A família real do Catar pediu, as ideias mudaram: FIFA proíbe a venda de cerveja dentro dos estádios do Mundial
Após se saber que a organização do Mundial estava a relocalizar as fan zones onde o consumo de álcool é permitido para sítios mais ‘escondidos’ e tinha aumentado o preço da bebida, agora a FIFA confirma que, afinal, será proibido vender cerveja nos oito estádios do torneio. A entidade tem um contrato assinado com a Budweiser, no valor de €72 milhões, para ser o fornecedor oficial da bebida no torneio
O consumo de álcool, em particular de cerveja, a habitual bebida de eleição de um adepto de futebol que se apronte a ir ao estádio assistir a um jogo, é, há muito, comum de se ver. A tendência é vista, também, em Campeonatos do Mundo, de onde a FIFA extrai as maiores fatias de lucro e esta bebida entra na equação: para o torneio do Catar, a entidade assinou um acordo para a Budweiser ser, de novo, o seu fornecedor oficial para este ciclo de quatro anos. Com um valor a rondar os €72 milhões (75 milhões de dólares), desta feita o contrato visa um país árabe onde o acesso a bebidas alcoólicas é fortemente restringido.
A dois dias do arranque da competição - no domingo, às 16h, o Catar defronta o Equador -, contudo, a postura da organização do Mundial mudou de ideias. No país onde consumir álcool em público é proibido e a compra desse tipo de produtos autorizada, apenas, em restaurantes, bares e hotéis específicos, o comité organizativo mudou de ideias e informou a FIFA de que, afinal, não autoriza a que cerveja seja vendida no interior dos oito estádios.
E a entidade agiu em conformidade, confirmando, esta sexta-feira, que “após conversas com as autoridades do país anfitrião, tomou-se a decisão de focar a venda de bebidas alcoólicas no FIFA Fan Festival, removendo pontos de venda nos perímetros dos estádios”.
A notícia, inicialmente avançada pelo “The New York Times” e pela “Sky News”, surgiu após o jornal britânico “The Times” escrever que o pedido terá vindo diretamente da família real catarense. Uma fonte oficial da organização ouvida pelo canal de televisão britânico justificou a medida com “o sentimento” de que “os estádios têm de ser para todos” e que “a presença de álcool, para muitos adeptos, não criaria uma experiência agradável” - porque “este Mundial é diferente de outros por um largo número de adeptos virem do Médio Oriente e do sul da Ásia”.
A FIFA informara os adeptos de que a venda de cerveja seria autorizada “no perímetro dos estádios” a partir de três horas antes do início dos jogos e uma hora depois da sua conclusão. Mas, fora dos oito recintos, tal só aconteceria a partir das 18h30 locais e nas fan zones especialmente destinadas para o efeito. Estas condições, aliás, já tinham sido uma espécie de volte-face e o “The New York Times” escreveu que a Budweiser apenas foi informada no sábado passado, 12 de novembro, destas alterações, nas quais também se inclui a relocalização dos pontos de venda de cerveja para locais mais discretos - além do aumento do preço de cada cerveja, para cerca de 13 euros.
A decisão de proibir cerveja nos estádios chegou a merecer logo uma reação da Budweiser, já esta sexta-feira, ainda antes da confirmação oficial da FIFA. No seu Twitter oficial, a marca publicou: “Bom, isto é estranho…”. Entretanto, apagou a publicação.
Já a Football Supporters’ Association comentou que a medida representa “uma total falta de comunicação e clareza do comité organizativo [do Mundial] para com os adeptos”. A organização que representa os fãs em Inglaterra e Gales argumenta que, se os responsáveis pelo torneio “podem mudar de ideias” neste assunto “tão em cima da hora”, então “os adeptos terão preocupações compreensíveis” sobre “se irão ser cumpridas outras promessas relativas a alojamento, transporte ou temas culturais”.
E o Mundial ainda nem sequer se começou a jogar.