CARTA ABERTA À CLASSE BANCÁRIA
Sobre o SAMS
13 de Setembro de 1975
SAMS - SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA MÉDICO-SOCIAL dos Bancários
Carta Aberta à Classe Bancária
Para esclarecer algumas dúvidas que muita gente tem levantado ao longo dos tempos a propósito de tudo e de nada, permito-me vir por este meio informar a Classe Bancária - principalmente aos que nos "Idos de 75" em diante exerceram esta actividade e por consequência vieram a utilizar e a beneficiar dos Serviços prestados pelos SAMS (que são inteiramente seus).
Chegou-me aos ouvidos mais do que uma vez que os SAMS teriam sido gerados de forma automática, ou por Entidades ou pessoas ligadas a centrais sindicais e até partidos políticos que teriam exigido aos governantes e aos banqueiros a fundação dos SAMS.
De facto, foi apenas por minha iniciativa que se deu início à génese da formação dos SAMS - Serviços de Assistência Médico-Social para os Bancários, no dia 13 de Setembro de 1975 - (há 43 anos) - após ter decidido contactar telefonicamente e por motu-próprio os Chefes dos Serviços Clínicos dos Clínicos dos Sindicatos do Sul e Ilhas e do Centro para lembrar às Direcções dos 3 Sindicatos que se reunissem o mais breve possível, para se tratar da norma existente no Acordo Colectivo de Trabalho de 1975 em que se expressava a necessidade de transformar os Serviços Clínicos (que cada Sindicato geria - com dificuldades de toda a ordem...) nuns Serviços de Saúde que pudesse aglutinar todas ou a maior parte das valências que então eram exercidas pelas Caixas de Previdência a favor dos trabalhadores de todos os sectores de actividade do nosso País (e que, aliás não eram ainda um exemplo que se devesse seguir na sua globalidade), mas que mesmo assim eram melhores do que os que a Classe bancária usufruía.
Chegou-me aos ouvidos mais do que uma vez que os SAMS teriam sido gerados de forma automática, ou por Entidades ou pessoas ligadas a centrais sindicais e até partidos políticos que teriam exigido aos governantes e aos banqueiros a fundação dos SAMS.
ISSO É MENTIRA...!!!
Como é sabido, a Assistência Médica era prestada (muito mal) pela Previdência Social (as Caixas - como era designado) e nos anos que se seguiram a 1974 já havia melhorado um pouco, tendo sido estendida a alguns dos sectores de actividade, mas havia núcleos de população que pura e simplesmente não tinham esse direito, - ou haviam alguns sectores que beneficiavam de uns Serviços de Saúde de certo modo incipientes, que eram sustentados maioritariamente pelos próprios trabalhadores - como era o caso dos Bancários e dos trabalhadores de Seguros e alguns Grupos desportivos de BANCOS que lá iam conseguindo dar Assistência aos seus associados. Mas isso era escasso e quando surgia algum caso mais bicudo ou mais grave, lá tinha que se recorrer às Caixas ou a Clínicas de Empresas (ou do Estado) que eram caras.
Os Bancários já há alguns anos que vinham lutando para que a sua CAFEB (*) se transformasse numa Caixa idêntica à Previdência Social, mas os interesses instalados que olhavam mais ao dinheiro que a CAFEB (*) aferrolhava e distribuía por quem lhe interessava, travaram essa possibilidade...
- (*) CAFEB era a Caixa de Abono de Família dos Empregados Bancários, sustentada pelos descontos efectuados aos trabalhadores bancários...
- A título de curiosidade posso dizer que no espaço de 14 anos de 1957 a 1974 a CAFEB tinha tido uma receita total de 1 253.320.553$40; uma despesa de 487.702.798$20 e um lucro de 754.718.056$80.... O total de receitas hoje andaria à volta de 250 mil milhões de €uros !!! enquanto os lucros seriam de cerca de 150 mil milhões de €uros ...!!! São números bastante grandes, parece-me.
- De notar uma coisa muito importante. Este dinheiro foi descontado dos vencimentos dos empregados bancários, e, como tal era DEVERIA SER sua pertença, mas que eu saiba nada lhes foi devolvido.
- NÃO SEI PARA ONDE FOI ESSE DINHEIRO. E POR ACASO ALGUÉM SABERÁ? PERGUNTO EU???
- Bem, mas isso agora não interessa nada, como diria alguém que toda a gente conhece...
