quarta-feira, 25 de março de 2015

OBSERVADOR - MACROSCÓPIO - 23 DE MARÇO DE 2015

Macroscópio – Eleições na Europa, mas com passagem pela agenda doméstica‏

Macroscópio – Eleições na Europa, mas com passagem pela agenda doméstica

Para: antoniofonseca40@sapo.pt
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http://observador.pt/perfil/jmf1957/


** Macroscópio
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Por José Manuel Fernandes, Publisher

Boa noite!


Foi um fim-de-semana com duas eleições importantes na Europa. Na Andaluzia ia verificar-se até que ponto o bi-partidarismo PSOE/PP que tem sido o pilar da democracia espanhola (e da governabilidade do país) podia ser posto em causa pela emergência do Podemos e, também, do Ciudadanos. Em França temia-se que, depois da vitória nas eleições europeias, a Frente Nacional repeti-se a proeza nas eleições cantonais, até porque era essa a indicação das sondagens. Já iremos a ambas as eleições, pois merecem alguma reflexão. É que, como escrevia Jorge Almeida Fernandes no Público, o cenário era preocupante: “Da França à Andaluzia: à espera de tempestades”. (http://www.publico.pt/mundo/noticia/da-franca-a-andaluzia-a-espera-de-tempestades-1689856?page=-1)

Não posso contudo deixar de começar por referir a continuação do debate sobre o tema da chamada “lista VIP”. Os comentadores-políticos do fim-de-semana lá trataram de aproveitar para as pauladas do costume - Paulo Núncio "vale zero em termos de autoridade" (http://observador.pt/2015/03/22/marcelo-considera-paulo-nuncio-vale-zero-termos-autoridade-politica/) , sentenciou Marcelo Rebelo de Sousa, Lista VIP "é novela de má qualidade" (http://observador.pt/2015/03/21/lista-vip-marques-mendes-diz-que-e-novela-de-ma-qualidade/) , já tinha antes proclamado Marques Mendes –, isto apesar de o debate até ter sido relativamente variado e interessante no resto da comunicação social.

(Pequena nota à margem: Maria João Avilez, dedica a segunda metade do texto que hoje editou no Observador - Recordações de um político [Alberto João Jardim] que acaba sozinho (http://observador.pt/opiniao/recordacoes-de-um-politico-que-acaba-sozinho/) – à forma como, na generalidade da comunicação social, se trata a actualidade política e económica, criticando em especial o registo dos políticos/comentadores: “O ar do país mediático está saturado de acusações. Não se faz mediação, acusa-se; não se informa, julga-se; não se esclarece, diz-se mal. De tudo e a eito. Perguntadores, mediadores, esclarecedores ou… exclusivamente advogados de acusação? A suspeita e a desconfiança têm praticamente lugar cativo, utiliza-se um considerável grau de má-fé e consome-se por vezes porções de ódio.” Polémico, directo, e a não deixar de ler.)

