70 ANOS
LUÍS FRANCISCO RODRIGUES DA FONSECA
6 DE SETEMBRO DE 2022
Meu irmão LUÍS FRANCISCO RODRIGUES DA FONSECA, completaria hoje 70 anos de idade, se não tivesse falecido de Embolia Pulmonar, com a idade de 26 anos, no Quartel da GNR em Évora, onde estava destacado na altura a cumprir uma suspensão de 30 dias (que não chegou ao fim).
Fazia parte da Brigada de Trânsito e enquanto ali esteve percorreu praticamente o país de lés a lés, exercendo a sua actividade na fiscalização das estradas, tanto de carro como de moto.
Era um rapaz alegre, trabalhador, que irradiava simpatia em todos que o conheciam. Teve várias namoradas, mas nunca se prendeu a nenhuma, pois achava-se muito novo ainda para casar.
Vinha sempre passar os fins de semana a casa dos nossos pais e, no mês anterior (Agosto) tinha estado de férias e juntou-se comigo e outros familiares e amigos (mais de 30) numa festa de FIM DE SEMANA em que estivemos, no Santoinho - Darque em Viana do Castelo.
FOI A ÚLTIMA VEZ QUE ESTIVE COM ELE.
Em 20 de Maio de 1978, estava eu em minha casa com meus sogros e meus cunhados. A certa altura tive um pressentimento que algo estava fora do normal. Eu entretinha-me com meu sogro a jogar à bisca, (e como sempre, eu fazia batota para perder, pois o meu sogro ficava todo satisfeito por ganhar); meus filhos gémeos, andavam a brincar debaixo da mesa da sala e faziam muita algazarra, o Porto estava a jogar (não me recordo aonde) e estava a perder: Em suma, tudo me corria mal e eu sentia que o mal-estar ia continuar e talvez piorar, mas não sabia o porquê.
De repente, tocou o telefone (que estava no quarto) fui atender e ouço uma voz perguntando se eu era António Fonseca que tinha um irmão em Évora na GNR. Tive um baque e respondi que sim. A voz identificou-se dizendo que era o sargento ARRIFES que estava encarregue de me informar que meu irmão tinha falecido poucos minutos antes. Pediu-me desculpa por ser tão directo, mas esclareceu que era o único contacto que tinham para fazer a comunicação, no dossier de meu irmão que me tinha classificado como Cabeça de Casal e, que, portanto, qualquer assunto deveria ser comunicado a mim que posteriormente eu resolveria como entendesse oportuno.
Foi-me solicitado que no dia seguinte me deslocasse a Évora com os familiares que entendesse, para levantar o corpo e o transportar para Rio Tinto para se proceder ao funeral com honras militares. Foi-me dito que meu irmão estava na câmara mortuária do Hospital de Évora (em frente ao quartel) e que o féretro seria acompanhado pela GNR desde Évora até Rio Tinto.
Como devem calcular, fiquei siderado, mas reagi de imediato. Meus sogros e meus cunhados assim como minha mulher e filhos ficaram a olhar para mim, silenciosos e na expectativa sobre o que teria acontecido. admirados com a palidez do meu rosto (segundo o que me foi dito depois). Fiquei uns segundos parado, sem nada dizer, até que se soltaram as lágrimas dos meus olhos e ac abei por dizer que o Luís tinha falecido. Claro que foi um choque para todos. Acabou-se o convívio, desligou-se o rádio e a TV, deram-se abraços e beijos e meus sogros e cunhados, saíram.
Tentei ligar para minha irmã Regina que vivia em Gaia, mas ninguém atendeu. Liguei para meu irmão Fernando, e, disse-lhe que ia ter com ele para depois irmos a casa de minha irmã. Assim foi. Fomos (a minha mulher e eu) a casa de meu irmão e depois para casa da Regina, que chegou passados uns minutos. Com eles resolvi que tinha de fazer a comunicação a nossos pais e à Arminda. Telefonei à Arminda, dizendo-lhe ia lá para falar de um assunto importante, mas acabei por lhe dizer que o Luís tinha falecido, e ela disse que aguardava que eu chegasse para informar os nossos pais.
Nessa altura, eu tinha já há cerca de 2 anos, um carro FIAT 600 - PP-42-75. Com o meu cunhado Manuel (marido da Regina) e meu irmão Fernando fomos para Rio Tinto. Meus pais ficaram admirados quando nos viram todos juntos, àquela hora (seriam talvez 8 horas da noite).
Meu pai disse: "Porque não está aqui o Luís? Morreu?"
Eu aproximando-me dele, disse, chorando: "Sim, paizinho, o LUÍS morreu; por isso é que estamos aqui só nós".
Minha mãe deu um grito e quase que desmaiou e depois começou a chorar baixinho. O meu pai ficou a olhar para nós, tremeu um pouco e começou também a chorar. Durante uns minutos (talvez 5) todos nós choramos, agarrando-nos uns aos outros.
De repente eu e o Manuel recuperamos do choro e entramos na realidade. Era preciso decidir quem ia a Évora para me acompanhar. Ficou resolvido unanimemente que iria eu, o Manuel e o Fernando. Pus a hipótese de irmos no FIAT mas a Regina foi frontalmente contra; primeiro porque era uma viagem muito longa e depois porque apenas eu é que tinha carta de condução.
