Carta enviada a Mariana Mortágua torna-se viral… «novo imposto a ser taxado»
Cristina Miranda é natural de Viana do Castelo, já foi professora e trabalha desde os 16 anos. Como muitos portugueses está indignada com a proposta de imposto de Mariana Mortágua para taxar o património.
Cristina escreveu um texto bem longo no seu Facebook que teve milhares de partilhas e comentários sobre o novo imposto que Mariana Mortágua quer aplicar. (“que
deverá incidir sobre o valor tributário total dos imóveis dos
contribuintes, enquanto o IMI (imposto municipal de imóveis) se aplica
ao valor de cada prédio”.)
Texto de Cristina Miranda para Mariana Mortágua
“Cara Mariana, no seguimento à sua
brilhante frase “Temos de perder a vergonha e ir buscar dinheiro a quem
está a acumular dinheiro”, permita-me a minha revolta nestas palavras
que lhe dirijo: Esta sou eu com 16 anos no meu 1º trabalho, nas férias
do Liceu (não, não é photoshop nem posei para a fotografia, estava mesmo
a trabalhar!). Ganhei o meu 1º salário, 30 contos, como operadora de
empilhador numa bloqueira. Aos 17, já carregava camiões, com chuva e pó
nas ventas ao volante de 1 máquina de maior porte. Com 6h de trabalho
intenso, onde por vezes era preciso montar paletes (de blocos de
cimento), seguia pra escola.
Aos 18 já era independente e pagava
as minhas contas. Ingressei no ensino superior. Dava aulas durante o dia
todo e seguia para o Porto, estudar à noite. Formei-me a pagar meus
próprios estudos como trabalhador estudante. Comprei aos 23 anos meu 1º
carro sozinha (1 super cinco em 2ª mão). Aos 28 anos construí 1 casa com
empréstimo bancário que paguei durante 15 anos. Aos 35, tinha já 1
poupança de alguns milhares. Ao longo dos meus 50 anos, já fiquei sem
emprego mas nunca sem trabalho.
Só estive 4 meses no fundo de
desemprego, para logo de seguida empreender. Quando estive grávida
deixei perplexa a funcionária da segurança social perante minha
ignorância e não ter, por isso, requerido subsídio. É que meus pais
ensinaram-me a trabalhar, não a viver à custa do Estado. Não desenvolvi
essa habilidade. Porque apesar de não ter dividido como o meu pai, 1
sardinha por três, cresci sem saber o que era abundância. A dar valor a
tudo o que se tinha. A lutar. A fazer reservas para o futuro.
Emigrados no Canadá, e porque era
preciso “acumular dinheiro”, não tenho 1 lembrança, em criança, de 1
passeio com meus pais, de 1 almoço fora, de 1 férias… Os brinquedos,
ainda hoje consigo lembrá-los todos. As roupas e calçado, só quando eram
mesmo precisos. Vivi em casas modestas dormindo na sala. Porque era
preciso “acumular dinheiro”, aos 5 anos tive de aprender a tomar conta
de mim sozinha (ter babysitter é prós fracos). Porque meu pai , acampado
nos bosques onde cortava pinheiros, só vinha ao fim semana. Minha mãe,
tinha 2 empregos (era contínua e fazia limpezas), só a via à hora de
almoço porque saía às 5h e chegava sempre pelas 24h. Cresci sozinha
porque era preciso trabalhar arduamente para “acumular dinheiro”. Porque
o meu pai não assaltou bancos. O que tinha era mesmo dele. Saiu-lhe do
corpo.
Por isso, vocês é que deveriam ter
VERGONHA. Porque é preciso ser-se muito NULO para não saber governar sem
sacar a quem faz pela vida. Criar grupos de trabalho de como assaltar
as poupanças e património, em vez de procurar estimular e incentivar a
economia. Porque de facto, já não pagamos impostos suficientes. Saiba
que os “acumuladores de dinheiro deste país, trabalharam arduamente para
o ter. Sejam grandes ou pequenos acumuladores de dinheiro”, TODOS
começaram de baixo (excluo aqui, como é óbvio, os criminosos assaltantes
de bancos, de património, traficantes). E consoante as suas aspirações,
uns apostaram mais alto, outros menos, mas todos contribuindo para o
enriquecimento da Nação.
E é graças a eles TODOS que a
Mariana, sem mérito algum, pousa o seu rabito no Parlamento. Porque não
fossem eles, não haveria salário para nenhum de vós, que a bem dizer, é
um desperdício. O país não precisa de parasitas que estudam meios para
conseguir roubar mais a quem os sustenta. Precisa sim de gente como nós,
mais ou menos “abastados” que produz, que investe, que cria postos de
trabalho.
Por isso, cada vez que estiver
nessas reuniões de “trabalho” sinta vergonha por mais 1 assalto à classe
dos “abastados” (classe média) em vez de começar por tributar o
património dos partidos políticos onde se inclui o vosso palacete
ocupado à força depois da revolução; por ter chumbado o decreto sobre
enriquecimento ilícito; por ter permitido as subvenções vitalícias; por
fazer vista grossa à corrupção existente no sector financeiro e
organismos públicos; por proteger a classe que nos rouba e empobrece: a
vossa.”
Nem é preciso dizer mais nada…
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