terça-feira, 27 de outubro de 2015

EXPRESSO CURTO - 27 DE OUTUBRO DE 2015




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Expresso
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Bernardo Ferrão
Por Bernardo Ferrão
Editor
 
27 de Outubro de 2015
 
Ao 36º dia, Luaty terminou a greve de fome: “A vitória já aconteceu”
 
A notícia é desta manhã. E foi confirmada pelo próprio advogado. Trinta e seis dias depois de ter iniciado uma greve de fome, Luaty pôs fim ao protesto. O ‘rapper’ luso-angolano contestava a prisão preventiva que considerava ilegal e exigia aguardar julgamento em liberdade.

O portal de notícias Rede Angola publicou uma carta (leia aqui) do ativista dirigida aos companheiros detidos, onde anuncia o fim da greve de fome mas promete continuar a combater o regime. A carta tem a assinatura de Luaty Beirão e terá sido entregue ao Rede Angola pela família. Explica que abandona a greve de fome porque a vitória já foi alcançada: “Estou inocente do que nos acusam e assumo o fim da minha greve de fome. Sem resposta quanto ao meu pedido para aguardarmos o julgamento em liberdade, só posso esperar que os responsáveis do nosso País também parem a sua greve humanitária e de justiça. De todos os modos, a máscara já caiu. A vitória já aconteceu”.

Nas últimas horas, os serviços prisionais angolanos tinham decidido limitar as visitas à mãe, à mulher e a um amigo. Já nem os irmãos podiam entrar. Na frente política, e depois do editorial do Jornal de Angola, o General Bento dos Santos 'Kangamba', um dos mais influentes do regime, avisou Lisboa que Angola já não é "escravo" de Portugal. "Se eu fosse português pensava 20 ou 30 vezes antes de falar sobre um estrangeiro. Primeiro tenho que arrumar a minha casa e depois falar sobre os outros. Portugal é um grande país, tem grandes políticos, mas neste momento está em debandada, não tem consciência jurídica e política para se defender nem defender os angolanos. Há necessidade de haver calma que a Justiça será feita", apontou o dirigente do MPLA.

Por cá, estamos há 23 dias sem Governo e continua o jogo do empurrra. Ainda sem acordo com o Bloco de Esquerda e com o PCP, o PS começou a pressionar a direita e o Presidente da República. No Largo do Rato não se compreende a demora de Passos Coelho em anunciar quem vão ser os seus ministros e os secretários de Estado e apresentar o programa de Governo. As críticas surgiram ontem à tarde pela voz de Carlos César – tem “sede e fome de poder” contra-atacou Paulo Portas - e incluíam Cavaco Silva que esta tarde parte para Roma para uma cimeira da COTEC.
A verdade é que Passos Coelho foi indigitado na quinta-feira e passou sexta, sábado, domingo, segunda e até agora… nada! Diga-se que não deve ser nada fácil formar um Executivo que tem morte prometida para breve. Ainda assim, em 2011 Passos foi indigitado a 15 de junho e apresentou o elenco governativo dois dias depois, a 17. Ainda podia ser hoje? Poder podia, o Presidente só vai depois do almoço para Itália, mas não está previsto que tal aconteça. E assim sendo, deverá passar tudo para quinta-feira à tarde quando Cavaco regressa a Lisboa. Aliás, a título de curiosidade (bem irónica por sinal) durante esta ausência de dois dias do chefe de Estado quem o substitui é o Presidente da Assembleia da República… Ferro Rodrigues.

Feitas as contas, se Passos apresentar a composição do Governo ao Presidente na quinta-feira, nada impede que a tomada de posse (primeiro dos ministros primeiro e depois dos secretários de Estado) aconteça no dia seguinte, sexta-feira, ou no sábado. E a partir dai começa a contar o prazo para a apresentação no Parlamento do programa do Governo. O primeiro-ministro tem até dez dias para o fazer - se a tomada de posse for mesmo na sexta, o programa tem de ir à AR até dia 13 de novembro. Sendo praticamente certo que assim que o fizer chocará de frente com a rejeição da esquerda (PS+BE+PCP têm 122 deputados, para aprovar a moção são necessários 116, ou seja maioria absoluta). O PS tem dito que está a fechar as negociações e que quando rejeitar o Executivo do PàF terá uma alternativa para apresentar. Mas se há lição que aprendemos nos últimos tempos é que o melhor é não fechar cenários. Quer isto dizer que primeiro é preciso perceber se há mesmo acordo à esquerda e depois se esse entendimento dá garantias suficientes para que o Presidente, depois de tudo o que disse sobre essa solução, se convence a chamar António Costa a governar – parecendo-me muito difícil que o PR opte por um Governo de gestão. Para essa avaliação há mais dois dados relevantes que entretanto foram lançados:

Neste artigo do Expresso Diário, assinado pela Luisa Meireles, mostra como estão divididas as opiniões (até entre socialistas) sobre como deve ser o governo de esquerda: minoritário do PS ou uma coligação que inclua BE e PCP? O que vai exigir Cavaco?

