domingo, 4 de dezembro de 2022

SÃO JOÃO DAMASCENO - 4 DE DEZEMBRO DE 2022

 

João Damasceno

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João Damasceno
Ícone grego representando
São João Damasceno
Doutor da Igreja (Doctor Assumptionis)
NascimentoDamasco 
675
MorteMar SabaJerusalém 
4 de dezembro de 749 (74 anos)[1]
Veneração porIgreja CatólicaIgreja OrtodoxaIgreja LuteranaComunhão Anglicana
Festa litúrgica4 de dezembro
Gloriole.svg Portal dos Santos
Representação de João Damasceno na Crônica de Nuremberga

João Damasceno ou João de Damasco (em gregoἸωάννης ὁ Δαμασκηνόςromaniz.: Iōannēs ho Damaskēnos; em latimIohannes Damascenus675 - 4 de dezembro de 749), foi um monge e sacerdote sírio. Nascido e criado em Damasco, morreu em seu mosteiroMar Saba, perto de Jerusalém.[2] Um polímata cujos interesses incluíam direitoteologia e música, algumas fontes afirmam que serviu como administrador-chefe do califa de Damasco antes de sua ordenação.[3][4]

Escreveu obras explicando a fé cristã e compôs hinos que ainda são utilizados na liturgia no cristianismo oriental por todo o mundo. João é especialmente lembrado pela Igreja Ortodoxa por sua contundente defesa da veneração de ícones.[5] A Igreja Católica o considera um Doutor da Igreja, geralmente chamado de "Doutor da Assunção" por causa de suas obras sobre a Assunção de Maria.[6]

Biografia

A fonte de informações sobre a vida de João Damasceno mais utilizada é uma obra atribuída a João de Jerusalém, que se identifica nela como patriarca de Jerusalém,[7] uma tradução para o grego de um original árabe. Este original, por sua vez, não contém um prólogo encontrado na maioria das traduções e foi escrita por um monge chamado "Miguel". Explica que decidiu escrever a biografia em 1084 por que não havia nenhuma disponível na época. Porém, a parte principal do texto parece ter sido escrita por um autor anterior em algum momento entre o início do século IX e o final do X em árabe.[7] Escrita de um ponto de vista hagiográfico, propenso a exageros e detalhes lendários, a obra não é uma fonte ideal para informações sobre a vida de João, mas contém alguns elementos valiosos e foi amplamente reproduzida.[8]

A novela hagiográfica "Barlaão e Josafá", tradicionalmente atribuída a João, é, na realidade, uma obra do século X de autor desconhecido.[9]

Histórico familiar

João nasceu numa proeminente família conhecida como Almançor (em árabeالمنصور - al-Mansǔr: "vitoriosa") em Damasco no século VII.[10] Seu nome completo era Iuana/Iana ibne Almançor ibne Sarjum (em árabeمنصور بن سرجونlit. 'Yuhanna/Yanah ibn Mansur ibn Sarjun'), em homenagem ao seu avô, que havia sido responsável pela coleta de impostos na região sob o imperador bizantino Heráclio (r. 610–641).[11][12] A falta de documentação atestando a sua linhagem tribal específica levou diversos acadêmicos a colocá-lo entre os taglíbidas e cálbidas, duas proeminentes tribos árabo-cristãs do Deserto da Síria. Outros sugerem que pode ter sido um sírio de origem não-árabe.[13][14][15] Qualquer que seja o caso, João Damasceno tinha dois nomes: João, seu nome cristão, e seu nome árabe, citado como Cureim (Qurein), Iana (Yana) ou Iaana (Yahanna).[16]

Eutíquio, um patriarca melquita do século X, menciona um certo governador árabe da cidade que teria rendido-a aos muçulmanos, provavelmente o avô de João, Almançor ibne Sargum. Quando a região caiu sob o jugo dos omíadas no final do século VII, a corte de Damasco manteve seu grande contingente de servidores civis cristãos, inclusive o avô de João.[17] O pai dele, Sargum (Sérgio) ou ibne Almançor, continuou a servir os califas omíadas.[11] De acordo com João de Jerusalém e algumas versões posteriores de sua vida, após a morte do pai, também serviu na corte do califa antes de se tornar monge. Esta tese tem sido questionada uma vez que não é mencionado nas fontes muçulmanas, que, contudo, citam seu pai.[18] Além disso, as obras do próprio João Damasceno jamais fizeram referência à qualquer experiência sua na corte muçulmana. Acredita-se que tenha se tornado monge em Mar Saba e que foi ordenado sacerdote em 735.[11][10]

