terça-feira, 6 de setembro de 2022

ADRIANO MOREIRA - PROFESSOR E POLÍTICO - COMPLETA HOJE 100 ANOS DE IDADE - NASCEU EM 6-9-1922 - 6 DE SETEMBRO DE 2022

 

Adriano Moreira

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Adriano Moreira
Adriano Moreira em 2015
Ministro(a) de Ultramar
Período1961
até 1963
Presidente do CDS – Partido Popular
Período13 de abril de 1986 a 31 de janeiro de 1988
Antecessor(a)Francisco Lucas Pires
Sucessor(a)Diogo Freitas do Amaral
Dados pessoais
Nascimento6 de setembro de 1922 (100 anos)
Grijó de Vale Benfeito
bandeiraMacedo de Cavaleiros
NacionalidadePortugal Portugal
ProfissãoAdvogadoProfessor universitário

Adriano José Alves Moreira ComC • GCC • MOSD • GCSE • GOIH • GCIH • MPDN • MPDAHME • MPMA (Macedo de CavaleirosGrijó de Vale Benfeito6 de setembro de 1922)[1][2][3][4] é um advogadoprofessor universitário de ciência política e relações internacionais e político português.

Estadista e estudioso de assuntos de política internacional, destacou-se pelo seu percurso académico e pela sua ação na qualidade de Ministro do Ultramar, durante o Estado Novo, ao pôr em prática as teses do lusotropicalismo e ao fazer aplicar uma série de reformas. Foi sob o seu Ministério que foi abolido o Estatuto do Indigenato, que foi aprovado o Código de Trabalho Rural e abolido o regime de contratação. Em 14 de abril de 1961 reabriu o Campo de Concentração do Tarrafal com o nome de Campo de Trabalho de Chão Bom, como penitenciária de nacionalistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde.

No pós 25 de Abril foi Presidente do Centro Democrático Social (19861988 e, interinamente, 19911992).

Biografia

Nasceu perto de Macedo de Cavaleiros, no norte de Portugal, filho do polícia António José Moreira (Macedo de Cavaleiros, Carrapatas, 31 de julho de 1898 – Macedo de Cavaleiros, Grijó de Vale Benfeito, 13 de outubro de 1991) e de sua mulher Leopoldina do Céu Alves (Macedo de Cavaleiros, Grijó de Vale Benfeito, 3 de dezembro de 1905 – Macedo de Cavaleiros, Grijó de Vale Benfeito, 17 de março de 1987).

O advogado e a política

Licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1944.

Após concluir a licenciatura em Direito, iniciou a sua carreira profissional na função pública, como jurista no Arquivo Geral do Registo Criminal e Policial, em 1944.

Posteriormente, em 1947, é admitido no departamento jurídico da sucursal em Portugal da General Electric. Ao mesmo tempo que integra esta empresa multinacional, irá realizar o estágio de advocacia, junto de Teófilo Carvalho dos Santos, advogado conotado com a oposição ao salazarismo.[5] Advogado geral de todas as empresas da General Electric, chegaria a vice-presidente do Conselho de Administração deste grupo, onde pontificava José Bacelar Bebiano, ex-ministro das Colónias.

Enquanto jovem, começa por ser simpatizante da Oposição Democrática, assinando inclusive uma lista do Movimento de Unidade Democrática (MUD), em 1945.

Em 1948, acompanha Teófilo Carvalho dos Santos na assistência jurídica à família do general José Marques Godinho. Em causa estava uma ação instaurada pela família do general contra o então Ministro da Guerra, Fernando dos Santos Costa, na qual a viúva e filhos do general apresentavam uma queixa contra o Ministro, por homicídio voluntário de Marques Godinho, que, estando preso por ordem do Ministro, sucumbira aos problemas cardíacos de que padecia. O general fora preso em virtude da sua participação no movimento de Junta de Libertação Nacional, também conhecido como a Abrilada de 1947, que visava a reposição do ideal democrático do golpe de 28 de maio de 1926. Por causa da defesa da família de Marques Godinho, acaba preso, tal como a viúva e um filho do general, no Aljube, acusado de «ofensa à dignidade do Estado».[6] É então companheiro de cela de Mário Soares, que ali se encontrava preso, também por motivos políticos.[5]

