NOTA: Devido aos tentados em Paris de ontem à noite, o arranque desta newsletter será diferente do habitual.Paris acordou esta manhã como que atordoada. Mas a vida continua neste
dia seguinte aos sete monstruosos atentados que atingiram a cidade durante a noite. Daniel Ribeiro, correspondente do Expresso na capital francesa,
reporta aqui.
Os dados são provisórios mas até ao momento
não se encontram emigrantes ou turistas de nacionalidade portuguesa entre os mortos na noite de terror em Paris, diz o
Governo ao Expresso.
Estado Islâmico (Daesh) já reivindicou o ataque em Paris.
Hugo Franco explica que "De acordo com as mesmas fontes,
os extremistas islâmicos garantem que os próximos ataques terão como alvo as cidades de Washington, Londres e Roma"
François Hollande afirma que “
Foi um ato de guerra do Estado Islâmico” e garante que a França será “impiedosa”
na resposta ao Daesh.
É preciso recuar ao ataque na estação de Atocha, em Madrid, para encontrar um número de mortes mais elevado num
atentado terrorista em solo europeu - 191. Os atentados em Londres, no ano seguinte, mataram 56 pessoas, mas deixaram mais de 700 feridas. Número de vítimas em Paris ainda pode aumentar
O
Expresso está a acompanhar, ao minuto, a
situação na capital francesa no site do jornal. Entretanto, aqui ficam as escolhas para esta semana de Martim Silva:
AS ESCOLHAS DO EDITOREnquanto esperamos pela decisão de Cavaco, mas com a perspetiva cada vez mais sólida de termos o PS no Governo (apoiado por um inédito "arco da governação" - ou será "foice e martelo da governação"?) tudo o que os socialistas dizem, pensam, fazem ou deixam de fazer ganha neste tempo superlativa importância. As escolhas do melhor e mais significativo que fomos publicando ao longo dos últimos dias reflete isso mesmo. Olhámos para o que cada uma das três forças tem a ganhar e a perder com este acordo (ou algo em forma de assim). E tentámos fazer as contas às contas dos socialistas para perceber como se pode acomodar. Ainda à volta das confusões da política, vale a pena passar os olhos pelo texto sobre o negócio da TAP.
Recomendo ainda o texto do Valdemar Cruz, coordenador da redação do Porto do Expresso, sobre Paulo Cunha e Silva e o texto do Nicolau Santos sobre os 40 anos de Angola independente.
Aqui fica a ementa completa deste sábado (mais em jeito de brunch que de frugal pequeno-almoço).
1. PS, Bloco e PCP. O que podem ganhar e perder com um acordo de Governo?Este acordo é histórico para PS, Bloco e PCP, escreve Ricardo Costa. É um compromisso que seria inimaginável há poucas semanas e que apresenta imensos riscos para o PS, derrotado nas eleições de 4 de outubro. Mas, mesmo ficando de fora do governo, o Bloco de Esquerda também arrisca muito. E o PCP ainda mais.
2. Como consegue o PS manter o défice abaixo de 3%?O programa de governo conta pagar medidas do acordo à esquerda com a não descida da TSU. Mas há também menos investimento público. Resta saber se o impacto na economia será idêntico e as contas baterem certo. O ‘segredo’ parece estar no abandono da descida da taxa social única (TSU), pelo menos com o desenho e extensão que tinha sido definido no programa eleitoral do PS. O programa eleitoral socialista propunha a descida de quatro pontos na TSU das empresas e também uma redução gradual e transitória de igual dimensão na contribuição dos trabalhadores. Duas medidas que, nos cálculos do cenário macroeconómico coordenado por Mário Centeno, representavam perdas de receitas de, respetivamente, €283 milhões e €350 milhões no próximo ano. A perda mais significativa acontecia em 2018 quando somavam €1900 milhões de receita a menos. Agora, foi adotada uma nova versão em que apenas é reduzida a TSU para salários inferiores a 600 euros e não há reduções para a entidade patronal. Não foi fornecida qualquer estimativa para a perda de receita mas o impacto é bastante menor face ao que estava previsto inicialmente.
