Esta semana, e pela primeira vez, destaco no Expresso Diário - As Nossas Escolhas três textos de opinião de uma só vez. Dois do Daniel Oliveira e um do Henrique Raposo.
Deixem justificar-me.
A violência à volta do futebol
foi seguramente um dos assuntos mais comentados, debatidos, partilhados
e falados dos últimos dias. Muito se disse e escreveu. O ângulo do
Henrique Raposo, publicado terça-feira, é surpreendente. E talvez por
isso mesmo mereça ser referido aqui. No artigo "Os 'paineleiros' e o
polícia" ele escreve que "são as televisões que legitimam esta
cultura de ódio e de desconfiança através dos painéis que envenenam há
décadas qualquer conversa sobre a bola".
Outro dos temas que muita discussão gerou foi o terrível crime de Salvaterra de Magos,
em que um miúdo de 17 terá morto outro, de 14, de forma selvagem. O
Daniel Oliveira pegou nas declarações da mãe do alegado assassino, que
disse, entre outras coisas, "Deus me perdoe o que vou dizer, o meu filho
morreu, o que fez vai ter de pagar sozinho (devia ser entregue para
fazerem justiça pelas próprias mãos)" e partiu para a crónica "Mãe que arrepia".
"Ao
ouvir estas frases na televisão senti mais do que um incómodo. Era como
se alguém estivesse a raspar as unhas numa ardósia", afirmou o
colunista do Expresso. Este artigo publicado terça-feira foi muito lido e
muito comentado. O João Miguel Tavares respondeu-lhe no Público. E
ontem o Daniel Oliveira respondeu à resposta e voltou à carga com nova
reflexão que merece ser lida. Chama-se "O amor por um mundo vago" e nela o Daniel afirma que
"foi ao colocar valores tão nobres como os da justiça ou da igualdade
sempre à frente de vidas concretas que se cometeram os mais hediondos
crimes".
Além destes três artigos, selecionei um tema
internacional (mas com ramificações a Portugal), sobre as eleições
locais em Espanha este fim de semana, que merecem um olhar mais do que
atento: será que forças como o Podemos e o Cidadãos vão romper com os partidos que há décadas dominam o sistema político espanhol?
Veja o leitor se substituindo os nomes dos partidos no trabalho do
Pedro Cordeiro, a mesma reflexão não faz todo o sentido em Portugal,
ainda para mais em ano de eleições.
Há ainda três temas de sociedade que merecem atenção. O primeiro, escrito pelo Virgílio Azevedo, mostra como a falta de chuva dos últimos seis meses coloca nesta altura Portugal novamente à beira de uma seca.
Apesar dos níveis das barragens se manterem aceitáveis (depois de
épocas muitos chuvosas em 2013 e 2014), tudo aponta para um verão muito
quente e seco. Ainda pela pena do Virgílio, há um tema de Ciência muito
curioso. Estamos a bater recordes de acesso a bolsas internacionais de investigação.
Mas então a Ciência não vivia uma crise de financiamento em Portugal?
Pois, precisamente por isso, os nossos cientistas, perante a falta de
recursos, foram bater-se lá fora por fontes de financiamento que
permitam continuar as investigações.
A Christiana Martins, na história "O segredo que os homens nem à paredes confessam"
fala sobre um dos últimos tabus da sociedade latina, a perda de
potência masculina. "Para a combater, há quem acene com a administração
de testosterona. Um negócio crescente mas que pode ser um perigo".
Finalmente,
a cultura. Na última semana, o Francisco Ferreira, um dos críticos de
cinema do Expresso, tem andado por Cannes. E escreveu "A estrada perdida de 'As Mil e Uma Noites'", sobre a trilogia de Miguel Gomes que foi exibida no festival e recebeu o aplauso de espetadores e crítica.
Por último, um texto que faz sorrir. Há 25 anos que o Comendador Marques de Correia (há quem diga que tem qualquer coisa de Henrique Monteiro) escreve na Revista.
Esta semana, juntou crónicas e publicou um livro. E nós aqui na redação
decidimos fazer uma entrevista imaginária ao cronista real. Ou será que
foi uma entrevista real ao cronista imaginário? Seja como for, leia a
entrevista que tem como título "Só o Vasco Pulido Valente é que pode orgulhar-se de disputar comigo a taça de melhor cronista do século XIX".
Para a semana há mais, tenha um grande fim-de-semana
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