Entre o que foi publicado sobre a tal lista VIP, destaco alguns textos cujos argumentos vale a pena conhecer:
* Fernandes Ferreira, um advogado que foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais no último governo de António Guterres e é hoje presidente da Associação Fiscal Portuguesa, defendeu em entrevista ao Diário Económico que “Pessoas em funções públicas têm de ser especialmente protegidas”. (http://economico.sapo.pt/noticias/pessoas-em-funcoes-publicas-tem-de-ser-especialmente-protegidas_214511.html) Depois explica porque não lhe “faz especial confusão que o sistema informático tenha um sistema de alertas para pessoas que, em função dos cargos que ocupam, são especialmente escrutinadas, e para que os funcionários que têm acesso a essas informações pessoais fiquem sujeitos a alguns tipos de alerta. Desde que isso seja legalmente possível e controlado pela Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD).”
* Rui Ramos, aqui no Observador, em A lista VIP: o que é uma coisa séria? (http://observador.pt/opiniao/a-lista-vip-o-que-e-uma-coisa-seria/) , mostrou-se preocupado, não com a “magna” questão da demissão ou não-demissão do secretário de Estado, mas por a “lista VIP” nos ter lembrado “que o Estado português tem pelo menos uma coisa em comum com Polichinelo: a incapacidade de guardar segredos”. Ora sucede que “um Estado sem segredo, com o que o Estado hoje sabe sobre cada
um de nós, significaria a abolição oficial da privacidade em Portugal, e não há liberdade sem o direito de ser deixado em paz”.
* Miguel Sousa Tavares, no Expresso, no texto A caminho da sociedade policial (http://leitor.expresso.pt/#library/expresso/semanario2212/primeiro_2212/opiniao/OPINIAO-MIGUEL-SOUSA-TAVARES-1) (link para assinantes), procurou responder à pergunta dos “demagogos armados em falsos ingénuos, se são todos iguais perante a lei como é que alguns têm direito a protecção do segredo e outros não? Resposta: justamente porque todos devem ser iguais perante a lei. E, se nenhum funcionário das Finanças ou qualquer jornalista do “Correio de Manhã” está interessado em saber qual a situação fiscal do Zé dos Anzóis, imaginem o sem-fim de possibilidades que se abrem ao “jornalismo de investigaç�A3o” ou à simples tentação de devassa alheia, se, em vez do Zé dos Anzóis, se tratar de um ministro ou qualquer outra figura mediática! Porém, sucede que a Constituição não diz que todos têm direito à sua privacidade, menos as figuras públicas: diz “todos” — e “todos” são todos, sem exc
epção alguma. É justamente, porque — e isto, sim, é que é intolerável — qualquer funcionário das Finanças pode aceder aos dados de qualquer contribuinte (…), que, se não existe, devia existir a tal “lista VIP”.
* No blogue Quarta República, em A Lista II (http://quartarepublica.blogspot.pt/2015/03/a-lista-ii.html) , Pinho Cardão mostrou-se revoltado com a forma como tinha decorrido a inquirição parlamentar de alguns altos quadros da administ
ração pública: “Por parte de alguns Deputados não ouvi questões, mas processos de intenção, não ouvi perguntas, mas insistência em certezas não comprovadas, mas convenientes, não percebi vontade de esclarecimento, mas chicana pessoal e política. E vi Deputados interrogantes que demonstravam completa e absoluta ignorância do funcionamento de qualquer instituição, pública ou privada. (…) Já sabia que os membros do Governo são achincalhados em qualquer audição parlamentar; chegou agora a vez dos altos responsáveis da administração pública. Uma completa irresponsabilidade.”
* Referência final, sobre este tema, ao texto de Paulo Ferreira, de novo no Observador, Escrutínio ou devassa? (http://observador.pt/opiniao/escrutinio-ou-devassa/) , onde defende que “Num Estado de Direito o escrutí
nio do que quer que seja não pode assentar na devassa de dados pessoais que estão à mercê de qualquer funcionário à margem de um procedimento formal e justificável.” De facto, “Mal de nós se o escrutínio fiscal dos contribuintes – dos ricos e poderosos que alegadamente constam dessa lista informal a qualquer outro cidadão anónimo – partir de uma qualquer motivação momentânea de um qualquer funcionário que hoje se lembra de ver como param as contas de um ministro, amanhã de um deputado da oposição e no dia seguinte do mal encarado vizinho da frente, à margem de qualquer procedimento formal e devidamente justificado.”


Vamos agora às eleições de ontem, não porque exista já muita reflexão sobre os seus resultados, mas porque se sentiu algum alívio: Marine Le Pen não ganhou em França (ht
tp://observador.pt/2015/03/22/primeiras-projecoes-dao-vitoria-sarkozy-nas-eleicoes-departamentais-francesas/) , o Podemos acabou por ficar num distante terceiro lugar (http://observador.pt/2015/03/22/andaluzia-psoe-ganha-eleicoes-podemos-em-terceiro/) numa região, a Andaluzia, que, em princípio, lhe era favorável. Aqui ficam algumas referências.

Gideon Rachman, no Financial Times, faz uma reflexão em que junta elementos de várias eleições, mas com foco especial nas francesas, para concluir que Growth alone will not stabilise Europe (http://www.ft.com/intl/cms/s/0/1d0ae830-d149-11e4-98a4-00144feab7de.html?siteedition=intl#axzz3V30TOeOj) . De facto, como sublinha, “a sense of economic crisis is only one source of the support for the political extremes in France. Fear of immigration and anger about elite corruption have bolstered the FN — and driven the rise of fringe political movements i
n Italy, Germany and the UK.”

