terça-feira, 27 de outubro de 2015

OBSERVADOR - 27 DE OUTUBRO DE 2015





360º

Por David Dinis, Diretor
Bom dia!
Enquanto dormia

Luaty Beirão pôs fim à greve de fome, ao fim de 36 dias. Uma carta enviada ao jornal Rede Angola pela sua família mostra que o ativista luso-angolano já sente ter tido uma vitória. "Sem resposta quanto ao meu pedido para aguardarmos o julgamento em liberdade, só posso esperar que os responsáveis do nosso País também parem a sua greve humanitária e de justiça. De todos os modos, a máscara já caiu. A vitória já aconteceu”. A notícia com que abre esta manhã, feliz, já está aqui.

A Austrália considera uma “farsa” o estudo da OMS sobre os riscos das carnes vermelhas. “Se pegarmos em tudo o que a Organização Mundial de Saúde afirma ser cancerígeno e tirarmos das necessidades diárias, somos capazes de voltar à caverna”, acusou o ministro australiano. Já volto a este estudo, ali nos Especiais.

Um genocídio em Myanmar? Uma investigação da Al Jazeera recolheu dezenas de provas e testemunhos que apontam para uma suspeita: o Governo de Myanmar, antiga Birmânia, estará a conduzir um verdadeiro genocídio contra os rohingya, uma minoria muçulmana a quem o Estado retirou o direito à cidadania em 1982.

O sismo que atingiu o sul asiático, sentido no Afeganistão, Paquistão e Índia, causou pelo menos 311 mortos: 74 no Afeganistão e 237 no Paquistão. Pode ver aqui os dados atualizados (e as imagens devastadoras).

A Grécia pode não receber a primeira tranche do 3ª resgate, não para já. A troika considera que os atrasos na implementação do programa são notórios. Impasse político
Como pagar um acordo? Onde a esquerda pode ir buscar dinheiro para aliviar a austeridade? O PS negoceia sem pressas com o PCP e Bloco, fazendo contas às propostas que podem viabilizar um governo de esquerda. O programa de Centeno tinha ideias para compensar desvios - e os programas do PCP e Bloco tinham outras (com muitos impostos dirigidos). O que pode vir aí, explicado pelo Nuno Martins e pelo Miguel Santos.

No plano das negociações, uma notícia do Observador: o PS prometeu ao PCP e BE que, nos próximos 4 anos, não vai cortar salários nem subir o IRS - mesmo que surjam imprevistos no caminho e sejam necessárias medidas adicionais para controlar o défice. Os detalhes estão aqui, para ler enquanto o acordo não chega.

Já na Assembleia, o PS parece ter pressa: entregou projetos para repor feriados, retirar a taxa sobre a IVG e abrir caminho à adoção homossexual. Mas o tempo que tudo vai demorar implica que o próximo 1 de dezembro ainda não seja feriado, como explica a Rita Dinis.

Registe também que Passos Coelho só vai entregar a Cavaco os nomes do seu Governo na 5ª-feira - tentando que a posse ocorra logo no dia seguinte.

22 dias sem novo Governo será tempo demais? Na verdade, nem por isso. Já tivemos um Executivo a demorar mais de três meses até estar em funções. Contas feitas pela Inês Mendes.

E enquanto temos só um Governo de gestão, o que pode fazer o Parlamento? Estando a AR em plenas funções - e com uma maioria de esquerda que quer reverter as medidas da direita - o que pode acontecer? A Rita Dinis explica-nos direitinho, neste texto.

Pelo caminho, até as presidenciais são contagiadas. Ribeiro e Castro, um ex-líder do CDS, defende que a direita precisa de outro candidato, um que defenda eleições antecipadas em abril (porque Marcelo não o faz).

Quando a loucura é muita, até o louco se faz acreditar. Uma brincadeira no Twitter simulou um golpe de Estado em Portugal - e foi levada a sério por dois eurodeputados - um conservador, outro do Syriza. Ora veja (e sorria).

O dia de hoje abre, entretanto, com outra notícia - via Económico: o PS não quer mexer nem no IVA da eletricidade, nem na sobretaxa do IRS - medidas reclamadas pela esquerda.
E outra, via Renascença: Álvaro Beleza defende uma revisão constitucional fulminante, para termos legislativas e presidenciais ao mesmo tempo. É com isso que abrimos o nosso liveblog do dia, que está aqui para seguir com detalhe.