Educação

Uma de suas biografias descreve o plano de seu pai para si, de "aprender não apenas através dos livros dos muçulmanos, mas dos gregos também". A partir disso, sugere-se que possa ter sido criado de forma bilíngue.[19] De fato mostra algum conhecimento do Corão, que critica duramente.[20] Outras fontes descrevem a sua educação em Damasco como tendo sido conduzida de acordo com os princípios da educação helenística, chamada de "secular" por uma fonte e "cristã clássica" por outra.[21] Um relato identifica seu tutor como um monge chamado Cosme, que teria sido raptado pelos árabes de sua casa na Sicília, e por quem o pai de João teria pago uma grande quantia. Sob a batuta de Cosme, que também ensinava para o amigo órfão de João (que ficaria conhecido como Cosme de Maiuma), acredita-se que tenha feito grandes avanços em música, astronomia e teologia, logo rivalizando Pitágoras em aritmética e Euclides em geometria[22]

Defesa dos ícones

Ver artigo principal: Iconoclasma
Iluminura mostrando o patriarca João VII Gramático destruindo um ícone.
Detalhe do Saltério de Chludov

No início do século VIII, o iconoclasma, um movimento que buscava proibir a veneração de ícones, ganhou força no Império Bizantino. Em 726, apesar dos protestos do patriarca constantinopolitano Germano I, o imperador Leão III, o Isauro (r. 717–741) emitiu seu primeiro édito contra a veneração de imagens e sua exibição em lugares públicos.[23] Um escritor talentoso – e protegido por estar em território do califa – João Damasceno iniciou uma vigorosa defesa das imagens sagradas em três publicações separadas. A mais antiga, chamada Tratados Apologéticos contra a Condenação das Imagens Sagradas, assegurou a sua reputação. Não somente atacou o imperador, mas adotou um estilo simples que permitiu que a controvérsia fosse acompanhada pelo povo mais simples, estimulando a rebelião entre os fiéis. Posteriormente, suas obras também teriam um papel importante durante o Segundo Concílio de Niceia (787), que se reuniu justamente para tratar do assunto.

A biografia de João Damasceno reconta pelo menos um episódio considerado como improvável ou lendário[24][25] Ela relata que Leão III enviou documentos falsificados para o califa que implicavam João numa conspiração para atacar Damasco. O califa teria então ordenado que a mão direita de João fosse amputada e pendurada em lugar público. Alguns dias depois, João pediu a restituição de sua mão e rezou fervorosamente pela intervenção da Teótoco (Virgem Maria) perante seu ícone. Logo em seguida, sua mão teria sido milagrosamente curada.[24] Em agradecimento pela cura milagrosa, anexou uma mão de prata ao ícone, que passou a ser conhecido a partir daí como "Três mãos" ou Tricheirousa.[26] A biografia continua afirmando que, depois deste evento, João pediu permissão para deixar seu posto e se retirou para o mosteiro de Mar Saba. Um editor de suas obras, o padre Michel Le Quien, demonstrou, porém, que João de Damasco já era monge em Mar Saba antes da disputa iconoclasta, um fato que só torna a história ainda mais improvável.[24] Já se argumentou que João havia deixado Damasco para se tornar monge em 706, quando Ualide I (r. 705–715) tornou mais agressiva a islamização entre os servidores do califado.[27] Fontes muçulmanas mencionam apenas que Sarjum, pai de João, teria deixado a administração nesta época, sem mencionar João.[18]

Anos finais e devoção

João morreu em 749[1] e foi logo reconhecido como santo. Em 1883 a Santa sé declarou-o Doutor da Igreja.[23] Quando o nome de São João Damasceno foi inserido no Calendário Geral Romano, em 1890, era festejado em 27 de março. Esta data sempre cai na Quaresma, um período no qual não se comemoram as memórias obrigatoriamente. Em 1969, ela foi mudada para o dia da morte do santo, 4 de dezembro, dia no qual ela é celebrada também na Igreja Ortodoxa[28] e pelos luteranos.[29]

Lista de obras

Ioannis Damasceni Opera, 1603

Além de suas obras puramente textuais, muitas das quais estão listadas abaixo, João Damasceno também compôs hinos, aperfeiçoando o "canon", um hino de forma estruturada utilizado na Igreja Ortodoxa.[30]

Primeiras obras

  • Os três "Tratatos Apologéticos contra a Condenação das Imagens Sagradas" estão entre as suas primeiras obras em resposta ao édito do imperador bizantino Leão III, o Isáurio (r. 717–741) contra a veneração e exibição das imagens sagradas.[31]