As preocupações com a evolução da França são grandes, tão grandes que, este fim-de-semana, o Telegraph noticiava que France is Europe's 'big problem', warns Mario Monti (http://www.telegraph.co.uk/finance/economics/11486817/France-is-Europes-big-problem-warns-Mario-Monti.html) . O argumento do antigo primeiro-ministro de Itália é o seguinte: “France is the big problem of the European Union because the whole construct has been leveraged on the foundation of a solid Franco-German entente. If it isn’t there then there is a poor destiny for Europe,” said Mr Monti. “We’ve seen that the strong axis is no longer so strong.”

Sobre a leitura das eleições andaluzas, escolho um texto do El blog de El Español (http://www.elespanol.com/) , o blogue que vai criando expectativa para o próximo projecto informativo de Pedro
J. Ramirez, o antigo, e controverso, director do El Mundo, um projecto editorial que deverá conhecer a luz do dia lá mais para o fim do ano. A análise é de Daniel Basteiro: Cinco lecciones que nos dejan las andaluzas para el año electoral (http://www.elespanol.com/actualidad/cinco-lecciones-que-nos-dejan-las-elecciones-andaluzas/) . E são elas: 1. Fin del bipartidismo: es Susana y los demás; 2. Moreno y Rajoy muerden el polvo; 3. Resucita la geometría variable; 4. Ciudadanos, la llave; ni rastro de UpyD e 5. Podemos puede pero no tanto.

Como este Macroscópio já vai longo e ainda tenho mais um tema, abandonamos por aqui as leituras pós-eleitorais. O tema que me falta é a morte de uma figura ímpar, muito por boas razões, mas também por algumas más: refiro-me à morte de Lee Kuan Yew, o fundador da Singapura (http://observador.pt/2015/03/23/morreu-lee-kuan-yew-fundador-
da-singapura/) . Faço-o porque o exemplo daquele pequeno território tem vindo a ser muito estudado e citado, mesmo em obras como The Fourth Revolution: The Global Race to Reinvent the State (http://books.google.pt/books/about/The_Fourth_Revolution.html?id=ngbnnQEACAAJ&redir_esc=y) , escrita por dois responsáveis da influente The Economist, John Micklethwait e Adrian Wooldridge. Apenas algumas referências: os obituários do Financial Times, Lee Kuan Yew, Singapore’s founding father, 1923-2015 (http://www.ft.com/cms/s/0/24145cfe-b89d-11e2-869f-00144feabdc0.html) (no mesmo FT, ver também Lee Kuan Yew: Patriarch’s paternalism symbolised by gum ban
(http://www.ft.com/cms/s/0/e42ff1f6-ce03-11e4-9712-00144feab7de.html) ); do Telegraph, Lee Kuan Yew, Asian statesman (http://www.telegraph.co.uk/news/obituaries/11437131/Lee-Kuan-Yew-Asian-statesman-obituary.html) , do New York Times, Lee Kuan Yew, Founding Fath
er and First Premier of Singapore, Dies at 91 (http://www.nytimes.com/2015/03/23/world/asia/lee-kuan-yew-founding-father-and-first-premier-of-singapore-dies-at-91.html) (no mesmo NYT, In Lee Kuan Yew, China Saw a Leader to Emulate (http://sinosphere.blogs.nytimes.com/2015/03/23/in-lee-kuan-yew-china-saw-a-leader-to-emulate/) ) e Wall Street Journal, Lee Kuan Yew, Singapore’s Founding Father, Dies at 91 (http://www.wsj.com/articles/lee-kuan-yew-singapores-founding-father-dies-at-91-1427056223) (e também, mas só para assinantes, Lee Kuan Yew vs. the News (http://www.wsj.com/articles/melanie-kirkpatrick-lee-kuan-yew-vs-the-news-1427064934?mod=rss_Opinion?mod=hp_opinion) ).

Despeço-me por hoje, com a suspeita que amanhã regressaremos ao tema da Grécia, mas sempre com desejos de bom descanso e boas leituras.


