|
Posted: 25 Sep 2019 07:18 AM PDT
Prólogo
Alguns são historiadores. Uns são encartados e outros não. Eu sou simplesmente estoriador ou seja um contador de histórias ao jeito que já conhecem. São estórias de vida daqueles que me cercam. São também estórias de vida daqueles que já partiram, mas permanecem vivos no registo quântico da minha memória. São ainda estórias de vida que chegam até mim, através de imagens que observadores atentos captaram e fixaram para a posteridade. Cabe-me a mim, proceder à leitura dessas imagens. Em primeiro lugar daquilo que é óbvio e salta à vista de todos. Tanto pode ser uma como várias estórias. Depois vem a leitura daquilo que não é evidente e apenas é visível para observadores mais atentos e minuciosos. Segue-se a leitura do lado oculto das imagens, o que já exige outros dons. Só no fim vem a lição, a mensagem ou o aviso que essas imagens transmitem.
Pausa no trabalho
A imagem que me chegou às mãos e que é objecto da presente crónica, é da autoria do fotógrafo francês Guy Le Querrec e foi obtida em 1967, em Estremoz, à saída do Largo da República para a Rua Brito Capelo. Terá sido fruto da conjugação de um raro sentido de oportunidade e de um elevado grau de consciência antropológica do seu autor.
O personagem central da fotografia é um varredor de rua, encostado à parede e que no decurso de uma pausa no trabalho se prepara para enrolar um cigarro. Fumava tabaco de onça, que seria o único permitido pelo seu magro salário. Creio que no fim não terá lançado a beata para o chão, por cuja limpeza era responsável. À sua frente, os instrumentos de trabalho de que se serve, o vasculho e um carro de mão com dois baldes com tampa, dum dos quais espreita o cabo de uma pá de apanhar o lixo.
Loja de Artesanato
A personagem secundária da fotografia, mas com importância para a presente crónica, é a montra da Loja de Artesanato Regional da Olaria Alfacinha, situada no n.º 30 do Largo da República. No recheio da montra figuram Bonecos de Estremoz e destaca-se uma peça de Olaria enfeitada, conhecida por “Candelabro enfeitado”. O chão e o passeio estão limpos, o rodapé da parede, em pó de sapato, é elevado. À esquerda a parede está descascada, indiciando salitre. De resto a alvura da parede está comprometida pelos cabos eléctricos ali estendidos pela EDP.
A Loja de Artesanato da Olaria Alfacinha foi encerrada em 1987, quando do trespasse da Olaria pelo casal Rui e Cristina Barradas, que foram proprietários da Olaria até ao seu encerramento definitivo em 1995.
Mas isso são tempos que já lá vão. Foi Luís de Camões que disse: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,/ Muda-se o ser, muda-se a confiança; / Todo o Mundo é composto de mudança, / Tomando sempre novas qualidades.”
Talho
A loja mudou de ramo. Ali já não se vendem recordações que têm a ver com a matriz identitária local e regional. Ali já não se vendem Primaveras, Peraltas, Senhoras de Pezinhios, Frades a cavalo e Matanças de porco. É que a Loja de Artesanato deu origem a um talho. Agora vende-se ali dobrada, segredos, morcelas, farinheiras, costeletas, bifes da vazia e hamburguers feitos na hora. E não é só isto, mas muito mais, já que à matança do porco se acrescentou a do borrego, da vitela, dos frangos e dos perus. Há carne de todos os feitios e paladares, à vontade do freguês.
A imagem do exterior do talho (Fig. 2) é da autoria do barrista Ricardo Fonseca e foi obtida na actualidade. A montra da Loja de Artesanato deu origem a uma janela com persianas e cuja função é iluminar o talho com luz natural. O rodapé, agora mais vivo, baixou de altura. A alvura da parede é agora maior, como maior é o número de cabos da EDP a profanar a parede. À esquerda da montra, uma caixa também da EDP e à direita um gradeamento que evita o estacionamento no local e impede que os peões sejam atropelados pelos automóveis que por ali transitam.
Recuperar a Olaria
A Olaria Alfacinha foi extinta em 1995 e a última Olaria existente, a Olaria Regional, acabou com a morte de Mestre Mário Lagartinho em 2016. Há 3 anos que se encontra extinta a Olaria em Estremoz. É um interregno que começa a doer, como doeu o interregno de 14 anos na manufactura de Bonecos, entre 1921 e 1935, até á revitalização promovida nos anos 30 do século passado, por Sá Lemos, Director da Escola Industrial António Augusto Gonçalves. Como não tenho espírito sebastianista, não estou à espera de um novo Sá Lemos, que venha reactivar a extinta Olaria de Estremoz. Creio torna-se necessário gizar um plano para a sua recuperação e salvaguarda. Não basta a Olaria estar musealizada, é preciso que esteja viva.
A Olaria, filha bastarda da Barrística
A Barrística Popular Estremocense tem duas componentes: a manufactura de Bonecos e a Olaria. A primeira desde 2017 que integra a Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da humanidade.
