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RICARDO COSTA
DIRETOR DE INFORMAÇÃO DA SIC
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O chapéu da presidência do Eurogrupo dá sempre uma ou outra dor de cabeça. O anterior Presidente, um holandês de nome quase impronunciável, sabia que era alvo da ira dos países do sul, sobretudo dos resgatados, e que não devia fazer comentários moralistas, muito menos piadas sobre álcool e mulheres.
Pois bem, o atual Presidente ficou agora a saber que, mesmo com um nome mais pronunciável e chefiando as Finanças de um país do sul resgatado nos anos de brasa, não está livre dessa ira. Bastou fazer um pequeno vídeo a saudar o fim do resgate grego para ficar debaixo de fogo “amigo”.
Acontece a quem muda de barricada, dirão uns. Mas eu nem sequer mudei de barricada, dirá Centeno. Pois não, mas agora usas dois chapéus, digo eu. E um deles é uma cartola, boa para praticar tiro ao alvo.
O nosso ministro das Finanças usa esses dois chapéus há alguns meses e se o caseiro permite um discurso menos ortodoxo, o de Bruxelas, a tal cartola de bom fabrico, traz por dentro uma coroa de espinhos que aperta sempre que sai um discurso que pode soar a paternalista ou moralista.
Na verdade, o discurso de Mário Centeno não tem nada de especial. O problema é que podia ter sido debitado pelo ex-Presidente do Eurogrupo. Ou pelo próximo, porque segue a cartilha (a malta do futebol não inventou nada) das instituições internacionais e tem as palavras e ideias chave de qualquer saída limpa.
Pois bem, saída limpa é uma coisa de que nós nos lembramos bem. Porque não foi assim há tanto tempo e porque o governo de então a festejou com a oposição a dizer que era um embuste e que a austeridade continuava em força. Pois, o problema é que a oposição é agora poder e Centeno se foi sentar na sua cadeira de sonho, tendo agora o botão das saídas limpas na sua mesa de trabalho.
A coisa provocou uma enxurrada de comentários. Vamos a alguns, poucos, porque as ideias se repetem, apesar de terem alguma graça.
"Lamentável", foi assim, sem mas nem meio mas, que João Galamba viu o vídeo do seu colega.
"Um vídeo ridículo para quem tem alguma noção do que aconteceu na Grécia, insultuoso para os gregos e esclarecedor para os portugueses", afirmou José Gusmão, do Bloco de Esquerda.
"Não há nenhuma diferença entre Jeroen Dijsselbloem e Mário Centeno - fazem o mesmo branqueamento". Mariana Mortágua, também do BE.
"Um embuste", afirmou o PCP.
“Uma máquina de propaganda norte-coreana” e “um insulto à insuportável miséria da Grécia”, disparou Varoufakis contra Centeno.
O PSD e o CDS exploraram as contradições com os tempos da nossa saída limpa, há frases de sobra para explorar este filão. O vídeo é muito pequeno mas chega para animar a política portuguesa durante uns dias.
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Outras notícias A Venezuela continua no centro da atualidade internacional, agora que cortou cinco zeros à sua moeda, lançando um novo Bolívar que passa aestar indexado a uma criptomoeda. Confuso? Não é o único. Apesar de não ser a primeira – nem a última, provavelmente – desvalorização brutal de uma moeda, este caso surpreende pela radicalidade das medidas, pela novidade da indexação e por não parecer mudar grande coisa.
O Público puxa para o topo da página a “corrida” de lusodescendentes venezuelanos à nacionalidade portuguesa, uma tendência que já vem de 2016. Em pouco mais de um ano, 5800 lusodescendentes pediram a nacionalidade portuguesa.
O Correio da Manhã faz manchete com o aumento de pensões previsto para janeiro, sublinhando a ideia de que existirá um aumento mínimo de 10 euros.
O JN chama a atenção para a reversão de fusões de freguesias por causa do processo de descentralização. Em 2013 foram extintas 1168 pequenas autarquias mas agora podem reaparecer…
A edição eletrónica do Diário de Notícias revela que os militares prejudicados pelo 25 de abril serão reintegrados no mesmo posto, embora sem direito a reconstituição de carreiras ou retroativos.
Bruno de Carvalho continua no topo dos noticiários, agora porque terá tentado congelar contas bancárias do Sporting. A Comissão de gestão avançou com uma queixa-crime contra o ex-presidente por alegada fraude eBruno Carvalho defende-se: "ninguém procurou congelar qualquer conta bancária do Sporting".