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<p style="font-family:Arial;font-size:13px; line-height:15px; color:#9B9B9B; margin:12px 0 0 0;">Por José Manuel Fernandes, Publisher</p>

<p style="m
argin-top:10px; margin-bottom:25px; font-family:Georgia, Times; font-size:22px;">Boa noite!</p>

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&nbsp;<br>
Foi um fim-de-semana com duas elei&ccedil;&otilde;es importantes na Europa. Na Andaluzia ia verificar-se at&eacute; que ponto o bi-partidarismo PSOE/PP que tem sido o pilar da democracia espanhola (e da governabilidade do pa&iacute;s) podia ser posto em causa pela emerg&ecirc;ncia do Podemos e, tamb&eacute;m, do Ciudadanos. Em Fran&ccedil;a temia-se que, depois da vit&oacute;ria nas elei&ccedil;&otilde;es europeias, a Frente Nacional repeti-se a proeza nas elei&ccedil;&otilde;es cantonais, at&eacute; porque era essa a indica&ccedil;&atilde;o das sondagens. J&aacute; iremos
a ambas as elei&ccedil;&otilde;es, pois merecem alguma reflex&atilde;o. &Eacute; que, como escrevia Jorge Almeida Fernandes no P&uacute;blico, o cen&aacute;rio era preocupante: <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=834035d3c9&e=eee5eda6f5">&ldquo;Da Fran&ccedil;a &agrave; Andaluzia: &agrave; espera de tempestades&rdquo;.</a><br>
&nbsp;<br>
N&atilde;o posso contudo deixar de come&ccedil;ar por referir a continua&ccedil;&atilde;o do debate sobre o tema da chamada &ldquo;lista VIP&rdquo;. Os comentadores-pol&iacute;ticos do fim-de-semana l&aacute; trataram de aproveitar para as pauladas do costume - <a href="http://observador.us8.list-manage1.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=407786df3a&e=eee5eda6f5">Paulo N&uacute;ncio &quot;vale zero em termos de&nbsp;autoridade&quot;</a>, sentenciou Marcelo Rebelo de Sousa, <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10
117d74627360c12ca&id=25cf315cb5&e=eee5eda6f5">Lista VIP &quot;&eacute; novela de m&aacute;&nbsp;qualidade&quot;</a>, j&aacute; tinha antes proclamado Marques Mendes &ndash;, isto apesar de o debate at&eacute; ter sido relativamente variado e interessante no resto da comunica&ccedil;&atilde;o social.<br>
&nbsp;<br>
(Pequena nota &agrave; margem: Maria Jo&atilde;o Avilez, dedica a segunda metade do texto que hoje editou no Observador - <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=3dcc960946&e=eee5eda6f5">Recorda&ccedil;&otilde;es de um pol&iacute;tico [Alberto Jo&atilde;o Jardim] que acaba&nbsp;sozinho</a> &ndash; &agrave; forma como, na generalidade da comunica&ccedil;&atilde;o social, se trata a actualidade pol&iacute;tica e econ&oacute;mica, criticando em especial o registo dos pol&iacute;ticos/comentadores: &ldquo;<em>O ar do pa&iacute;s medi&aacute;tico est&aacute; saturado de acusa&ccedil;&otilde;
es. N&atilde;o se faz media&ccedil;&atilde;o, acusa-se; n&atilde;o se informa, julga-se; n&atilde;o se esclarece, diz-se mal. De tudo e a eito. Perguntadores, mediadores, esclarecedores ou&hellip; exclusivamente advogados de acusa&ccedil;&atilde;o? A suspeita e a desconfian&ccedil;a t&ecirc;m praticamente&nbsp;lugar cativo, utiliza-se um consider&aacute;vel grau de m&aacute;-f&eacute; e consome-se por vezes por&ccedil;&otilde;es de &oacute;dio.&rdquo; </em>Pol&eacute;mico, directo, e a n&atilde;o deixar de ler.)<br>
&nbsp;<br>
Entre o que foi publicado sobre a tal lista VIP, destaco alguns textos cujos argumentos vale a pena conhecer:
<ul>
<li>Fernandes Ferreira, um advogado que foi secret&aacute;rio de Estado dos Assuntos Fiscais no &uacute;ltimo governo de Ant&oacute;nio Guterres e &eacute; hoje presidente da Associa&ccedil;&atilde;o Fiscal Portuguesa, defendeu em entrevista ao Di&aacute;rio Econ&oacute;mico que <a href="http://observador
