Depois de ter enviado a primeira newsletter, mandei um email ao meu pai, um sms à minha mãe e outro à minha irmã. “Já viste? Gostaste?” E não. Nenhum deles trabalha, investe ou fundou uma startup. Ainda assim, não hesitei – queria a opinião deles primeiro. (Ou queria elogios?) Com o ego totalmente exposto, admito, só conversei com Robert Fitzpatrick dois dias depois. E não foi tarde. Quando desliguei o Skype, arrumei os elogios na gaveta que só abro em SOS e abri a das métricas. Agora, só converso com números.
Rob Fitzpatrick é autor do livro “The Mom Test” e vem a Lisboa dar um w
orkshop sobre vendas.
Em entrevista, disse-me que é impossível vender o que quer que seja a alguém com quem não se conversa. “É como teres de comprar um presente de aniversário para alguém que não conheces. Como vais saber o que é que essa pessoa gosta?” Fez-me lembrar o que disse Anthony Douglas, CEO da Hole19, numa conversa sobre desenvolvimento de produto: o quão importante é
“ouvir a dor” dos utilizadores.
Se pelo meio algo correr mal, a solução é simples: ligue às pessoas e peça-lhes desculpa, explicou Rob Fitzpatrick. Não sei se os líderes mundiais envolvidos nos
Panama Papers estão a pensar pedir desculpa. E duvido que tenham pedido opiniões sobre enriquecimento ilícito. Mas ainda bem que o jornalismo trabalha factos, sem procurar elogios. Quanto a mim, vou ficar calada, mas acho que daqui a cinco minutos vou receber um email do meu pai. Até à próxima terça-feira.