Melgaço (Portugal)
Gentílico | Melgacense |
Área | 238,25 km² |
População | 9 213 hab. (2011) |
Densidade populacional | 38,7 hab,/km² |
N.º de freguesias | 13 |
Presidente da câmara municipal | Manoel Batista (PS) |
Fundação do município (ou foral) | 1181 |
Região (NUTS II) | Norte |
Sub-região (NUTS III) | Minho-Lima |
Distrito | Viana do Castelo |
Província | Minho |
Orago | Santa Maria da Porta |
Feriado municipal | Quinta-feira de Ascensão |
Código postal | 4960 |
Sítio oficial | http://www.valedominho.net/Melgaço |
Municípios de Portugal |
Melgaço é uma vila raiana portuguesa no Distrito de Viana do Castelo, região do Norte e sub-região do Minho-Lima.
É sede de um concelho com 238,25 km² de área[1] e 9 213 habitantes (census de 2011[2]), subdividido em 13 freguesias.[3] O município é limitado a norte e leste pela Galiza, a sudoeste pelo município de Arcos de Valdevez, e a oeste por Monção. É o município mais setentrional do país.
O ponto mais elevado do concelho situa-se no Giestoso, sendo a 4ª montanha mais elevada do distrito de Viana do Castelo, com 1 335 metros de altitude, na freguesia de Castro Laboreiro.
Em Melgaço existe toda uma tradição de lendas de bruxas, mouras encantadas e princesas suevas, heroínas minhotas, como a lenda de Inês Negra, ou ainda contos e fábulas de criaturas fantásticas, como arganões e outros seres com poderes mágicos, semelhantes às esculturas de monstros e dragões, encontrados em Monte de Prado, na encosta ribeirinha, cujas características são em tudo semelhantes às proas dos barcos viquingues, que incursaram várias vezes pela área, assim como pela restante costa marítima e ribeirinha do norte de Portugal e da Galiza. Esta cultura popular foi sendo transmitida oralmente ao longo de gerações, estando atualmente em declínio.
A zona montanhosa, nomeadamente de Castro Laboreiro, é possuidora também de um carácter único humano e cultural, de origem celta, com hábitos e costumes próprios, onde se destaca a cultura local de transumância, única no país pelas suas brandas e inverneiras, o linguajar e os hábitos de vestir locais (traje castrejo). Existe ainda nesta freguesia, uma raça autóctone de cão, de tipo amastinado, óptimo guarda e guia de gado bovino, denominado de cão de Castro Laboreiro ou "boca negra", sendo uma das raças mais antigas da Península Ibérica.
São também notáveis as inúmeras pontes romanas por todo o concelho, celtas (no lugar de Portos), monumentos e alinhamentos megalíticos, fortificações medievais, como o Castelo de Melgaço e o Castelo de Castro Laboreiro, assim como vários solares, igrejas românicas, o parque termal do Peso, museus e trilhos pedestres ou cicláveis, para além da fauna e flora natural do concelho, salvaguardada pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês, em Lamas de Mouro.
Índice
População[editar | editar código-fonte]
Número de habitantes [4] | ||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 |
14 625 | 15 829 | 15 428 | 15 558 | 16 312 | 15 421 | 15 759 | 17 689 | 17 798 | 18 211 | 15 805 | 13 246 | 11 018 | 9 996 | 9 213 |
(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste concelho à data em que os censos se realizaram.)