3. O que pensaria Álvaro Cunhal do acordo?Fez esta semana 102 anos que nasceu Álvaro Cunhal. Como teria ele visto o acordo agora assinado entre o PCP e o PS? Tê-lo-ia aceite, ou até desejado, ou seria provável que o repudiasse? O Expresso ouviu algumas pessoas suscetíveis de terem opinião sobre o assunto. Dois são destacados ex-militantes comunistas, o outro um politólogo ligado ao ISCTE. Os ex-militantes seguiram caminhos diferentes. Zita Seabra saiu do PCP há quase 30 anos e assume hoje uma rejeição liminar do comunismo, tendo criado uma editora (Alêtheia) que publica autores de referência da direita intelectual. Carlos Brito ocupou importantes cargos dirigentes do PCP antes de começar a distanciar-se progressivamente das orientações do comité central, mas só em 2002 se afastou do partido. O politólogo é André Freire, candidato a deputado pelo Livre/Tempo de Avançar nas últimas eleições. Dos três, só um acha que Cunhal teria rejeitado o acordo.
4. PS protesta mas vai deixar venda da TAP passarA decisão está tomada no PS. Uma renegociação da privatização com David Neeleman e Humberto Pedrosa está em cima da mesa, mas uma reversão administrativa ou uma renacionalização estão fora de questão. Com a aprovação, em Conselho de Ministros, da venda da TAP, e a assinatura do contrato com o consórcio de David Neelman e Humberto Pedrosa, na direção do PS instalou-se a ideia de que se fechou um ciclo. “É muito difícil voltarmos atrás”, confessou ao Expresso um dirigente socialista. Ou seja o PS desiste de trazer para as mãos do Estado a maioria do capital da TAP. Uma renegociação com o consórcio Neeleman/Pedrosa é possível mas um desfecho que reduza a participação vendida de 61% para 49%, como sempre defendeu António Costa, é considerado muito difícil. Já a reversão do negócio, defendida pelo PCP, Bloco de Esquerda e Os Verdes, está fora de questão para os socialistas. O PS não quer reverter o negócio não só porque o Estado teria de entrar imediatamente com dinheiro na empresa, o que levantaria problemas com Bruxelas, mas sobretudo pelo sinal político: internamente, seria uma cedência aos partidos à sua esquerda; externamente, seria um sinal de radicalização que poderia afastar investimento estrangeiro do país.
5. Paulo Cunha e Silva: Passou pela vida como um furacão e partiu como um relâmpagoFosse onde fosse, Paulo estava lá. Fazia questão de estar. Parecia multiplicar-se num permanente rodopio à volta de uma paixão. Corria. Corria sempre. Corria muito. Não parava. Estava sempre à procura de mais um espaço, mais uma réstia de tempo para falar com alguém, para receber alguém, para partilhar mundos com alguém.
6. 40 anos da independência de Angola: Entre a monarquia e a revoltaA primeira fundação foi em 11 de novembro de 1975. A segunda aconteceu em 22 de fevereiro de 2002, quando Jonas Malheiro Savimbi, o líder da Unita, foi morto pelas tropas governamentais, encerrando assim uma guerra civil de quase três décadas. E a terceira começa na próxima segunda-feira, 16 de novembro, quando se iniciar o julgamento dos 17 ativistas acusados de conspirarem para derrubar o Presidente José Eduardo dos Santos, que se mantém no poder há 36 anos. Nesta terceira fundação, é certo que Eduardo dos Santos já não vai ser o seu dono e senhor. Resta apenas saber se sairá pelo seu pé ou como resultado de uma revolta social que está já em marcha. O texto é do Nicolau Santos.
7. Tim Cook superstarO presidente executivo da Apple falou pela primeira vez numa universidade fora dos Estados Unidos, arrastando uma pequena multidão de professores e alunos da Universidade de Bocconi (Milão). Todos quiseram ouvir um dos homens mais influentes da atualidade. No final houve invasão de palco e muitas selfies. O Expresso estava lá.
8. Rússia: O caso do advogado assassinado e condenado postumamenteUm livro publicado recentemente em Portugal relata a história de Sergei Magnitsky, patriota russo, herói da profissão forense, que teve o azar de aceitar o cliente errado. Em 16 de novembro de 2009, um advogado russo de 37 anos chamado Sergei Magnitsky morreu numa cadeia em Moscovo. Tinha sido preso quase um ano antes, acusado de fraude fiscal em colaboração com Bill Browder, um investidor americano. Na realidade, o que se passou foi exatamente o contrário.
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