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PEDRO SANTOS GUERREIRO
DIRETOR
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A palavra exacta, que nunca ilude
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O FC Porto é o campeão desta época, Sérgio Conceição é o homem do ano, Pinto da Costa é a personalidade de uma era.
A era do presidente do clube não tinha afinal terminado, ao contrário do que se escreveu nos últimos quatro anos: se tivesse terminado, o Benfica era hoje penta e Pinto da Costa estaria a receber prémios-carreira. Quando recebeu este sábado a medalha de honra da cidade do Porto, "o Porto que eu amo", tinha a taça de campeão ao lado. Foi o momento mais bonito da noite nos Aliados, entre os cânticos na avenida e os foguetes no céu, "o céu mais azul". Os dois discursos da noite, ambos curtos e não lidos, de Rui Moreira e Pinto da Costa, foram sobretudo sobre o Porto. Não o clube, mas a cidade. Porque o clube faz maior a cidade que é maior do que o clube. "Tornar maior esta cidade" é o desejo inscrito no poema de Pedro Homem de Mello que Pinto da Costa citou. Não por acaso, o poema chama-se "Aleluia".
Benfiquistas, sportiguistas e outros istas desligam a televisão nestes momentos, porque a euforia dos vencedores contrasta com os seus insucessos. Na noite em que os atletas voltaram 19 anos depois à câmara de onde foram desalojados por Rui Rio, e em que nos Aliados se montou uma festa como não havia memória, o batimento cardíaco depende da cor do coração, mas a forma como uma cidade vive é nítida aos olhos de todas as cores. Não se trata de identificação de uma cidade com o seu maior clube, mas da identidade da própria cidade, que celebra como quem vive em família e faz de uma vitória no futebol uma festa da sua própria existência comunitária e cidadania. O Porto só se conhece por dentro e a sorte dos de fora é que a mesa tem sempre um lugar vago para quem queira entrar com autenticidade. "Porto - palavra exacta, nunca ilude", escreve Pedro Homem de Mello.
Pode ler tudo na Tribuna Expresso, da noite de sábado no Porto à tarde de domingo em Lisboa e aos "cômputos" habituais no final de cada época. O Benfica ganhou na Luz e conquistou o segundo lugar no Funchal, onde o Sporting perdeu o jogo e o acesso à Champions. As consequências na próxima época serão evidentes no orçamento (e portanto na qualidade esperada) do plantel. Luís Filipe Vieira e Bruno de Carvalho (que deu uma longa entrevista no sábado ao Expresso) irão agora atacar os meandros desta época. Pinto da Costa é campeão. O Porto é campeão. |
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Há frases feitas para pintar nas paredes das ruas, outras sintetizam confrontações sociais. Se uma sociedade se deslaça, revolta-se ou desiste. Na Argentina, as lojas de câmbios parecem postos de turismo, escreve o Estado de São Paulo, com milhares de fotografias não a paisagens mas ao câmbio do dólar, perante uma nova intervenção do FMI no país. Na Grécia, sucessivos programas de intervenção para salvar a economia devastaram a sociedade. Em Espanha, múltiplos escândalos de corrupção partidária e nos bancos, e o fosso aberto entre Madrid e a Catalunha, levam à aceleração da dissolução da estrutura de poder das últimas décadas.
Uma sondagem de hoje do El Pais revela uma queda histórica do PP (19,5%) e do PSOE (19%), com o auge do Ciudadanos (29,1%) e do Unidos Podemos (19,8%). É a primeira vez que estes dois partidos ultrapassam aqueles que governaram Espanha nos últimos 35 anos. Mais: 65% dos eleitores do PP preferem outro candidato a Mariano Rajoy. E quanto aos socialistas, "tudo indica que a sua renovação não consegue convencer, o que empurra o país para uma hegemonia do centro-direita liderada por um Albert Rivera que segue arrebatando votos", escreve o editorial do jornal espanhol.
E em Portugal? Após uma década escândalos na banca e de uma intervenção externa, seguem-se quantos anos de investigação judicial a bancos e políticos? Não é só Salgado, Sócrates, Pinho e Lino, é a estrutura de poder que mandou em Portugal. Ou a resolução de casos como estes resgata a confiança da sociedade nas suas instituições ou a democracia se dissipa através do aumento da abstenção. Mas quando lemos nas edições de hoje do DN e do JN que a diferença dos salários médios dos administradores das empresas cotadas é 46 vezes superior aos dos seus trabalhadores, pensamos de novo em justiça - em justiça social.
Como revelava o Expresso no sábado, três quartos dos quase 530 mil empregos criados em Portugal desde 2013 pagam menos de 900 euros por mês.