Número de habitantes por Grupo Etário [5] | ||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 | |
0-14 Anos | 4 398 | 5 015 | 4 516 | 5 201 | 5 628 | 5 203 | 5 064 | 4 380 | 3 255 | 1 741 | 1 028 | 821 |
15-24 Anos | 2 468 | 2 515 | 2 585 | 2 619 | 2 762 | 3 093 | 2 981 | 2 080 | 2 097 | 1 452 | 1 113 | 766 |
25-64 Anos | 6 790 | 7 319 | 6 743 | 6 962 | 7 524 | 7 638 | 8 561 | 7 220 | 5 664 | 5 284 | 4 818 | 4 250 |
= ou > 65 Anos | 1 187 | 1 286 | 1 156 | 1 185 | 1 406 | 1 542 | 1 605 | 2 125 | 2 230 | 2 541 | 3 037 | 3 376 |
> Id. desconh | 113 | 45 | 77 | 26 | 68 |
(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no concelho à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)
Sendo uma terra de fronteira, bastante influenciada pela proximidade de Espanha e pelo rio Minho, as povoações de Melgaço sofreram um exôdo e despovoamento bastante denso durante as décadas de 1960 e 1970, encontrando como principais países de acolhimento a França, Suiça, Luxemburgo, Brasil, Canadá, Estados Unidos da América e até a Austrália. Apesar de ter persistido até 1980, sofrendo um abrandamento nas últimas décadas, o fenómeno emigratório marcou assim de forma intrínseca a identidade local, tendo afectado todas as famílias da região. Como tal, hoje em dia, com o objectivo de preservar a história do concelho foram criados o Espaço Memória e Fronteira, que para além de museu também funciona como Gabinete de Apoio ao Emigrante, e o Festival Internacional de Documentário de Melgaço, originalmente chamado de Filmes do Homem, com ênfase nas questões sociais, individuais e culturais relacionadas com identidade, memória e fronteira, organizado pela Câmara Municipal e a Associação AO NORTE, tendo ainda o apoio do Museu do Cinema de Melgaço - Jean Loup Passek e de várias universidades ou centros de estudos sobre migrações nacionais e internacionais.
Cultura Regional[editar | editar código-fonte]
Localizada na fronteira entre Portugal e Espanha, a localidade de Melgaço sempre beneficiou das relações culturais com as regiões vizinhas, nomeadamente a Galiza. Por si, esta dinâmica estreita originou uma indústria redobrada nas excentricidades próprias dos meios rurais, transformando Melgaço no epicentro português dos mitos brejeiros e numa verdadeira babilónia de vernacular castiço. Em algumas localidades, o linguajar de origem arcaica galaico-portuguesa, caracterizado pelas vogais mais acentuadas, a substituição do ditongo "ão" por "om" ou "an", ou ainda o acrescentar do "t" antes do "ch", entre outras particularidades, ainda persiste, sobretudo nas zonas montanhosas, onde não falta o folclore local, histórias de contrabando ou de emigração, quando se partia a salto para França em busca de uma vida melhor, e cantares de pastoreio ancestrais.
Entre as lendas e histórias do folclore regional associadas a Melgaço, encontramos a lenda da heroína da terra Inês Negra, a história de amor de Frei João da Cruz, as mouras encantadas do Coto da Moura e da Lampreia Dourada, as Feiticeiras Raianas, o salteador Tomás das Quingostas e ainda os míticos arganões ou a terrível Fera de Castro Laboreiro, entre tantas outras que se perderam na memória do tempo.
Desporto e Lazer[editar | editar código-fonte]
Tornando-se nas últimas décadas num conhecido destino turístico de natureza, com características geográficas e geológicas que lhe concedem uma posição de destaque e renome no Norte de Portugal, após a criação da Escola Superior de Desporto e Lazer, do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, e do moderno e bem equipado Centro de Estágios na localidade, Melgaço tem apostado fortemente na promoção do seu concelho através de novas infraestruturas e actividades desportivas e de lazer.
Usufruindo da sua paisagem e riqueza histórica e cultural, denominando-se ainda como "o destino de natureza mais radical do país"[6], a prática de desportos de rio e montanha ocorrem durante todo o ano, sendo em matéria de desportos radicais, o rafting o mais emblemático. Para além dos desportos aquáticos mais comuns como a canoagem ou o canyoning, outra forte aposta têm sido os percursos que atravessam as diferentes paisagens da região, tendo sido já palco de competições nacionais e regionais de TT, BTT[7], drift, ciclocrosse[8], trail ou ainda de pedestrianismo[9]. Desde os mais recentes trilhos marginais do rio Minho, às rotas ambientais na montanha, com forte cariz de preservação do lobo ibérico e de outras espécies autóctones, inseridas no Parque Nacional da Peneda-Gerês, ou ainda no icónico planalto de Castro Laboreiro, onde se superam os 1.300 metros de altitude e é possível atravessar uma das maiores necrópoles megalíticas da Península Ibérica, não faltam opções para os entusiastas do ar livre ou da adrenalina.