Já esta manhã, Bruno de Carvalho respondeu no Facebook dizendo que "não houve nenhuma tentativa de congelamento de qualquer conta bancária do Sporting C.P. ou da Sporting C.P.- Futebol, SAD".
"Trata-se evidentemente de mais uma manifestação maculada pela crassa ignorância, sempre envolvida em frases de minuta, imediatamente suportada por um alarde de conversas de taberna em antenas de televisão onde se procura a lavagem cerebral dos públicos que a isso se submetam", acusa Bruno de Carvalho.
A associação ambientalista ZERO enviou hoje à Comissão Europeia uma queixa contra o Estado Português por causa da construção do novo aeroporto no Montijo, no distrito de Setúbal, alertando para a necessidade de uma Avaliação Ambiental Estratégica. Segundo a ZERO tem que se proceder a uma Avaliação Ambiental Estratégica, em vez da tradicional Avaliação de Impacte Ambiental, que considera muito limitada.
Passam hoje 50 anos sobre o dia em que tanques russos entraram pela Checoslováquia para esmagar a Primavera de Praga. É uma data redonda, assinalada num momento em que a influência russa volta a pairar sobre a Europa de Leste de uma nova forma. Já não há Checoslováquia nem URSS, nem sequer Pacto de Varsóvia, mas influência de Moscovo tem agora uma nova força. O El País faz um bom trabalho sobre a data.
O Benfica joga hoje em casa com o PAOKda Grécia, no primeiro de dois jogos decisivos para saber se passa à fase de grupos da Liga dos Campeões. Estão em casa muitos milhões de euros e Rui Vitória está confiante.
O PAOK tem feito uma boa carreira nesta fase de acesso e promete lutar cá e na segunda mão em Salónica dentro de uma semana. Na Tribuna tem uma análise muito detalhada à equipa grega. Cuidado com o Pelkas, é o que diz o título. Mas há mais.
Passam hoje dez anos sobre a extraordinária vitória de Nelson Évora nos Jogos Olímpicos de Pequim. Marcelo Rebelo de Sousa vai hoje assistir a um treino do atleta que, em entrevista ao Público promete melhorar o recorde nacional e mais títulos internacionais. Uma história de superação que não para de nos surpreender.
Frases Nota aos leitores: o autor não encontrou frases à altura desta secção, porque as melhores são todas sobre Mário Centeno e já estão no arranque do Expresso Curto. A secção reabre ao público amanhã de manhã.
O que eu ando a ler A morte de alguns escritores tem, por vezes, o efeito de serem subitamente mais lidos. Não sei se é o caso de V.S. Naipaul, até porque foi muito justamente lido em vida, mas a sua morte serviu-me de impulso para pegar num livro que andava pela mesa de cabeceira há algum tempo.
Para além da crença é diferente de tudo o que tinha lido de V.S. Naipaul por não ser um romance. Pertence a outro ramo das letras que o escritor nascido nas Caraíbas dominava com igual mestria: a das grandes viagens contadas como não-ficção.
A sua obra, nesta frente, apresenta como escreveu Clara Ferreira Alves no último Expresso “os ensaios definitivos e obrigatórios para compreender o mundo que herdámos e em que vivemos (…)”.
O livro conta uma longa viagem que Naipaul fez em 1995 pelo Paquistão, Indonésia, Irão e Malásia, descobrindo pessoas em histórias sobre o Islão, as suas várias contradições e correntes, os choques entre a tradição e o mundo atual.
É extraordinariamente bem escrito, como sempre em Naipaul. Ainda vou na primeira das viagens – à Indonésia -, mas é fácil perceber porque Miguel Esteves Cardoso lhe chamou, aquando da morte do escritor, “o melhor jornalista”. Parece um título exagerado, assim como MEC lhe pôs, mas o mesmo explica: “os livros dele sobre a Índia e o Islão são obras-primas perenes de reportagem incluindo tantas entrevistas como opiniões”. Para além da crença confirma isso tudo logo nas primeiras páginas.
O Expresso Curto fica por aqui, o dia segue com alertas de calor em todo o continente, com especial atenção para um pequeno tornado que paira desde ontem em cima da cabeça do nosso conhecido líder do Eurogrupo e que teima em não dissipar-se.
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