Peniche
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Vista aérea de Peniche | |
Gentílico | Penicheiro, Penichense |
Área | 77,55 km² |
População | 27 753 hab. (2011) |
Densidade populacional | 357,9 hab./km² |
N.º de freguesias | 4 |
Presidente da câmara municipal | Henrique Bertino (IND.) |
Fundação do município (ou foral) | 1609 |
Região (NUTS II) | Centro |
Sub-região (NUTS III) | Oeste |
Distrito | Leiria |
Província | Estremadura |
Orago | São Pedro |
Feriado municipal | Segunda-feira após o primeiro domingo de Agosto (Festa da Nª Srª da Boa Viagem) |
Código postal | 2520 |
Sítio oficial | www.cm-peniche.pt |
Municípios de Portugal |
Peniche é uma cidade portuguesa do distrito de Leiria, situada na província da Estremadura e integrando a Comunidade Intermunicipal do Oeste na região do Centro, com 8 749 habitantes (2016). [1] É sede de um pequeno município com 77,55 km² de área [2] e 27 753 habitantes (2011) [3][4] subdividido em 4 freguesias. [5]
O município é limitado a leste pelo de Óbidos, a sul perto da Lourinhã e a oeste e norte pelo Oceano Atlântico.
Presume-se que o topónimo Peniche provém do latim vulgar pinniscula(península), o que significa que o termo se refere a um lugar e não a um povoado e que teve origem durante a Conquista romana da Península Ibérica.[6] [7] Por efeito da evolução linguística o termo terá perdido as últimas duas sílabas. Os mais recentes achados arqueológicos em Peniche e nas Berlengasparecem confirmar esta hipótese.
Índice
Implantação[editar | editar código-fonte]
Peniche, a cidade mais ocidental da Europa Continental, está implantada numa península (primitivamente uma ilha), com cerca de dez quilómetros de perímetro, criada por um tômbolo. O tômbolo da península de Peniche formou-se lentamente durante o século XVII. Essa língua de areia, na costa oriental da ilha, era invadida pelo mar durante a maré cheia e ficava a descoberto durante a maré vazia.
Vila «de grande população e de muito negócio», Peniche tornava-se por isso ilha na preia-mar e península na baixa-mar. Esse facto é comprovado por uma gravura de 1634 de Pedro Teixeira Albernaz. [8] [9] Além dos espaços urbanos, destaca-se ainda nesta gravura o porto de abrigo, adjacente à atual Avenida do Mar [10] e as salinas, situadas a nordeste, no areal da praia da Gamboa (“Baya da Camboa” na gravura), que «carregam o sal em grande quantidade», bem essencial para a salga de pescado. [11] Por efeito do crescente assoreamento do tômbolo pelas areias, Peniche será definitivamente península a partir do século XVIII, embora o alagamento do chamado Fosso da Muralha durante a maré alta permitisse a navegação de pequenas embarcações entre norte e sul através do istmo.
O povoado foi construído numa área rochosa considerada por cientistas como única a nível mundial enquanto exemplo da transição do período Triássico, aquando da extinção do Jurássico Inferior. [12] Essa área engloba a orla costeira desde a Papôa [13] ao Cabo Carvoeiro. Essa particularidade marca inequivocamente a grande importância do património geológico e paleontológico de Peniche. [14] [15] [16].
Geografia[editar | editar código-fonte]
Peniche tem praias extensas a norte e a sul da península. A praia norte prolonga-se, ultrapassando o Baleal, a uns três quilómetros, numa extensão de cerca de nove quilómetros até à Foz do Arelho.
O ponto mais ocidental da Península de Peniche é o Cabo Carvoeiro. [17] A oeste do Cabo Carvoeiro, para lá das seis milhas, situa-se o arquipélago das Berlengas, formação de origem vulcânica alegadamente contemporânea com a do ilhéu da Papôa. [18] Este arquipélago é hoje uma reserva natural onde se encontram espécies raras de flora, aves e peixes.
História[editar | editar código-fonte]
O concelho de Peniche possui uma longa e rica História. Foi sucessivamente ocupado por populações que, ontem como hoje, fizeram da pesca e da agricultura as suas principais atividades económicas. A sua especificidade geomorfológica e insular/peninsular parece ter moldado e condicionado, de um ponto de vista sócio-económico e cultural, as populações que ao longo dos tempos ocuparam este território. [19][20]
Peniche e o seu concelho são palco de importantes acontecimentos históricos de índole nacional e internacional. Perante frequentes assaltos de piratas e ocupações de potências estrangeiras [21], foi terra defendida por uma construção fortificada, a Praça-forte de Peniche, mandada edificar pelo rei D. João III em 1557 e concluída em 1645 por D. João IV. Tendo sido praça militar em 1897 e bastião estratégico na defesa da península no século XIX [22], abrigou refugiados da Guerra dos Bôeres nos primeiros anos do século XX e prisioneiros alemães e austríacos durante a Primeira Guerra Mundial. Tornar-se-ia célebre como prisão política durante o regime autoritário de António de Oliveira Salazar, entre 1934 e 1974, ano da Revolução dos Cravos. Recolheu ainda famílias de retornados das ex-colónias portuguesas de África. Quando estes se integraram na sociedade metropolitana, o forte tornou-se museu local, o Museu Municipal de Peniche. [23] [24]
Arqueologia[editar | editar código-fonte]
O município de Peniche e a faixa marítima adjacente têm sido objeto, desde os finais do século XIX e, em particular, nos últimos anos do século XX e na década seguinte, de inúmeros projetos de investigação no campo da arqueologia, com trabalhos em que se tem lentamente reconstituído a sua história e a das suas gentes.
