terça-feira, 28 de janeiro de 2020

DIA INTERNACIONAL DA PRIUVACIDADE DE DADOS - 28 DE JANEIRO DE 2020

Centro de processamento de dados

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Interior de um centro de processamento de dados em TampaEstados Unidos.
Um centro de processamento de dados (CPD), também conhecido como data center, é um local onde estão concentrados os sistemas computacionais de uma empresa ou organização, como um sistema de telecomunicações ou um sistema de armazenamento de dados, além do fornecimento de energia para a instalação.[1][2][3]

História[editar | editar código-fonte]

Com o advento da computação moderna, entre o fim do século XIX e começo do século XX, começou-se a precisar de mais espaço físico para os computadores. Aproveitando-se da disponibilidade da energia elétrica, universidades, empresas e outros tipos de organizações instalavam seus primeiros computadores. Os primeiros computadores eram responsáveis por ler e gravar dados em cartões perfurados.[4]

Segurança[editar | editar código-fonte]

Normalmente projetados para serem extremamente seguros, abrigam milhares de servidores e bancos de armazenamento de dados, processando grande quantidade de informação.
Montados num salão protegido contra acesso indevido, tem piso elevado para possibilitar a passagem de cabos elétricos e de dados, armários metálicos (racks), onde são montados os equipamentos e um ambiente totalmente controlado.
Contam com sistemas de extinção de incêndios, sistema inteligente de detecção precoce de fumo e extinção de incêndio com gás inerte, para não afetar os equipamentos. O acesso é controlado por cartões eletrônicos e/ou biometria, monitorização permanente, acesso por porta-eclusa. Ar-condicionado de precisão com monitorização constante, mantém a temperatura constante, resfriando os equipamentos. Ambiente operacional monitorizado permanentemente, em todos os aspectos, físicos e lógicos.

Energia[editar | editar código-fonte]

O abastecimento de energia, além da concessionária local, usa geradores de energia de grande capacidade e fonte de alimentação ininterrupta (também comumente chamados de UPS ou no-breaks) de grande porte, montados em salas anexas, para manter os equipamentos ligados, mesmo em caso de queda no fornecimento. CPDs consomem até cem vezes mais energia que um escritório comum.[5]

Centro de Processamento de Dados Virtual[editar | editar código-fonte]

Além dos tradicionais data centers, outra modalidade de processamento de dados passou a ser utilizada mais recentemente: o data center virtual (DCV).[6]
Derivado da computação em nuvem, ele é responsável por fazer a integração de toda a tecnologia da empresa, simulando, em um ambiente digital, o funcionamento de um conjunto de servidores físicos.
Dentro da sua gama de funcionalidades, o DCV permite que o usuário controle recursos de rede, software e storage, utilizando-se de uma camada adicional de gestão. Dessa forma, as políticas de controle poderão ser aplicadas para manter o sistema sempre interconectado.
Na prática, essa virtualização faz com que os componentes do sistema funcionem, apesar de armazenados em locais físicos distintos, como se estivessem interligados de maneira natural. [7]

Benefícios[editar | editar código-fonte]

Existem vários benefícios adquiridos em virtude do uso do data center virtual, em detrimento do físico:
  • Escalabilidade - garante à empresa uma performance contínua, com a capacidade de adequar a infraestrutura conforme a necessidade;
  • Controle de recursos - o DCV, da mesma forma que permite o aumento de recursos, também permite que os recursos sejam reduzidos instantaneamente. Além disso, o data center virtual permite maior eficácia das políticas de segurança de dados, ao permitir a aplicação das regras de controle num ambiente centralizado;
  • Segurança - A conexão segura, via computação em nuvem - somada aos mecanismos de segurança próprios - dos servidores alocados em diferentes lugares é a opção mais segura para a proteção dos dados.
  • Redução de custos - Os custos com equipamentos de hardware são reduzidos exponencialmente. Menos equipamentos também significa economia de energia elétrica e mais espaço físico disponível nas companhias. [8]

Uso Governamental[editar | editar código-fonte]