Ensinamentos e obras dogmáticas

  • "Fonte de Conhecimento" ou "Fonte da Sabedoria", dividida em três partes:
    1. Capítulos filosóficos (Kephálaia philosophiká) – Geralmente chamados de "Dialética", lida principalmente com lógica, sendo o seu principal objetivo preparar o leitor para melhor entender o resto do livro.
    2. Sobre a Heresia (Perì hairéseōn) – O último capítulo desta parte (cap. 101) lida com a heresia dos ismaelitas.[32] Ao contrário das seções anteriores, devotadas a combater outras heresias, dispostas em poucas linhas de forma sucinta, este capítulo cobre várias páginas. É um dos primeiros exemplos de escritos polêmicos contra o Islã e o primeiro escrito por um membro da ortodoxia bizantina.
    3. Uma Composição Exata da Fé Ortodoxa (Ékdosis akribès tēs Orthodóxou Písteōs) – Um sumário do escritos dogmáticos dos primeiros Padres da Igreja. Foi a primeira obra do escolasticismo no cristianismo oriental e uma importante influência no pensamento escolástico posterior.[33]
  • Contra os Jacobitas
  • Contra os Nestorianos
  • Diálogo contra os Maniqueístas
  • Introdução Elementar nos Dogmas
  • Carta sobre o Hino Três Vezes Sagrado
  • Sobre o Pensamento Correto
  • Sobre a Fé, contra os Nestorianos
  • Sobre as Duas Vontades em Cristo (Contra os Monotelitas)
  • Paralelos Sagrados (de atribuição dúbia)
  • Sobre Dragões e Fantasmas

Referências

  1. ↑ Ir para:a b «São João Damasceno» (em inglês). Britannica Concise Encyclopedia. Consultado em 20 de agosto de 2014.
  2.  Walsh 1991, p. 403.
  3.  Akbari 2009, p. 204.
  4.  Thomas 2001, p. 19.
  5.  Aquilina 1999, p. 222.
  6.  Rengers 2000, p. 200.
  7. ↑ Ir para:a b Sahas 1972, p. 32.
  8.  Sahas 1972, p. 35.
  9.  Volk 2006.
  10. ↑ Ir para:a b McEnhill 2004, p. 154.
  11. ↑ Ir para:a b c Brown 2003, p. 307.
  12.  Sahas 1972, p. 8–9.
  13.  Sahas 1972, p. 7.
  14.  Louth 2005, p. 5.
  15.  Griffith, Sidney H. «John of Damascus and the Church in Syria in the Umayyad Era: The Intellectual and Cultural Milieu of Orthodox Christians in the World of Islam» (em inglês). Britannica Concise Encyclopedia. Consultado em 21 de agosto de 2014. Arquivado do original em 21 de maio de 2013.
  16.  Sahas 1972, p. 8.
  17.  Sahas 1972, p. 17.
  18. ↑ Ir para:a b Hoyland 1996, p. 481.
  19.  Valantasis 2000, p. 455.
  20.  Hoyland 1996, p. 487-489.
  21.  Louth 2002, p. 284.
  22.  Butler 2000, p. 36.
  23. ↑ Ir para:a b Wikisource-logo.svg "St. John Damascene" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  24. ↑ Ir para:a b c «São João Damasceno» (em inglês). Catholic.org. Consultado em 5 de agosto de 2012
  25.  Jameson 2008, p. 24.
  26.  Louth 2002, p. 17, 19.
  27.  Louth 2003, p. 9.
  28.  Calendarium romanum [Calendário romano] (em latim), Libreria Editrice Vaticana, 1969, pp. 109, 119; cf. «São João Damasceno» (em inglês). Britannica Concise Encyclopedia. Consultado em 5 de agosto de 2012.
  29.  kinnaman 2010, p. 278.
  30.  Shahid 2009, p. 195.
  31.  Allies 1899.
  32.  «St. John of Damascus's Critique of Islam» (em inglês). Consultado em 21 de agosto de 2014.
  33.  Ines 2009, p. 37.

