quarta-feira, 18 de julho de 2018

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Pedro Santos Guerreiro
PEDRO SANTOS GUERREIRO
DIRETOR
 
Mais uma viagem, mais uma volta… de 180 graus
18 de Julho de 2018
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Quando se dá uma volta de 180 graus volta-se para trás, se se dá uma volta de 360 graus fica-se no mesmo sítio, se se dá voltas sucessivas de 180 ou 360 graus fica-se Donald Trump.

“Bom dia. O Presidente Trump fez uma inversão de marcha…”

Assim começa a newsletter de hoje do New York Times, com a simplicidade usada para os factos banais. As inversões de marcha de Trump são factos banais, pela repetição. Mas não são normais.

O líder nos Estados Unidos não é um pião no chão, nem quer ser um peão na cena mundial, é um homem que baralha mais do que é baralhado. Ele quer girar o mundo na sua rotação. E de novo volta atrás andando para a frente, após uma viagem à Europa que desarrumou a “ordem” das coisas. E não só por causa da NATO.

“Tenha fé total nas nossas agências de serviços secretos”, disse o homem que ocupa a Casa Branca, depois de ter sido amplamente criticado no seu país por pôr em causa os serviços de inteligência norte-americanos, pelas suas conclusões sobre as interferências da Rússia nas eleições norte-americanas de que saiu vencedor, em 2016.

“Trump rebaixou-se perante um tirano, teve um comportamento cobarde e nojento, deve ter uma dívida tão grande com Putin que faz equivalência moral entre os EUA e um bandido assassino e os seus capangas”. Estas foram apenas algumas das reações, compiladas no Expresso Diário, de democratas e de republicanos, depois das palavras de Trump no encerramento da cimeira com o presidente da Rússia em Helsínquia. Mas a violência das críticas é maior e mais intensa. Pelo que Trump já veio dizer que foi mal interpretado pela comunicação (“what else?...”), disse acreditarque houve ingerência russa nas eleições e viu o presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, sublinhar que a Rússia não é um aliado dos EUA, mas "um governo ameaçador que não partilha os interesses e os valores" norte-americanos.

(Entretanto, Trump já disse que “não há pressa” para a desnuclearização da Coreia do Norte…)

“As estruturas da opressão nunca foram totalmente desalojadas”, afirmou na África do Sul o ex-presidente Barack Obama, num longo discurso nos 100 anos do nascimento de Nelson Mandela, que teve como Trump foi o alvo implícito. Já no Porto, há duas semanas, as palavras mais aplaudidas de Obama foram as que tinham como alvo não nomeado o atual Presidente. Infelizmente, a sua intervenção em Portugal não foi tão empolgada nem empolgante como a que fez ontem.

Na Rússia, a reunião com Trump é noticiada como um triunfo de Putinescreve ainda o New York Times, e em Inglaterra os destroços políticos da sua visita estão em sedimentação. Boris Johnson, que tão elogiado foi por Trump, vai hoje falar ao Parlamento britânico sobre a sua demissão do governo de Theresa May. Os jornais preveem um “discurso explosivo”, que pode antecipar uma candidatura sua ao partido conservador. E Tony Blair afirma que o Brexit é uma “total e completa bagunça”, pelo que é preciso fazer um novo referendo.

Mais alguém quer uma volta de 180 graus.
 
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OUTRAS NOTÍCIAS
Estão publicadas desde a meia-noite as vagas para o ensino superiorAs 50.852 vagas, número praticamente idêntico ao do ano anterior. Com uma diferença já antes anunciada: o corte de 5% nas vagas das instituições dos distritos de Lisboa e Porto, que seriam redistribuídas em favor de instituições do interior. Seriam mas não foram totalmente, como aliás escrevem na primeira página de hoje o Público e o Jornal de NotíciasMetade das vagas cortadas naqueles dois distritos mantém-se no litoral.

As instituições que aproveitaram para abrir mais lugares foram a Universidade do Minho (mais 136 lugares) e o Instituto Politécnico de Coimbra (mais 131). Só a seguir surgem o Instituto Politécnico de Bragança (mais 95) e a Universidade de Évora (mais 87). Os politécnicos de Leiria e de Viseu ofereceram apenas mais 15 e 6 lugares, na Universidade dos Açores manteve-se tudo igual, no politécnico de Santarém até reduziu a sua capacidade (em 29 lugares).Portugal tem uma concentração de alunos inscritos no Ensino Superior nas duas maiores áreas urbanas sem paralelo noutros países europeus. No ano passado, 49% inscreveram-se em Lisboa e Porto, percentagem que subiu para 54% juntando o ensino privado.