Contudo, o passar dos anos e o estudo das teses lusotropicalistas levam-no a aproximar-se do regime do Estado Novo; mesmo mantendo relações de amizade com anti salazaristas históricos, como Fernando de Abranches Ferrão e Acácio de Gouveia, além do já referido Carvalho dos Santos.[5]

O professor

Concorreu a professor na Escola Superior Colonial, atual ISCSP, onde viria a ascender a diretor. Contribuindo largamente para a reforma do ISCSP, iniciou neste instituto o estudo de ciências como a sociologia, a ciência política, as relações internacionais e ciências associadas a estas, como a Estratégia e a Geopolítica — dando, assim, continuação ao projeto da Sociedade de Geografia de Lisboa, para a construção de uma instituição formadora dos quadros administrativos coloniais.

O político do Estado Novo

Salazar chamou-o para Subsecretário de Estado da Administração Ultramarina, em 1959, e para Ministro do Ultramar, em 1961, cargo em que se manteve até 1963.

Foi, juntamente com Manuel Sarmento Rodrigues, um dos responsáveis diretos pela introdução institucional, nos anos 1950, do lusotropicalismo de Gilberto Freyre no ideário do Estado Novo e nos meios universitários portugueses.

Em 1962, quando era Ministro de Ultramar teve um papel activo na perseguição política de que foi alvo o Professor Vitorino Magalhães Godinho. Aquando da Crise académica de 1962 que abalou o Estado Novo, Magalhães Godinho solidariza-se com os estudantes, pelo que é alvo de um processo disciplinar que termina com a sua demissão compulsiva do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina (ISCSPU) onde Adriano Moreira era o presidente. Magalhães Godinho foi demitido por ter apoiado o movimento estudantil e ter denunciado Adriano Moreira pela sua incompetência equanto mentor da referida escola. Magalhães Godinho recorreu aos tribunais, Ganhou o recurso para o Supremo Tribunal Administrativo, foi-lhe dada razão, e foi reintegrado, contudo foi-lhe movido um novo processo e foi novamente expulso – as duas decisões foram publicadas no mesmo Diário do Governo. Magalhães Godinho culpará sempre Adriano Moreira pelas sua expulsão.[7] [8]Após ter sido expulso Magalhães Godinho viveu desempregado e com dificuldades financeiras durante grande parte da década de 1960. Só na década de 1970, foi convidado a voltar a França para ocupar um lugar na Universidade de Clermont-Ferrand. Mais tarde Magalhães Godinho dirá “Tive a honra de ser o único professor catedrático demitido.”

Em setembro de 1962 também entrou em choque com o General Venâncio Augusto Deslandes e demitio-o. O General Deslandes assumiu funções de 117.º Governador-Geral e também Comandante Chefe das Forças Armadas em Angola quando a luta armada da UPA assolava ainda o Norte de Angola. Controlada a situação, e concluída a reocupação de todo o Norte, através da Operação Viriato, o General Deslandes lançou um vasto plano de fomento para Angola, o chamado chamado “plano Deslandes” que incluia a criação de uma Universidade em Luanda. As iniciativas reformistas do General Deslandes encontraram forte resistência em Adriano Moreira que o demitiu.[9]

Na sua ação como governante — coincidindo com a eclosão da Guerra Colonial em Angola — viria estabelecer uma política reformista, que teve como principal marca a abolição do Estatuto do Indigenato (que impedia a quase totalidade dos habitantes das colónias de adquirir a nacionalidade portuguesa) permitindo a esses indígenas aceder à cidadania portuguesa, usufruindo do direito a fixarem-se e circularem em todas as parcelas do território nacional e também do acesso à educação. Levou também a cabo a adoção de um Código de Trabalho Rural; criou escolas do Magistério Primário; fundou o ensino superior nas colónias, ao fazer arrancar os Estudos Gerais Universitários, em Angola e Moçambique.[10]

Salazar manifestou-lhe posteriormente que não podia concordar com várias das suas políticas, afirmando-lhe que mudaria de ministro se não as alterasse. Segundo conta o próprio, comunicou então a Salazar que «Vossa Excelência acaba de mudar de ministro». Entrevistado pela RTP2 em 2014, afirmaria que "Salazar já estava ultrapassado no seu tempo".