Os serviços de cloud, e especificamente o uso de data centers virtuais por pequenas e médias empresas é uma realidade hoje. Esta tendência aplica-se agora às administrações públicas, muito relutantes em usar de serviços clouding, especialmente por questões de proteção de dados.
Antes podíamos dizer que um CPD com acesso restrito era o mais seguro a nível de proteção da privacidade das informações, mas isso não corresponde à realidade atual em que o clouding possui características amplas de proteção, tanto na privacidade dos dados quanto na integridade deles.
Para melhorar a experiência do cidadão quando relaciona com as administrações públicas o cloud computing também oferece grandes vantagens, por exemplo, no campo das administrações públicas espanholas esta tecnologia está a ser usada, tendo 97,6% das instituições um serviço deste tipo.
Houve algumas iniciativas pioneiras no uso desta tecnologia como por exemplo: a criação de uma plataforma de serviço ao cidadão hospedada na nuvem por uma localidade em Madrid, ou a migração para a nuvem do serviço de e-mail de cerca de 100.000 funcionários públicos da Generalitat da Catalunha.
O uso da nuvem nas Administrações públicas permite a implementação de novos serviços e a melhoria dos existentes, tudo com a devida segurança, transparência e privacidade que exige o tratamento de dados confidenciais dos cidadãos. Portanto, a adoção de serviços clouding pelas administrações públicas permite que eles sirvam os cidadãos de maneira mais eficiente, confortável e transparente.

Localização[editar | editar código-fonte]

O CPD deve estar protegido ao máximo.
Deve ser construído num edifício numa zona com baixa probabilidade de acidentes naturais (terremotos, ciclones …)
Deve evitar-se a proximidade do CPD a rios, praias, etc.
A escolha do edifício deve ser feita tendo em conta o fim para o qual está destinado, logo deve evitar-se a utilização de edifícios onde se practiquen actividades potencialmente perigosas (gases inflamáveis explosivos).
Quando planeando, a segurança de um CPD deve-se ter em atenção os seguintes pontos:
  • Os pisos baixos estão expostos a sabotagens, ( assaltos, colisão de veículos)
  • Os pisos subterrâneos serão os primeiros a ser afectados pelas inundações.
  • Os pisos mais altos estão expostos a acidentes aéreos.
  • Recomenda-se que o edifício tenha dois acessos por duas ruas diferentes.
  • É recomendável evitar divulgar a localização do CPD para dificultar a sua localização por possíveis atacantes.

Controlo de acesso[editar | editar código-fonte]

As máquinas do CPD são vitais para a empresa e só precisam de ser utilizadas por um reduzido grupo de especialistas. O acesso a esta sala de máquinas deve estar especialmente controlado. Não podemos consentir que alguém leve alguma máquina o algum componente dela (discos rígidos, cintas de backup) nem autorizar a sua presença dentro do espaço dos servidores. É necessário saber quem entra e sai dos recintos e quando.
As identificações habituais (password, cartões de control) complementam-se com medidas mais seguras, como a biometria. Geralmente combina-se mais de um tipo de identificação, por exemplo: cartão + chave. Em instalações importantes, o CPD pode ter o seu próprio equipamento de vigilância de segurança. Na sala pode-se instalar também uma rede de sensores de presença e câmaras de vídeo para detectar visitas inesperadas.
Ademais instalam-se distintos sistemas de alarmes.
Nalgumas empresas, cada vez que uma pessoa acede ao recinto, deve assinar uma folha de visita com dados como as horas de entrada e saída, entre outros.


Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1.  «Conceito de Centro de processamento de dados». Consultado em 14 de Janeiro de 2016
  2.  «O que é e para que serve um data center?»Olhar Digital. 21 de Agosto de 2011. Consultado em 27 de Junho de 2017
  3.  Laudon, Kenneth C.; Laudon, Jane P. (2014). Sistemas de de informação gerenciais 11ª ed. São Paulo, Brasil: Pearson Education do Brasil. p. 146. ISBN 9788543005850Um datacenter é uma instalação que reúne sistemas computacionais e componentes associados, como sistemas de telecomunicações, armazenamento, segurança e fornecimento de energia de backup.
  4.  Carr, Nicholas (17 de Janeiro de 2008). The Big Switch: Rewiring the World, from Edison to Google (em inglês). Nova Iorque, Estados Unidos: W. W. Norton & Company. p. 46. ISBN 9780393062281
  5.  «FEMP - Data Center Energy Consumption Trends» (em inglês)
  6.  «Virtual Data Center»azure.microsoft.com (em inglês). Consultado em 27 de fevereiro de 2019
  7.  «vCloud Air Documentation Center»pubs.vmware.com. Consultado em 27 de fevereiro de 2019
  8.  «Entenda como funciona Data Center Virtual»Blog Host One. 1 de janeiro de 2019. Consultado e

DIA MUNDIAL DA LEPRA - 28 DE JANEIRO DE 2020

Lepra

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Lepra
Perna com lesões de lepra limítrofe (borderline)
SinónimosHanseníase, doença de Hansen
EspecialidadeInfectologia
SintomasDiminuição da capacidade de sentir dor[1]
CausasMycobacterium leprae ou Mycobacterium lepromatosis[2][3]
Fatores de riscoProximidade com pessoas infetadas, pobreza[1][4]
TratamentoTerapia multidrogas[2]
MedicaçãoRifampicinadapsonaclofazimina[1]
Frequência514 000 (2015)[5]
Classificação e recursos externos
CID-10A30A30.9
CID-9030, 030.9
OMIM607572609888613407
DiseasesDB8478
MedlinePlus001347
eMedicine22045511049771165419
MeSHD007918
A Wikipédia não é um consultório médico. Leia o aviso médico 
Lepra ou hanseníase é uma infeção crónica causada pelas bactérias Mycobacterium leprae ou Mycobacterium lepromatosis.[2][3] A infeção geralmente não manifesta sintomas durante os primeiros 5 a 20 anos.[2] Gradualmente, vão-se desenvolvendo granulomas nos nervostrato respiratóriopele e olhos.[2] Isto pode resultar na diminuição da capacidade de sentir dor, o que por sua vez pode levar à perda de partes das extremidades devido a lesões ou infeções sucessivas que passam despercebidas ao portador.[1] Estes sintomas podem também ser acompanhados por diminuição da visão e fraqueza.[1]
A lepra é transmitida entre pessoas e possivelmente a partir de tatus.[6] Pensa-se que a transmissão se dê através da tosse ou pelo contacto com o muco nasal de uma pessoa infetada.[6] A lepra é mais comum em contextos de pobreza.[1] Contrariamente à crença popular, não é uma doença altamente contagiosa.[1] A doença é classificada em dois tipos principais: lepra paucibacilar e lepra multibacilar.[1] Os dois tipos distinguem-se pelo número de manchas de pele hipopigmentada e dormente – a lepra paucibacilar possui cinco ou menos e a multibacilar mais de cinco.[1] O diagnóstico é confirmado com a análise de uma biópsia.[1]
A lepra pode ser curada com um tratamento multidrogas.[2] O tratamento da lepra paucibacilar consiste na administração de dapsona e rifampicina durante seis meses.[1] O tratamento de lepra multibacilar consiste na administração de rifampicinadapsona e clofazimina durante doze meses.[1] Podem também ser usados outros antibóticos.[1] A Organização Mundial de Saúde disponibiliza estes medicamentos de forma gratuita.[2] Em 2012, havia em todo o mundo 189 000 casos crónicos de lepra, uma diminuição acentuada em relação aos 5,2 milhões na década de 1980.[2][7][8] No mesmo ano registaram-se 230 000 novos casos.[2] A maior parte dos novos casos ocorre em apenas 16 países, dos quais a Índia contabiliza mais de metade.[2][1] Nos últimos vinte anos foram curadas da lepra 16 milhões de pessoas em todo o mundo.[2]
A lepra afetou a Humanidade durante milhares de anos.[1] O nome da doença tem origem no termo grego λέπρᾱ (léprā), derivado de λεπῐ́ς (lepís; "escama"). O termo "hanseníase" é dado em homenagem ao médico norueguês Gerhard Armauer Hansen, que descobriu a causa da doença em 1873.[1] Isolar os portadores da doença em leprosarias, outrora comum em todo o mundo, ainda ocorre na Índia,[9] China,[10] e África.[11] No entanto, a maior parte das leprosarias foi encerrada, dado que a doença não é significativamente contagiosa.[11] Durante grande parte da História, os leprosos foram vítimas de estigma social, o que ainda continua a ser uma barreia para a procura de tratamento.[2] Devido a este estigma, muitas pessoas consideram o termo "leproso" ofensivo.[12] A condição está classificada como doença tropical negligenciada.[13]