Afastei-me um pouco daquilo que eu queria dizer. Voltemos, pois à "vaca fria". Como eu ia dizendo, a Classe Bancária estava com imensos desejos de ter uma assistência médica e medicamentosa e todos os anos o assunto vinha à baila nas negociações contratuais com a APB e os Bancos, até que se conseguiu colocar um artigo transitório no ACTV de 1975 - ... creio eu ... que tornava obrigatório envidar-se todos os esforços para que se formasse um grupo de trabalho a fim de que em 1976 entrasse em vigor um novo Sistema de Saúde.que fosse gerido inteiramente pela Classe.
Até Setembro de 1975 (dia 13) nenhum dos três Sindicatos havia avançado com a execução deste projecto, segundo constatei ao confrontar os Chefes dos Serviços Médicos do Centro (Coimbra) de nome Miguel (já falecido, infelizmente) e do Sul e Ilhas (Lisboa) Dr. Barros (que creio, estar aposentado) que me informaram que realmente não havia nada de concreto para tratar do assunto. Dado que eu era apenas Chefe de Secretaria e interinamente estava a exercer as funções de Chefe dos Serviços Médicos, ausente por doença, e não era Bancário, mas sim funcionário ao serviço dos Bancários, resolvi tomar a Iniciativa de chamar a atenção das 3 Direcções para que começassem a reunir com os seus Staffs jurídicos e não só, para que em 1976 (Janeiro) os SAMS (que ainda não tinham nome - o qual lhe foi dado precisamente por mim na última reunião realizada em Lisboa a 13 de Dezembro).
Para todos os efeitos, a Iniciativa que tomei em 13 de Setembro deu origem à formação de um Grupo de Trabalho que incluiu os 3 Chefes dos Serviços Médicos (atrás assinalados e eu próprio), alguns Dirigentes dos 3 Sindicatos, assim como, Pessoal dos respectivos serviços jurídicos (advogados, etc., ). tendo sido efectuadas 3 reuniões preponderantes do Grupo de Trabalho - uma em 12 de Outubro em Coimbra, outra no Porto em 25 de Novembro e finalmente outra em 13 de Dezembro em Lisboa.
Deste trabalho intenso dos 3 Sindicatos, durante 3 meses e meio, resultou que finalmente em Janeiro de 1976 que o Sindicato dos Bancários do Norte pôde iniciar a actividade dos SAMS - Serviços de Assistência Médico-Social e (por motivos técnicos, creio) o Sindicato dos Bancários do Centro e o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas deram início a esta actividade somente a partir de Fevereiro. No entanto a data oficial é para todos os efeitos a de Janeiro de 1976.
Esclareço ainda que no decurso dos trabalhos que levaram à formação dos SAMS a partir de 13 de Setembro e até 31 de Dezembro desse ano, Eu não tive qualquer responsabilidade nem intervim em qualquer nível superior ao meu cargo de Chefe de Secretaria (embora exercesse as funções de Chefe dos Serviços Clínicos, INTERINAMENTE, como já atrás informei), com excepção de algumas propostas por mim efectuadas, nomeadamente a indicação do nome SAMS - Serviços de Assistência Médico-Social, que foram aceites unanimemente pelo Grupo de Trabalho.
- É no entanto provável que nesse Grupo e nesse período tenha havido intervenção de Entidades ou pessoas de centrais sindicais ou partidos políticos que tenha influenciado muita coisa, mas quanto à sua Génese é PURA E SIMPLESMENTE DA MINHA INTEIRA RESPONSABILIDADE
Resta esclarecer que os SAMS - Serviços de Assistência Médico-Social. são formados apenas pelos
SAMS-SBN
SAMS-SBC
SAMS SBSI.
Quaisquer outros SAMS que existam não têm nada a ver com esta Instituição dos Bancários e para os Bancários.
Os SAMS - Serviços de Assistência Médico-Social dos Bancários são
O melhor Sistema ou Sub Sistema de Saúde particular ou seja da Classe Bancária.
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NOTA:
Como é sabido, o SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE que abrange toda ou (quase toda) a população portuguesa, apenas surgiu em 1979 através da Lei 56/79 em Setembro de 1979 (4 anos depois do SAMS) pela mão de António Barreto.
Como é sabido, o SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE que abrange toda ou (quase toda) a população portuguesa, apenas surgiu em 1979 através da Lei 56/79 em Setembro de 1979 (4 anos depois do SAMS) pela mão de António Barreto.
Com as melhores Saudações
ANTÓNIO FONSECA