"António Costa prefere contratar funcionários públicos a aumentar salários", como titulava ontem a entrevista do primeiro-ministro ao Diário de Notícias. A frase prognostica a entrada de mais funcionários públicos, satisfazendo reivindicações de várias classes profissionais. Mas como ainda este sábado a secretário de Estado da Administração Pública dizia em entrevista ao Expresso que não é aceitável estar nove anos sem aumentos salariais, possivelmente assistiremos às duas coisas: contratações e aumentos no Estado. Em ano de eleições legislativas.
(Em eleições partidárias, António Costa foi reeleito, sem surpresa, secretário-geral do PS. Com 96% dos votos.)
Quem criticou Costa pelas opor contratações a aumentos foi Jerónimo de Sousa.
O secretário-geral do PCP criticou também o processo da EDP, defendendo que a empresa devia ser controlada pelo Estado Português. Só que pode vir a ser controlada pelo Estado chinês, se a OPA anunciada na sexta feira tiver sucesso. O Expresso, que deu a notícia em primeira mão, explicava tudo no sábado e vai continuar a acompanhar a operação, que durará provavelmente meses. Analistas citados pelo Negócios dizem que o preço oferecido é baixo, sendo que as ações dispararam 8% ao início da sessão de segunda feira, logo superando a oferta da CTG.
Está marcada para hoje a abertura oficial da embaixada dos EUA em Jerusalém, decisão de Donald Trump que sinaliza o reconhecimento da cidade como sendo a capital de Israel. A decisão foi amplamente criticada pela comunidade internacional e sobretudo pelos palestinianos.
(Israel venceu o festival da Eurovisão.)
Trump continua a abalar o mundo. "Obcecado em desmantelar o legado de Obama e em mudar o regime de Teerão, o atual presidente dos EUA deixou o Médio Oriente à beira de nova guerra, ao repudiar o acordo nuclear com o Irão", escreve a jornalista Margarida Santos Lopes. Trump "enfraqueceu também a aliança transatlântica, ao abandonar mais um compromisso internacional, ameaçando empresas europeias com sanções".
O autoproclamado Estado Islâmico foi anunciado como tendo sido destruído no Iraque, mas fora continua a matar. Reivindicou três atentados nas últimas horas, em França, Indonésia e no Afeganistão. No total, 23 pessoas morreram.
Xanana Gusmão consolidou a maioria absoluta em Timor-Leste nas eleições deste fim de semana.
Assunção Cristas aterra hoje em Luanda, onde nasceu. A líder do CDS tem uma agenda marcada por palestras e reuniões. Irá cruzar-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Azeredo Lopes, que está em Angola desde sábado.
Morreu Rosado Fernandes, fundador da CAP.
Em Fátima, o santuário encheu-se para a celebração do 13 de maio. O Papa Francisco enviou uma mensagem, um ano depois de ter estado ele próprio presente em Fátima.
Produzimos muito, importamos algum e bebemos bastante. Conheça aqui o retrato do vinho português.
FRASES "Maior parte das pessoas que está a abandonar Sócrates não o faz por convicção, faz por calculismo". Marques Mendes, na SIC.
"Há faculdades em condições muito más". António Sousa Pereira, novo reitor da Universidade do Porto, no JN.
"Não posso ser hipócrita e dar os parabéns a quem me tratou mal". Rui Vitória, sobre o FC Porto.
O QUE EU ANDO A LER Hoje, quando for meio dia, celebram-se 70 anos da independência de Israel. Naquele 14 de maio de 1948, o novo Estado "fazia-o no meio de uma guerra já iniciada pelos países árabes à sua volta, que rejeitaram o plano de partição proposto pela ONU", escreve a jornalista Luciana Lerderfarb, enviada pelo Expresso a Israel. "O país passaria por várias guerras e várias vitórias, mas isso não o tornou um completo vencedor. 70 anos depois daquele dia inaugural, é um puzzle complexo ao qual ainda faltam peças".
A reportagem da Luciana Lerderfarb está publicada na edição desta semana da revista E e a recomendação é mesmo lê-la, para perceber melhor o puzzle. Na edição do semanário, leia ainda a crónica do escritor israelita A.B. Yehoshua, intitulada "A quimera dos dois Estados", onde se reflete sobre o conflito israelo-palestiniano e sobre as dificuldades crescentes na sua resolução. Também este sábado iniciámos a oferta do livro "Jerusalém", de Simon Sebag Montefiore. E hoje, às 18 horas, leia uma edição especial do Expresso Diário sobre Israel, com análises, crónicas e muita informação para compreender melhor os contornos desta realidade tão complexa.
"O dia é curto e a tarefa imensa", diz o ditado judeu, citado na reportagem do Expresso.
Tenha uma excelente segunda-feira.
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