Sinais e sintomas[editar | editar código-fonte]

Mão de indivíduo infectado com lepra limítrofe/borderline.
Essa bactéria, assim como a da tuberculose, é bastante lenta para se reproduzir a ponto de causar sintomas, de modo que o tempo de incubação após a infecção é de 2 a 7 anos.
Um dos primeiros efeitos da hanseníase, devido ao acometimento dos nervos, é a supressão da sensação térmica, ou seja, a incapacidade de diferenciar entre o frio e o quente no local afetado. Mais tardiamente, pode evoluir para diminuição da sensação de dor no local.
A lepra indeterminada é a forma inicial da doença, e consiste, na maioria dos casos, em manchas de coloração mais clara que a pele ao redor da lesão, podendo ser discretamente avermelhada, com alteração de sensibilidade à temperatura, e, eventualmente, diminuição da sudorese sobre a mancha (anidrose). A partir do estado inicial, a lepra pode, então, permanecer estável (o que acontece na maior parte dos casos) ou pode evoluir para lepra tuberculóide ou lepromatosa, dependendo da predisposição genética particular de cada paciente. A lepra pode adotar também vários cursos intermediários entre estes dois tipos de lepra, sendo então denominada lepra dimorfa.

Lepra tuberculoide ou paucibacilar[editar | editar código-fonte]

Rosto com mancha descolorada e insensível a dor de lepra tuberculoide.
Esta forma de lepra ocorre em pacientes que têm boa resposta imunitária ao bacilo de Hansen. A boa resposta imunitária se caracteriza por um padrão de resposta imune do tipo Th1, com produção da citocina interferon gama e IL-2, aquele responsável pela ativação de macrófagos, e esta estimula o crescimento de células T antígeno-específicas, resultando em doença mais branda ou cura.[14]
Neste tipo de lepra, as manchas são bem delimitadas e assimétricas e geralmente são encontradas apenas poucas lesões no corpo. Há insensibilidade a dor progressiva conforme os nervos periféricos são lesionados. Exames com lepromina dão positivos. O termo paucibacilar (poucos bacilos) é referência a contagem de bacilos ao microscópio de amostras subcutâneas.[15]

Lepra limítrofe ou borderline[editar | editar código-fonte]

É a forma mais comum, um tipo intermediário entre boa e má resposta imune. As lesões cutâneas assemelham às da lepra tuberculoide, mas são mais numerosos e irregulares. Grandes manchas podem afetar um membro inteiro e ocorre progressiva fraqueza e perda de sensibilidade nos pés, mãos e rosto. Este tipo é mais instável e pode converter-se em lepromatosa ou reverter tornando-se mais parecido com a forma tuberculoide.[15]

Lepra lepromatosa ou multibacilar[editar | editar código-fonte]

É a forma mais grave e ocorre nos casos em que os pacientes têm pouca defesa imunitária contra o bacilo. Ocorrem lesões simétricas de pele, nódulos, placas, espessamento da derme, congestão nasal com sangramento. Os pelos de sobrancelhas e cílios caem (alopecia facial). Geralmente a perda de sensibilidade é mais lenta. Causa deformações cada vez mais graves em mãos, pés, glúteos e rostos, frequentemente requerendo amputações de dedos.[15]

Transmissão[editar | editar código-fonte]