Apesar da intenção reformista, a sua ação e a sua defesa da tese lusotropicalista não são isentas de controvérsia; até porque o seu ministério coincidiu com a eclosão da guerra. Por isso, afirma o historiador brasileiro João Alberto da Costa Pinto, foi nesse período que se deu a organização, a partir de 1961, da resistência armada das tropas portuguesas contra os primeiros levantes nacionalistas das colónias e a instituição em Angola das práticas repressivas da PIDE,[11] alegação que recusa na sua autobiografia.[12]

O campo de concentração do Tarrafal

Através da Portaria n.º 18539, de 17 de junho de 1961,[13] assinada pelo Ministro do Ultramar Adriano Moreira ao abrigo dos artigos 4.º e 5.º do Decreto n.º 43600, de 14 de abril de 1961, foi criado, em Chão Bom (Ilha de Santiago, Cabo Verde), o campo de concentração do Tarrafal, oficialmente "Campo de Trabalho de Chão Bom".[14]

O Decreto n.º 43600, de 14 de abril de 1961,[15] assinado pelo Ministro do Ultramar Vasco Lopes Alves, deu execução ao Decreto Lei n.º 39997, de 29 de dezembro de 1954[15]:

  • Autorizando a construção na ilha de Santo Antão (Cabo Verde) de um estabelecimento detinado ao cumprimento das medidas de tutela previstas no artigo 3.º do Decreto Lei n.º 39997, de 29 de dezembro de 1954 (artigo 1.º).[16]
O corpo do artigo 3.º do Decreto Lei n.º 39997, de 29 de dezembro de 1954, estabelece o seguinte: «As penas maiores e as medidas de segurança serão cumpridas nos estabelecimentos especialmente construídos para tal efeito, em conformidade com o disposto no Decreto Lei n.º 26643.»
  • Prevendo que «em cada província, e conforme as necessidades, poderão ser instituídos estabelecimentos provisórios para os fins do capítulo II do Decreto Lei n.º 39997, de 29 de dezembro de 1954 (artigo 4.º);
O capítulo II do Decreto Lei n.º 39997, de 29 de dezembro de 1954, tem como título «Dos indígenas» e estabelece no seu primeiro artigo (artigo 8.º) o seguinte: «Os estabelecimentos prisionais privativos dos indígenas destinam-se à detenção e ao cumprimento da pena de trabalhos púlicos ou de trabalho correcional.»
  • Determinando que compete ao Ministro do Ultramar regulamentar, por portaria, os estabelecimentos nele previstos (artigo 5.º).

Estranhamente, a portaria não refere onde se situa a localidade de Chão Bom.[17]

O Campo de Trabalho de Chão Bom foi colocado a funcionar onde anteriormente tinha funcionado o Campo do Tarrafal.[18][19]

Além do campo de trabalho de Chão Bom, na ilha de Santiago, em Cabo Verde, criou igualmente o campo de trabalho de Missombo, através da Portaria n.º 18702, de 24 de agosto de 1961.[20]

O político após a Revolução do 25 de Abril

Após o 25 de Abril, aderiu ao Partido do Centro Democrático Social, sendo seu deputado à Assembleia da República.

Foi igualmente presidente deste partido de 1986 a 1988 e, interinamente, de 1991 a 1992. Foi deputado à Assembleia da República até 1995, quando renunciou ao mandato.

Em 2015, foi indicado pelo CDS-PP para o Conselho de Estado, exercendo funções até 2019.

Família

Casou em SintraSão Martinho, a 30 de agosto de 1968, com Isabel Mónica de Lima Mayer[21] (LisboaMercês, 2 de agosto de 1945), filha de Bernardo de Lima Mayer (Sintra, São Martinho, 16 de junho de 1918 – ?) e de sua mulher Maria Isabel de Carvalho Maia (Lisboa, Mercês, 2 de fevereiro de 1923), cujo avô paterno tinha ascendência Judaica Asquenaze e Sefardita e cuja avó paterna era de origem Irlandesa e prima-tia em segundo grau de Fernando Ulrich. O casal teve seis filhos e filhas, uma das quais é a deputada à Assembleia da República Isabel Moreira, eleita pelo Partido Socialista.

