Gouveia (Portugal)
Convento de São Francisco em Gouveia | |
Gentílico | gouveense |
Área | 300,61 km² |
População | 14 046 hab. (2011) |
Densidade populacional | 46,7 hab./km² |
N.º de freguesias | 16 |
Presidente da câmara municipal | Luís Marques Tadeu (PSD/CDS) |
Fundação do município (ou foral) | 1186 |
Região (NUTS II) | Centro (Região das Beiras) |
Sub-região (NUTS III) | Serra da Estrela |
Distrito | Guarda |
Província | Beira Alta |
Orago | Senhor do Calvário |
Feriado municipal | Segunda-feira após o segundo Domingo de Agosto |
Código postal | 6290 |
Sítio oficial | www.cm-gouveia.pt |
Municípios de Portugal |
Gouveia é uma cidade portuguesa do Distrito da Guarda, situada na província da Beira Alta, região do Centro (Região das Beiras) e sub-região da Serra da Estrela, com cerca de 3 500 habitantes.
Situa-se na encosta noroeste do maior sistema montanhoso português continental, a Serra da Estrela, a cerca de 700m de altura.
É sede de um município com 300,61 km² de área[1] e 14 046 habitantes (2011),[2][3] subdividido em 16 freguesias.[4] O município é limitado a norte pelo município de Fornos de Algodres, a nordeste por Celorico da Beira, a leste pela Guarda, a sueste por Manteigas, a sudoeste por Seia e a noroeste por Mangualde.
Índice
História de Gouveia[editar | editar código-fonte]
Uma crença popular, improvável; sugere que a cidade de Gouveia teria sido povoada pelos Túrdulos no século VI a.C., no entanto os vestígios mais antigos na cidade reportam-se ao Largo do Castelo, onde nos anos 1940 foram encontrados 97 potes funerários, datados, à época, para a Idade do Bronze, com vestígios de incineração e restos de ossadas humanas.
Além disso a antiga Gauvé encontra-se no centro do país, numa região comprovada como parte dos lusitanos,[5] uma tribo Celta que é muito mais natural como tendo dado origem a Gouveia.
Do período romano são conhecidos uma ara votiva consagrado ao Deus Lusitano Salqiu[6] e uma sepultura de um guerreiro romano, contendo vários artefactos metálicos (machado, faca e ponta de seta) junto à antiga escola primária de S. Pedro.
As calçadas romanas que existem tanto no alto concelho, nomeadamente em Folgosinho (Galhardos e Cantarinhos),[7] como no baixo-concelho, ao caso, em Vila Nova de Tazem o troço da Teixugueira-Parigueira,[8] são prova da vivência e dinâmica regional à época romana, na região, sem, no entanto, se ter encontrado prova do estatuto jurídico-administrativo, sabendo-se apenas que estava integrada na província da Lusitânia.
Os troços de calçada romana do alto-concelho são parte da via que ligava Mérida a Braga, cruzando a Ponte de Alcântara.
Durante a ocupação dos povos germânicos e muçulmanos, nada se sabe da Gaudella alto-medieval; apenas, que Fernando, O Magno, a conquistou por capitulação aos muçulmanos em 1055,[9] com a primeira referência ao Castelo de Gouveia a surgir num documento de Inocêncio II de 1135.
Existem registos documentais referentes ao Castelo de Gouveia, como é a carta que D. Pedro II enviou à câmara de Gouveia aquando da ida de Catarina de Bragança para Inglaterra, para o seu casamento com Carlos II de Inglaterra, pedindo que se limpasse e alumiasse o Castelo de Gouveia para a sua estada.
O castelo terá sido destruído aquando da retirada das tropas do General Massena durante a 3ª Invasão Francesa, no âmbito da Guerra Peninsular.
A rainha D. Teresa doou-a em couto, no ano de 1125, os freires da Ordem de São João de Jerusalém, radicados no Mosteiro de Águas Santas, na Maia.
D. Sancho I, ao vê-la abandonada, outorgou-lhe foral em 1186 enchendo de privilégios os seus moradores, tentando desta forma assegurar o seu repovoamento. D. Afonso II renovou-lhe foral em 1217, aumentando-lhe ainda mais as suas regalias e recebeu foral novo manuelino em 1510.
A comunidade judaica em Gouveia no decorrer da Idade Média é conhecida através dos nomes e profissões de alguns hebreus sefarditas do séc. XIV e XV.[10]
Em 1967 foi encontrada uma inscrição hebraica enquanto se destruía o casario para a construção do edifício dos CTT. Serviria de torsa à antiga sinagoga de Gouveia, situada na Rua Nova.
Nela se lê o ano de 5257 da era judaica (1496/7 da era cristã) e terá sido a última sinagoga construída na Península Ibérica antes do édito manuelino.
A judiaria no Bairro da Biqueira e algumas marcas inscritas nas ombreiras de edifícios da zona histórica da cidade são ainda visíveis, assim como é a inscrição, no Espaço Arte e Memória. A capela de Sta. Cruz, no Bairro da Biqueira, tem a sua construção associada a episódios de perseguição e violência no ano de 1528 para com a população cristã-nova, pois, após falsas acusações contra esta comunidade, três indivíduos foram acusados de profanação de uma imagem santa venerada pela população, condenando-se à morte na fogueira. Provada a sua inocência, os frades franciscanos do Convento do Espírito Santo (Foto) edificaram a capela.