Na área do lazer, com uma tradição centenária, existe o Parque Termal do Peso, aberto todo o ano, conhecido pelas suas águas medicinais e tratamentos terapêuticos, para além de outros focados numa vertente de bem-estar, estética, beleza e relaxamento, assim como o moderno Centro Hípico, as Piscinas Municipais cobertas ou o Clube de Saúde do Centro de Estágios, que dispõe de ginásio, spa, sauna e banhos, para além de outros complementos como a piscina ao ar livre, campos de ténis, mini-golf, circuito de manutenção, polidesportivos para a prática de variadas modalidades, como o futsal, voleibol ou basquetebol, e muitos outros.
Na história desportiva local existe ainda o clube de futebol Sport Clube Melgacense, com mais de sessenta anos de vida, e mais recentemente, alguns protocolos para desenvolver a modalidade de andebol na região minhota[10].
Economia[editar | editar código-fonte]
Na economia de Melgaço destaca-se a produção do fumeiro e, essencialmente, a produção vinícola, com destaque para os espumantes de Melgaço.
Existem cerca de 30 produtores de vinhos no concelho que lançam no mercado uma média anual de 150 mil garrafas de espumantes. O espumante de Melgaço é um vinho de cordão fino, mousse cremosa, acidez no ponto e uma grande harmonização gastronómica, sendo que a maioria dos espumantes é elaborada a partir da casta Alvarinho, mas também com algumas versões de vinho rosé e tinto.[11] Como principais eventos para promover a indústria local e os seus produtos, anualmente são realizadas a Festa do Alvarinho e do Fumeiro e a Festa do Espumante de Melgaço.
Gastronomia[editar | editar código-fonte]
De origens ancestrais e fortemente influenciada pelo ciclo das culturas, pesca e caça ou criação das raças autóctonesda região minhota e raiana, da gastronomia típica de Melgaço destacam-se os enchidos de produção artesanal e qualidade reconhecida a nível nacional, o presunto de porco bísaro, a carne de vaca cachena, o cabrito do monte assado no forno, a truta à minhota e o arroz de lampreia, sendo esta última uma das iguarias mais apreciadas e emblemáticas da região minhota. Também a destacar, existe uma antiga tradição de doçaria, sendo o bucho doce e as broas de mel de Melgaço as sobremesas mais apreciadas, para além das compotas e do mel de urze, entre outras variedades, produzido na região, que fazem uso do micro-clima local e da fruta e flora sazonal.
Fazendo ainda jus à tradição, em Castro Laboreiro, feito com farinha de centeio, trigo ou milho, o pão preto ou broa castreja é ainda habitualmente produzida à moda antiga, num dos muitos fornos e moinhos comunitários que revestem a localidade, sendo o primeiro pão a sair, a "tenda", para repartir com a família e amigos como manda a tradição castreja.
