Eis os tempos a dispararem sinais em todas as direções como se um engraçadinho tivesse subido ao farol para lá colocar uma bola de espelhos. Lendo o Expresso Diário de hoje façamos o exercício de juntar um parágrafo do texto de Luís M. Faria a um parágrafo do texto de Hélder Gomes. Fica assim: “Em matéria de liberalização de costumes ou reconhecimento da modernidade, se se preferir, setembro de 2018 tem sido extraordinário na Índia. Depois de o Supremo Tribunal descriminalizar o sexo gay no princípio do mês, quinta-feira fez o mesmo com o adultério. Em ambos os casos, as leis revogadas datavam do período colonial”; “Em caso de confirmação, o juiz vai consolidar o controlo conservador do Supremo, o que revela especialmente sensível em questões como o aborto, a imigração e os direitos dos homossexuais. As posições conservadoras do juiz foram, de resto, um dos principais motivos por que Trump o nomeou.”
Mais direitos na Índia, menos direitos nos EUA. Isto começa bem. Falando de nomeações de juízes, por cá um programa informático tratou do assunto e escolheu Ivo Rosa para juiz de instrução da ‘Operação Marquês’. “O juiz Ivo Rosa é normalmente visto como o oposto de Carlos Alexandre: implacável para o MP e menos exigente com os arguidos”, escrevem Rui Gustavo e Micael Pereira.
E também há menos direitos para quem trabalha em certos aviões irlandeses. Eia a greve na Ryanair, descrita pela Marta Gonçalves: “Menos tempo de licença de paternidade, dupla tributação fiscal e contratos irlandeses. Depois, há ameaça de despedimento se fizerem greve e o facto de quando adoecem terem de ir a Dublin justificar a ausência. Todas estas são queixas dos funcionários portugueses da Ryanair, que esta sexta-feira – à semelhança dos colegas alemães, belgas, italianos e espanhóis – estão em greve.”
Descendo à Terra, a Carla Tomás pôs os taxistas a fazer contas: “Se pensarmos que no país todo estiveram parados cerca de 3000 carros e se fizermos as contas a €84 euros de receita por carro por dia, só aí estimamos €252 mil euros por dia, o que dá um prejuízo de cerca de €2 milhões em oito dias de paragem.”
Muitos mais assuntos no Diário. Pode ser português o primeiro embaixador da União Europeia junto do Reino Unido pós-‘Brexit’; a Câmara Municipal de Lisboa criou um atendimento personalizado para os projetos para a antiga Feira Popular; o presidente da Reserva Federal anunciou uma subida da taxa diretora; e há duas décadas que a Direção-Geral de Energia e Geologia está arredada das decisões sobre o futuro da central termoelétrica de Sines, a maior unidade de produção de eletricidade do país.
Já que comecei com uma bola de espelhos, termino a citar Daniel Oliveira: “Cavaco Silva julga que os portugueses olham para si e veem o mesmo que ele vê quando se olha ao espelho.”
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