Quanto à Olaria é uma arte popular tradicional mais antiga que os Bonecos e que na cidade se firmou desde tempos remotos e que por isso mesmo tem também a ver com a identidade cultural local e regional. Todavia, a Câmara há muito que virou a cara para o lado e assobia distraidamente, como se não fosse nada com ela. É caso para lhes perguntar:
- “Porque é que só se interessam pelos Bonecos?”
É claro que não vão responder, mas a resposta que ocorrerá, decerto, a muito boa gente é que:
- “Os Bonecos é que estão a dar!”
É caso para lhes perguntar:
- “E a Olaria não é gente?”
A meu ver, a recuperação da extinta Olaria tradicional de Estremoz é necessária,
inadiável e urgente, o que me incita a dar algumas recomendações à Câmara:
- “Metam o assobio no bolso. Arrepiem caminho. Abram os olhos, que ainda não chegou o tempo de os fechar.”
E acrescento:
“Já vos foi sugerido um caminho com viabilidade assegurada, visando aquela recuperação. Todavia, alguém que já não está aí, não quis. Decerto que há outros caminhos alternativos àquele que vos foi sugerido. Têm é de escolher um e percorrê-lo até ao fim. Não podem é enterrar a cabeça na areia como o avestruz.”
Literatura de Tradição Oral
A literatura de tradição oral faz uma abordagem antropológica da figura do varredor. Assim, na GÍRIA POPULAR, o varredor é conhecido por “Almeida” e por “Escrivão de pena grande”. A nível de PROVÉRBIOS são conhecidos alguns: “Lixo é o que não presta”, “A vassoura nova é que varre bem” e “Se caiu no chão é para quem varrer a rua”. Quanto a SUPERSTIÇÕES são conhecidas estas: “Varrer os pés de uma pessoa faz com ela nunca se case” e “Varrer a casa ao meio-dia e deitar cisco fora é muito mau, porque se deita fora a fortuna”. No âmbito das LENGALENGAS é bem conhecida esta: “Varre, varre vassourinha / Varre, varre vassourinha / Varre bem esta casinha / Se varreres bem dou-te um vintém / Se varreres mal dou-te um real.” No domínio das ALCUNHAS ALENTEJANAS, “Varredor” é uma alcunha de origem profissional (Redondo), “Vassourinha” a designação aplicada a uma mulher que em criança era muito irrequieta (Arraiolos) e “Vassoura dos penicos” o cognome atribuído a uma mulher muito vaidosa (Redondo). No que respeita a TOPONÍMIA e apesar da importância social de que sempre se revestiu a actividade diária dos varredores, estes estão ausentes da toponímia nacional. Por outro lado, também não conheço qualquer referência ao varredor no CANCIONEIRO POPULAR. Todavia no álbum “Madrugada dos trapeiros” editado em 1977, o cantor Fausto termina a canção “O varredor”, dizendo: “Neste trabalho braçal / de tudo varre o varredor: / gato morto e um aborto semanal / o que nos falta em rigor, sim senhor, é varrer o capital.”
Epílogo
A realidade é multifacetada, pelo que variando a profundidade da observação há que sucessivamente perscrutar o óbvio, sondar o menos visível e penetrar no oculto. A realidade é também multidimensional no espaço e no tempo. Por isso, a análise de uma imagem tem que se lhe diga. Requer mais instrumentos que os ingredientes comportados pelo cozido à portuguesa. Pensem bem nisto e não se deixem arrastar pelo óbvio.
(Estremoz, 15 de Setembro de 2019)
Fig. 2 – Janela de talho. Fotografia de Ricardo Fonseca. Estremoz, 2019.
|
Posted: 17 Sep 2019 02:03 PM PDT
Fig. 1 - Ricardo Fonseca (1986- ). Fotografia de 2018 da autoria de Luís Mendeiros.
Arquivo fotográfico do autor.
A extensão do texto e o considerável
número de ilustrações, aconselhou que
fosse dividido em duas partes,
que serão publicadas sucessivamente.
Esta é a 1.ª parte. A 2ª parte será editada proximamente.
Ricardo Jorge Moreira Fonseca nasceu a 20 de Setembro de 1986 no Monte da Estrada, situado no lugar de Mártires, freguesia de Santa Maria do concelho de Estremoz. Filho legítimo de João Francisco Fonseca, de 26 anos, motorista, e de Maria José Ramalho Moreira Fonseca, de 30 anos, doméstica (1).
De 1998 a 2004, foi aluno da Escola Secundária da Rainha Santa Isabel. Aqui frequentou o 12º ano de escolaridade, cursando Artes e adquirindo saberes no âmbito da Pintura, da Escultura e da História de Arte (2).