Freguesias[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Freguesias de Melgaço
O concelho de Melgaço está dividido em 13 freguesias:
- Alvaredo
- Castro Laboreiro e Lamas de Mouro
- Chaviães e Paços
- Cousso
- Cristóval
- Fiães
- Gave
- Paderne
- Parada do Monte e Cubalhão
- Penso
- Prado e Remoães
- São Paio
- Vila e Roussas
Património e Principais Pontos de Interesse[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Lista de património edificado em Melgaço
Igrejas[editar | editar código-fonte]
- Igreja de Alvaredo
- Igreja de Chaviães
- Igreja da Misericórdia
- Igreja Matriz de Castro Laboreiro
- Igreja Matriz de Melgaço
- Igreja de Lamas de Mouro
- Capela de Nossa Senhora da Orada
- Capela de São Julião
- Convento das Carvalhiças
- Convento de Paderne
- Mosteiro de Fiães
Museus[editar | editar código-fonte]
- Museu do Cinema de Melgaço
- Espaço Memória e Fronteira
- Núcleo Museológico de Castro Laboreiro
- Núcleo Museológico da Torre de Menagem
- Ruínas Arqueológicas da Praça da República
Fortificações[editar | editar código-fonte]
Outros[editar | editar código-fonte]
- Branda da Aveleira
- Brandas dos Portos
- Casa da Cultura
- Casa da Quinta da Calçada
- Centro de Estágios ou Complexo Desportivo e de Lazer do Monte de Prado
- Centro Histórico da Vila
- Cruzeiro de São Gregório
- Fonte de São João
- Fonte da Vila
- Gravuras Rupestres do Fieiral
- Necrópole Megalítica do Planalto de Castro Laboreiro
- Parque Termal do Peso
- Parque Urbano do Rio do Porto
- Percursos Marginais do Rio Minho
- Pesqueiras do Rio Minho
- Ponte de Assureira ou Ponte de São Brás
- Ponte das Caínheiras
- Ponte de Dorna
- Ponte Nova da Cava da Velha
- Ponte de Varziela
- Quinta do Reguengo
- Solar do Alvarinho
- Solar de Galvão
- Trilho Castrejo
- Trilho do Curro da Velha
- Trilho Interpretativo de Lamas de Mouro
Melgacenses Ilustres[editar | editar código-fonte]
- Acácio Caetano Dias, escultor (1935-2013)
- António Augusto Durães, advogado e político português (1891 – 1976)
- António Joaquim Durães, advogado, político e governador civil do Distrito da Horta e do Distrito de Évora (1857-19?? )
- António Lourenço de Sousa Lobato, major e piloto-aviador da Força Aérea Portuguesa (1938-presentemente)
- Adelino Joaquim Pereira Soares de Castro, jornalista, escritor, investigador que exerceu grande parte da sua carreira em Moçambique (1913-19??)
- Carlos Pereira de Lemos, topógrafo, professor e cônsul português em Melbourne (1926-presentemente)
- Eurico António Crispim da Silva, actor, encenador, argumentista e produtor no Brasil (1900-1973)
- Jerônimo José Nogueira de Andrade, militar, inventor e secretário do governo de Moçambique (1749-1809)
- Manuel Alves de San Payo, fotógrafo (1890-1974)
- Pedro M. R. Ferreira, primeiro presidente da Federação Portuguesa do Jogo do Pau (1915-1996)
Referências
- ↑ Instituto Geográfico Português, Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013 Arquivado em 9 de dezembro de 2013, no Wayback Machine. (ficheiro Excel zipado). Acedido a 28/11/2013.
- ↑ INE (2012) – "Censos 2011 (Dados Definitivos)", "Quadros de apuramento por freguesia" (tabelas anexas ao documento: separador "Q101_NORTE"). Acedido a 27/07/2013.
- ↑ Diário da República, Reorganização administrativa do território das freguesias, Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro, Anexo I. Acedido a 19/07/2013.
- ↑ Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
- ↑ INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
- ↑ P3/Lusa. «Melgaço quer ser o destino de natureza "mais radical de Portugal"». PÚBLICO. Consultado em 9 de abril de 2019
- ↑ «Maratona BTT a potenciar o desporto de Melgaço - Opraticante». Opraticante. 21 de fevereiro de 2019
- ↑ Minho, Rádio Vale do (21 de janeiro de 2019). «Melgaço com cada vez mais 'pedalada' como destino desportivo de excelência». Rádio Vale do Minho. Consultado em 9 de abril de 2019
- ↑ SAPO. «Descobrir a natureza, o desporto e a gastronomia de Melgaço». SAPO Viagens. Consultado em 9 de abril de 2019
- ↑ Redação (16 de fevereiro de 2019). «Andebol chega a Melgaço». O Minho. Consultado em 9 de abril de 2019
- ↑ Gazeta Rural n.º 258 (31 de outubro de 2015). pág. 16.
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