.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=06cb60b5fe&e=eee5eda6f5">&ldquo;Pessoas em fun&ccedil;&o
tilde;es p&uacute;blicas t&ecirc;m de ser especialmente protegidas&rdquo;.</a> Depois explica porque n&atilde;o lhe &ldquo;<em>faz especial confus&atilde;o que o sistema inform&aacute;tico tenha um sistema de alertas para pessoas que, em fun&ccedil;&atilde;o dos cargos que ocupam, s&atilde;o especialmente escrutinadas, e para que os funcion&aacute;rios que t&ecirc;m acesso a essas informa&ccedil;&otilde;es pessoais fiquem sujeitos a alguns tipos de alerta. Desde que isso seja legalmente poss&iacute;vel e controlado pela Comiss&atilde;o Nacional de Protec&ccedil;&atilde;o de Dados (CNPD)</em>.&rdquo;</li>
<li>Rui Ramos, aqui no Observador,&nbsp;em <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=d3ce77d8c1&e=eee5eda6f5">A lista VIP: o que &eacute; uma coisa s&eacute;ria?</a>, mostrou-se preocupado, n&atilde;o com a &ldquo;magna&rdquo; quest&atilde;o da demiss&atilde;o ou n&atilde;o-demiss&atilde;o do secret
&aacute;rio de Estado, mas por a &ldquo;lista VIP&rdquo; nos ter lembrado &ldquo;<em>que o Estado portugu&ecirc;s tem pelo menos uma coisa em comum com Polichinelo: a incapacidade de guardar segredos</em>&rdquo;. Ora sucede que &ldquo;<em>um Estado sem segredo, com o que o Estado hoje sabe sobre cada um de n&oacute;s, significaria a aboli&ccedil;&atilde;o oficial da privacidade em Portugal, e n&atilde;o h&aacute; liberdade sem o direito de ser deixado em paz</em>&rdquo;.</li>
<li>Miguel Sousa Tavares, no Expresso, no texto <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=9d38b09b75&e=eee5eda6f5">A caminho da sociedade policial</a> (link para assinantes), procurou responder &agrave; pergunta dos &ldquo;<em>demagogos armados em falsos ing&eacute;nuos, se s&atilde;o todos iguais perante a lei como &eacute; que alguns t&ecirc;m direito a protec&ccedil;&atilde;o do segredo e outros n&atilde;o? Resposta: just
amente porque todos devem ser iguais perante a lei. E, se nenhum funcion&aacute;rio das Finan&ccedil;as ou qualquer jornalista do &ldquo;Correio de Manh&atilde;&rdquo; est&aacute; interessado em saber qual a situa&ccedil;&atilde;o fiscal do Z&eacute; dos Anz&oacute;is, imaginem o sem-fim de possibilidades que se abrem ao &ldquo;jornalismo de investiga&ccedil;&atilde;o&rdquo; ou &agrave; simples tenta&ccedil;&atilde;o de devassa alheia, se, em vez do Z&eacute; dos Anz&oacute;is, se tratar de um ministro ou qualquer outra figura medi&aacute;tica! Por&eacute;m, sucede que a Constitui&ccedil;&atilde;o n&atilde;o diz que todos t&ecirc;m direito &agrave; sua privacidade, menos as figuras p&uacute;blicas: diz &ldquo;todos&rdquo; &mdash; e &ldquo;todos&rdquo; s&atilde;o todos, sem excep&ccedil;&atilde;o alguma. &Eacute; justamente, porque &mdash; e isto, sim, &eacute; que &eacute; intoler&aacute;vel &mdash; qualquer funcion&aacute;rio das Finan&ccedil;as
pode aceder aos dados de qualquer contribuinte (&hellip;), que, se n&atilde;o existe, devia existir a tal &ldquo;lista VIP&rdquo;.</em></li>
<li>No blogue Quarta Rep&uacute;blica, em <a href="http://observador.us8.list-manage1.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=04766d2ad3&e=eee5eda6f5">A Lista II</a>, Pinho Card&atilde;o mostrou-se revoltado com a forma como tinha decorrido a inquiri&ccedil;&atilde;o parlamentar de alguns altos quadros da administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica: &ldquo;<em>Por parte de alguns Deputados n&atilde;o ouvi quest&otilde;es, mas processos de inten&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o ouvi perguntas, mas insist&ecirc;ncia em certezas n&atilde;o comprovadas, mas convenientes, n&atilde;o percebi vontade de esclarecimento, mas chicana pessoal e pol&iacute;tica. E vi Deputados interrogantes que demonstravam completa e absoluta ignor&acirc;ncia do funcionamento de qualquer institui&ccedil;&atilde;o, p&uacut
