terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

EXPRESSO

publicidade
Publicidade
Expresso
Bom dia, já leu o Expresso CurtoBom dia, este é o seu Expresso Curto
João Silvestre
POR JOÃO SILVESTRE
Jornalista
 
21 de Fevereiro de 2017
 
Vejam o que aconteceu ontem à noite em…(preencher, sff, com país à escolha)
 
Bom dia,

Se este Expresso Curto fosse dedicado a factos alternativos, talvez pudesse dizer-se que Hillary Clinton tinha acabado de cumprir o primeiro mês de mandato na Casa Branca, que os EUA são o país número 1 do mundo a acolher refugiados e que não há sinal de interferência russa na política americana. Mas isso era ‘se’ fosse e não é. Porque a alternativa aos factos alternativos pode simplesmente ser a realidade e essa é bem diferente.

A sucessão de casos com Donald Trump já quase não surpreende. O grau de surpresa tem a ver com o desvio à norma e a norma, neste caso, está já no campo do anormal. É estatística, tão só. O episódio mais recente foi o acontecimento ‘dramático’ ocorrido na Suécia onde, disse Trump (citando a Fox News), aconteceram coisas e coisas bastante graves. Quais? Ninguém sabe muito bem.

Claro que, como habitual, a culpa é dos media que “distorcem” os factos e neste, como noutros casos, voltaram a fazê-lo. Todos menos a Fox News que, não só inspirou a intervenção do presidente norte-americano, como veio explicar que Trump pode não ter sido muito claro mas que há realmente um aumento da criminalidade na Suécia relacionada com imigrantes.

Mas os factos alternativos não se ficam por aqui. O The Wall Street Journal noticiou ontem que a administração americana está a estudar a hipótese de alterar a forma de cálculo do défice comercial. A ideia é agravá-lo, excluindo por exemplo as exportações de bens importados previamente, e assim tornar mais negra situação para reforçar as críticas ao acordo NAFTA.

Esta prática de manipular estatísticas com fins políticos faz lembrar outros países e outras geografias. Não é por acaso que, ainda antes deste dado, já a revista The Economist dizia que Donald Trump pode ser um líder à boa maneira da América Latina.

Mas nem tudo são desilusões. O Washington Post, por exemplo, conta que os apoiantes de Trump acham que tudo está a ser um sucesso.

Para ter uma ideia do que se passou, vale a pena dar uma espreitadela ao vídeo que o João Santos Duarte fez no Expresso para ‘celebrar’ este primeiro mês de Trump na Casa Branca. Ou então a compilação deste mês em frases (Lusa) ou em imagens (Observador).
 
OUTRAS NOTÍCIAS
Cá dentro 

Por cá, a notícia que tem marcado os últimos dias é a fuga de três reclusos de Caxias. Neste momento, dois foram apanhados mas um deles – um dos dois chilenos – foi libertado em Espanha por falta de um mandato de captura internacional que não foi emitido. Já o português continua em fuga. O Hugo Franco, no Expresso Diário de ontem, contava como os três reclusos podem ter tido ajuda de fora na fuga.

O ministério das Finanças anunciou ontem, depois de o Primeiro-ministro já o ter revelado, que Portugal reembolsou mais de 1,7 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Com este valor, Portugal cumpre a devolução de metade do empréstimo do FMI que já tinha sido autorizada pela Europa. É que, como credores, os fundos europeus têm que abdicar do direito de pari passu para que Portugal possa avançar apenas no FMI.

A novela da CGD acalmou mas não acabou. E os partidos da maioria de esquerda podem ter formas de impedir uma segunda comissão parlamentar. Seja com base a Constituição que protege a inviolabilidade da correspondência, seja através da não participação de forma a impedir a formação de quórum. A este propósito, o Expresso Diário escreveu ontem que a correspondência entre Mário Centeno e António Domingues não será destruída – foi selada em envelope lacrado.

Ainda na banca, o Banco de Portugal confirmou que recomendou ao governo a negociação direta e exclusiva com o Lone Star. E Centeno, em Bruxelas à saída do Eurogrupo, confirmou que o fundo norte-americano pode não ficar com 100% do capital. Falam-se em 65%, com o restante a ficar no Estado (25%) e outros investidores (10%). (No mesmo Eurogrupo, houve acordo para o regresso da troika a Atenas para tentar desbloquear o impasse negocial da segunda avaliação do terceiro resgate.)

Portugal fechou 2016 com quinto ano consecutivo de excedente externo. A dívida externa é ainda excessiva mas esta correção nos últimos anos, que começou com a troika, mostra que é possível travar a fundo mesmo sem o país ter moeda própria. Ainda que possa doer mais, claro.