Povoamento na pré-história[editar | editar código-fonte]
A Furninha revela vestígios de presença humana desde a época do Homem de Neandertal (há cerca de 30.000 anos). É o sítio neandertal mais ocidental da Europa e do mundo. Pela sua história e características, a gruta da Furninha é património de considerável importância. [25]
Colonização fenícia e romana[editar | editar código-fonte]
A arqueologia mais recente, envolvendo o período de colonização fenícia [26] e romana [27], dá-nos a conhecer ainda o retrato de um território que detinha uma posição de charneira no contexto de uma navegação comercial inter-regional e que acolhia, nos seus fundeadouros e estruturas portuárias, embarcações de grande tonelagem, como parece comprovado pela descoberta no mar da Berlenga de vários cepos de âncora em chumbo, entre os quais dois com cerca de 2,55 e 2,63m., com o peso de 423 e 422 kg. respetivamente. Um deles continha pequenos fragmentos da alma (haste) de madeira [28] cuja datação por radiocarbono indica ter origem entre os finais do século V e o início do século IV a.C.. Este facto permite-nos admitir a hipótese de «que este cepo pré-romano seja o mais antigo cepo de âncora conhecido de toda a Antiguidade podendo mesmo fazer recuar a data em que se pensava ter ocorrido a generalização do uso de cepos em chumbo no Mediterrâneo». [29]
Estes navios transportavam ânforas com vinho andaluz ou conservas de peixe lusitanas. A integração deste território nesta rede comercial de longo alcance terá favorecido a implantação de uma unidade fabril produtora de preparados piscícolas de garum, apoiada por um precoce complexo oleiro, situado no Morraçal da Ajuda [30] onde se fabricavam ânforas destinadas ao transporte da sua produção conserveira, realidade que perpetua a memória de uma atividade piscatória e industrial que ainda hoje, cerca de dois milénios depois, continua a pautar a vivência económica e social da gentes de Peniche.
Geologia e Paleontologia[editar | editar código-fonte]
À importância das formações geológicas da península, juntam-se jazidas fósseis de características únicas e de não menor relevância. Concentram-se as mais importantes na costa norte, numa arriba argilosa situada entre o ilhéu da Papôa [31] de origem vulcânica, e os rochedos calcários a sul, com inclusão do Cabo Carvoeiro. Existem nessa zona vestígios em grande número de animais marinhos de corpo mole em estado excecional de preservação, não só do Jurássico como do Cambriano: há registo de animais do Cambriano que aí viveram há mais de 540 milhões de anos. [32] [33]
Etnografia e antropologia cultural[editar | editar código-fonte]
Neste território estremadurense, a Natureza parece ter moldado uma vivência marcada pela dicotomia entre a atividade marítima e piscatória na península de Peniche, associada à exploração, transformação e comercialização dos recursos marinhos, e um mundo eminentemente agrícola, no interior do concelho, onde predomina o amanho da terra, que outras vivências criou. Assim, na etnografia local pontificam por um lado as tradições, usos e costumes associados à faina da pesca e indústrias adjacentes e, por outro lado, o cultivo dos campos e a produção de rendas de bilros.
A memória de naufrágios, a arreigada religiosidade das gentes do mar e a típica gastronomia constituem importantes traços de um povo que projeta em gerações vindouras a herança de um longo passado coletivo. Percorrer o concelho de Peniche é pois embarcar numa peculiar viagem pela História, com abundantes testemunhos nas áreas da antropologia cultural e da antropologia visual.
Património arquitectónico e natural[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Lista de património edificado em Peniche
O concelho de Peniche possui o seguinte património arquitectónico e histórico:
- Fortaleza de Peniche
- Igreja de São Pedro [34]
- Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Peniche
- Igreja da Misericórdia de Peniche [35] [36] [37]
- Capela de Nossa Senhora dos Remédios
- Igreja de São Leonardo, em Atouguia da Baleia
- Fonte gótica de Atouguia da Baleia [38]
- Pelourinho de Atouguia da Baleia
- Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Atouguia da Baleia
- Praça-forte de Peniche - no lado sul, junto ao mar, fica a fortaleza do século XVI, usada como prisão durante o regime de Salazar. Ficou famosa pela fuga do líder comunista Álvaro Cunhal.
- Muralha de Peniche - a cidade de Peniche está em parte rodeada por muralhas do século XVI. [39]
- Farol do Cabo Carvoeiro
- Grutas dos Bôlhos [40]
- Gruta da Furninha (monumento arqueológico)
Recolha através da wikipédia
ANTÓNIO FONSECA
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