Legado teórico-metodológico

A sua obra de seria tributária de uma escola racionalista apoiada em vultos como Grotius, Vitória e Suárez, e teria construído uma via intermédia relativamente às diferentes correntes idealistas e realistas no estudo académico de Relações Internacionais (RI), a par de Raymond Aron e dos autores da escola inglesa de RI como Martin Wight, Hedley Bull e Herbert Butterfield, assente na tensão normativa entre sociedade e comunidade internacional.

Cargos políticos

Curriculum Vitæ

É ainda Professor Honorário da Universidade de Santa Maria.[necessário esclarecer]

Distinções

Condecorações[25][26]

Principais obras

  • Direito Corporativo (Lisboa, 1950)
  • Política Ultramarina (Lisboa, 1956)
  • Ideologias Políticas (Lisboa, 1964)
  • O Tempo dos Outros (Lisboa, 1968)
  • Política Internacional (Porto, 1970)
  • A Europa em Formação (Lisboa, 1974)
  • Saneamento Nacional (Lisboa, 1976)
  • O Drama de Timor (Lisboa, 1977)
  • Legado Político do Ocidente - Colaboração - (São Paulo, 1978)
  • Ciência Política (Lisboa, 1979)
  • Direito Internacional Público (Lisboa, 1983)
  • Teoria das Relações Internacionais (Coimbra, 1996)

LUÍS FRANCISCO RODRIGUES DA FONSECA (MEU IRMÃO) - COMPLETARIA HOJE 70 ANOS DE IDADE - 6 DE SETEMBRO DE 2022

 

70 ANOS 

 LUÍS FRANCISCO RODRIGUES DA FONSECA 

 6 DE SETEMBRO DE 2022


Meu irmão LUÍS FRANCISCO RODRIGUES DA FONSECA, completaria hoje 70 anos de idade, se não tivesse falecido de Embolia Pulmonar, com a idade de 26 anos, no Quartel da GNR em Évora, onde estava destacado na altura a cumprir uma suspensão de 30 dias (que não chegou ao fim).


Fazia parte da Brigada de Trânsito e enquanto ali esteve percorreu praticamente o país de lés a lés, exercendo a sua actividade na fiscalização das estradas, tanto de carro como de moto.
Era um rapaz alegre, trabalhador, que irradiava simpatia em todos que o conheciam. Teve várias namoradas, mas nunca se prendeu a nenhuma, pois achava-se muito novo ainda para casar.

Vinha sempre passar os fins de semana a casa dos nossos pais e, no mês anterior (Agosto) tinha estado de férias e juntou-se comigo e outros familiares e amigos (mais de 30) numa festa de FIM DE SEMANA em que estivemos, no Santoinho - Darque em Viana do Castelo. 

FOI A ÚLTIMA VEZ QUE ESTIVE COM ELE.




6-Setembro-1952 - 20-Maio-1978


Em 20 de Maio de 1978, estava eu em minha casa com meus sogros e meus cunhados. A certa altura tive um pressentimento que algo estava fora do normal. Eu entretinha-me com meu sogro a jogar à bisca, (e como sempre, eu fazia batota para perder, pois o meu sogro ficava todo satisfeito por ganhar); meus filhos gémeos, andavam a brincar debaixo da mesa da sala e faziam muita algazarra, o Porto estava a jogar (não me recordo aonde) e estava a perder: Em suma, tudo me corria mal e eu sentia que o mal-estar ia continuar e talvez piorar, mas não sabia o porquê.

De repente, tocou o telefone (que estava no quarto) fui atender e ouço uma voz perguntando se eu era António Fonseca que tinha um irmão em Évora na GNR. Tive um baque e respondi que sim. A voz identificou-se dizendo que era o sargento ARRIFES que estava encarregue de me informar que meu irmão tinha falecido poucos minutos antes. Pediu-me desculpa por ser tão directo, mas esclareceu que era o único contacto que tinham para fazer a comunicação, no dossier de meu irmão que me tinha classificado como Cabeça de Casal e, que, portanto, qualquer assunto deveria ser comunicado a mim que posteriormente eu resolveria como entendesse oportuno.

Foi-me solicitado que no dia seguinte me deslocasse a Évora com os familiares que entendesse, para levantar o corpo e o transportar para Rio Tinto para se proceder ao funeral com honras militares. Foi-me dito que meu irmão estava na câmara mortuária do Hospital de Évora (em frente ao quartel) e que o féretro seria acompanhado pela GNR desde Évora até Rio Tinto.