Notícias rápidas
morreu José Fernandes Fafe que foi o primeiro embaixador português em Havana após o 25 de abril; 13 alunos tiveram intoxicação alimentar em Corroios; choque em cadeia na Ponte 25 de abril em Lisboa provocou corte de trânsito.
Machetes dos jornais:”Fisco deixou sair 10 mil milhões para offshores sem vigiar transferências” (Público); “Esquerda pode impedir segunda comissão de inquérito à CGD”(DN); “Espanha liberta foragido sete horas após o alerta”(JN); “Família Espírito Santo dá golpe de 991 milhões” (Correio da Manhã); “PS e BE propõem formas de reestruturar a dívida mas Costa não se compromete”(i); “Fidelidade quer entrar no negócios das Amoreiras” (Jornal de Negócios); “Ardaiz na mira do leão”(Recorde); “Mitroglou diz não há à China”(A Bola); “Mitroglou sob ameaça chinesa ”(Jogo)

Lá fora 

No registo de policial, continua a polémica em torno da morte de Kim Jong-Nam, o meio-irmão do líder norte-coreano, no aeroporto de Kuala Lumpur. Existem várias suspeitas e a situação está a provocar um incidente diplomático entre Pyongyang e as autoridades malaias. Há também novos dados, nomeadamente um vídeo divulgado por um canal de televisão japonês que mostra o momento do ataque e que se espalhou pela imprensa internacional.

Ontem ao final do dia, uma avioneta despenhou-se em cima de um centro comercial de Melbourne na Austrália. Tinha cinco pessoas a bordo e, para já, as autoridades acreditam tratar-se de um acidente. 

Lembra-se do crash relâmpago na bolsa de Nova Iorque em 2010? Lembra-se do principal culpado, um jovem com pouco mais 30 anos que fazia operações a partir do quarto em Inglaterra? A Bloomberg, num texto traduzido e publicado pelo Jornal de Negócios, conta-lhe como está a história agora.

A Liga dos Campeões regressa hoje para mais dois jogos: Bayer Leverkusen-Atlético Madrid e Manchester City-Monaco. Amanhã é a vez do FC Porto defrontar a Juventus, um embate que não se repete desde a época 2001-2002, então na fase de grupos da prova, quando o emblema português teve um empate e uma derrota.

Para os amantes do rock, mais concretamente do grunge que fez de Seattle a ‘capital mundial’ da música no início dos anos 90, ontem foi um dia importante. Kurt Cobain faria 50 anos e a data foi assinalada um pouco por todo o mundo (por exemplo, na Blitz ou no El Espanol)

Também no mundo das artes, agora em Nova Iorque e sem sequer sair do ‘clube dos 27’, é quase impossível não espreitar as fotos inéditas de Jean-Michel Basquiat. Foram divulgadas pelo The New York Times e mostram o artista antes de ser famoso.

FRASES 

“Apoio este Governo como apoiarei qualquer Governo durante o meu mandato que os portugueses venham a eleger nas próximas legislativas. É um dever constitucional do Presidente da República criar todas as condições para o Governo poder realizar as suas metas”, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República ainda a propósito da polémica da CGD numa declaração em que comparou a eventual demissão de Centeno à crise da saída de Vitor Gaspar no verão de 2013

“Somos uma família e sempre seremos uma família”, Angelina Jolie, atriz americana a propósito do seu divórcio de Brad Pitt

O QUE ANDO A LER

Ainda no mundo das ilusões – não de factos alternativos – é sempre interessante dar um pulo ao livro “A Ilusão Monetária”, de Irving Fisher
, o economista que para Joseph Schumpeter foi o “maior que os EUA já produziram”.

O livro não é propriamente uma novidade. Tem quase 100 anos na versão (é de 1928) e está traduzido em português – numa edição da Actual – desde 2011. Mas tem, ainda assim, toda a pertinência numa altura em que a inflação é a grande preocupação do Banco Central Europeu. E não é pela sua dimensão. Pelo contrário. É por ser escassa. Deu um pulinho em janeiro mas não chega.

Fisher chama a atenção para o problema da ilusão monetária e de como, muitas vezes, as pessoas se prendem a valores nominais e não olham para o que realmente representam. O que é, na sua opinião, um erro grave. “O rendimento real de um homem é de suprema importância económica para ele” e só depende de duas coisas: “quantos dólares recebe e o que cada um destes dólares comprará”.

Só que a realidade é muito diferente e, com frequência, as pessoas são iludidas e agarram-se demasiadas vezes aos valores nominais. Por exemplo, aceitam aumentos salariais de 10% quando a inflação é de 20% ou são ‘enganadas’ pelos devedores, como os Estados, que se aproveitam da inflação para encolher as dívidas.

Atualmente, o debate anda em torno da baixa inflação que, caso fosse diferente, ajudaria a reduzir o endividamento real dos países, das empresa e das famílias. Como o Expresso escreveu recentemente, ter uma inflação de 3% já ajudava a baixar a dívida pública para 60% do PIB dez anos mais cedo.

Sem ilusões ou factos alternativos, o noticiário vai continuar em tempo real no Expresso Online e, como sempre, teremos os principais temas do dia no Expresso Diário às 18 horas. Tenha um excelente dia.


 
Publicidade
 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Etiquetas

Seguidores

Pesquisar neste blogue