e;blica ou privada. (&hellip;) J&aacute; sabia que os membros do Governo s&atilde;o achincalhados em qualquer audi&ccedil;&atilde;o parlamentar; chegou agora a vez dos altos respons&aacute;veis da administra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica. Uma completa irresponsabilidade.</em>&rdquo;</li>
<li>Refer&ecirc;ncia final, sobre este tema, ao texto de Paulo Ferreira, de novo no Observador, <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=668c4173c4&e=eee5eda6f5">Escrut&iacute;nio ou&nbsp;devassa?</a>, onde defende que &ldquo;<em>Num Estado de Direito o escrut&iacute;nio do que quer que seja n&atilde;o pode assentar na devassa de dados pessoais que est&atilde;o &agrave; merc&ecirc; de qualquer funcion&aacute;rio &agrave; margem de um procedimento formal e justific&aacute;vel.&rdquo; </em>De facto, &ldquo;<em>Mal de n&oacute;s se o escrut&iacute;nio fiscal dos contribuintes &ndash; dos ricos e poderosos que alega
damente constam dessa lista informal a qualquer outro cidad&atilde;o an&oacute;nimo &ndash; partir de uma qualquer motiva&ccedil;&atilde;o moment&acirc;nea de um qualquer funcion&aacute;rio que hoje se lembra de ver como param as contas de um ministro, amanh&atilde; de um deputado da oposi&ccedil;&atilde;o e no dia seguinte do mal encarado vizinho da frente, &agrave; margem de qualquer procedimento formal e devidamente justificado</em>.&rdquo;</li>
</ul>
&nbsp;<br>
&nbsp;Vamos agora &agrave;s elei&ccedil;&otilde;es de ontem, n&atilde;o porque exista j&aacute;&nbsp;muita reflex&atilde;o sobre os seus resultados, mas porque se sentiu algum al&iacute;vio: <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=0d85768538&e=eee5eda6f5">Marine Le Pen n&atilde;o ganhou em Fran&ccedil;a</a>, o <a href="http://observador.us8.list-manage2.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=cafeabffa5&e=eee5eda6f5">Podemos aca
bou por ficar num distante terceiro lugar</a> numa regi&atilde;o, a Andaluzia, que, em princ&iacute;pio, lhe era favor&aacute;vel. Aqui ficam algumas refer&ecirc;ncias.<br>
&nbsp;<br>
Gideon Rachman, no Financial Times, faz uma reflex&atilde;o em que junta elementos de v&aacute;rias elei&ccedil;&otilde;es, mas com foco especial nas francesas, para concluir que <a href="http://observador.us8.list-manage1.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=56a4d00403&e=eee5eda6f5">Growth alone will not stabilise Europe</a>. De facto, como sublinha,&nbsp;&ldquo;<em>a sense of economic crisis is only one source of the support for the political extremes in France. Fear of immigration and anger about elite corruption have bolstered the FN &mdash; and driven the rise of fringe political movements in Italy, Germany and the UK.&rdquo;</em><br>
&nbsp;<br>
As preocupa&ccedil;&otilde;es com a evolu&ccedil;&atilde;o da Fran&ccedil;a s&atilde;o grandes, 
t&atilde;o grandes que, este fim-de-semana, o Telegraph noticiava que <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=c5906b9b6d&e=eee5eda6f5">France is Europe&#39;s &#39;big problem&#39;, warns Mario Monti</a>. O argumento do antigo primeiro-ministro de It&aacute;lia &eacute; o seguinte: &ldquo;<em>France is the big problem of the European Union because the whole construct has been leveraged on the foundation of a solid Franco-German entente. If it isn&rsquo;t there then there is a poor destiny for Europe,&rdquo; said Mr Monti. &ldquo;We&rsquo;ve seen that the strong axis is no longer so strong.</em>&rdquo;<br>