Bibliografia

  • Akbari, Suzanne Conklin (2009). Idols in the East: European representations of Islam and the Orient, 1100-1450. [S.l.]: Cornell University Press
  • Allies, Mary (1899). St. John Damascene on Holy Images, Followed by Three Sermons on the Assumption. Londres: [s.n.]
  • Aquilina, Mike (1999). The Fathers of the church: an introduction to the first Christian teachers. [S.l.]: Our Sunday Visitor Publishing. ISBN 9780879736897
  • Butler, Alban; Kathleen, Jones; Paul, Burns (2000). Butler's lives of the saints: Volume 12 of Butler's Lives of the Saints Series. [S.l.]: Continuum International Publishing Group. ISBN 9780860122616
  • Ines, Angeli Murzaku (2009). Returning home to Rome: the Basilian monks of Grottaferrata in Albania. 00046 Grottaferrata (Roma) - Italy: Analekta Kryptoferri. 37 páginas. ISBN 88-89345-04-7
  • Hoyland, Robert (1996). Seeing Islam as Others Saw It. [S.l.]: Darwin Press
  • Kinnaman, Scot A. (2010). Lutheranism 101. St. Louis: Concordia Publish House
  • Jameson, Mrs. Anna (2008). Legends of the Madonna. [S.l.]: BiblioBazaar, LLC. ISBN 9780554334134
  • Lamont, Peter Robert (2003). The rise of Western Christendom: triumph and diversity, A.D. 200-1000 (em inglês). [S.l.]: Wiley-Blackwell. ISBN 9780631221388
  • Louth, Andrew (2002). St. John Damascene: tradition and originality in Byzantine theology. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 9780199252381
  • Louth, Andrew (2003). Three treatises on the divine images. [S.l.]: St. Vladimir's Seminary Press. ISBN 9780881412451
  • McEnhill, Peter; Newlands, G. M. (2004). Fifty key Christian thinkers. [S.l.]: Routledge. ISBN 9780415170499
  • Rengers, Christopher (2000). The Thirty Three Doctors of the Church. [S.l.]: Tan Books & Publishers. ISBN 0895554402
  • Sahas, Daniel J. (1972). John of Damascus on Islam. [S.l.: s.n.] ISBN 9789004034952
  • Shahid, Irfan (2009). Byzantium and the Arabs in the Sixth Century: Economic, Social, and Cultural History, Volume 2, Part 2. [S.l.]: Harvard University Press. ISBN 9780884023470
  • Thomas, David Richard (2001). Syrian Christians under Islam: the first thousand years. [S.l.: s.n.]
  • Valantasis, Richard (2000). Religions of late antiquity in practice. [S.l.]: Princeton University Press. ISBN 9780691057514
  • Volk, R. (2006). Historiae animae utilis de Barlaam et Ioasaph. Berlim: [s.n.]
  • Walsh, M. (1991). Butler's Lives of the Saints. Nova Iorque: HarperCollins Publishers

Ligações externas

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SANTA BÁRBARA - 4 DE DEZEMBRO DE 2022

 Bárbara de Nicomédia (Nicomédia, c. 280  Nicomédia, c. 317) foi uma virgem mártir do século III comemorada como santa cristã na Igreja Católica Romana, na Igreja Ortodoxa e na Igreja Anglicana. Em Portugal e no Brasil, tornou-se popular a devoção a Santa Bárbara, invocada como protetora por ocasião de tempestades, raios e trovões, dando origem à expressão "Só se lembram de Santa Bárbara quando troveja".

Ela é comemorada no dia 4 de dezembro de cada ano.

História

Santa Bárbara foi, segundo a Tradição católica, uma jovem nascida na cidade de Nicomédia (na região da Bitínia), atual İzmitTurquia nas margens do Mar de Mármara, isto nos fins do século III da Era cristã. A moça era a filha única de um rico e nobre habitante desta cidade do Império Romano chamado Dióscoro.[1]

Por ser filha única e com receio de deixar a filha no meio da sociedade corrupta daquele tempo, Dióscoro decidiu fechá-la numa torre. Santa Bárbara na sua solidão, tinha a mata virgem como quintal, e questionava-se se de fato, tudo aquilo era criação dos ídolos que aprendera a cultuar com seus tutores naquela torre.[1]

Por ser muito bela e, acima de tudo, rica, não lhe faltavam pretendentes para casamentos, mas Bárbara não aceitava nenhum.

Desconcertado diante da cidade, Dióscoro estava convencido que as "desfeitas" da filha justificavam-se pelo fato dela ter ficado trancada muitos anos na torre. Então, ele permitiu que ela fosse conhecer a cidade; durante essa visita ela teve contato com cristãos, que lhe contaram sobre os ensinamentos de Jesus sobre o mistério da união da Santíssima Trindade. Pouco tempo depois, um padre vindo de Alexandria a batizou.[1]

Em certa ocasião, seu pai "decidiu construir uma casa de banho com duas janelas para Bárbara. Todavia, dias mais tarde, ele viu-se obrigado a fazer uma longa viagem. Enquanto Dióscoro viajava, Bárbara ordenou a construção de uma terceira janela na torre, visto que a casa de banho ficara na torre. Além disso, ela esculpira uma cruz sobre a fonte".[1]