2º O Observador revela que o “PS prepara uma regra de ouro no acordo com PCP e BE: se forem precisas medidas extra nos 4 anos, não serão cortados salários ou pensões e não subirão impostos. Se houver desvio nas contas revêm-se as metas de défice”.

Rever metas do défice? E o que dizem Bruxelas e os mercados desta derrapagem assumida?

Bom, como está fácil de perceber que a agitação política não vai terminar tão cedo. Mas se julga que, nós por cá, nunca vivemos tamanha instabilidade, recomendo-lhe esta visita à I República e aos 51 governos de curta duração que tivemos entre 1910 e 1926.

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OUTRAS NOTÍCIAS
Se acha que a política lhe faz mal à saúde (ou à do país), saiba que há coisas muito piores. Nas últimas horas ficou a saber-se que a carne processada pode provocar cancro. A Organização Mundial da Saúde prepara-se para incluir salsichas, presunto, chouriço ou bacon na lista de substâncias cancerígenas, mas o risco já estava identificado e declarado pelo Fundo Internacional para a Investigação Mundial do Cancro desde 2007. Se está com dúvidas sobre o que pode comer, a Renascença dá-lhe respostas. Entretanto, nas sempre muito imaginativas redes sociais, surgiu a hashtag #FreeBacon em reação à decisão da OMS: uns comemoram o triunfo dos porcos, outros saíram em defesa do seu “bacon”.

Na Argentina já se escreve sobre o fim do kirchnerismo. Pela primeira vez na história do país, vai haver segunda volta numa eleição presidencial. Daniel Scioli, o herdeiro político da presidente Cristina Kirchner, conseguiu cerca de 36,8% dos votos. E o principal opositor, o conservador Mauricio Macri, tem 34,4% dos votos sendo já o favorito à vitória.

Sempre ao serviço de sua majestade, James Bond chegou ontem ao Royal Albert Hall em Londres. E a família real não faltou à estreia de “Spectre”, o 24º filme de 007. Sem dúvida uma das personagens cinematográficas mais viajadas. Neste mapa interativo da BBC pode ver os países por onde onde andou James Bond e que cenas filmou em cada um deles. Portugal também está lá!

José Mourinho anda mesmo na mó de baixo. Depois da expulsão no fim-de-semana no estádio do West Ham, ontem a Federação Inglesa veio acusá-lo de “conduta imprópria” por causa da linguagem e do comportamento com os árbitros no túnel de acesso aos balneários no intervalo do jogo do Chelsea.

FRASES
“O Presidente não pode deixar um governo sem plenitude de funções, o país não aguenta”, Miguel Sousa Tavares no Jornal da Noite na SIC.

“Entendo que o Presidente da República, nessas circunstâncias, deve dar posse a um Governo [liderado por António Costa]. Um Governo de gestão só prejudica o país”, Nuno Morais Sarmento na Renascença.

O QUE ESTOU A LER
No início do ano, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou que iria ler dois livros por mês em 2015 e criou a página “Um ano de Livros” (A Year of Books) para partilhar e discutir o que ia lendo com os seus mais de 30 milhões de seguidores. Explicou que as suas escolhas versariam sobre “diferentes culturas, religiões, histórias e tecnologias”. A primeira obra que sugeriu foi tão procurada que a Amazon esgotou os exemplares disponíveis. Na altura recomendou The End of Power (O Fim do Poder, na edição portuguesa da Gradiva), de Moisés Naím, escritor e colunista venezuelano e, desde 1996, o editor-chefe da revista Foreign Policy.

Com quase 11 meses de clube de leituras, a Business Insider apresenta agora não só as 20 escolhas, como as razões do próprio Zuckerberg para ler as obras. Na lista podemos encontrar títulos como “Porque falham as Nações” de Daron Acemoglu e James A. Robinson; “O Otimista Racional” de Matt Ridley ou “A Vida num Gang” de Sudir Venkatesh.

Por falar em autores, deixem-me ainda sugerir-vos o artigo do New York Times - “The Gonzo Vision of Quentin Trantino” – assinado pelo escritor norte-americano Bret Easton Ellis (autor de “Psicopata Americano” e “Menos que Zero”, entre outros). É um texto delicioso sobre o realizador de Pulp Fiction, Reservoir Dogs, Jackie Brown, Django e que estreia no Natal/Janeiro o “The Hateful Height”, o seu oitavo filme (que terá duas versões). Neste artigo/entrevista de Ellis, Tarantino fala do novo filme, mas também da última década do cinema americano, das diferenças entre a televisão (na era Amazon e Netflix) e o cinema – “TV is a writers’ medium and movies are a directors’ medium”.

Boas leituras e tenha um excelente dia. Amanhã o Expresso Curto é da Luísa Meireles.
 
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