Sobrinho de peixe sabe nadar. O seu tio Ilídio foi oleiro na Olaria Alfacinha, onde ainda trabalhava em 1983. As irmãs Flores, suas tias, são bonequeiras. A Maria Inácia desde 1972 e a Perpétua desde 1976. Não admira pois que se tenha sentido fascinado pela plasticidade do barro e pelas transmutações que ele permite já que, como diz o poeta António Simões: “Barro incerto do presente, / Vai moldar-te a mão do povo / Vai dar-te forma diferente, / Para que sejas barro novo.” Daí que Ricardo tenha começado a manusear o barro aí pelos catorze anos, fazendo a aprendizagem com as sua tias. Aos quinze anos já fazia pequenos presépios e algumas imagens que vendia aos turistas, assegurando assim a mesada para os seus gastos juvenis.
Ao sair da Escola, em 2005, começou a trabalhar (Fig. 1) com as tias na oficina-loja do Largo da República (Fig. 2). Foi então que a manufactura de Bonecos deixou de ser uma brincadeira e passou a ser o seu mester. A execução das figuras continuou, todavia, a ser feita com imenso prazer e igual paixão, pois como diz o adagiário “O trabalho é o mestre do ofício” e “O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra”.
Trabalha muitas vezes por encomenda, o que é caso para dizer “A boa obra, se vai pedida, já vai comprada e bem vendida”. Confecciona espécimes dentro e fora do conjunto dos “Bonecos da Tradição”. Entre os modelos que registam maior procura figuram: “O Amor é Cego”, “Primavera”, “Rainha Santa Isabel” e “Presépios”. São de sua criação, figuras como “O professor”, “Fernando Pessoa”, “Cavaleiro Tauromáquico”, “Forcado”, “Rainha Santa Isabel alimentando um pobre”, “Santiago”, “Senhor dos Passos com Nossa Senhora” e “Paliteiros zoomórficos”.
A procura de coleccionadores leva-o a criar variantes de muitos exemplares, o que acontece sobretudo com “Presépios”, mas também com imagens como “Santo António”, “Nossa Senhora da Conceição” e “Rainha Santa Isabel”, o que se torna estimulante, sob um ponto de vista criativo. De resto e por auto-desafio vai criando peças cada vez mais complexas, sem abandonar porém os preceitos inerentes à manufactura dos Bonecos de Estremoz. É caso para dizer que: “Aprende por arte e irás por diante”.
De parceria com as tias tem executado exemplares como “Coreto Municipal”, “Presépio de Galinheiro” e “Jogador de bilhar”.
É sabido que cada barrista tem o seu próprio modo de observar o mundo que o cerca e de o interpretar, legando traços de identidade pessoal nas peças que manufactura e que são marcas indeléveis que permitem identificar o seu autor. Lá diz o adagiário: “As obras mostram quem cada um é” e “Pela obra se conhece o artesão”. No caso de Ricardo, o perfeccionismo está-lhe na massa do sangue, o que o leva a dedicar-se aos pormenores, não só na pintura, como na própria manufactura do rosto, das mãos, dos pés e dos enfeites que adornam as figuras.
Quanto às suas marcas de autor são múltiplas: - “RicardoFonseca” com ou sem data ou com data e “Estremoz”, manuscritas e com iniciais maiúsculas; - RF com ou sem data, pintado em cor variável, etc.
Ricardo tem participado em exposições colectivas, não só em Estremoz, como em Espanha e Itália, assim como em Feiras de Artesanato (FIAPE e a FATACIL), no stand das tias.
Ganhou o 1º Prémio no Concurso de Barrística “Rainha Santa Isabel”, promovido pelo Município de Estremoz no decurso da FIAPE 2011.
Se tivesse que se dedicar à manufactura de um único tipo de figuras, escolheria os Presépios, já que estes possibilitam um número ilimitado de cenários, o que é estimulante, sob um ponto de vista criativo.
Restaura também Bonecos de Estremoz e outras peças de cerâmica. Como gosta de artes plásticas em geral, ocasionalmente também desenha e pinta em casa.
Apesar de por opção própria trabalhar na oficina-loja das tias, Ricardo não é um aprendiz, é um barrista de corpo inteiro, que por ser deles o benjamim, tem nas suas mãos a pesada herança de assegurar o futuro dos Bonecos de Estremoz. Força, Ricardo! “Parar é morrer” e “Para a frente é que é caminho”.
BIBLIOGRAFIA
1 - Ricardo Jorge Moreira Fonseca - Assento de Nascimento Informatizado nº 256 de 2008, da Conservatória do Registo Civil de Estremoz.
2 - Ricardo Jorge Moreira Fonseca – Processo Individual de aluno nº 11921, no Arquivo da Escola Industrial António Augusto Gonçalves e sucessoras.
Hernâni Matos
Fig. 2 - Irmãs Flores. Perpétua (1958- ) à esquerda e Maria Inácia (1957) à direita.
Fotografia de 2018 da autoria de Luís Mendeiros. Arquivo fotográfico do autor. |
Sem comentários:
Enviar um comentário