6-Setembro-1952 - 20-Maio-1978
Em 20 de Maio de 1978, estava eu em minha casa com meus sogros e meus cunhados. A certa altura tive um pressentimento que algo estava fora do normal. Eu entretinha-me com meu sogro a jogar à bisca, (e como sempre, eu fazia batota para perder, pois o meu sogro ficava todo satisfeito por ganhar); meus filhos gémeos, andavam a brincar debaixo da mesa da sala e faziam muita algazarra, o Porto estava a jogar (não me recordo aonde) e estava a perder: Em suma, tudo me corria mal e eu sentia que o mal-estar ia continuar e talvez piorar, mas não sabia o porquê.
De repente, tocou o telefone (que estava no quarto) fui atender e ouço uma voz perguntando se eu era António Fonseca que tinha um irmão em Évora na GNR. Tive um baque e respondi que sim. A voz identificou-se dizendo que era o sargento ARRIFES que estava encarregue de me informar que meu irmão tinha falecido poucos minutos antes. Pediu-me desculpa por ser tão directo, mas esclareceu que era o único contacto que tinham para fazer a comunicação, no dossier de meu irmão que me tinha classificado como Cabeça de Casal e, que, portanto, qualquer assunto deveria ser comunicado a mim que posteriormente eu resolveria como entendesse oportuno.
Foi-me solicitado que no dia seguinte me deslocasse a Évora com os familiares que entendesse, para levantar o corpo e o transportar para Rio Tinto para se proceder ao funeral com honras militares. Foi-me dito que meu irmão estava na câmara mortuária do Hospital de Évora (em frente ao quartel) e que o féretro seria acompanhado pela GNR desde Évora até Rio Tinto.
Como devem calcular, fiquei siderado, mas reagi de imediato. Meus sogros e meus cunhados assim como minha mulher e filhos ficaram a olhar para mim, silenciosos e na expectativa sobre o que teria acontecido. admirados com a palidez do meu rosto (segundo o que me foi dito depois). Fiquei uns segundos parado, sem nada dizer, até que se soltaram as lágrimas dos meus olhos e ac abei por dizer que o Luís tinha falecido. Claro que foi um choque para todos. Acabou-se o convívio, desligou-se o rádio e a TV, deram-se abraços e beijos e meus sogros e cunhados, saíram.
Tentei ligar para minha irmã Regina que vivia em Gaia, mas ninguém atendeu. Liguei para meu irmão Fernando, e, disse-lhe que ia ter com ele para depois irmos a casa de minha irmã. Assim foi. Fomos (a minha mulher e eu) a casa de meu irmão e depois para casa da Regina, que chegou passados uns minutos. Com eles resolvi que tinha de fazer a comunicação a nossos pais e à Arminda. Telefonei à Arminda, dizendo-lhe ia lá para falar de um assunto importante, mas acabei por lhe dizer que o Luís tinha falecido, e ela disse que aguardava que eu chegasse para informar os nossos pais.
Nessa altura, eu tinha já há cerca de 2 anos, um carro FIAT 600 - PP-42-75. Com o meu cunhado Manuel (marido da Regina) e meu irmão Fernando fomos para Rio Tinto. Meus pais ficaram admirados quando nos viram todos juntos, àquela hora (seriam talvez 8 horas da noite).
Meu pai disse: "Porque não está aqui o Luís? Morreu?"
Eu aproximando-me dele, disse, chorando: "Sim, paizinho, o LUÍS morreu; por isso é que estamos aqui só nós".
Minha mãe deu um grito e quase que desmaiou e depois começou a chorar baixinho. O meu pai ficou a olhar para nós, tremeu um pouco e começou também a chorar. Durante uns minutos (talvez 5) todos nós choramos, agarrando-nos uns aos outros.
De repente eu e o Manuel recuperamos do choro e entramos na realidade. Era preciso decidir quem ia a Évora para me acompanhar. Ficou resolvido unanimemente que iria eu, o Manuel e o Fernando. Pus a hipótese de irmos no FIAT mas a Regina foi frontalmente contra; primeiro porque era uma viagem muito longa e depois porque apenas eu é que tinha carta de condução.
No dia seguinte, de manhãzinha, embarcamos no comboio para Coimbra. Tínhamos pensado em ir até ao Entroncamento e lá apanharíamos comboio para Évora, porém, já não havia comboio a essa hora, a não ser no dia seguinte. Pusemos a hipótese de apanhar um táxi, mas depois fomos à estação de camionagem e arranjamos um autocarro que chegou lá perto das 5 da tarde.
Dirigimo-nos de imediato ao hospital e encontramos lá a GNR a fazer Guarda de honra na Câmara mortuária. Ali ficou decidido que no dia seguinte depois da missa de exéquias, um carro funerário da GNR sairia para RIO TINTO com mais 2 carros (um só com soldados e outro connosco). Paramos em Tomar, para almoçar e depois prosseguimos até ao Porto - quartel do Carmo - e depois para o cemitério de Rio Tinto para uma capela de onde só no dia seguinte - visto que já era de noite - se efectuaria o funeral.
Foi um funeral memorável para nós. Nunca na minha vida vi um funeral tão concorrido de gente que conhecia o meu irmão, que conhecia a minha família, e que me conhecia. O cemitério além das sepulturas e dos jazigos que lá existem (ou existiam, nessa altura) estava completamente cheio de gente. A GNR fez Guarda de Honra ao caixão e colocou um batalhão de Guardas à porta da capela e na altura do enterramento, lançou uma salva de 21 tiros, o que gelou literalmente a mim e à minha família.
Isto aconteceu em 22 de Maio de 1978. Há 44 anos.
A PAZ esteja contigo meu querido Irmão.
P.N. e A.M.
ANTÓNIO FONSECA
6 DE SETEMBRO DE 2022
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