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Sobre a leitura das elei&ccedil;&otilde;es andaluzas, escolho um texto do <a href="http://observador.us8.list-manage1.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=097c5bf334&e=eee5eda6f5">El blog de El Espa&ntilde;ol</a>, o blogue que vai criando expectativa para o pr&oacute;ximo projecto informativo de Pedro J. Ramirez, o antigo, e controverso, director do El Mundo, um projecto editorial que dever&aacute; conhecer a luz do dia l&aacute; mais para o fim do ano. A an&aacute;lise &eacute; de Daniel Basteiro: <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=742358ab17&e=eee5eda6f5">Cinco lecciones que nos dejan las andaluzas para el a&ntilde;o electoral</a>. E s&atilde;o elas: <em>1. Fin del bipartidismo: es Susana y los dem&aacute;s</em><em>; 2. Moreno y Rajoy muerden el polvo; 3. Resucita la geometr&iacute;a variable; 4. Ciudadanos, la llave; ni rastro de UpyD </em>e<em> 5. Podemos puede pero no tanto.</em><br>
&nbsp;<br>
Como este Macrosc&oacute;pio j&aacute; vai longo e ainda tenho mais um tema, abandonamos por aqui as leituras p&oacute;s-eleitorais. O tema que me falta &eacute; a morte de uma figura &iacute;mpar, muito por boas raz&otilde;es, mas tamb&eacute;m por algumas m&aacute
;s: refiro-me &agrave; morte de <a href="http://observador.us8.list-manage1.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=ce52736329&e=eee5eda6f5">Lee Kuan Yew, o fundador da&nbsp;Singapura</a>. Fa&ccedil;o-o porque o exemplo daquele pequeno territ&oacute;rio tem vindo a ser muito estudado e citado, mesmo em obras como <a href="http://observador.us8.list-manage1.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=e082be798d&e=eee5eda6f5">The Fourth Revolution: The Global Race to Reinvent the State</a>, escrita por dois respons&aacute;veis da influente The Economist, John Micklethwait e&nbsp;Adrian Wooldridge. Apenas algumas refer&ecirc;ncias: os obitu&aacute;rios do Financial Times, <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=c8b17639e1&e=eee5eda6f5" title="Lee Kuan Yew, Singapore’s founding father, 1923-2015">Lee Kuan Yew, Singapore&rsquo;s founding father, 1923-2015</a> (no mesmo FT, ver tamb&eacute;m <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=551022391d&e=eee5eda6f5" title="Lee Kuan Yew: Patriarch’s paternalism symbolised by gum ban">Lee Kuan Yew: Patriarch&rsquo;s paternalism symbolised by gum ban</a>); do Telegraph, <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=bd72eac9f7&e=eee5eda6f5">Lee Kuan Yew, Asian statesman</a>, do New York Times, <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=f6c164bb74&e=eee5eda6f5">Lee&nbsp;Kuan&nbsp;Yew, Founding Father and First Premier of Singapore, Dies at 91</a> (no mesmo NYT, <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=24efa3f688&e=eee5eda6f5">In&nbsp;Lee&nbsp;Kuan&nbsp;Yew, China Saw a Leader to Emulate</a>) e Wall Street Journal, <a href="http://observador.us8.l
ist-manage1.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=0bb355606a&e=eee5eda6f5">Lee Kuan Yew, Singapore&rsquo;s Founding Father, Dies at 91</a> (e tamb&eacute;m, mas s&oacute; para assinantes, <a href="http://observador.us8.list-manage.com/track/click?u=dd553a10117d74627360c12ca&id=c12aa9f87d&e=eee5eda6f5">Lee Kuan Yew vs. the News</a>).<br>
&nbsp;<br>
Despe&ccedil;o-me por hoje, com a suspeita que amanh&atilde; regressaremos ao tema da Gr&eacute;cia, mas sempre com desejos de bom descanso e boas leituras.<br>
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