Outras informações relevantes

Uma notícia a abrir, via Correio da Manhã: a pensão de invalidez só vai ser atribuída a quem entregue um papel dizendo morrerá, no máximo, mais três anos. Deprimente? Ora veja quão.
Menos desemprego, mais desemprego. Os dados do IEFP mostram que a redução substancial no espaço de um ano foi, no último mês, invertido por uma subida dos inscritos. Mais 2.132.
Do lado da Segurança Social, há dados em atraso, diz o Negócios.

Rendimentos baixos, via DECO. A associação do consumidor fez um estudo que mostra que metade das famílias portuguesas com filhos menores sobrevive com menos de mil euros por mês. E que 18% não consegue pagar a prestação da casa e as contas da água, luz e gás.
... e via Pordata: diz o Portal da Fundação Francisco Manuel dos Santos que 1/5 dos trabalhadores por conta de outrém recebia salário mínimo em 2014.

Porque não há duas sem três, eis o número de contratos a prazo confirmados: 699 mil, segundo o Dinheiro Vivo. Os patrões, diz hoje o Económico, querem voltar a mexer na legislação (assim que houver Governo).

Na economia, um aviso sobre o gás de botija. A Galp alerta para complexidade e riscos de segurança da nova lei.
A empresa deu ontem mais duas novidades: uma sobre o conflito que tem com o Estado sobre a taxa extra que está a pagar (e já tem litígio para 100 milhões); e outra sobre investimentos - prevendo duplicar a produção, mesmo com o petróleo em baixa.

Nas empresas, uma contratação polémica (à medida de Jorge Jesus): a Mota-Engil contratou Pacheco de Melo, o ex-gestor da PT, processado pela nova empresa devido aos investimentos feitos na Rio Forte, vai representar a construtora na... América latina.

Na política, uma polémica em curso sobre nomeações. O Governo garante não ter interferido nos vários concursos a que se candidataram membros de gabinetes. E a CRESAP (que trata dos concursos) diz ter posto 15 novos nomeados em stand-by, à espera de novo Governo (sim, outra vez).
Segundo o Negócios, há um lugar de peso que vai ficar vacante: o de presidente da CGD. José de Matos estará de saída.

A terminar este bloco, um lembrete: Hoje temos mais uma superlua, a terceira e última de 2015. Se perdeu a primeira e a segunda, esta é a sua última oportunidade de espreitar. A Vera Novais explica como.

Os nossos Especiais

E agora, temos mesmo de deixar de comer carne? O relatório da OMS que classifica o consumo de carnes vermelhas e processadas como potencialmente cancerígenas parece ter lançado o pânico. Mas a chave é moderar o consumo, em vez de acabar com ele. Eis o Explicador, feito à medida pela Vera Novais.

Epaminondas. A tortura que durou 44 anos. Passou uma vida a lutar, mas Epaminondas conseguiu há dias corrigir a certidão de óbito do avô, líder camponês que enfrentou a ditadura militar no Brasil. Não, ele não morreu de causa natural. Uma história incrível e inspiradora, contada pelo Edgar Caetano.

A tua família é melhor que a minha? Duas mães por inseminação, dois pais por adoção, uma mãe lésbica solteira e uma mãe transgénero. Famílias LGBT vindas de toda a Europa juntaram-se em Lisboa e a Catarina Marques Rodrigues foi ouvi-los a deixar uma mensagem comum: todos somos normais. Notícias surpreendentes
Pronto para o que aí vem? Aperte o cinto: estes são os carros de James Bond - mesmo a tempo da estreia que está aí à porta.

Bond já passou os 60, o mesmo tempo de vida de 'Lolita', de Nabokov. Em seis décadas, muitas foram as edições do clássico - todas elas com uma mesma dificuldade: fazer uma capa atrevida, mas não excessiva. Quer ver como não é fácil?

Uma outra polémica, lançada pelo New York Times: se pudesse recuar no tempo, mataria o bebé Hitler? O jornal fez a pergunta na 6ª-feira e as respostas continuam a chegar às redes sociais. Há quem não tenha achado piada, há quem tenha feito piadas e há trocas sérias de argumentação.

Mantendo-nos lá atrás no tempo, deixo-lhe a nossa notícia mais vista do dia de ontem: 42 imagens impressionantes da Medicina de antigamente. Acredite, impressionantes é a palavra certa.

Despeço-me por aqui, com a certeza de que o dia que começou bem, continuará melhor. Conte connosco para o manter a par - esteja onde estiver, à hora que lhe for mais útil. É para isso que aqui estamos.

Um dia bom,
Até já!
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