Este ano, há também alterações na oferta também por cursos, depois de mais de 60 pedidos de autorização para abertura de novas licenciaturas e mestrados integrados feitos pelas instituições de ensino superior à Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior. Da Ciência dos Alimentos à Geoinformática, saiba aqui quais são os novos cursos disponíveis.

As candidaturas para o próximo ano letivo estão agora abertas.

Sobre educação, o Jornal de Notícias faz manchete com outra notícia: “Falha informática provoca o caos nas matrículas do novo ano letivo”. Diretores de várias escolas relatam que o portal em que são feitas as matrículas é complexa, lenta e bloqueia muitas vezes, o que está “a lançar o caos nas escolas”.

(É quase uma mudança geracional: Os Maias deixam de ser de leitura obrigatória no secundárionoticia o Público.)

“Não respondo” e “não me lembro” foram as frases do dia. Manuel Pinho é um homem com falhas de memória, que se recusa a responder a algumas perguntas e que até se irrita com a confrontação. Foi o que mostrou ontem no Parlamento, pouco ou nada clarificando sobre a avença que terá recebido do Grupo Espírito Santo ou mesmo sobre alegados benefícios ao GES e à EDP. "Convida-me para sua casa e afinal o assunto é outro...", teve o (desplante) de dizer. Afinal, ele tinha “avisado ao que vinha”. E portanto ao que não vinha. O silêncio de Pinho sobre dinheiro do GES é "despudoradamente anormal", critica Ana Gomes no Público.

Pinho só deverá ser interrogado no DCIAP em setembro.

A defesa de Ricardo Salgado entregou já no Tribunal de Relação de Lisboa o recurso da decisão que o condenou a pagar 3,7 milhões de euros. Segundo o Eco, o ex-líder do BES questiona a diferença de 110 páginas entre a decisão lida e a depositada no Citius.

A produção de eletricidade da EDP cresceu 7% no primeiro semestrebeneficiando da pluviosidade, isto é, de ter as barragens cheias.

“Se fui informado? Não, não fui informado”. Também no Parlamento, o ministro da Defesa disse desconhecer qualquer “discrepância” sobre material desaparecido em Tancos, em reação à manchete do Expresso de sábado. Garantindo que não teve conhecimento de que faltava material militar, Azeredo Lopes passou a batata quente ao Ministério Público, que lidera a investigação. E recusou-se a comentar o noticiado conflito entre PJM e PJ neste processo.

“Ameaça à saúde pública”. Ainda no Parlamento, foi assim que a presidente do Infarmed, Maria do Céu Machado, qualificou a possibilidade de deslocação do instituição de Lisboa pra o Porto. Alguém (em) especial não quer mudar.

Pedro Siza Vieira diz que faltam apoios para a agricultura no interior do país.

PSD salva a face do Governo. Hoje, a bancada parlamentar laranja vai abster-se na votação do pacote de legislação laboral proposto pelo Governo, o que garante de que as alterações ao Código do Trabalho serão aprovadas na Assembleia da República. A posição dos deputados sociais-democratas foi confirmada ao ECO pelo líder do grupo parlamentar, Fernando Negrão. PCP e "Os Verdes" já declararam que vão votar contra, enquanto o Bloco de Esquerda ainda vai definir uma posição, mas espera-se que se junte aos comunistas. Mas Rui Rio avisa: se Governo alterar o acordo de concertação social, PSD puxa-lhe o tapete

Alojamento local enfrenta mais custos e obrigações. E pode agravar a quota do condomínio em 30%. Há também obrigatoriedade de seguro multi-riscos para prevenir danos nas partes comuns, livros em várias línguas para os turistas e placas obrigatórias à porta. A lista foi aprovada esta terça-feira e é longa.

Depois de a Comissão Europeia ter exigido ao serviço Airbnb a harmonização das suas condições de utilização com as normas de defesa do consumidor da União Europeia, a empresa disse estar ”comprometida em ser o mais transparente possível” com os clientes.