Como devem calcular, fiquei siderado, mas reagi de imediato. Meus sogros e meus cunhados assim como minha mulher e filhos ficaram a olhar para mim, silenciosos e na expectativa sobre o que teria acontecido. admirados com a palidez do meu rosto (segundo o que me foi dito depois). Fiquei uns segundos parado, sem nada dizer, até que se soltaram as lágrimas dos meus olhos e ac abei por dizer que o Luís tinha falecido. Claro que foi um choque para todos. Acabou-se o convívio, desligou-se o rádio e a TV, deram-se abraços e beijos e meus sogros e cunhados, saíram.

Tentei ligar para minha irmã Regina que vivia em Gaia, mas ninguém atendeu. Liguei para meu irmão Fernando, e, disse-lhe que ia ter com ele para depois irmos a casa de minha irmã. Assim foi. Fomos (a minha mulher e eu) a casa de meu irmão e depois para casa da Regina, que chegou passados uns minutos. Com eles resolvi que tinha de fazer a comunicação a nossos pais e à Arminda. Telefonei à Arminda, dizendo-lhe ia lá para falar de um assunto importante, mas acabei por lhe dizer que o Luís tinha falecido, e ela disse que aguardava que eu chegasse para informar os nossos pais.

Nessa altura, eu tinha já há cerca de 2 anos, um carro FIAT 600 - PP-42-75. Com o meu cunhado Manuel (marido da Regina) e meu irmão Fernando fomos para Rio Tinto. Meus pais ficaram admirados quando nos viram todos juntos, àquela hora (seriam talvez 8 horas da noite).

Meu pai disse: "Porque não está aqui o Luís? Morreu?"

Eu aproximando-me dele, disse, chorando: "Sim, paizinho, o LUÍS morreu; por isso é que estamos aqui só nós".

Minha mãe deu um grito e quase que desmaiou e depois começou a chorar baixinho. O meu pai ficou a olhar para nós, tremeu um pouco e começou também a chorar. Durante uns minutos (talvez 5) todos nós choramos, agarrando-nos uns aos outros.

De repente eu e o Manuel recuperamos do choro e entramos na realidade. Era preciso decidir quem ia a Évora para me acompanhar. Ficou resolvido unanimemente que iria eu, o Manuel e o Fernando. Pus a hipótese de irmos no F
IAT mas a Regina foi frontalmente contra; primeiro porque era uma viagem muito longa e depois porque apenas eu é que tinha carta de condução.

No dia seguinte, de manhãzinha, embarcamos no comboio para Coimbra. Tínhamos pensado em ir até ao Entroncamento e lá apanharíamos comboio para Évora, porém, já não havia comboio a essa hora, a não ser no dia seguinte. Pusemos a hipótese de apanhar um táxi, mas depois fomos à estação de camionagem e arranjamos um autocarro que chegou lá perto das 5 da tarde.

Dirigimo-nos de imediato ao hospital e encontramos lá a GNR a fazer Guarda de honra na Câmara mortuária. Ali ficou decidido que no dia seguinte depois da missa de exéquias, um carro funerário da GNR sairia para RIO TINTO com mais 2 carros (um só com soldados e outro connosco). Paramos em Tomar, para almoçar e depois prosseguimos até ao Porto - quartel do Carmo - e depois para o cemitério de Rio Tinto para uma capela de onde só no dia seguinte - visto que já era de noite - se efectuaria o funeral.

Foi um funeral memorável para nós. Nunca na minha vida vi um funeral tão concorrido de gente que conhecia o meu irmão, que conhecia a minha família, e que me conhecia. O cemitério além das sepulturas e dos jazigos que lá existem (ou existiam, nessa altura) estava completamente cheio de gente. A GNR fez Guarda de Honra ao caixão e colocou um batalhão de Guardas à porta da capela e na altura do enterramento, lançou uma salva de 21 tiros, o que gelou literalmente a mim e à minha família.


Isto aconteceu em 22 de Maio de 1978.  Há 44 anos.



A PAZ esteja contigo meu querido Irmão. 

P.N.  e  A.M.




ANTÓNIO FONSECA
6 DE SETEMBRO DE 2022

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