A lepra é transmitida por gotículas de saliva. O bacilo Mycobacterium leprae é eliminado pelo aparelho respiratório da pessoa doente na forma de aerossol durante o ato de falar, espirrar, tossir ou beijar. Quase sempre ocorre entre contatos domiciliares, geralmente indivíduos que dormem num mesmo quarto.
A contaminação se faz por via respiratória, pelas secreções nasais ou pela saliva, mas é muito pouco provável a cada contato. A incubação, excepcionalmente longa (vários anos), explica por que a doença se desenvolve mais comumente em indivíduos adultos, apesar de que crianças também podem ser contaminadas (a alta prevalência de lepra em crianças é indicativo de um alto índice da doença em uma região).
Noventa por cento (90%) da população exposta à bactéria tem resistência ao bacilo de Hansen (M. leprae), causador da hanseníase, e conseguem controlar a infecção sem sintomas. As formas contagiantes são a lepromatosa/virchowiana/multibacilar e a limítrofe/borderline. Após 15 dias de tratamento os portadores já não transmitem mais a lepra.[16] Os brasileiros que caçam ou comem tatus correm maior risco de pegar lepra do que pessoas que não interagem com os animais.[17]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

Rosto com engrossamentos típicos de lepra lepromatosa.
No mundo existem muitos leprosários para o abrigo e a cura dos doentes de Hanseníase. A Igreja administra no mundo 547 leprosários, segundo dados do último Anuário Estatístico da Igreja. Eles são assim divididos: na África 198, na América 56 (total), na Ásia 285, na Europa 5 e na Oceania 3. As nações com o maior número de leprosários são: na África: República Democrática do Congo (32), Madagascar (29), África do Sul (23); na América do Norte: Estados Unidos (1); na América central: México (8); na América central-Antilhas: República Dominicana (3); na América do Sul: Brasil (17), Peru (6), Equador e Colômbia (4); na Ásia: Índia (220), Coreia (15); na Oceania: Papua Nova-Guiné (3). (Agência Fides 26/01/2013).
Hoje em dia, a lepra é tratada com antibióticos, e esforços de Saúde Pública são dirigidos ao diagnóstico precoce e tratamento dos doentes, à ajuda com próteses aos pacientes curados e que sofreram mutilações e à prevenção voltada principalmente para evitar a disseminação. O tratamento é eminentemente ambulatorial.
Apesar de não mortal, a lepra pode acarretar invalidez severa e/ou permanente se não for tratada a tempo. O tratamento comporta diversos antibióticos, a fim de evitar selecionar as bactérias resistentes do germe. A OMS recomenda desde 1981 uma poliquimioterapia (PQT) composta de três medicamentos: a dapsona, a rifampicina e a clofazimina. Essa associação destrói o agente patogênico e cura o paciente. O tempo de tratamento oscila entre 6 e 24 meses, de acordo com a gravidade da doença.
Quando as lesões já estão constituídas, o tratamento se baseia, além da poliquimioterapia, em próteses, em intervenções ortopédicas, em calçados especiais, etc. Além disso, uma grande contribuição à prevenção e ao tratamento das incapacidades causadas pela lepra é a fisioterapia.
Em 1987 o médico Venezuelano Jacinto Convit foi reconhecido com o prémio Príncipe De Asturias pelo descobrimento de uma vacina curativa da lepra.[18] O descobrimento também obteve reconhecimento pela fundação Nobel que decidiu nominá-lo para o prémio de Medicina do ano 1988.[19]

Talidomida[editar | editar código-fonte]

Malformações congênitas devido ao uso de Talidomida pelas mães no período gestacional resultavam em crianças nascidas com membros atrofiados - focomelia, especialmente os membros superiores. Muitas dessas malformações foram correlacionadas ao uso do medicamento Talidomida durante a gravidez para controle de enjoos. Atualmente, o medicamento é usado no tratamento da hanseníase, lúpus sistêmico e AIDS. Para o conseguir, é necessário documentação comprovativa e com controle rigoroso do receituário, sendo proibida a venda em farmácias. Só se encontra em farmácias regionais das secretarias estaduais de saúde, com liberação para casos muito restritos.[20][21]

Epidemiologia[editar | editar código-fonte]