O seu pai Dióscoro, quando voltou, reparou que a torre onde tinha trancado a filha tinha agora três janelas em vez das duas que ele mandara abrir. Ao perguntar à filha o porquê das três janelas, ela explicou-lhe que isso era o símbolo da sua nova Fé. Este fato deixou o pai furioso, pois ela se recusava a seguir a Religião da Roma Antiga.[1]

Sentença de Morte

A tortura de Santa Bárbara

Debaixo de um impulso e fúria, e obedecendo a suas tradições romanas, Dióscoro denunciou a própria filha ao prefeito Marciniano que a mandou torturar numa tentativa de a fazer renunciar sua fé, fato que não aconteceu. Assim, Márcio condenou-a à morte por degolação".[1]

Durante sua tortura em praça pública, uma jovem cristã de nome Juliana denunciou os nomes dos carrascos, e imediatamente foi presa e entregue à morte juntamente com Bárbara.[1]

Ambas foram levadas pelas ruas de Nicomédia por entre os gritos de raiva da multidão. Bárbara teve os seios cortados, depois foi conduzida para fora da cidade onde o seu próprio pai a executou, degolando-a. Quando a cabeça de Bárbara rolou pelo chão, um imenso trovão estrondou pelos ares fazendo tremer os céus. Um relâmpago flamejou pelos ares e atravessando o céu fez cair por terra o corpo sem vida de Dióscoro.[1]

Santa Bárbara passou a ser conhecida como "protetora contra os relâmpagos e tempestades" e é considerada a Padroeira dos artilheiros, dos mineiros e de todos quantos trabalham com fogo.

Santa Bárbara é frequentemente retratada com correntes em miniatura e uma torre.

Como uma das catorze santas auxiliares, Bárbara continua a ser uma santa popular nos tempos modernos.

Veneração

Santa Bárbara por Francisco Bayeu.

O nome de Santa Bárbara era conhecido em Roma no século VII; seu culto pode ser rastreado até o século IX, primeiro no Oriente. Como não há menção a ela nos martirológicos anteriores, sua historicidade é considerada duvidosa.

Várias versões, que incluem duas peças de mistério sobreviventes, diferem na localização de seu martírio, que é dado de várias maneiras como ToscanaRomaAntioquiaBaalbek e Nicomedia.

Santa Bárbara é um dos catorze santos auxiliares. Sua associação com o raio, que matou seu pai, fez com que ela fosse invocada contra raios e fogo; por associação com explosões, ela também é a patrona da artilharia e mineração.

Sua festa em 4 de dezembro foi introduzida em Roma no século XII e incluída no calendário tridentino. Em 1729, essa data foi designada para a celebração de São Pedro Crisólogo, reduzindo a de Santa Bárbara a uma comemoração em sua missa. Em 1969, foi removida desse calendário, porque os relatos de sua vida e martírio foram considerados inteiramente fabulosos, sem clareza até sobre o local de seu martírio.

No século XII, as relíquias de Santa Bárbara foram trazidas de Constantinopla para o Mosteiro com Cúpula Dourada de São Miguel em Kiev, onde foram mantidas até a década de 1930, quando foram transferidas para a Catedral de São Volodymyr na mesma cidade. Em novembro de 2012, seu patriarca de santidade, Filaret, da Igreja Ortodoxa Ucraniana — Patriarcado de Kiev, trouxe uma pequena parte das relíquias de Santa Bárbara à Catedral Ortodoxa Ucraniana de Santo André, em Bloomingdale, Illinois.

Nas religiões afro-brasileiras ela é sincretizada com Iansã, a Orixá dos ventos, tempestades, trovões e guerra. Esse sincretismo é o tema do filme O Pagador de Promessas. Já para as religiões afro-caribenhas, a santa é sincretizada com Xangô, o Orixá da justiça.[2]

Seu dia de festa para os católicos romanos, anglicanos e umbandistas é 4 de dezembro.

Ver também

Referências

  1. ↑ Ir para:a b c d e f g h Guiley, Rosemary (2001). The Encyclopedia of Saints. Fourteen Holy Helpers (em inglês). [S.l.]: Infobase Publishing. p. 109. 419 páginas
  2.  Pubillones, Joseph (13 de dezembro de 2015). «Celebrating dual traditions in Cuba: Santa Barbara and Chango»Daily Herald (em inglês). Consultado em 6 de junho de 2021Cópia arquivada em 6 de junho de 2021

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