A Comissão Europeia deverá impor uma multa milionária à Google por práticas anticoncorrenciais, ao promover os seus serviços no seu sistema operativo, explica a Reuters.

As doze crianças e o seu treinador resgatados da gruta na Tailândia vão fazer hoje a sua primeira conferência de imprensa, depois e terem tido alto do hospital e antes de regressarem as suas casas. O governo pediu aos jornalistas que, depois, deixem os miúdos em paz durante um mês.

Pedrógão Grande. Fundo Revita tem ainda por reconstruir 101 casas afetadas pelos incêndios.

Cláudia Azevedo, 48 anos, vai liderar a Sonae. A filha de Belmiro de Azevedo substitui na presidência executiva do grupo o seu irmão Paulo, que passa a administrador não executivo, juntamente com Ângelo Paupério. É uma mudança história no conglomerado formado por Belmiro de Azevedo.

Estreia-se hoje em Bolsa a negociação das ações da Raize, mais de quatro anos depois da última OPV, conta o Negócios.

Pedro A. H. Paixão recebeu ontem o galardão de vencedor do 1º Prémio Arte em Papel, promovido pela Navigator e pelo Expresso. A cerimónia marcou a abertura da exposição que materializa os resultados desta iniciativa.

Benfica promete apresentar queixa-crime contra quem divulgou contratos dos reforços Castillo e Ferreyra. O clube da Luz promete agir judicialmente, depois de um blogue divulgar na Internet os valores dos contratos de dois dos reforços do Benfica. Na Tribuna Expresso. Noutro email, relativo a 2013, fica a saber-se que o “menino querido” Nuno Cabral terá pedido um aumento a Paulo Gonçalves. Benfica diz que “email é falso”, Cabral “não quer saber”.

Pausa.

“Há essa coisa meio misteriosa de, dos nossos mortos, recordarmos o sorriso”.

A frase é de José Manuel Pureza, publicada no Expresso Diário, sobre “aquele em quem confiávamos”. Foi ontem de manhã que soubemos da morte de João Semedo, político, ativista, médico, ex-coordenador do Bloco de Esquerda.

“Conheceu e viveu várias esquerdas por dentro, e fez força para o lado do que as une”, escreve o Expresso Diário no início do seu obituário. “Exerceu a militância cívica e política até ao último fôlego. Desafiou as limitações impostas pela doença e esteve sempre, até ao fim, na primeira linha do combate, pelas suas causas e convicções”. Na mesma edição, Francisco Louçã dedica-lhe o seu texto semanal: “Construtor do Bloco de Esquerda, ele sabia como era difícil renovar a esquerda, mas nunca lhe vi um sinal de desistência, de abandono ou de desinteresse”. E nós, da redação do Expresso, abrimos o episódio do podcast Comissão Política com um tributo: “O que torna os homens diferentes na morte é aquilo que fizeram em vida”.

FRASES

“[O presidente da Proteção Civil] é um caso perdido”Jaime Marta Soaresno Parlamento.

“Há muito que fermenta na cabeça de Trump a obsessão de que as investigações sobre interferências de Moscovo nas eleições de 2016 não passam de uma cabala para amesquinhar uma brilhante vitória sobre a odiosa e corrupta Hillary Clinton”João Carlos Barradasno Negócios.

“1975 é o meu grande desapontamento histórico”António Barretono Público.

O QUE EU ANDO A LER
Três sugestões. Para ler, ouvir e ver.

“Cidades” é o tema do próximo Guia do Expresso, nas bancas no sábado, no colecionável que estamos a publicar no verão que ajuda a conhecer segredos do país. Este próximo guia tem a curadoria de Guta Moura Guedes.

Na música, a Blitz sugere-lhe “quatro álbuns que não deveriam passar despercebidos”. "One" (Monday), "The Shape of Nothing to Come" (The Parkinsons), "Twentytwo in Blue" (Sunflower Bean) e "Empty Words" (Whyte Horses).

No teatro, a sugestão é nossa: “Nada de Mim”, de de Arne Lygre, encenado por Pedro Jordão, numa produção dos Artistas Unidos, está em cena em Lisboa no Teatro da Politécnica até 21 de Julho.

Já passámos meio de julho, está sol e calor em Portugal. Tenha um excelente dia.
 

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