Incidência mundial de lepra (em 2003). Brasil possui mais de 90% dos casos da América Latina.
Além do homem, outros animais de que se tem notícia de serem susceptíveis à lepra são algumas espécies de macacoscoelhosratos e o tatu. Este último pode servir de reservatório e há casos comprovados no sul dos Estados Unidos de transmissão por ele. Contudo a maioria dos casos é de transmissão entre seres humanos por contato íntimo prolongado.
A lepra ataca hoje em dia ainda mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo. Há 700.000 casos novos por ano no mundo. No entanto em países desenvolvidos é quase inexistente, por exemplo a França conta com apenas 250 casos declarados. Em 2000, 738.284 novos casos foram identificados (contra 640.000 em 1999). A OMS (Organização Mundial de Saúde) referencia 91 países afetados: a Índia, a Birmânia, o Nepal totalizam 70% dos casos em 2000. Em 2002, 763.917 novos casos foram detectados: o BrasilMadagáscarMoçambique, a Tanzânia e o Nepal representam então 90% dos casos de lepra. Estima-se que seja entre 2 e 3 milhões o número de pessoas severamente descapacitadas pela lepra em todo o mundo.[22]
O Brasil foi o único país das Américas que não conseguiu a meta de reduzir o número de novos casos para menos de 1 em cada 10.000 pessoas, prejudicando a erradicação nos países vizinhos.[23] No estado de São Paulo, constatou-se declínio dos casos entre 2004 e 2006 na maioria das regiões, e coeficientes mais elevados foram detectados ao norte do estado.[24]
Em Portugal, na Idade Média, os leprosos nunca foram vistos com grande horror. Não eram em geral obrigados a usar marcas de identificação especiais nem a anunciar-se com guizos ou campainhas quando deambulavam.[25] Na Idade Média, Portugal também não foi muito afetado por esta doença, devido talvez ao menor número de contactos com os Cruzados. O número de gafarias/leprosarias nunca conheceu a amplitude de outros países da Europa. O número de gafarias nunca excedeu 60, o que correspondia à relação de uma por 15 000 habitantes, proporção mínima quando comparada com as de França ou de Inglaterra.[26] Portugal foi dos últimos países a pôr fim ao internamento compulsivo de doentes com hanseníase em 1976. Em 1985, com o início dos centros de saúde, todos os leprosos tiveram alta colectiva mas alguns não quiseram sair. Outros pediram para voltar, para conseguirem obter os tratamentos às sequelas da doença. Na actualidade, o número de casos é muito diminuto e reduz-de quase exclusivamente a casos importados. A incidência da lepra em Portugal, com 11 novos casos registados em 2008, está sobretudo associada às migrações, nomeadamente de África e do Brasil, que é o segundo país do Mundo com mais casos.[27] Em Portugal, os doentes são tratados com antibióticos "em ambulatório", ao contrário do que sucedia nas décadas de 1940 e 1950, quando eram sujeitos a internamento compulsivo e a isolamento.

História[editar | editar código-fonte]