Foi senhor de Gouveia D. Manique da Silva, filho dos 4ºs condes de Portalegre, mordomo-mor de Filipe IV de Espanha, que o fez marquês de Gouveia a 20 de Janeirode 1625; o 5º marquês deste título, D. José de Mascarenhas, veio a ser o 8º duque de Aveiro tendo morrido executado de um modo cruel em Lisboa a 13 de Janeiro de 1759, e por esse motivo Gouveia foi anexada aos bens da Coroa, no decurso do processo dos Távoras. Os títulos de Marquês de Távora e de Duque de Aveiro foram extintos e o palácio deste, em Lisboa, demolido. O terreno onde se erguia a construção foi salgado para que ali nada nascesse ou crescesse. No local foi construída uma coluna cilíndrica, com cinco anéis que representam os cinco membros da família dos Duques de Aveiro implicados na conspiração, atualmente, no Beco do Chão Salgado, em Belém, Lisboa.
A pastorícia e a transumância eram a vertente económica relevante na região, que permitiria o desenvolvimento da indústria dos lanifícios.
Esta teve um grande papel no desenvolvimento da cidade, concelho e região, ao longo do séculos XIX e XX, nomeadamente com o desenvolvimento da Indústria Têxtil.
Gouveia era um centro de evolução industrial, com uma comunidade operária, pulsante e esclarecida, como o prova o facto de em 1870 haver 57 teares mecânicos a funcionar em Portugal, com Gouveia a deter 20.[11] Em 1873 eram 23 as fábricas que funcionavam no concelho e no final do séc. XIX era o sexto maior centro urbano de faturação industrial em Portugal.[12]
Em 1902 deu-se início a um movimento grevista que teve enorme impacto, até por ter sido apoiado e coberto nacionalmente, por todo o país, sendo conhecida como a 1ª grande greve operária em Portugal. Eventualmente a greve terminou com dois mortos, num encontro com as forças de segurança, ao fim de 4 meses.[13]
Em 1917 Gouveia era a segunda cidade com mais operários na indústria dos lanifícios portuguesa, perfazendo um total de 1037, só superada pela Covilhã.
O Bairro do Castelo é a zona histórica por excelência da cidade com o seu traçado urbano medieval, mas é fora do do Bairro que melhor se preservou a monumentalidade dos edifícios gouveenses como, a Casa da Torre (edifício quinhentista e classificado como Monumento Nacional[15]) e os edifícios setecentistas, como o solar dos Serpa-Pimentel (atual Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira), os Paços do Concelho (antigo Colégio dos Jesuítas), o Solar dos Condes de Vinhó e Almedina (atual Museu de Arte Moderna Abel Manta), o Convento do Espírito Santo, a Igreja de S. Pedro, a Igreja de S. Julião e a Igreja da Misericórdia. O edificado religioso de menor dimensão mostra também a riqueza e variedade patrimonial de Gouveia, como são exemplo as capelas de Santa Cruz, de S. Miguel e do Senhor do Calvário.
A Romaria do Senhor do Calvário, realizada na segunda segunda-feira de Agosto (feriado Municipal) é a principal celebração religiosa e popular da cidade, que durante o séc. XX chegou a ser considerada a maior Romaria das Beiras.
Geografia e Ambiente[editar | editar código-fonte]
Integrado na encosta ocidental da Serra da Estrela, em Gouveia apreciam-se vistas de cortar a respiração, com vastos horizontes e panorâmicas de, praticamente, 180º dos seus mirantes, como são o do Paixotão e do Monte Calvário, junto ao centro da cidade. Avista-se o vale do Mondego e os horizontes recortados pelas vários sistemas montanhosos da Beira Alta. O acesso ao maciço central é feito através de toda a encosta, proporcionando uma viagem até ao ponto mais alto da serra, com vistas ímpares em Portugal.
Vários ribeiros e riachos descem a encosta e criam pequenas bacias hidrográficas, que proporcionam às populações um grande número de fontes de água pura e cristalina, que alimentam o maior rio português, o rio Mondego, que nasce no concelho, na fonte do Mondeguinho em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, próximo do Vale do Rossim.
O Parque Ecológico de Gouveia está situado numa área rural, designada Quinta da Borrachota, a cerca de 5 minutos do centro da cidade de Gouveia. O parque dispõe de uma área total de 6 ha.,estando uma parte ocupada com infraestruturas de apoio às espécies faunísticas existentes. Os percursos estão assinalados permitindo ao visitante usufruir do contacto com a natureza e simultaneamente conhecer a flora da região.
Próximo está instalado o CERVAS - Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens. O CERVAS é uma estrutura do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), atualmente sob a gestão da Associação ALDEIA,que tem como objetivos detetar e solucionar diversos problemas associados à conservação e gestão das populações de animais selvagens e dos seus habitats. Uma das principais áreas de trabalho do CERVAS é a recuperação de animais selvagens. Este trabalho consiste na receção e tratamento dos indivíduos recolhidos, com o objetivo de os libertar no local onde foram encontrados.[16]
Os Casais de Folgosinho possuem uma paisagem cultural e ambiental de valor inigualável na região e no país, proporcionando cores, formas, aromas e sensações únicas em plena Serra da Estrela. Com a rodagem do documentário Ainda Há Pastores, esta zona ganhou uma nova dimensão, pois, o progressivo abandono das atividades económicas levou ao abandono quase total desta zona da Serra da Estrela, mantendo-se uma dúzia de Casais habitados que ainda dão um especial colorido a esta região, que com as tradicionais "cortes" de telhados de colmo e o rio Mondego a correr calmo mas sinuoso, mantém a sua singularidade. A capela da Nossa Senhora da Assedace (datada do séc. XII) junto ao rio Mondego, é ainda um dos locais de culto com maior tradição na região, realizando-se a romaria anual das pessoas de Folgosinho e não só, a 8 de Setembro.
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