O uso de sino era obrigatório para os leprosos na Idade Média.
Hipócrates utilizou pela primeira vez a denominação λέπρα (derivado de λέπω «descamar») quando descreveu manchas brancas na pele e nos cabelos. Entretanto, em nenhum momento informou sobre manifestações neuronais; provavelmente estivesse se referindo ao vitiligo. A denominação lepra é utilizada na Bíblia hebraica como tsaraáth tendo o significado de desonra, vergonha, desgraça. No Egito Antigo, há referências a essa doença há mais de três mil anos, em hieróglifos de 1350 a.C. A Bíblia contém passagens fazendo referência ao nome lepra, mas este termo foi utilizado para designar diversas doenças dermatológicas de origem e gravidade variáveis. A antiga lei israelita obrigava os sacerdotes a saberem reconhecer a doença. As descrições mais precisas da lepra, porém, datam de 600 a.C. (Tratado Médico Indiano de Sushrata Samhita denomina-a kushta) onde já eram descritos dois grupos principais: Vat Rakta, que apresentava manifestações predominantemente neurais; e Aurun Kushta onde eram observadas características virchowianas.[carece de fontes]
A lepra foi durante muito tempo incurável e muito mutiladora, forçando o isolamento dos pacientes em gafariasleprosarias (pt) ou leprosários (pt-BR), principalmente na Europa na Idade Média, onde eram obrigados a carregar sinos para anunciar a sua presença. A doença deu, nessa altura, origem a medidas de segregação, algumas vezes hereditárias, como no caso dos Cagots no sudoeste da França.[carece de fontes]
Dispensário do Mal de Hansen, em Guiné-Bissau.
No Brasil, até meados do século XX, os doentes eram obrigados a se isolar em leprosários e tinham seus pertences queimados, uma política que visava muito mais ao afastamento dos portadores do que a um tratamento efetivo.[28] Nesta época existiram leis para que os portadores de lepra fossem "capturados" e obrigados a viver em leprosários, a exemplo do Sanatório Aimorés (em BauruSP),[nota 1] o Hospital do Pirapitingui (Hospital Dr. Francisco Ribeiro Arantes) e o Hospital Curupaiti em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Via de regra, apenas em 1962 a internação compulsória dos doentes deixou de ser obrigatório. Em 15 de outubro de 1968, este processo foi oficializado através da Lei nº 5.511[29], que revogava esta obrigatoriedade implantada desde a Lei nº 610 de 1949. Porém, o retorno dos pacientes ao seu convívio social era extremamente dificultoso em razão da pobreza e isolamento social e familiar a que eles estavam submetidos.

Notas

  1.  Após a revogação de lei "compulsória", este sanatório tornou-se Instituto de Dermatologia Lauro de Sousa Lima, sendo hoje centro de pesquisa referência nacional em dermatologia e referência mundial em lepra.[carece de fontes]

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d e f g h i j k l m n o p Suzuki K, Akama T, Kawashima A, Yoshihara A, Yotsu RR, Ishii N (fevereiro de 2012). «Current status of leprosy: epidemiology, basic science and clinical perspectives.». The Journal of dermatology39 (2): 121–9. PMID 21973237doi:10.1111/j.1346-8138.2011.01370.x
  2. ↑ Ir para:a b c d e f g h i j k l «Leprosy Fact sheet N°101»World Health Organization. Janeiro de 2014. Cópia arquivada em 12 de dezembro de 2013
  3. ↑ Ir para:a b «New Leprosy Bacterium: Scientists Use Genetic Fingerprint To Nail 'Killing Organism'»ScienceDaily. 28 de novembro de 2008. Consultado em 31 de janeiro de 2010Cópia arquivada em 13 de março de 2010
  4.  Schreuder, P.A.M.; Noto, S.; Richardus J.H. (janeiro de 2016). «Epidemiologic trends of leprosy for the 21st century». Clinics in Dermatology34 (1): 24–31. PMID 26773620doi:10.1016/j.clindermatol.2015.11.001
  5.  GBD 2015 Disease and Injury Incidence and Prevalence, Collaborators. (8 de outubro de 2016). «Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990–2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015.»Lancet388 (10053): 1545–1602. PMC 5055577Acessível livrementePMID 27733282doi:10.1016/S0140-6736(16)31678-6
  6. ↑ Ir para:a b «Hansen's Disease (Leprosy) Transmission»cdc.gov. 29 de abril de 2013. Consultado em 28 de fevereiro de 2015Cópia arquivada em 13 de março de 2015
  7.  «Global leprosy situation, 2012». Wkly. Epidemiol. Rec87(34): 317–28. Agosto de 2012. PMID 22919737
  8.  Rodrigues LC; Lockwood DNj (junho de 2011). «Leprosy now: epidemiology, progress, challenges, and research gaps.». The Lancet Infectious Diseases11 (6): 464–70. PMID 21616456doi:10.1016/S1473-3099(11)70006-8
  9.  Walsh F (31 de março de 2007). «The hidden suffering of India's lepers». BBC News. Cópia arquivada em 29 de maio de 2007
  10.  Lyn TE (13 de setembro de 2006). «Ignorance breeds leper colonies in China». Independat News & Media. Consultado em 31 de janeiro de 2010Cópia arquivada em 8 de abril de 2010
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